10 ANOS DEPOIS…
… o q ficou?
… o q ficou?
… o q ficou?
… o q ficou?
… o q ficou?
E quando o bar de metal é um PUTA lugar, com donos passando do ponto na empolgação, ao mesmo tempo em q o público da região ñ o merece?
Donos de bar de metal já são esquisitos por natureza. E descrever alguns vai render posts nesta pauta. Tem aqueles q resolvem abrir o bar pra juntar amigos, aqueles q chapam junto com a clientela, e tem ainda aquele tipo abnegado e messiânico q acredita de verdade em estar colaborando para uma “cena do metal” no Brasil.
Essa é a história do SÜB Espaço Cultural, em Carapicuíba.
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Ñ era exatamente um lugar novo: já existia antes como Temple Of Metal (sic) e nos meus registros (página do No Class no Facebook é minha memória anexa), havíamos tocado ali já 3 vezes. Ñ me lembrava mesmo, mas devem ter sido boas as noites.
Aqui era o caso de 2 sujeitos, pai e filho (adulto), q resolveram assumir o lugar, mudar de nome e equipar de verdade. Assim: tinha um quartinho estilo backstage pra guardarmos os instrumentos, tinha um telão (desses de dar aula, retrátil) na frente do palco pra ficar mostrando clipes/shows enquanto a banda arrumava o equipamento/passava o som antes de tocar e, mais interessante ainda, tinha seguranças (masculinos e feminina) pra revistar a galera q estivesse entrando.
Se ñ me engano, ñ cobravam entrada ou era muito barata.
E o q aconteceu? Faliu. Motivo? Boicote idiota. Pessoal da cidade ñ ia ao local, alguns alegando q era “muito bom” (ou “bar de boy”, o Edinho viu isso no Orkut do bar), mas a maioria pq preferia ir nos rolês tr00 do Arena Metal, bar horrível (conheci anos mais tarde e desacreditei) em Osasco, cidade vizinha.
Um pouco é aquilo do pessoal ñ valorizar o q tem na própria cidade, outra coisa era a burrice. Truezice.
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Do q me lembro, fomos chamados pra inauguração do lugar, em 7 de Abri de 2007, o q nos sentimos honrados em fazer. Chegando, nos surpreendemos (postivamente) com a estrutura acima descrita. Guardamos os equipamentos e esperamos a vez de tocar.
Mas o clima era hostil. E só entendemos na hora de pegar as coisas pra tocar: um banger tr00zão simplesmente conseguiu entrar no quartinho backstage (e ñ o vimos fazer) e URINOU na mochila do Edinho, com cabos, corda, afinador e roupa.
Justificativa? Tava muito louco e achou q ali era banheiro. Caralho.
A real? Truezice obtusa.
Obviamente q quase rolou briga, seguranças tocaram o sujeito pra fora, donos nos pediram mil desculpas e seguiu o jogo. Tocamos e nunca mais voltamos. Pq o lugar, alguns meses depois, fechou.
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Ñ sem esse pai e filho, abnegadamente, tentarem campanhas/abaixo assinados no Orkut, com promoções, com agenda. Eram tão sem noção de bem intencionados q chegaram a fazer um churrasco pros bangers da região, na casa deles, pra obter simpatia.
Em vão. Os porcos bangers (futuros bostonaristas) preferiam ir ao Arena. Pegar busão e ir pra mais longe.
Do q lembro ainda, fiquei razoavelmente amigo do dono mais velho (o pai), de quem ñ lembro o nome e trocamos algumas impressões, no dia e em rede social. Foi ele quem disse q Korzus e Acquaria (alguém lembra dessa merda?) se ofereceram pra tocar lá se rolasse 2 mil reais de cachê pra cada banda.
Quando, na época, se ganhamos cachê de DOIS dígitos foi muito. Grana da gasolina. Estamos falando de 2007.
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De todo modo, ficou a lembrança de gente q queria fazer as coisas direito. E de gente escrota q ñ merecia um lugar como aquele: mais ou menos como os bangers podres q descrevi aqui na pauta em “(I Won’t) Pay Your Price”. Ñ foi o primeiro nem o último lugar do tipo, e serviu de lição pra nunca mais tocarmos em bar de tr00, ou freqüentados por tr00.
“Bar de tr00, bar de cu”.
Em meados de 2017, já num momento final do No Class, finalmente fomos tocar em Osasco nesse tal Arena. E se era o mesmo Arena, badalado, incensado e valorizado pelos tr00 – com direito a ter havido show do Deicide ali – desacreditei demais.
