Li em 2 dias as 320 páginas de “Para Que Serve Esse Botão?”, autobiografia de Bruce Dickinson.
E ñ me sinto capaz de resenhá-la. Risco grande de spoilers. Melhor entregar as mortes em “Vingadores Guerra Infinita” ahah A quem tiver curiosidade, sobra recomendar imensamente. Sinceridade, petulância e humor (negro) britânico em dosagens cavalares. Aquilo de eu me pegar rachando o bico várias vezes.
Bastidores inéditos do IronMaiden são revelados, tanto como “podres” esquizóides de Martin Birch. Há muito papo sobre aviação e esgrima tb. Me calha citar omissões: como a de ñ citar o episódio da ovada orquestrada por $haton Osbourne e Zakkarias Selvagem, tampouco quaisquer citações a casamentos e filhos. Citados meramente na dedicatória inicial.
O cabra ainda nos poupa de episódios já bem conhecidos, como o de seu nome ser Paul e/ou a rejeição às suas sugestões em “Somewhere In Time” – pra q repetí-los, se dá pra falar de seu show solo em Sarajevo ou sobre as condições e $$$ alto ganho no Rock In Rio 1985?
O post aqui visa aproveitar sonoramente algumas das passagens contidas ao longo da leitura.
Acima, o som de abertura de “Shock Tactics”, 3º disco do Samson, ao vivo no Reading Festival em 1981, em mesmo dia em q rolou o convite à Donzela. E de comentário fantástico no You Tube:
“classic! Rob Halford on vocals, before he joined Def Leppard” ahaah
A outra citação é dum tal Gordon Giltrap, de quem eu nunca tinha ouvido falar. No capítulo referente ao “Peace Of Mind’, quando se cogitava uma – a – intro pra “Where Eagles Dare” q fosse parecida com uma virada presente em “Heartsong”, a qual Nicko McBrain gravara.
Nada muito a ver, mas reparem o logo. Som de 1977. Influências chupinescas xerocadas descaradas?
Saber da morte de Philthy Animal Taylor me trouxe duas sensações, imediatas:
dèja-vu: tal como quando Jeff Hanneman se foi, foi numa quinta-feira, enquanto andava pela rua, com a esposa me ligando – ñ tenho internet no celular – pra contar
juro q instantes antes da ligação, viajava numa idéia mórbida (lançada já como post por aqui, ñ tanto tempo atrás) de estranhar faltar gente famosa ligada à música falecida recentemente. Pelo menos nos últimos 2 meses. Conjuminava algo do tipo “nos próximos dias vai morrer alguém, e será o Mick Jagger“. E aí a esposa ligou com a notícia. Puta merda.
Maldito ‘fator x’.
Vez ou outra me perguntavam: “Animal ou Mikkey Dee”?
Ñ sei escolher, nunca soube, jamais saberei. Ficou ainda mais complicado ante os 11 anos e pouco em q venho tocando no Motörhead Cover onde milito. (É a banda de q mais toquei sons na vida. E são os bateristas – bem mais q Pete Gill e Tommy Aldridge – q mais tive de lidar, igualmente). Inventei de responder assim: “do Animal, gosto mais de tirar os sons; do Mikkey Dee, mais de tocar”.
Mas ninguém nunca mais me perguntou…
Quase como tentar escolher entre Clive Burr e Nicko McBrain, no Iron Maiden. Como desempatar dentre bateristas estupendos, dos quais um jamais conseguiria/consegue tocar as partes alheias, e vice-versa? (E ainda mais q no Maiden eu prefira, disparado, o Nicko)
Baterista soberbo, louco de pedra, falso tosco e legítimo discípulo de Keith Moon. Já ñ militava há tempos, mas fica a obra, o requinte (as aberturas de chimbau improváveis) e o registro de ter sido o último baterista lesado vivo. E o único com coragem de usar dentes de tubarão em peles de resposta de bumbos. E de abrir shows com “Overkill”. Putz.
Sons preferidos, da vez, pra ilustrar: “Jailbait”, “Poison”, “Iron Horse” (do “No Sleep ‘Till Hammersmith”), “Limb From Limb”, “Shoot You In the Back” (q grooves!), “I’m So Bad (Baby I Don’t Care)”.
