DESTRINCHANDO LULU – parte 1
Bem, atendendo a pedidos – quem mandou, märZiano? – eis q resolvi resenhar “Lulu”. Mas de modo atípico desta feita.
Pois estou me dando ao trabaho de ouví-lo todo. Peguei ontem pra ouvir as 4 primeiras faixas, quarta q vem farei o mesmo com mais 4, e na outra semana eu devasso as restantes.
E embora possam objetar alguma mania minha de ser “do contra”, digo q está acontecendo o q eu mais temia: estou GOSTANDO da bagaça.
Por ter em mente a premissa principal: é disco de Lou Reed, ñ do Metallica. Quem insistir noutro entendimento, q dê jeito de se resolver quanto a isso. E é disco cabeça, no q me tem sido de grande auxílio ouvir os sons acompanhando alguma sorte de explicações no blog do Jamari França – http://oglobo.globo.com/blogs/jamari/ – q ainda fez o favor de colocar som por som pra audição.
Outra coisa ainda: vejo muita gente já tendo julgado apressadamente o álbum. E ouvindo em mp3 ou via You Tube. Tb estou fazendo via You Tube, ciente das distorções impróprias no resultado final.
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“Brandenburg” e “The View”, inciais, soam músicas próximas. Cruas, dando impressão de gravação de ensaio. E ñ me convidaram ao desgosto.
Ah, o vocal do Lou Reed é uma bosta. É. Mas está de acordo com a proposta. (Rimou!).
A sensação das repetições básicas e simples é a do Metallica ter tirado do lixo alguns riffs jamais aproveitados. Por outro lado, o q acho é q Reed deve ter passado as músicas do jeito TOSCO q toca/compõe: Hetfield, Trujillo e Kirk devem ter ouvido e tirado TUDO na 1ª audição. E metido umas palhetadas fáceis, pra ñ se entediarem. Guitarristicamente as músicas ñ parecem nem um pouco difíceis.
Engraçado na 1ª, lá pros 2’49” o Lars meio parecendo achar q a música terminou. Pára de tocar, mas daí vê q o som ñ acabou e volta. “Small town girl”, o refrão repetido por Hetfield, em nenhum momento me cansou. A proposta parece ser a de hipnotizar, ñ nos ganhar com agudeza guitarrística e solos, q inexistem.
Na 2ª, percebi alguma vacilada ulrichiana em manter a cadência (na altura de 1’40”) – mas pode ser apenas IMPLICÂNCIA; e um final a la “The Day That Never Comes” – música vinha monótona, resolveram acidentar um pouco.
Pior q “St. Anger” essas? Façam-me o favor!!!!
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“Pumping Blood” eu curti tb. Fosse uma única música do tal projeto, saindo nalgum álbum-tributo ou em trilha sonora de filme expressionista alemão, despertaria aquela curiosidade sem culpa dos fãs, e ficaria tudo na mesma. Mas tá contida num álbum já condenado sem dó.
O início ñ consegui distinguir serem cordas, sanfona ou foles. Dá um climinha. A quebra abrupta de peso em 2’09”, inesperada, curti. E a impressão dos sons anteriores, de feitos/gravados em ensaio, 1º take, aqui cai por terra: é música muitíssimo bem ajeitada (provavelmente em Pro Tools), com partes se sucedendo e brechas para Reed “recicantar”.
As duas partes só com Lars batendo e Reed declamando em cima achei fodas. E pertinentes.
E as coisas vão ficando pesadas dum jeito q ñ me ocorreu ainda perceber se riffs do início se repetem, ou se são riffs novos surgindo ao longo. (O q estranhamente me remeteu às primeiras vezes em q ouvi o “And Justice For All”). Claro q riffs pela metade: naquilo q citei acima, de parecer coisa composta pelas cordas sem nem esforço. O tipo de coisa q os caras tocam sem se dar conta, quando estão afinando. A mais thrash até então. Timbragem completamente Metallica em tudo.
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=k9huGKW6OQ4&feature=player_embedded[/youtube]
“Mistress Dread” me parece o som mais pesado da banda desde “Dyers Eve”. Ñ mesmo?
E me fez pensar: “Lulu” até agora, parece o q “St. Anger” ñ foi. É provocador e incômodo, mas é o Metallica tocando e misturando-se a uma linguagem q ñ a deles. Soa autêntico, e beeeem diferente da época ridícula em q quiseram cometer (duplo sentido!) o new metal q estava na moda.
Fosse o Hetfield resmungando ou cantando, tvz fosse a faixa controversa dalgum disco deles. Quando Lars, na época do “St. Anger”, disse ali estarem se inspirando no Meshuggah – e cagou pela boca nessa – tvz estivesse profetizando “Mistress Dread”. Barulheira insana, digna de assustar os fãs de Lou Reed: tvz a gente como nós, q curte peso, passe até batida. Soa mal gravada e “borrada”.
A bateria é borrada exatamente como consta no “Death Magnetic”, por sinal. Coerência. Finalzinho com loop achei bem sacado.
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Outras impressões q me ocorreram, por ora:
- fosse disco q Reed lançasse sem creditar o Metallica, tvz chamasse melhor atenção. Criaria algum mistério e factóides a serem confirmados e refutados. E a quem curte heavy metal passaria batido; se muito, soando “interessante” – nada demais – a quem é mais cabeça aberta
- como assim, pior q “St. Anger”???
- é álbum na CONTRAMÃO absoluta dos tempos atuais. Ñ vai render videogame, ñ é coisa pra ouvir dirigindo ou em random no iPod. Muito menos ouvir em mp3. Ñ serve pra cantar junto, e se for apresentado ao vivo certamente soará uma BOSTA. Disco pra seguir letras – ñ parecem qualquer tipo de letra – no encarte (no Metal Archieves estão elas todas) e se impactar com ele. Ainda q negativamente. Mas negativamente com convicção, ñ só de se ouvir por alto
- viajeiras foram me remetendo a surrealismo, The Young Gods, Tangerine Dream, até Killing Joke (ñ se confessaram influenciados tb por eles lá no “Garage Days”?). Sons desconexos? Ninguém nunca ouviu o 1º do Fantômas, é isso?
Conversemos, pois, sobre os sons de 1 a 4. Pode ser?