Momentos ‘visite nossa cozinha’ comparecem nalguns discos da banda. Jeff Waters em pessoa depondo. Eis o de “Refresh the Demon” (1996):
“Done once again in my studio, with long-time friend and engineer Paul ‘The Pastor’ Blake, ‘Demon’ was more of an aggressive sound and writing-style than on ‘King’. I think that my guitar playing on this cd was much better than on the previous cd; I go through many phases in my life where some years I rarely play guitar except for writing/recording/touring while other years, I play alot for fun and the love of it! Randy Black was again on this cd as well as some good soloing from Dave ‘The Glove’ Davis. I really like this cd and favorite tunes are the title track, Pastor, Ultraparanoia, Hunger and Innocent Eyes. The latter was obviously special as it was written for and about my son Alex. This was a tough time for traditional heavy metal; 1996 was the middle of the decade when, by this time, most metal bandas from the 80’s had either broken up or could not given a record deal. Annihilator was very fortunate to still be given the chance to forge on and we had some good touring, once again, for this cd. KK Downing once told me one of the most influential pieces of advice which I have applied in my life and career to this day: ‘If you believe in what you are doing, just keep your head up and keep going; it will eventually pay off’. I wonder if he knew how important those brief words were going to be to that kid from Ottawa, Canada.
sons: RAM IT DOWN * / HEAVY METAL * / LOVE ZONE / COME AND GET IT / HARD AS IRON * / BLOOD RED SKIES / I’M A ROCKER * / JOHNNY B.GOODE [Chuck Berry] * / LOVE YOU TO DEATH / MONSTERS OF ROCK
formação: Rob Halford (vocals), Glenn Tipton (guitar), K.K. Downing (guitar), Ian Hill (bass), Dave Holland (drums)
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“Stained Class”, “British Steel”, “Painkiller”, “Screaming For Vengeance”, “Sad Wings Of Destiny”, “Unleashed In the East”, ou até álbuns como “Jugulator” e “Demoliton”: todo mundo tem nesses (ou até nalgum outro, alguém q seja true ou meio do contra) um álbum favorito do Judas Priest, q em termos de serviços prestados ao metal jamais se pode acusar terem negado fogo.
Ao mesmo tempo, “Turbo” parece consenso considerar a bola fora dos ingleses (ainda q com ele algum movimento de revisionismo/reconhecimento tardio esteja acontecendo – como tb com álbuns como “Another Perfect Day”, do Motörhead, “Born Again”, do Black Sabbath, ou os da era Blaze Baleya no Iron Maiden). E como fica este “Ram It Down” subestimado, vindo entre tal fiasco experimental-comercial e o “Painkiller” (sim, teve o “Priest… Live!” entre aquele e este, mas o estou desconsiderando), maior disco do Judas, cujo patamar jamais será igualado, sequer superado?
O miguxo Tucho me esclarecia outro dia (pq eu ñ sabia) de ser “Ram It Down” o álbum de retomada do Judas ao Heavy Metal. Algum arrependimento, aliado a fracasso comercial, certamente influenciaram nisso, q de resto a capa (a mais legal deles, pra mim) ostenta e alguns títulos de músicas escancaram.
Pois parece ser isso mesmo. E ouvir “Ram It Down” torna-se ainda mais divertido quando o ouvimos enquanto rascunho pro “Painkiller” q viria. E tb enquanto aprimoramento, sob certos aspectos, de equívocos cometidos em “Turbo”.
Tudo é mais pesado por aqui, e embora algumas timbragens sintetizadas tb emanem das guitarras (ñ se dão tb na posterior “A Touch Of Evil”, tão admirada? Só q feita bem mais discretamente), a coisa neste soa bem melhor temperada. Mais pesada, à exceção de “Blood Red Skies” um tanto. Considero injustiça botar-se “Ram It Down” no mesmo balaio pejorativo do anterior, coisa q até sites como o www.allmusic.com fazem. Parece existir muita má vontade para com ele, mais do q audições atentas e isentas.