Pois o Motörhead lançou outras coisas além do “Ace Of Spades”, ñ sei se vcs sabem…
“The Book Of Souls”, Iron Maiden, 2015, Parlophone/Warner Brasil
(cd 1) IF ETERNITY SHOULD FAIL (Bruce Dickinson) / SPEED OF LIGHT (Adrian Smith/Bruce Dickinson) / THE GREAT UNKNOWN (Adrian Smith/Steve Harris) / THE RED AND THE BLACK (Steve Harris) / WHEN THE RIVER RUNS DEEP (Adrian Smith/Steve Harris) / THE BOOK OF SOULS (Janick Gers/Steve Harris)
(cd 2) DEATH OR GLORY (Adrian Smith/Bruce Dickinson) / SHADOWS OF THE VALLEY (Janick Gers/Steve Harris) / TEARS OF A CLOWN (Adrian Smith/Steve Harris) / THE MAN OF SORROWS (Dave Murray/Steve Harris) / EMPIRE OF THE CLOUDS (Bruce Dickinson)
formação: Bruce Dickinson (vocals and piano), Dave Murray (guitars), Adrian Smith (guitars), Janick Gers (guitars), Steve Harris (bass and keyboards), Nicko McBrain (drums)
keyboards by Michael Kenney, orchestration by Jeff Bova
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Antes de qualquer mais nada: fazer música gigante ñ significa fazer música progressiva. Ou prog.
Outra coisa: o Iron Maiden sempre teve um pé no progressivo. Desde 1980: “Phantom Of the Opera”. No q me fica a dúvida: será q desaprenderam tudo?
Provavelmente ñ ouvem os próprios discos e/ou as próprias músicas em casa. “Hallowed Be Thy Name”, “To Tame A Land”, “Powerslave”, “Caught Somewhere In Time”, “Infinite Dreams”, “Mother Russia”, “Sign Of the Cross”, “Blood Brothers”… Ou a abordagem de criadores ñ lhes dá isenção para analisar ou deles desfrutar. Ñ entendo.
Um clichê inútil e vão em qualquer análise da banda, pelo menos desde “Brave New World”, acho a de comparar os novos lançamentos aos discos clássicos (até “Seventh Son Of A Seventh Son” ou até “No Prayer For the Dying”?): ñ dá, ñ rola. A Donzela, neste “The Book Of Souls”, é a banda reformatada desde “A Matter Of Life And Death” (2006) e ñ parece fadada a mudar, aceitemos o fato. Discos anteriores eram outra banda, outra época, e já estão feitos, basta ouví-los pela enésima vez e babar. Caso reprisassem alguns destes, monte de gente criticaria tb.
A outra chave de análise q considero equivocada, mas ainda bastante recorrente, é a de reclamar q sempre fizeram os mesmos discos (como se “Seventh Son…” e “The X-Factor” tivessem sido mais do mesmo), sem quererem fugir de fórmula e sonoridades consagradas, pra ñ desagradarem a casta de fãs incondicionais. Pois mudaram e parece ñ estarem desagradando…
No geral, achei esse disco novo desnecessariamente PROLIXO, no q culpo a produção. Pra q catso pagam um certo Kevin Shirley desde 2000, se o q emana do álbum soa autoindulgendente ao paroxismo? A impressão é a dos caras quererem fazer tudo – compor, gravar, mixar – muito rápido e sem maiores complicações, o q envolveria EDITAR parte do material. Burilar arestas tb. E ainda maneirar em certas liberdades atribuídas.
Os donzelos devem estar em clima interpessoal bastante favorável, ou tvz maduros o bastante pra ñ conflitarem por qualquer coisa. Fora imbuídos duma auto-suficiência beirando a soberba de SABEREM q deles nada de muito ruim virá, em termos de composição ou execução. Então, dá-lhe espaço pra solos adoidado, ninguém podar espaços alheios ou “jogarem para as músicas”, ao invés de para si próprios e suas auto-estimas. O material aqui registrado, a meu ver, era coisa pra ficarem ANO trabalhando. Pra soar realmente bombástico, ousado, desafiador, instigante.
