A Modern Drummer Brasil de outubro último – edição # 167 – deu capa e matéria de 10 páginas com Tomas Haake, do Meshuggah. Fora outras 3 páginas de transcrições.
Aproveitando passagem recente da banda aqui – puta bola dentro! – mesmo tendo sido feita previamente (a entrevista, ñ o show) por email. Intuindo algum interesse do pessoal por aqui, parti em 4 as partes a serem copiadas. É bastante coisa. Segue:
MD: Como é o processo de composição com a banda? Já li que você encabeça muita coisa com os padrões de ciclos de sons, frequentemente programando e conferindo na bateria, e também com os padrões de voz já que você é o responsável pelas letras e muitas vezes por gravar algumas vozes. Isso é verdade? Ou existe outro processo como o guitarrista com riffs, você solfejando numa jam com a banda ou outro membro da banda apresentando um riff no ensaio?
Tomas Haake: Na verdade, eu não lidero a maioria das coisas! Quem quer que seja que escreva determinada parte ou música também normalmente escreve as linhas de bateria para elas.
Todos utilizamos o Steinberg Cubase para compor e gravar as versões demo das músicas, e quando sentimos que uma música está finalizada, começamos a ensaiá-la como uma banda. Faço muitas das linhas vocais e as notações para essas linhas, já que escrevo a maioria das letras. Jens (Kidman, vocalista) muitas vezes muda algo aqui ou ali se acha que as linhas vocais podem ser beneficiadas com essas alterações.
No álbum “Koloss”, Jens escreveu algumas coisas e também programou as linhas de bateria para o material que compôs. “Koloss” foi gravado da mesma forma que a maioria de nossos álbuns. Em outras palavras, gravando primeiro a bateria e depois as bases de guitarra e baixo. Por fim, colocamos os vocais e os solos de guitarra. Esse processo de composição e gravação vem sendo igual desde o álbum “Destroy Erase Improve”, de 1995. E não, não jammeamos na verdade! Esse tipo de música com ‘padrões cíclicos’ não é algo para se jammear. Pelo menos não para nós…
(…)
MD: Que bateristas te influenciaram desde cedo, e quais suas referências atuais?
Haake: Muitos bateristas me influenciaram quando eu estava crescendo. Bateristas da ‘onda britânica’, como Nigel Glockler (Saxon), Nicko McBrain (Iron Maiden), Dave Holland (Judas Priest) e também os mais progressivos, como Ian Mosley (Marillion) e Neil Peart (Rush). Peart foi de diversas formas meu maior herói da música desde que eu tinha 11 anos, e ainda é!
Depois, por volta de 13 ou 14 anos, comecei a ouvir o Bay Area Thrash Metal, com bateristas como Kirk Arrington (Metal Church), Lars Ulrich (Metallica), Dave Lombardo (Slayer), Gar Samuelson (Megadeth). E também Charlie Benante, embora o Anthrax seja uma banda da Costa Leste e não da Bay Area.
Durante o mesmo período, havia outros bateristas que eu realmente adorava, como Alex Van Halen e Tommy Lee. Na primeira metade dos anos 1990, ouvi muita coisa fusion com artistas como Chick Corea, Allan Holdsworth, Brecker Brothers, e encontrei muita inspiração em seus bateristas. Caras como Vinnie Colaiuta, Gary Husband, Dave Weckl, Terry Bozzio, entre outros. Acho que de certa forma a primeira sonoridade do Meshuggah foi uma mistura de inspirações indo do grunge ao metal e assim por diante. Também preciso mencionar Vinnie Paul e o Pantera, já que sua sonoridade e agressividade também tiveram um grande impacto no Meshuggah naquela época.
Atualmente, se eu tiver de citar meus heróis contemporâneos no metal, incluiria Gene Hoglan, Dirk Verbeuren, Dave Lombardo (ainda detonando como sempre), Danny Carey, Ray Luzier, entre outros. A lista poderia ser eterna!