Malditos 80’s, quando tb Iron Maiden, Rush e ZZ Top parece q viram-se forçados a experimentar equipamentos e/ou sonoridades modernas (e, em verdade, modernosas. Falsas. O q só o tempo acabou por demonstrar), e dos quais apenas os canadenses saíram ilesos (por conta de apesar de alguns excessos – como um álbum chamado “Power Windows” – a tecnologia mostrar-se congruente ao futurismo destes): os texanos se vêm reféns das batidas eletrônicas até hoje, mas qualquer demérito em álbuns recentes, a meu ver, se dá mais por falta de inspiração, enquanto q o Maiden se salvou por ñ haver trocado Nicko McBrain por nenhum japonês de marca Cassio ou Roland. Enfim…
Voltando à tese do aprimoramento sonoro, soa hoje visível q uma mudança de baterista se faria necessária. E ñ apenas por culpa da timbragem digital ou da mixagem (pô, nem bandas EBM tacavam o som da bateria tão alto, como os q constam em “Love Zone” e “Love You to Death”) q sons – como “I’m A Rocker” (com algo q ñ sei bem q, q me remete a “A Touch Of Evil”…) e, novamente, “Love You to Death” – soem tão robóticos: as guitarras começavam a ficar mais sinuosas, mais técnicas, mais thrash, menos retas, e Scott Travis entrando no álbum seguinte só fez consolidar uma pegada mais orgânica, pq tb mais moderna, já q mais antenada com bateristas q fossem mais do q apenas metrônomos marcadores de andamento. Ñ q Dave Holland fosse uma bosta de baterista: apenas parece ñ ter se adequado aos novos tempos.
No todo COESO do álbum, pra mim apenas “Blood Red Skies” e “Monsters Of Rock” destoam um tanto; a 1ª, por ser a música mais ousada ñ só do disco, mas tb da banda: ao longo de seus quase 8 minutos, contém uma parte inicial com vocais inspirados – e tb um tanto irreconhecíveis, atípicos, de Rob Halford – bem interessante (além de fornecedora de impressões do quão bandas fracas recentes, como Primal Fear e Hammerfall, tentam emulá-la), enquanto do meio pro fim soa quase q um som programado. Ñ fossem uns arrouobos guitarrísticos esparsos, seria como Halford cantando sobre base pré-gravada sem graça e sem sal…
“Monsters Of Rock” soa experiência por eles ñ mais replicada q tvz gerasse bons frutos nos tempos atuais de Halford pó da rabiola (consigo imaginá-la coerente no “Angel Of Retribution”, no lugar daquela desnecessária “Lochness”): mais lenta, quase arrastada, semi-épica, e com um clima q bandas como o Manowar jamais atingiram.
Citar o Manowar ñ é por acaso: em se dando atenção às letras, q se alternam entre odes aos headbangers, ao Heavy Metal em si, à banda e às rotinas devassas do backstage (procurem lê-las: ñ darei os nomes assim de mão beijada…), tenho soarem mais autênticas ao menos, mais fidedignas com a imagem de uma banda de verdade, menos clichês. Ñ há aquilo de forçação de barra de batalhas imaginárias, espadas de gente preocupada em demasia com o tamanho do pau ou do peitoral, sanguinolência imberbe nem valentia infantilóide.
Falar de “Hard As Iron”, por outro lado – pra voltar a falar do q há de bom, e a ser (re)descoberto em “Ram It Down” – é falar no melhor som, e mais pesado, mais rápido e mais DENSO da banda até então. Façam o exercício (fácil) de imaginá-lo como preparativo para “Leather Rebel” e/ou “Metal Meltdown” vindouras. A faixa-título, na abertura, em atuais tempos tvz incomode pelo gritinho “massacration” (outro chupim estilístico da banda q o Manowar conseguiu apenas vulgarizar) inicial, mas tem uma pegada quase hardcore – quando hardcore significava testosterona e ñ estrogênio – q pré-refrão e refrão apenas valorizam e complementam.
“Heavy Metal” (com um baita pré-refrão), “I’m A Rocker” e “Love You to Death” (q, como “Love Zone”, enganam no título, ñ se tratando, em espécie alguma, de quaisquer esboços de balada) contêm elementos mais tradicionais, daqueles q se poderia imaginá-los em discos anteriores, sem demérito. Apenas na última, o minuto final estraga um tanto, no q se pode creditar o Judas como infelizmente gerador de partes ‘gato trepando’ irritantes em bandas de melódi-cu ou derivativas já citadas. “Come And Get It” ñ curto tanto, por soar bem hard rock (a base principal nela me remete a Ted Nugent, sei lá), mas surpreende nos solos aloprados e numa vocalização beirando o gutural de Halford, coisa rara.