Maior exemplo: “The Red And the Black”, de 13 minutos totais, contém 6 MINUTOS de solos de guitarra. Um desbunde pra quem curte (estão longe de soarem abomináveis ou protocolares) e pra guitarristas, mas um exagero q mesmo Yngwie Malmsteen tvz capitulasse. Cito-o tb como simbólico daquilo q me soa a FALÊNCIA de Steve Harris como compositor: é esta sua única música – letra e música – no disco, e a q mais vejo sofrer de obsolescência. Com potencial, mas mal direcionada: um excesso de “o-ô” pra tentar animá-la (e como se a letra gigante já ñ a poluísse), a introdução (interessantíssima) desnecessariamente repetida ao final – “estrategema AMOLAD” q comparece por aqui em outros 2 sons – e vocal bastante dissociado duma melodia, o q em se tratando de Iron Maiden soa grave, muito grave.
Harris parece, nesse sentido, estar sofrendo do mesmo mal de Lemmy Kilmister: vai ficando mais velho e mais verborrágico, poluindo os sons de letras em detrimento das melodias (cada vez mais rarefeitas e restritas) e de refrãos q causem comoção. Tá virando dramaturgo, caralho? Ñ encontrei nas 11 faixas do petardo um refrão grudento qualquer. Ou um riff realmente inspirado. Desculpem.
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Exemplo reverso: “Shadows Of the Valley”, embora pouco candidata a canção memorável futura, exibe trabalho de arranjo e de mudanças de andamento q a mim poderiam ter sido a tônica em todos os sons. Ainda q com um riff inicial quase “Wasted Years” sobre uma base algo “Out Of the Silent Planet”, contém parte com “o-Ô” coerente e marcante. “Tears Of A Clown” mostra alguma ousadia baterística tb (Nicko McBrain infelizmente caminha em zona de conforto, ou ñ o deixam arrepiar) e uma aura meio Rainbow q ñ entendo como pejorativa: se é pra serem progressivos, q bebam das águas barrentas de outrora para tal!
Trechos vários q remetem a sons antigos comparecem tb a rodo. Nem sempre caindo bem: “The Great Unknown” parece “Killers”, pra daí desembocar em trechos “Paschendale” e levadas “The Loneliness Of the Long Distance Runner”. Há pedaços de “Losfer Words”, de “Where the Wild Winds Blows”… Há mudanças abruptas de andamentos sem q um lick, uma melodia sem bateria ou uma pausa lhes ressalte.
Citei nos nomes dos sons acima tb os autores, pra poder marcar alguns esforços: Adrian Smith e Bruce Dickinson quase salvam o trabalho, e deles achei os melhores momentos do disco. Soa inacreditável q “Empire Of the Clouds”, com 18 minutos, soe coerente e interessante. Soa. Ñ dá sono ou remete a suítes progressivas chatonildas intermináveis. (Conheço sons do Savatage muito menores em duração q cansam bem mais). Fora ser ÚNICO som a ter melodia inspirada, q “gruda”. Provavelmente isso se dando por uma mudança de forma, ñ de conteúdo: é um Maiden com piano. Fez diferença.
“If Eternity Should Fail” abre o álbum com melodia meio western e timbres invulgares, mas padece da repetição excessiva do refrão (6 vezes ao final, pra encher lingüiça tb no encarte, q os repete?) e duma locução final francamente amadora (coisa de banda iniciante, pra assustar incautos). Deveria ter sido feita sem efeito. As duas parcerias Smith/Dickinson mostram-se até culhudas, mas sintomaticamente são as mais afetadas por Pro Tools: estamos em 2015 pros caras desovarem músicas q soam saídas de fita cassete gasta?
Dissociação criminosa melodia-vocal tb comparece em “When the River Runs Deep”, som pesado e rápido (pros atuais padrões). Gostei da faixa-título, iniciada e finda acústica – bem à moda Janick Gers – mas inferior às “Dream Of Mirrors” ou “Dance Of Death” de outrora. “The Man Of Sorrows” ñ revisita o som quase homônimo da carreira solo de Dickinson (ufa!) e comparece no ‘sistema de cotas maideniano’ como o som de Dave Murray, facilmente identificado desde os idos de “Still Life”: solinho harmonizado bacana introduzindo música mais melódica, quase balada.
Detalhes sutis outros: 1) os drives rasgados de Dickinson já eram. Infelizmente. Os sons Smith-Dickinson (os mais ásperos) foram levemente saturados na mixagem pra poder disfarçar. Ao mesmo tempo em q momentos de agudos desnecessários e constrangedores (“Speed Of Light” e “When the River Runs Deep”) comparecem, tvz por querer compensar. A voz do homem está mais pra limpa e aguda – desnecessariamente aguda em “The Red And the Black” – q pra agressiva; 2) Steve Harris abandonou a abordagem rítmica/tercinada full time há tempos, e ninguém parece se dar conta. Acho do cacete q esteja mandando ver umas escalas e uns solinhos vez ou outra.
