Historinha do mês entremeada por falhas de memória, a citar nos comentários.
Nos rolês periféricos pela Zona Sul, sobretudo tocando no Relicário (citado aqui na pauta em outubro último, em “Brotherhood Of Man”) e no Novo Aeon Rock Club (um dia tenho q contar histórias de lá), conhecemos um sujeito muito boa gente, cujo apelido era – não sei se ainda é – Xampu. Ou Shampoo, sei lá.
Baixista meio largado, meio um clone de Ozzy (visualmente falando) mas desses caras q agita outras bandas, inventa festivais, movimenta uma cena pequena e local. Sem se importar se com banda cover ou “autoral”. Sem preocupação em ganhar dinheiro. Com a banda em q estivesse tocando tb participando, de boa.
E já um pouco mais velho q a gente, cabeludão (aham) casado e com filho pequeno. Daquele tipo q tira foto com filho e esposa (tb gente boa) usando camisa de metal.
Creio q todo mundo aqui já conheceu pelo menos um Xampu. Ou Shampoo, vai saber. Q nos convidou pra inaugurar novo bar em Taboão da Serra (cidade periférica barra pesada ao Sul daqui da Grande São Paulo), do qual estaria como sócio, o Fábrica do Rock.
Precisava de mais banda, chamamos o Sarkaustic (o antigo P.O.T.T., Exodus Cover, tornado thrash autoral + covers de Exodus e Destruction) e bora tocar lá num sábado gelado, em 23 de agosto de 2008.
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Quão novo era o bar? A hora em q chegamos, estavam acabando de pintar. Galpão amplo, chão de cimento, tipo 20 x 50, pé direito alto.
Era em frente a um ferro velho, o q dava todo um clima.
Clima q quem ñ estava muito era eu, a bordo duma gastroenterite adquirida num restaurante por quilo dias antes (aprendi a nunca mais comer ovo frito fora de casa). Aquele tipo de virose q era um combo mal estar + diarréia q poria tudo a perder caso eu tossisse, espirasse ou peidasse ao mesmo tempo – ou duas das condutas involuntárias – enquanto estivesse tocando.
Principalmente se estivesse tocando “Overkill” ou “Sacrifice”, q o q me mantinha preso ao solo era a coluna vertebral apoiada no meu banquinho. Aquele mesmo q o cara do Sabbath Cover tentou furtar (citado nesta pauta em janeiro, em “Please Don’t Touch”). Na minha truezice ingênua, nunca q iria cancelar um show só por causa disso. Bora bancar o herói, fazer um sacrifício.
Mas isso ñ foi o principal, sequer chegou a dar problema. Sakaustic tocou primeiro e lembro q foi bom; do q mais lembro foi o Wagner (baterista e vocalista) dedicando “Piranha” a duas ex-namoradas deles (uma, ex-dele) q os tinham chifrado eheh
O No Class provavelmente foi legal tb, pq ñ lembro de qualquer incidente enquanto tocamos: o tipo de lembrança q permanece quando o ocorrido fica pra lá de distante e longínquo. Tb foi aquela ocasião melancólica de ter muito pouco público: 10 gatos pingados, se muito. Metade, a equipe do bar.
Como éramos trio e o Sarkaustic, quarteto, tivemos mais público q eles ahah
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A encrenca se revelou no pós-show: juntando as coisas nos carros pra ir embora, Edinho (nosso vocalista/baixista) e Flávia (uma amiga meio groupie do Sarkaustic, e futura groupie cativa do Márcio, guitarrista do Napster, q se tornaria guitarrista e baixista/vocalista no No Class) trocavam idéia assustada sobre SERINGAS de monte nas pias dos banheiros.
O local era um pico (ops) de nóias q se picavam. Menos mal q estávamos “nos picando” tb (outro ops!) sãos e salvos da coisa toda.
Desnecessário dizer q o local ñ “virou”, nunca mais fomos convidados ou soubemos de evento ali, e mesmo o Xampu (Shampoo) vimos mais uma vez, quando tocamos em Moto Clube próximo a Itapecerica da Serra, muitos anos depois.
Nunca ninguém comentou, cobrou ou lembrou da roubada. Mais um show no cartel do No Class.
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EPÍLOGO: como quase tudo na vida pode ainda piorar, na hora de voltar resolvemos parar numa padaria. Eu, pra comer algo, Edinho pra usar o banheiro e alguém q estava junto (tvz meu amigo tr00, Eric) no embalo. Em alta madrugada, numa região afastada e desconhecida totalmente.
Do q lembro é q Edinho usou o banheiro, eu comi lá um misto com suco de laranja – e acho q os amigos tb – mas lembro ainda mais do cenário pra lá de George Romero do local. Ou ANTRO.
Os presentes no recinto, tvz umas 10 pessoas, da hora em q entramos ao momento em q saímos, ficaram o tempo todo nos encarando hostis. Tipo zumbis. Tipo “vcs ñ são bem-vindos aqui”. Tipo “vazem daqui”.
O q ñ entendemos na hora. Havia uma tv ligada, sem som. O atendente nos fez os lanches, cobrou o dinheiro e ninguém no lugar DEU UM PIO. Homens e mulheres. Nos encarando o tempo todo. Silêncio sepulcral no local. Fomos embora nos tocando só na saída q a padoca era tb um lugar de nóias.
Dizem q “a ignorância é uma bênção”, o q normalmente ñ concordo. Nesse dia, foi.