Ñ VALE
“Nação Daltônica”, Plebe Rude, 2014, Substancial Music
sons: RETALIAÇÃO / ANOS DE LUTA / MAIS UM ANO VOCÊ / QUE TE FEZ VOCÊ / SUA HISTÓRIA / RUDE RESILIÊNCIA / QUEM PODE CULPÁ-LO? / TUDO O QUE PODERIA SER / (GO AHEAD) WITHOUT ME / TRÊS PASSOS
formação: Philippe Seabra (voz, guitarra, violão, sampler e teclado), André X (baixo), Clemente (voz e guitarra), Marcelo Capucci (bateria)
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Quem nunca:
… pôs aquele disco recém-comprado pra rolar, enquanto fazia outra coisa – lavar louca, conferir emails, cortar unha do pé – e de repente se viu pasmo do mesmo ter acabado, quando parecia estar só no 2º ou 3º som?
E quem nunca:
… resolveu dar uma 2ª chance ao disco, nalgum momento futuro – meia hora, dias ou meses depois – com encarte na mão e atenção focada, pra ver qual é q é/era a do álbum. E mal se aguentou de sono ou de saco cheio, com o mesmo soando interminável, como um de pior safra Rick Wakeman, ou o disco mais pedante dum Marillion?
“Nação Daltônica” me pegou em cheio nessas duas vertentes. Pessoalmente, me marca como o último disco comprado sem conferir num You Tube antes; fiquei velho pra isso, ñ vale mais a pena. Vai pra estante, pra quando eu for acometido dalgum tipo de amnésia e resolver dar uma outra – vã – chance à banda, sei lá quando. A resenha poderia acabar aqui: disco chato da porra.
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Mas ñ acaba, pq tb sou chato.
E contemporizo sobre o quão fora de timing, de senso e de pertinência a Plebe se encontra, ñ de hoje. A volta com formação clássica – Philippe, X, Jander e Gutje – promissora no ao vivo “Enquanto A Trégua Não Vem”, foi há 16 anos. A molecada de 16 anos q tenha se embrenhado hj pelos lados punk ñ conhece e tampouco irá se identificar com os plebeus: no máximo pegou as bandas emo q cagaram purpurina por cima de tudo e zero herança legaram. Os veteranos, como eu, têm os discos antigos pra revisitar.
O disco inédito anterior, “R ao Contrário” (2006) já era fraco, mas prenunciava alguma melhora, com uns 3 sons passáveis e a adesão de Clemente, em dupla jornada com o Inocentes e logística SP-BSB improvável. 10 sons tem este “Nação Daltônica”, em 35 minutos aproximados. Todos de mesmo andamento, mesmos vocais chorosos – juro q mal se percebe Clemente cantando, e sequer rola qualquer co-autoria – e ostentando letras perdidas, ora tentando apelar àlguma revolta pra com o atual momento, ora tentando apelar a uma “nova geração”. Em vão. A capa, com releitura da de “Nunca Fomos Tão Brasileiros” (1987), empacou só na falta de idéias e de assunto.
Por outro lado, é bem gravadinho e produzido. Philippe, dono da banda e tb produtor, sabe do ofício, só perdeu a mão. E a relevância. Deveria gravar algum Inocentes novo, q tb já viveu melhores tempos, mas ainda teima em ter assunto. E se for pra arrumarem shows Brasil afora, penso q a atual Plebe Rude consegue prescindir disto aqui e de qualquer futuro lançamento, pra tal. Até pq quem os contratar só vai querer ver/ouvir “Até Quando Esperar”.
Resiliência? Ñ é nada quando falta conteúdo. Uma pena.
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CATA PIOLHO CCLIII – “Down On Me”: Jesus And Mary Chain ou Motörhead? // “Still Life”: Men At Work ou Iron Maiden? // “Sins Of Omission”: Testament ou Midnight Oil?