Conclusão: ñ é um disco ruim, mas tb ñ achei bom. Pra mim, bastante inferior ao potencial q teria e ñ quiseram fazer. Fora anacrônico no formato duplo, falsamente ousado. Superior a “AMOLAD”, mas bem menos inspirado q “The Final Frontier”. Gostei da capa, essa sim ousada. Tocarão 1 ou 2 sons ao vivo – pra delírio dos fanáticos e dos hipsters – e difcilmente será lembrado como disco icônico, influente ou trangressor daqui 10 anos. Na dúvida, farei post cronofágico daqui um 1 ano pra averiguar eheh
Alguém mais por aí comprou a Roadie Crew temática de bateristas? Bom, influenciado pelo assunto em pauta, decidi fazer uma listinha com meus bateristas preferidos. Sendo o dono do boteco aqui baterista e afeito a listas, creio que abençoará minha ousadia, ainda que o assunto já tenha sido provavelmente abordado anos atrás.
Não toco bateria (ou qualquer outro instrumento), então analiso tudo como fã de música, movido pelo sentimento, pela emoção… pelo groove. Não analiso tecnicamente e não estou nem aí se o cara é visto como o “papa das baquetas”, se dá aula em conservatório ou toca com 3 bumbos. Pra mim, ñ faz a mínima diferença.
A lista tem números e dá idéia de posições, mas nada tem a ver com “melhor”, e sim com preferência pessoal. E mesmo assim não é algo fixo, pode ser que amanhã mude tudo. Ou alguma coisa.
Ian Paice – bate forte, é econômico e tem classe
Phil Rudd – uma máquina de tempo, vai reto e direto ao ponto. Trabalha em prol do ritmo e serve à música ao invés do seu ego
John Bonham – outro que tem força e um estilo todo seu. Fenomenal
Clive Burr – acho que nunca recebeu o reconhecimento merecido e isso talvez se deva a comparações com seu sucessor
Bill Ward – quase um baterista de jazz, guardadas as devidas proporções. Sem a sua batida, o Sabbath dos primórdios soaria completamente diferente
Ginger Baker – brilhante, classudo, cheio de swing, porém com força na munheca. Gostaria de editar as músicas do Cream, só pra ouvir a bateria e o baixo trancados juntos na levada
Dave Lombardo – sempre foi impressionante, desde os primórdios do Slayer. Rápido e preciso, porém com criatividade
Charlie Benante – fenomenal é pouco. Nos dois bumbos é quase imbatível
Gene Hoglan – no metal extremo, é um dos grandes. Mais um que toca rápido e forte, com ênfase nos pedais
Alex Van Halen – um dos poucos que possuem um som próprio, uma assinatura. Você ouve e identifica na hora
É claro que ficou muita gente boa de fora e, como disse, numa segunda análise podem até substituir os 10 desta lista. Como Neil Peart (dispensa adjetivos), Nicko McBrain, Charlie Watts (sim, gosto muito do trabalho dele nos Stones), Phil Animal Taylor, Roger Taylor (excelente mas pouco reconhecido), Igor Cavalera (outro que criou seu próprio estilo e sempre bateu muito forte). Ah, Dave Grohl também é um puta baterista e gosto muito do seu trabalho no Nirvana e no QOTSA.
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Por aqui falam muito desse tal Aquiles Priester e talvez alguém aqui possa ter uma opinião formada, mas eu não saberia dizer se justifica toda a badalação. As bandas em que ele toca ou já tocou fazem música tão mole e enjoada que não consigo passar da segunda faixa. Detalhe: na tal edição, há 7 anúncios com o cara, uma coluna e mais uma entrevista. Ele é sócio?
