THRASH COM H CLASSICS
Publicado originalmente em 1º de Outubro de 2004
“Opus Dei”, Laibach, 1987, Mute/Warner
sons: LEBEN HESST LEBEN [LIFE IS LIFE – Opus]*/ GEBURT EINER NATION [ONE VISION – Queen] */ LEBEN-TOD */ F.I.A.T. / OPUS DEI [Opus] / TRANS-NATIONAL */ HOW THE WEST WAS WON / THE GREAT SEAL
formação: ??????????????????????????????????
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É a primeira vez q indico a metade dum disco por aqui. O q é uma observação: a introdução vem a seguir.
Ha, esta é a resenha com a qual eu tiraria meu atestado de from hell, ñ fosse por:
1) estou ainda começando com Marduk, Immortal e bandas mal-gravadas desgracentas (e ñ punks);
2) o Laibach nunca nem ter feito black metal. São anteriores a isso.
Sempre se fala em gente radical, q só curte banda anticomercial (um desses DOGMAS q nem pretendo discutir agora), oriunda lá da puta-q-pariu, de som hermético e/ou inacessível (a maioria, em verdade, incompreensível), e com postura misantrópica, arredia a conversas, fotos e bajulações. (Existe gente assim realmente? Ñ é daquelas ‘lendas urbanas’?) Q então dizer do Laibach q:
I) vem da Eslovênia, quando ela era ainda parte da Iugoslávia?
II) fora o nome do vocalista, Milan Fras (q eu fiquei sabendo só pelo allmusic.com), ñ se saber o nome de nenhum dos fulanos ali, tampouco q apito os caras tocam, ou ñ tocam, ou deixam de tocar;
III) pelo q se sabe, jamais concedeu entrevistas. Apenas soltaram releases pra imprensa, como o deste “Opus Dei”
E o q consegue ser mais bizarro ainda na estória é q tiveram este disco, e o seguinte, “Let It Be”, lançados em vinil no Brasil – pq aqui tb é o cu do mundo, certo?
O visual dos caras, em clipes (isso eles fizeram) e na capa do “Let It Be”, é tb algo chamativo: todos fardados, de quepe, em postura militar, austera, pouco dada a risos ou poses (q ñ essa mesma), e o som q acompanha vai na mesma linha. O allmusic os chama de germanófilos, e consta terem sido censurados/interrompidos por autoridades competentes (termos q se excluem!) nos primeiros shows, devido a suposta apologia ao nazismo; costa ali declaração dalgum deles se defendendo com ironia: “somos nazistas tanto quanto Hitler era pintor” (sic).
São de um senso de humor sutilíssimo, e rarefeito, pelo jeito. Pq é um som duro, marcial, minimal, de timbragem seca, e com inserções guitarrísticas, de metais e percussões no limiar do abafado: longe de ser mal-gravado – e ñ é – parece ter sido intencionalmente calculado o clima opressor, violento, claustrofóbico e, ainda por cima, cantado em alemão gutural, por vezes acompanhado de coros épicos. Quer ouvir O vocal gutural? Ouvindo “Leben Tod”, sente-se até as amídalas do mano ressoando.
Se há 3 semanas falei q o holandês do Centurian fazia o cara do Cannibal Corpse parecer o Michael Kiske, o cara aqui fez o Lemmy parecer a Tarja!…
Tvz a descrição do som ainda ñ esteja precisa: trata-se duma banda eletrônica (mas ñ poperô, nem EBM, nem Kraftwerk – inexistem chimbaus e pratos), mas nos moldes duma banda de exército eletrônica. Ñ dá pra dançar, ou acompanhar batidas com o pé (até dá, mas ñ dá vontade), tampouco assobiar, muito menos sair cantando porra nenhuma – já falei q os 3 primeiros sons estão em alemão? Outros 3 são instrumentais, 2 em inglês.
Pedindo ajuda aos universitários: falam do Rammstein como sendo grande coisa, ou novidade, e parece haver muito fã desses posers por aí. NOVIDADE NENHUMA: ñ fosse o Laibach, ñ tinha Rammstein. Pronto: o Laibach é meio um “Rammstein true” ehehehe
Tb indico pra quem acha o Therion muito lalala, ou pra quem prefere o Manowar dos primórdios – quando só falavam e convocavam os brothers pra guerra, ou coisa assim. Pq as letras aqui são todas convocações militares-nacionalistas.
“Leben Hesst Leben” e “Opus Dei” são um mesmo som (versão duma dessas bandas dum hit só, o hippie Opus – ñ conheço; alguém?); em alemão, e + interessante, na 1ª versão, e em inglês, bem + acessível, e algo sacra, na 2ª. O coro nazi introdutório (nessa 1ª) – hey hey hey – só ouvi semelhante (e assim mesmo inferior) em “Epilepsy”, do Therapy? Música pra enterro MESMO, soturna, cavernosa, com a cadência ajudando a marcar os passos do cortejo enquanto se carrega o esquife. A 2ª versão é o extremo oposto: até a timbragem de teclado convida ao pop. Perde na comparação.
“Geburt Einer Nation” é versão de “One Vision” do Queen, e soa inacreditável: como se tivessem revelado um lado obscuro e recalcado dos ingleses. Freddie Mercury teria tido algum chilique. Ou quem sabe achado uma loucuuuuuura.
E a citada “Leben Tod” vai na mesma linha: marcial, cavernosa, wagneriana e por isso mesmo, instigante. A partir de “F.I.A.T.”, entretanto, a campanha dá uma trégua, e o teclado passa a comandar, ainda com timbragem rústica, mas já acompanhado duma batida um tanto mais grooveada (se comparada com a dos sons anteriores). Vocais entram fazendo locução, provavelmente alusões a guerra, mas inexiste letra no encarte. Lembra música de filme, das q mantém o clima sombrio.
“Trans-National” vale uma escutada tb. Nela a batida já se acelera, a ponto de se parecer tecnopop, mas a ausência de chimbau/pratos somada a teclados, microfonias e metais entrecruzados tb poderia ter rendido aos caras alguma participação em trilha de filme-cabeça de 2ª Guerra. “How the West Was Won” com maior teor de guitarra ñ me agrada, mas poderá surtir efeito em fãs de gothic metal véio, tipo Paradise Lost, q todo mundo fala q é bão. “The Great Seal” fecha o disco com teclados mais sinfônicos e etéreos, tipo música pra letreiro de fim de filme. Uma voz conclui com “wish we’ll never surrender”…
De qualquer modo, meu recado sobre “Opus Dei” é este: os 4 primeiros sons, com ocasional audição do 6º, “Trans-National”. É pena eu ñ ter o tal “Let It Be”, do qual já ouvi alguns sons, e recomendo até mais: trata-se dum disco de regravação do “Let It Be”, dos Beatles em estilo militar – Laibach – seco e cavernoso. Pra quem quiser pescar origens das bandas com vocais líricos femininos, favor baixar “Across the Universe”, cantada por alguma fada apócrifa conhecida desses caras. De outros lançamentos, sei existirem versões Laibach pra “Dogs Of War” do Pink Floyd e pra “Symphaty For the Devil”, do Rolling Stones.
E a estória dos caras diz estarem na ativa até hoje, porém fazendo um som mais puxado pro eletrônico de fato. Mas ñ sei, ñ conheço, nunca ouvi. Paro aqui.
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ATÉ 2010!