O lugar era uma garagem grande de chão de cimento, umas mesinhas de plástico vermelho (estilo Kaiser), um balcão à esquerda vendendo cerveja vagabunda e… a 20 metros à minha direita no palco, juro, uma máquina de lavar do dono do local. Q provavelmente morava lá.
A última q soube dessa pocilga (Arena), foi tb há uns 2 ou 3 anos, quando o Grim Reaper (sim) foi impedido de tocar ali no dia do show, uma sexta-feira. Motivo: prefeitura havia interditado o local, sei lá se por razões reais ou falta de molhar mão de fiscal.
A solução do bar e dos promotores do evento foi avisar a galera q o show rolaria no domingo à tarde (2 dias depois), antes q a fiscalização aparecesse.
Juro q ñ sei se rolou. E ñ me importei em saber.
Esse era o nível.
… o q ficou?
Por A + B tenho confessado por aqui q eu era mais assíduo na Bizz q na Rock Brigade, q passei a acompanhar um pouco mais a partir de 1995. Por isso, ñ acompanhei in loco a repercussão dum certo “metal alternativo” (Faith No More, Living Colour, Jane’s Addiction) nas revistas de metal à época.
Imagino terem sido ignorados todos, ou pixados como “modinha”, pra daí o tempo se encarregar de “aceitar”. Brigade pôs Red Hot Chili Peppers uma vez em capa, deve ter dado muita chiadeira…
Do q lembro de “alternativices” em Brigade, foi algum primórdio daquilo q se consolidou como new metal, chamado antes pela publicação de “alterna metal”. Um balaio confuso no qual incluíam ainda Placebo… Enfim.
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Pincei de duas Bizz de 1991 (reiterando o zeitgeist 1991, em q a publicação intuitivamente sacava o metal e as bandas alternativas ascendendo sobre o mainstream) resenhas sobre “The Real Thing” (Faith No More) e “Ritual De Lo Habitual” (Jane’s Addiction), a mim bastante interessantes passados 30 anos, e q creio ainda renderem um papo.
[edição 67, fev. 1991]
“‘The Real Thing’ – Faith No More (London/PolyGram)
Este é realmente um LP matador. Nove faixas que deram ao Faith No More o status de melhor grupo de 90 para a revista Spin. Altamente versátil – não apenas nos arranjos, mas sobretudo na variedade das composições -, o Faith realiza habilmente um crossover de thrash metal com outros estilos pesadões, como rap, heavy dos 70 e funk bombástico.
As faixas mudam de teor de forma assombrosa. Enquanto o funk metal ‘Epic’ termina com um piano acústico solo, é o ruído de uma hecatombe nuclear que dá cabo de ‘Surprise! You’re Dead!’. O mais esquisito é que logo após tamanho barulho entra ‘Zombie Eaters’ com dois violões e um teclado com timbre de cordas fazendo a cama para a comoção do vocalista Mike Patton.
Com setenta versos, a faixa-título abre o lado B. Banquete servido em taças de cristal e talheres de prata, ‘The Real Thing’ sintetiza numa boa duas décadas de rock’n’roll – sem exagero. Aqui não há desperdício de talento. Apesar da maestria de cada músico da banda, as linhas de todos os instrumentos são econômicas e há uma distribuição equânime de funções, inclusive da voz supervalorizada em outras faixas do álbum.
A ‘romântica’ ‘Underwater Love’ (tema tão bucólico para um grupo idolatrado por metaleiros) é a única de todo o disco em que não há tensão à flor-da-pele. O andamento é rápido, mas ela está inebriada por uma atmosfera soft que cria algum relaxamento – algo impossível de dizer sobre as outras faixas.
Com sotaque red-hot-chili-peperiano, ‘The Morning After’ mostra um riff de baixo repleto de slaps de funk. A letra traz indagações tipo ‘se estou morto, por que estou sonhando?’. Os torpedos disparados na música que abre o LP (‘From Out Of Nowhere’) percorrem um sinuoso e fantástico caminho até atingirem o alvo na derradeira ‘Woodpecker From Mars’. Sozinha, esta faixa instrumental já é uma epopéia. Base thrash realmente acelerada contraposta a um teclado quase minimal. Até o final, tudo vai se fundindo, guitarra estilo Hendrix, arranjo meio progressivo, está tudo ali. Enfim, um disco para quem gosta de porrada mas não perdeu o bom senso. Algum headbanger não gostou?