Versão agora de lista de duas semanas atrás, voltada a bateristas. Casos de mudança de bateristas para melhor. Às vezes, pra MUITO melhor
(dedicado aos amigos do Wikimetal. Carência de 15 dias, pode ser? ahahah)
RUSH – John Rutsey pra Neil Peart
JUDAS PRIEST – Dave Holland pra Scott Travis
TESTAMENT – Louie Clemente pra Paul Bostaph, John Tempesta, Gene Hoglan, Dave Lombardo, Paul Bostaph de novo e Gene Hoglan de novo. E qualquer baterista q futuramente entrar ou voltar
HELLOWEEN – Ingo Schwichtenberg pra Uli Kusch
IRON MAIDEN – Clive Burr pra Nicko McBrain
MOTÖRHEAD – Animal Taylor pra Mikkey Dee *
DEATH – Sean Reinert pra Gene Hoglan
MEGADETH – Chuck Behler pra Nick Menza
KREATOR – Ventor pra Joe Cangelosi
RAMONES – Marky pra Richie
* desconsiderando “March Ör Die”, pela bagunça de ter tido 3 bateristas, entre os quais o demitido e o futuro, como tb considerando q a volta de Animal Taylor ñ chegou ao nível anterior dele na banda, e q Mikkey Dee deu o gás à horda q a mesma necessitava. Fora já ter gravado bem mais álbuns q Taylor
Foi ontem e, embora fosse previsível – sujeito sofria de esclerose múltipla (degenerativa) há anos – mesmo assim, gerou impacto. Ainda q fosse o duns tontos ressuscitarem textos sobre o cara ter sido “chutado” do Maiden, em homenagem, a meu ver, duvidosa. Ainda q meu baterista preferido no Iron Maiden seja e sempre tenha sido Nicko McBrain.
Mas pitaquei num post do amigo FC a respeito, lá no Facebook, minha concordância em relação à influência descarada de Burr nas baterias q Lars Ulrich cravou nos sons do “Kill ‘Em All”. Legado indiscutível. Tanto q o dia em q relançarem remasterizada a bagaça, deveria ser renomeado pra “Clive Burr Tribute”, ou coisa do tipo. Minha opinião.
Pegada e assinatura próprias o sujeito tinha. No mais, reitero meu incômodo em perceber estarmos prestes a testemunhar falecimentos de outros vários ídolos, ícones e figuras emblemáticas tais quais. Ñ era um ex-Iron Maiden qualquer, ñ mesmo.
Nicko McBrain acho um caso singular: por muito tempo, o vi em listas de bateristas “mais subestimados”. A ponto de parecer o subestimado mais superestimado. Até agora ñ entendi se o cara virou hour-concours com isso ou se o excesso de apreciações teria anulado o suposto pouco caso ahah
Pessoas por aqui provavelmente já souberam – tá no whiplash, no UOL, no Facebook e etc. Só ñ sei se deu no Datena ainda – do carro alegórico com o Eddie, por conta de, no carnaval do Rio da Janeiro este ano, a Mocidade Independente “q ganhava desfiles quando o bicheiro ainda ñ tinha morrido” de Padre Miguel, estar propondo enredo sobre o Rock In Rio.
Bem… pra quem ñ soube, ó a foto
E por ora, apenas me ocorre comentar/especular três coisas:
sem um Janick Gers pendurado nele, ñ parece tão real
em havendo participação no desfile de algum integrante da donzela, claramente ñ só os caras foram convidados como tb acabaram entrando com alguma grana, pra ajudar
Nicko McBrain pra diretor de bateria! Seria bateria NOTA DÉISCHH
SÉRIE “PRECURSORES DO HEAVY METAL”, por Mônica Schwarzwald
(publicado originalmente em 30 de Dezembro de 2003)
Cactus, um grão de areia no deserto
Imagine-se em uma loja de discos em 1972, com dinheiro para comprar um ou dois discos, mas sem nada especial em mente. Olhe só os lançamentos: Deep Purple, Yes, Led Zeppelin, Black Sabbath, Rolling Stones, ícones do rock arrebentando, e você tendo que decidir. Difícil, não? Mais difícil ainda era saber que, além destas, havia outras dezenas de bandas fantásticas que acabaram quase no ostracismo devido ao altíssimo padrão de qualidade musical na época.
Pois bem, para quem não conhece, apresento o Cactus. Um grãozinho de areia que acabou se perdendo na vastidão das dunas das bandas apoteóticas dos anos 70.
Durante uma turnê do Vanilla Fudge em 1969, Tim Bogert e Carmine Appice, baixista e baterista da banda, insatisfeitos e planejando um novo trabalho, rumavam para o Arizona, quando passaram por um outdoor onde lia-se “Cactus Drive-In”. Nunca foi tão fácil escolher um nome de uma banda!
