Uma daquelas tantas histórias de ‘gravadora encontrou fita q ñ sabia q tinha, daí lançou’. Aham. Em “Greatest Hits Live” (1998):
“In the 80’s, Journey ruled the road like few American bands who came before them. Show after sold-out show, in front of tens of thousands of screaming fans, the quintet defined arena rock, as they cast a magical spell over their audience woven by Steve Perry‘s soaring vocals, Neal Schon‘s electrifying guitar, Jonathan Cain’s fuild keyboards, Ross Valory’s precise bass, and Steve Smith‘s flawless drumming. This disc captures the band at the absolute height of their power, playing with a raw enthusiasm as if each night might be their last.
In one of those improbable but true stories, these long-missing live tapes were unearthed in late 1997 in one of Sony’s tape storage facilities. Capturing 1981 and 1983 concerts in Houston, Texas; Norman, Oklahoma; and Tokyo, Japan; the tapes after years of storage, had to be baked in an oven to allow a one-time only transfer to digital tape. Kevin Shirley, who produced the band’s triumphant 1996 reunion album, ‘Trial By Fire’, remixed 16 songs. However unlike many ‘live’ albums, there was absolutely no sweetening or overdubs. The sound is pure Journey live, just the way it was and now will always be… Journey.
“The Book Of Souls”, Iron Maiden, 2015, Parlophone/Warner Brasil
(cd 1) IF ETERNITY SHOULD FAIL (Bruce Dickinson) / SPEED OF LIGHT (Adrian Smith/Bruce Dickinson) / THE GREAT UNKNOWN (Adrian Smith/Steve Harris) / THE RED AND THE BLACK (Steve Harris) / WHEN THE RIVER RUNS DEEP (Adrian Smith/Steve Harris) / THE BOOK OF SOULS (Janick Gers/Steve Harris)
(cd 2) DEATH OR GLORY (Adrian Smith/Bruce Dickinson) / SHADOWS OF THE VALLEY (Janick Gers/Steve Harris) / TEARS OF A CLOWN (Adrian Smith/Steve Harris) / THE MAN OF SORROWS (Dave Murray/Steve Harris) / EMPIRE OF THE CLOUDS (Bruce Dickinson)
formação: Bruce Dickinson (vocals and piano), Dave Murray (guitars), Adrian Smith (guitars), Janick Gers (guitars), Steve Harris (bass and keyboards), Nicko McBrain (drums)
keyboards by Michael Kenney, orchestration by Jeff Bova
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Antes de qualquer mais nada: fazer música gigante ñ significa fazer música progressiva. Ou prog.
Outra coisa: o Iron Maiden sempre teve um pé no progressivo. Desde 1980: “Phantom Of the Opera”. No q me fica a dúvida: será q desaprenderam tudo?
Provavelmente ñ ouvem os próprios discos e/ou as próprias músicas em casa. “Hallowed Be Thy Name”, “To Tame A Land”, “Powerslave”, “Caught Somewhere In Time”, “Infinite Dreams”, “Mother Russia”, “Sign Of the Cross”, “Blood Brothers”… Ou a abordagem de criadores ñ lhes dá isenção para analisar ou deles desfrutar. Ñ entendo.
Um clichê inútil e vão em qualquer análise da banda, pelo menos desde “Brave New World”, acho a de comparar os novos lançamentos aos discos clássicos (até “Seventh Son Of A Seventh Son” ou até “No Prayer For the Dying”?): ñ dá, ñ rola. A Donzela, neste “The Book Of Souls”, é a banda reformatada desde “A Matter Of Life And Death” (2006) e ñ parece fadada a mudar, aceitemos o fato. Discos anteriores eram outra banda, outra época, e já estão feitos, basta ouví-los pela enésima vez e babar. Caso reprisassem alguns destes, monte de gente criticaria tb.
A outra chave de análise q considero equivocada, mas ainda bastante recorrente, é a de reclamar q sempre fizeram os mesmos discos (como se “Seventh Son…” e “The X-Factor” tivessem sido mais do mesmo), sem quererem fugir de fórmula e sonoridades consagradas, pra ñ desagradarem a casta de fãs incondicionais. Pois mudaram e parece ñ estarem desagradando…
No geral, achei esse disco novo desnecessariamente PROLIXO, no q culpo a produção. Pra q catso pagam um certo Kevin Shirley desde 2000, se o q emana do álbum soa autoindulgendente ao paroxismo? A impressão é a dos caras quererem fazer tudo – compor, gravar, mixar – muito rápido e sem maiores complicações, o q envolveria EDITAR parte do material. Burilar arestas tb. E ainda maneirar em certas liberdades atribuídas.
Os donzelos devem estar em clima interpessoal bastante favorável, ou tvz maduros o bastante pra ñ conflitarem por qualquer coisa. Fora imbuídos duma auto-suficiência beirando a soberba de SABEREM q deles nada de muito ruim virá, em termos de composição ou execução. Então, dá-lhe espaço pra solos adoidado, ninguém podar espaços alheios ou “jogarem para as músicas”, ao invés de para si próprios e suas auto-estimas. O material aqui registrado, a meu ver, era coisa pra ficarem ANO trabalhando. Pra soar realmente bombástico, ousado, desafiador, instigante.