Celso Masson“
_-_-
[edição 72, jul, 1991]
“‘Ritual De Lo Habitual’ – Jane’s Addiction (Warner/WEA)
Você é maluco? Gosta de ELP e Van Der Graaf Generator, e não se conforma com o rock de hoje?
Pois há boas chances que o Jane’s Addiction resgate você desta penúria. Perry Farrell, vocalista da banda, é um hippie à antiga. Surfa, toma heroína, transa homens e mulheres, faz letras viajandonas e quer chocar a moçada. Tem ‘atitude’. O baixista e o guitarrista costumam dar beijões de língua na frente dos repórteres. O som é metal complicado, a bateria e o baixo fazem firulas intermináveis, as músicas são compridas.
As letras são sub-Burroughs (até quando, Senhor)? Você conhece o gênero: ‘Sou mutcho loco, meu, tomo todas e transo as minas enquanto reflito sobre o significado do universo’. OK, parece importante uma moçada tão radicalzinha chegar ao top ten americano, ombro a ombro, com MC Hammer e esses malas todos. Mas, Cristo, considerá-los como uma banda crucial, seminal e o escambau – como tem feito muita gente – é pesado.
O álbum começa com ‘Stop’, aquela da MTV, chata e longa. ‘No One’s Leaving’ é metal weird com uma boa linha (‘queria saber o apelido de todo mundo’), mas é muito longa. ‘Ain’t No Right’ até que é legal, na linha hardcore/Sly Stone; parece uma frota de Boeings caindo de bico numa vila dos Alpes suíços. ‘Obvious’ é, sorry, óbvia demais. O segundo lado é pior: ‘Three Days’ começa baladinha e acaba pau, citando a capa ‘ousada’ – quá, quá, uns bonecos imitando o Perry transando com duas minas, grande coisa! – enquanto a letra diz: ‘Erotic Jesus love his Marys’. ‘Then She Did’ é um épico setentão, ‘Of Course’ faz a linha ‘ciganos malvados dançando polca num pântano’ e ‘Classic Girl’ é chata.
Minha cópia de Ritual de Lo Habitual só não foi ainda para o sebo por causa de uma música. ‘Been Caught Stealing’ é jóia: uma batida sincopada coberta de guitarras barulhentas, cachorros latindo e uma letra legal, que faz o elogio da roubalheira. Diz que é bacana afanar. Lembra umas letras antigas dos Talking Heads, antes de Byrne começar a achar que era o gênio da raça – o que Farrell parece se achar.
Aliás, ele diz que a banda dura no máximo até o fim do ano. Vai com Deus, meu filho.
André Forastieri”
… o q ficou?
… o q ficou?
Videoclipe gore pra acompanhar sons extremos no metal ñ são novidade.
Nem no thrash: aqueles clipes dos sons de “Repentless” (Slayer) pra mim foram o q deixaram alguma lembrança da fase derradeira da horda do Tom Araya fascista.
Mas a bossa atual é profissa. Praticamente curtas-metragens. E com o maior espanto: sem censura restrição no YouTube.
Cannibal Corpse pra divulgar “Violence Unimagined”, petardo novo, já lançou 2, dirigidos por um certo David Brodsky (q a carreira parece ser toda de videoclipes de metal, pra Papa Roach, Whitechapel, Devin Townsend Project, In This Moment, Misery Index, dentre outros):
“Necrogenic Resurrection”, gore trash (sem ‘h’) clichê, e o a mim mais interessante, “Inhumane Harvest”, q é gore mas tb é sobre tráfico de órgãos.
Forma e conteúdo repulsivos. O som, muito fofo.
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Já o Hypocrisy, prestes a desovar disco novo (“Worship”, exatamente daqui a um mês), soltou um 2º vídeo (o anterior tb super produzido, “Chemical Whore”, já postei aqui), “Dead World”, meio na linha “Walking Dead” e com letra aparentemente voltada à pandemia do Covid-19.
Com algum porém q o Leo me chamou atenção: dá margem pra interpretações negacionistas. Torço demais pra q os cabras ñ o sejam.
Ou então, provavelmente encamparão turnê com The Darkness e Armored Dawn.
Mas assim: se a idéia com esses puta clipes é atrair a molecada Netflix dos streamings, parabéns. Tomara q cole.
E ao mesmo tempo, fico sempre sem saber: vale a pena gastar com esse tipo de arte ainda? Pelo jeito, sim. Ñ devem custar pouco.