Recrutaram Jim McCarty, ex-guitarrista da Mitch Ryder And The Detroit Wheels, e Rusty Day, ex-vocal da Amboy Dukes e partiram para o primeiro disco, gravado em 1970, mas quase vetado por causa da capa [mais abaixo]: um inocente, e ereto, cacto, que dá nome à banda, na frente de um rubro pôr-do-sol. O som poderoso do hard visceral, a “cozinha” histórica de Boggert e Appice, a voz rouca de Day nos dão aquela felicidade de estarmos vivos, sentirmos que temos sangue nas veias e amamos o divino rock!
O segundo álbum, “One Way… Or Another”, gravado nos ares mitológicos do Electric Lady, estúdio de Jimi Hendrix, é sem dúvida o melhor dos quatro.
As composições têm por base o hard rock blueseiro com pitadas jazzísticas. As melodias, os arpejos inicialmente singelos, são levados progressivamente a uma catarse, beirando o heavy metal.
É emocionante, seu coração acaba seguindo o compasso da música.
Vale destacar a “arte de tocar baixo” de Sir Bogert. No embalo dos baixistas “rebeldes” como Jack Bruce (do Cream), que fazem algo mais além de ficar na tônica ou fazer aquele “arroz-e-feijão” da maioria dos baixistas empalidecidos e tímidos, ele usou seu instrumento em solos muito longos e com distorção! Inovador e brilhante, Tim Bogert é conhecido como um dos melhores baixistas americanos.
“Restrictions”, o terceiro, é o começo da crise interna na banda. Bogert e Appice continuam arrebentando, mas as composições não chamam a atenção, a não ser “Evil”, que segue a inspiração do início.
Em 72 McCarty e Day deixam o Cactus e são substituídos por ilustres desconhecidos que participam da gravação de “Ot’N’Sweaty”, um fracasso que leva os fundadores a desistirem e partirem para outra. Era o fim do Cactus.
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(por Marco Txuca)
“Cactus”, 1970 (Atco/Atlantic) – gravado dum vinil (nacional?) da Mônica
sons: PARCHMAN FARM [Mose Allison]/ MY LADY FROM SOUTH OF DETROIT / BRO. BILL / YOU CAN’T JUDGE A BOOK BY THE COVER [Willie Dixon] / OLEO / LET ME SWIM / NO NEED TO WORRY / FEEL SO GOOD
Lendo revistas de bateria, sempre ouvi falar bem do Carmine Appice. Gravando este disco, emprestado pela Mônica, somei-o no rol dos bateristas subestimados-injustiçados (como são Bill Ward e Nicko McBrain).
Um pouco é culpa dele, afinal, ninguém mandou ele seguir carreira com o Rod Stewart!…
O som pra baixar na net, se for o caso, é “Parchman Farm”. Pra quem curtir, cate “Oleo”.
Essa primeira é a “Fireball”, do Deep Purple, se o Ian Paice tivesse cheirado um pó antes de gravar. Rockão legal, no mesmo andamento da do Purple, mas com uma entrada (virada) do Appice já matadora. O cara é bem mais técnico, e o som de batera desse disco é bem melhor gravado q a maioria dos Purple e Black Sabbath setentistas q já ouvi.
Levada de 2 bumbos bem simples (semicolcheias), mas bem audível e instigante – dizem q só o Keith Moon (do The Who) usava 2 bumbos na época: [ainda] ñ conheço…
Viradas precisas, rápidas, curtas, um som de caixa muito legal. Solinhos de guitarra bem blues, rock’n’roll (na primeira ouvida) básico, e tal. O vocal ñ compromete, e é legal tb. Em “Oleo”, há solos de bateria e baixo. Assim como um solo de bateria fecha o disco, em “Feel So Good”.
Outra q achei legal tb, é “Let Me Swim”. As demais seguem aquele padrão meio blues-rock, q o próprio Purple popularizou (aliterações!…). “My Lady From…” é uma balada, mas sem ser baba. E a versão de Willie Dixon (q o Megadeth ‘homenageou’ em “I’m Superstitious”), vem bem blues, e cai num rockão no final.