Maior exemplo: “The Red And the Black”, de 13 minutos totais, contém 6 MINUTOS de solos de guitarra. Um desbunde pra quem curte (estão longe de soarem abomináveis ou protocolares) e pra guitarristas, mas um exagero q mesmo Yngwie Malmsteen tvz capitulasse. Cito-o tb como simbólico daquilo q me soa a FALÊNCIA de Steve Harris como compositor: é esta sua única música – letra e música – no disco, e a q mais vejo sofrer de obsolescência. Com potencial, mas mal direcionada: um excesso de “o-ô” pra tentar animá-la (e como se a letra gigante já ñ a poluísse), a introdução (interessantíssima) desnecessariamente repetida ao final – “estrategema AMOLAD” q comparece por aqui em outros 2 sons – e vocal bastante dissociado duma melodia, o q em se tratando de Iron Maiden soa grave, muito grave.
Harris parece, nesse sentido, estar sofrendo do mesmo mal de Lemmy Kilmister: vai ficando mais velho e mais verborrágico, poluindo os sons de letras em detrimento das melodias (cada vez mais rarefeitas e restritas) e de refrãos q causem comoção. Tá virando dramaturgo, caralho? Ñ encontrei nas 11 faixas do petardo um refrão grudento qualquer. Ou um riff realmente inspirado. Desculpem.
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Exemplo reverso: “Shadows Of the Valley”, embora pouco candidata a canção memorável futura, exibe trabalho de arranjo e de mudanças de andamento q a mim poderiam ter sido a tônica em todos os sons. Ainda q com um riff inicial quase “Wasted Years” sobre uma base algo “Out Of the Silent Planet”, contém parte com “o-Ô” coerente e marcante. “Tears Of A Clown” mostra alguma ousadia baterística tb (Nicko McBrain infelizmente caminha em zona de conforto, ou ñ o deixam arrepiar) e uma aura meio Rainbow q ñ entendo como pejorativa: se é pra serem progressivos, q bebam das águas barrentas de outrora para tal!
Trechos vários q remetem a sons antigos comparecem tb a rodo. Nem sempre caindo bem: “The Great Unknown” parece “Killers”, pra daí desembocar em trechos “Paschendale” e levadas “The Loneliness Of the Long Distance Runner”. Há pedaços de “Losfer Words”, de “Where the Wild Winds Blows”… Há mudanças abruptas de andamentos sem q um lick, uma melodia sem bateria ou uma pausa lhes ressalte.
Citei nos nomes dos sons acima tb os autores, pra poder marcar alguns esforços: Adrian Smith e Bruce Dickinson quase salvam o trabalho, e deles achei os melhores momentos do disco. Soa inacreditável q “Empire Of the Clouds”, com 18 minutos, soe coerente e interessante. Soa. Ñ dá sono ou remete a suítes progressivas chatonildas intermináveis. (Conheço sons do Savatage muito menores em duração q cansam bem mais). Fora ser ÚNICO som a ter melodia inspirada, q “gruda”. Provavelmente isso se dando por uma mudança de forma, ñ de conteúdo: é um Maiden com piano. Fez diferença.
“If Eternity Should Fail” abre o álbum com melodia meio western e timbres invulgares, mas padece da repetição excessiva do refrão (6 vezes ao final, pra encher lingüiça tb no encarte, q os repete?) e duma locução final francamente amadora (coisa de banda iniciante, pra assustar incautos). Deveria ter sido feita sem efeito. As duas parcerias Smith/Dickinson mostram-se até culhudas, mas sintomaticamente são as mais afetadas por Pro Tools: estamos em 2015 pros caras desovarem músicas q soam saídas de fita cassete gasta?
Dissociação criminosa melodia-vocal tb comparece em “When the River Runs Deep”, som pesado e rápido (pros atuais padrões). Gostei da faixa-título, iniciada e finda acústica – bem à moda Janick Gers – mas inferior às “Dream Of Mirrors” ou “Dance Of Death” de outrora. “The Man Of Sorrows” ñ revisita o som quase homônimo da carreira solo de Dickinson (ufa!) e comparece no ‘sistema de cotas maideniano’ como o som de Dave Murray, facilmente identificado desde os idos de “Still Life”: solinho harmonizado bacana introduzindo música mais melódica, quase balada.
Detalhes sutis outros: 1) os drives rasgados de Dickinson já eram. Infelizmente. Os sons Smith-Dickinson (os mais ásperos) foram levemente saturados na mixagem pra poder disfarçar. Ao mesmo tempo em q momentos de agudos desnecessários e constrangedores (“Speed Of Light” e “When the River Runs Deep”) comparecem, tvz por querer compensar. A voz do homem está mais pra limpa e aguda – desnecessariamente aguda em “The Red And the Black” – q pra agressiva; 2) Steve Harris abandonou a abordagem rítmica/tercinada full time há tempos, e ninguém parece se dar conta. Acho do cacete q esteja mandando ver umas escalas e uns solinhos vez ou outra.
Conclusão: ñ é um disco ruim, mas tb ñ achei bom. Pra mim, bastante inferior ao potencial q teria e ñ quiseram fazer. Fora anacrônico no formato duplo, falsamente ousado. Superior a “AMOLAD”, mas bem menos inspirado q “The Final Frontier”. Gostei da capa, essa sim ousada. Tocarão 1 ou 2 sons ao vivo – pra delírio dos fanáticos e dos hipsters – e difcilmente será lembrado como disco icônico, influente ou trangressor daqui 10 anos. Na dúvida, farei post cronofágico daqui um 1 ano pra averiguar eheh