A versão pro som de Chuck Berry tvz seja “ame ou odeie”, e é o único som do álbum com videoclipe, facilmente encontrável no You Tube (e q foi parte tb da trilha de filme adolescente oitentista, “Johnny B.Goode”, q ñ lembro se teve tradução por aqui, e contava com Anthony Michael Hall e Wynnona ‘Maluf’ Rider no elenco). Ficou bastante modificada – ñ na letra, porém – em relação à versão original e creio se prestar exemplarmente como amostra das contradições q permeiam como um todo “Ram It Down”, álbum modernoso, mas tb orgânico; comercial, mas tb visceral; artificial, mas tb abrasivo (alguns solos de guitarra são coisa de louco. Fora Halford mandando MUITO bem: supor tocarem atualmente alguma coisa daqui ao vivo tvz seja devaneio).
Eu gosto, acho divertida. Assim como “Ram It Down”, q tvz possa nem ser elencado como dos álbuns favoritos do Judas Priest pra maioria dos headbangers, mas reconsiderá-lo é algo q eu sugeriria como opção jubilosa, gratificante.
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P.S. – algumas versões do cd (como a minha) ainda contam com versões de “Night Comes Down” e “Bloodstone”, antigas, ao vivo de turnês anteriores, o q pra fãs convictos do Priest tvz funcionem como estímulo adicional à reconsideração de “Ram It Down”. Pra mim, ficou como material bônus q acrescenta pouco.
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CATA PIOLHO CLXXIII – motörhéadico de novo. Hoje, capístico.
A 1ª tirada algo homofóbica q disse q cometeria, sabendo já no sábado q havia ganho par de ingressos – pois é, Rodrigo, nem eu entendo!! – pro domingo, dizia aos amigos/comparsas das bandas: q iria ficar gritando ali na pista “bicha, bicha, bicha”, pra o Rob Halford então responder “thank you” ahah
Fora afinidade boiolística da vez (tudo bem q tinha tb uma mina), a meia dúzia de bambis era reveladora, no mais, a quem ñ é daqui de SP, do perfil do são paulino típico: aquele q sai do armário nesta época, e q é o torcedor q ñ viu um único jogo do time até há umas 3 rodadas, ñ sabe dizer o nome de 2 jogadores q ñ o do Rogério Ceni incluído, e q só torce pro time se ele chega em final de campeonato e ñ estiver chovendo…
(embora estivesse chovendo um pouco domingo à noite). Bah!
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O q posso resumir do show do Judas Priest cabe em 2 ítens:
1) ñ foi assim um Carcass;
2) se puder resumir numa ÚNICA palavra, esta seria “Digno”.
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18 sons, produção razoável pra ótima de palco, em 1h e 40 corridas. Comparações inevitáveis ao show de 1991 (no 2º Rock In Rio) ou ao show solo de Halford na edição 3 tb me vieram à mente.
Como o temor – felizmente ñ concretizado (ñ sou nem Mãe Dinah, quanto mais profeta ahah) – de q seria uma mixórdia qualquer tentativa de show com um vocalista notoriamente decadente. O miguxo Inácio (ausente por aqui já há um tanto), os viu nos EUA há uns anos e atestou o quanto Halford já ñ agüentava mais berrar como antes… Gente q os viu há algum tempo naquele show com Whitesnake tb o desmereceu.
Só q “Painkiller”, p.ex., me soou melhor executada q a do Rock In Rio 2 (disponível no You Tube): Halford se esgoelou de berrá-la. Tanto q ficou tonto (MESMO!), tendo q se escorrar em P.A. e num dos corrimãos do palco: quem pôde ver, VIU isso. Obviamente q ñ ficou perfeita, mas se a de 1991 foi 70%, a de domingo beirou os 85%.