Pra concluir: no planeta do Super Homem Bizarro, esses caras com certeza estouraram.
sons: RAM IT DOWN * / HEAVY METAL * / LOVE ZONE / COME AND GET IT / HARD AS IRON * / BLOOD RED SKIES / I’M A ROCKER * / JOHNNY B.GOODE [Chuck Berry] * / LOVE YOU TO DEATH / MONSTERS OF ROCK
formação: Rob Halford (vocals), Glenn Tipton (guitar), K.K. Downing (guitar), Ian Hill (bass), Dave Holland (drums)
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“Stained Class”, “British Steel”, “Painkiller”, “Screaming For Vengeance”, “Sad Wings Of Destiny”, “Unleashed In the East”, ou até álbuns como “Jugulator” e “Demoliton”: todo mundo tem nesses (ou até nalgum outro, alguém q seja true ou meio do contra) um álbum favorito do Judas Priest, q em termos de serviços prestados ao metal jamais se pode acusar terem negado fogo.
Ao mesmo tempo, “Turbo” parece consenso considerar a bola fora dos ingleses (ainda q com ele algum movimento de revisionismo/reconhecimento tardio esteja acontecendo – como tb com álbuns como “Another Perfect Day”, do Motörhead, “Born Again”, do Black Sabbath, ou os da era Blaze Baleya no Iron Maiden). E como fica este “Ram It Down” subestimado, vindo entre tal fiasco experimental-comercial e o “Painkiller” (sim, teve o “Priest… Live!” entre aquele e este, mas o estou desconsiderando), maior disco do Judas, cujo patamar jamais será igualado, sequer superado?
O miguxo Tucho me esclarecia outro dia (pq eu ñ sabia) de ser “Ram It Down” o álbum de retomada do Judas ao Heavy Metal. Algum arrependimento, aliado a fracasso comercial, certamente influenciaram nisso, q de resto a capa (a mais legal deles, pra mim) ostenta e alguns títulos de músicas escancaram.
Pois parece ser isso mesmo. E ouvir “Ram It Down” torna-se ainda mais divertido quando o ouvimos enquanto rascunho pro “Painkiller” q viria. E tb enquanto aprimoramento, sob certos aspectos, de equívocos cometidos em “Turbo”.
Tudo é mais pesado por aqui, e embora algumas timbragens sintetizadas tb emanem das guitarras (ñ se dão tb na posterior “A Touch Of Evil”, tão admirada? Só q feita bem mais discretamente), a coisa neste soa bem melhor temperada. Mais pesada, à exceção de “Blood Red Skies” um tanto. Considero injustiça botar-se “Ram It Down” no mesmo balaio pejorativo do anterior, coisa q até sites como o www.allmusic.com fazem. Parece existir muita má vontade para com ele, mais do q audições atentas e isentas.
Malditos 80’s, quando tb Iron Maiden, Rush e ZZ Top parece q viram-se forçados a experimentar equipamentos e/ou sonoridades modernas (e, em verdade, modernosas. Falsas. O q só o tempo acabou por demonstrar), e dos quais apenas os canadenses saíram ilesos (por conta de apesar de alguns excessos – como um álbum chamado “Power Windows” – a tecnologia mostrar-se congruente ao futurismo destes): os texanos se vêm reféns das batidas eletrônicas até hoje, mas qualquer demérito em álbuns recentes, a meu ver, se dá mais por falta de inspiração, enquanto q o Maiden se salvou por ñ haver trocado Nicko McBrain por nenhum japonês de marca Cassio ou Roland. Enfim…
Voltando à tese do aprimoramento sonoro, soa hoje visível q uma mudança de baterista se faria necessária. E ñ apenas por culpa da timbragem digital ou da mixagem (pô, nem bandas EBM tacavam o som da bateria tão alto, como os q constam em “Love Zone” e “Love You to Death”) q sons – como “I’m A Rocker” (com algo q ñ sei bem q, q me remete a “A Touch Of Evil”…) e, novamente, “Love You to Death” – soem tão robóticos: as guitarras começavam a ficar mais sinuosas, mais técnicas, mais thrash, menos retas, e Scott Travis entrando no álbum seguinte só fez consolidar uma pegada mais orgânica, pq tb mais moderna, já q mais antenada com bateristas q fossem mais do q apenas metrônomos marcadores de andamento. Ñ q Dave Holland fosse uma bosta de baterista: apenas parece ñ ter se adequado aos novos tempos.
No todo COESO do álbum, pra mim apenas “Blood Red Skies” e “Monsters Of Rock” destoam um tanto; a 1ª, por ser a música mais ousada ñ só do disco, mas tb da banda: ao longo de seus quase 8 minutos, contém uma parte inicial com vocais inspirados – e tb um tanto irreconhecíveis, atípicos, de Rob Halford – bem interessante (além de fornecedora de impressões do quão bandas fracas recentes, como Primal Fear e Hammerfall, tentam emulá-la), enquanto do meio pro fim soa quase q um som programado. Ñ fossem uns arrouobos guitarrísticos esparsos, seria como Halford cantando sobre base pré-gravada sem graça e sem sal…
“Monsters Of Rock” soa experiência por eles ñ mais replicada q tvz gerasse bons frutos nos tempos atuais de Halford pó da rabiola (consigo imaginá-la coerente no “Angel Of Retribution”, no lugar daquela desnecessária “Lochness”): mais lenta, quase arrastada, semi-épica, e com um clima q bandas como o Manowar jamais atingiram.
Citar o Manowar ñ é por acaso: em se dando atenção às letras, q se alternam entre odes aos headbangers, ao Heavy Metal em si, à banda e às rotinas devassas do backstage (procurem lê-las: ñ darei os nomes assim de mão beijada…), tenho soarem mais autênticas ao menos, mais fidedignas com a imagem de uma banda de verdade, menos clichês. Ñ há aquilo de forçação de barra de batalhas imaginárias, espadas de gente preocupada em demasia com o tamanho do pau ou do peitoral, sanguinolência imberbe nem valentia infantilóide.
Falar de “Hard As Iron”, por outro lado – pra voltar a falar do q há de bom, e a ser (re)descoberto em “Ram It Down” – é falar no melhor som, e mais pesado, mais rápido e mais DENSO da banda até então. Façam o exercício (fácil) de imaginá-lo como preparativo para “Leather Rebel” e/ou “Metal Meltdown” vindouras. A faixa-título, na abertura, em atuais tempos tvz incomode pelo gritinho “massacration” (outro chupim estilístico da banda q o Manowar conseguiu apenas vulgarizar) inicial, mas tem uma pegada quase hardcore – quando hardcore significava testosterona e ñ estrogênio – q pré-refrão e refrão apenas valorizam e complementam.
“Heavy Metal” (com um baita pré-refrão), “I’m A Rocker” e “Love You to Death” (q, como “Love Zone”, enganam no título, ñ se tratando, em espécie alguma, de quaisquer esboços de balada) contêm elementos mais tradicionais, daqueles q se poderia imaginá-los em discos anteriores, sem demérito. Apenas na última, o minuto final estraga um tanto, no q se pode creditar o Judas como infelizmente gerador de partes ‘gato trepando’ irritantes em bandas de melódi-cu ou derivativas já citadas. “Come And Get It” ñ curto tanto, por soar bem hard rock (a base principal nela me remete a Ted Nugent, sei lá), mas surpreende nos solos aloprados e numa vocalização beirando o gutural de Halford, coisa rara.
A versão pro som de Chuck Berry tvz seja “ame ou odeie”, e é o único som do álbum com videoclipe, facilmente encontrável no You Tube (e q foi parte tb da trilha de filme adolescente oitentista, “Johnny B.Goode”, q ñ lembro se teve tradução por aqui, e contava com Anthony Michael Hall e Wynnona ‘Maluf’ Rider no elenco). Ficou bastante modificada – ñ na letra, porém – em relação à versão original e creio se prestar exemplarmente como amostra das contradições q permeiam como um todo “Ram It Down”, álbum modernoso, mas tb orgânico; comercial, mas tb visceral; artificial, mas tb abrasivo (alguns solos de guitarra são coisa de louco. Fora Halford mandando MUITO bem: supor tocarem atualmente alguma coisa daqui ao vivo tvz seja devaneio).
Eu gosto, acho divertida. Assim como “Ram It Down”, q tvz possa nem ser elencado como dos álbuns favoritos do Judas Priest pra maioria dos headbangers, mas reconsiderá-lo é algo q eu sugeriria como opção jubilosa, gratificante.
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P.S. – algumas versões do cd (como a minha) ainda contam com versões de “Night Comes Down” e “Bloodstone”, antigas, ao vivo de turnês anteriores, o q pra fãs convictos do Priest tvz funcionem como estímulo adicional à reconsideração de “Ram It Down”. Pra mim, ficou como material bônus q acrescenta pouco.
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CATA PIOLHO CLXXIII – motörhéadico de novo. Hoje, capístico.