E quando digo DIGNO em me referir ao show, refiro-me a Halford como o fiel da balança na apresentação: pois nitidamente se percebeu um set-list feito na medida pra q ele pudesse surpreender (e se esgoelar) e tb desencanar, ficar confortável, nalguns outros momentos. (Comparação com o Heaven & Hell ñ deixou de me vir: Dio forçando a barra naquele dvd tentando fazer sons q já ñ consegue, nem conseguiria. Ugh!). O uso inteligente de ecos e delays tb o ajudaram bastante. Porém, músicas velozes como “Rapid Fire” ou “Jawbreaker” (ausentes) provavelmente jamais serão executadas novamente: o cara ñ terá mais fôlego.
Por outro lado, “Hell Patrol” (a mim um tanto decepcionante, por ser a q eu mais esperava) pareceu executada em tom alterado (“The Hellion/Electric Eye” tb??), e foi sonegada em refrão (assim como o de “Breaking the Law” e sua parte “you don’t know what it’s like”, instados a q fizéssemos. E, sim, o fizemos) e em berros. Sendo isso tudo algo assumido – ui! – por ele mesmo, ao longo da apresentação: no 1º agudo proferido em “Breaking the Law” (no mais, colocada antes do meio do show), brincou fazendo careta de arrego, botando a língua pra fora, pra todos q podiam ver. E assim se deu tb em “Dissident Aggressor” (q puta surpresa ela incluída!) e na “Sinner”, a de 2º melhor momento BERROS.
O cara tá muito velhinho, parecendo um avô, quase uma cruza do Piu-Piu com o Raul Seixas decadente de seus últimos anos. Se move pouco, mas ñ estava tão letárgico quanto no show de Halford, banda, em q ficou refém dos teleprompters. Se teve uso disso domingo, disfarçou bem.
O momento de maior respiro aconteceu em “Angel”, a única do “Angel Of Retribution”, e q, longe de ser a minha preferida (se fosse pra rolar balada do álbum em questão, eu tvz curtisse mais “Worth Fighting For”…), ainda assim me soou bem, estrategicamente colocada no meio do set. Por outro lado, os 3 sons de “Nostradamus” executados – a intro “Dawn Of Creation” + “Prophecy” (achei legalzinha) e “Death” (q o mais legal foi ver Scott Travis em seu jeito bizarro de rodar baqueta. Alguém me explica como o sujeito parece rodar o braço e ñ a baqueta???) – ñ me deram vontade de baixar nem de comprar o álbum.
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Outras surpresas foram as inclusões de lados-b tipo “Between the Hammer And the Avil” (preferia “Leather Rebel”, mas…), “Eat Me Alive”, “Devil’s Child” (melhor ao vivo q no disco) e “Rock Hard, Ride Free”, q os fãs das antigas bradaram com gosto. Aliás, em termos de presença, fora eu e a patroa e os 6 bambis + são paulina ali na pista, o q havia era muito TIO. Ñ tiozinhos (como eu), mas sujeitos grisalhos mesmo, daqueles q provavelmente já conheciam o Priest no lançamento do “British Steel”; mulherada tb era pouca ali.
De resto, vi uma banda bem discreta: nenhum dos outros 4 chamava muito atenção. Tvz fosse o comedimento de gente já em fim de turnê: K.K. Downing em sua roupa de couro parecia um traveco; Ian Hill ficou lá pendulando todo o tempo e é o q parecia mais surpreso ante a receptividade; Glenn Tipton manteve o mindinho direito levantado de sempre; Scott Travis passou boa parte das músicas entretendo-se em jogar pro alto baquetas pra pegar de volta (e numas duas ou 3 vezes, ñ conseguiu, rindo disso). Mas todo mundo muito competente, sem erros visíveis ou palpáveis.
Média com bandeira do Brasil no bis foi de praxe, mas senti a banda meio como o time do Palmeiras: sem tanta vibração assim. Cena com bandeira no pescoço, Halford voltando ao bis como motoboy (na sensacional “Hell Bent For Leather”, sonegada dos “come on!”) e o final apoteótico (daqueles q o Manowar insiste em imitar mal) com a chatinha “You’ve Got Another Thing Coming” foram parte do show como TERIAM q ser parte do roteiro. Ñ estou assim reclamando: foi o q eles puderam fazer.
E ñ foi pouco. Faltaram músicas? Sim. Daria pra tocar tudo? Ñ. Mas ñ venderam o q ñ podem mais vender, e isso é trunfo e RESPEITO para com o fã. Certamente ñ durarão outros 2 álbuns + turnê, mas ñ me senti enganado. Foi legal.