Biografias, principalmente de músicos, são meu gênero literário favorito. Já li muitas: algumas são boas (Keith Richards), outras divertidas (Ozzy) e outras, decepcionantes (Bruce Dickinson). E raramente se tropeça em alguma que te tire o fôlego, te prenda nas páginas e acabe por te acertar um direto no estômago.
E isso tem de sobra na autobio de Mark Lanegan, músico que obteve certa fama nos anos 90 como vocalista do Screaming Trees, banda do interior do estado de Washington, radicada em Seattle.
Pra começar, Lanegan parecia não ter filtros e à medida que vai narrando sua vida de excessos, vai dando nomes aos bois e arrastando reputações para a lama fétida aonde foi parar com seu rascunho de vida.
E bota fétida nisso: infância problemática, aluno relapso e a paixão adolescente pela música, que salva a vida de tantos. Ou quase.
Viciado em heroína (e crack, cocaína, cigarro e álcool), a carreira de vocalista nada mais era que o meio para a obtenção do fim: os dois ou três picos diários de heroína na veia, pra evitar convulsões e ataques de abstinência. E pra não deixar isso acontecer, valia tudo: Mark se tornou um viciado clássico, mentiroso, ladrão, traficante.
Roubava o que podia de amigos, equipes de turnê, colegas de trabalho, namoradas, prostitutas, lojas de conveniência, farmácias e trocava na rua por moedas que juntava pra comprar mais drogas.
No auge da modesta popularidade que alcançou, se vestia como um mendigo esquelético, ficava semanas sem banho, dias sem comer, apanhava na rua de traficantes, só usava mangas compridas pra esconder as pústulas expostas de feridas de pico nos braços (e dedos, pernas, pescoço). E não tinha onde cair morto, chegou a morar no meio do mato.
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A cada capítulo que termina, você pensa “não, não dá pra piorar”. E piora. O fundo do poço não tem fundo.
Salvo por Courtney Love, amiga que bancou sua recuperação em uma clínica cara onde ficou internado por 1 ano inteiro, recuperou sua dignidade e parte da saúde para assumir uma carreira solo de qualidade que gerou 12 discos. E que foi interrompida por sua morte, recentemente.
O livro termina logo após a temporada de rehab, e nada diz sobre a carreira pós-Trees, dando a entender que haveria uma muito bem-vinda segunda parte. Que infelizmente não virá.
Recomendo não somente pra quem possa conhecer o trabalho de Lanegan nos Trees, QOTSA e solo, mas pra todos que curtem uma boa história, bem escrita e vivida por um personagem fascinante. Mas não espere um conto de fadas grunge, o bagulho é intenso.
Atração de “noite metal” do Rock In Rio 2011. Na sequência vieram Motörhead, Slipknot e Metallica.
No palco secundário, Franga com Tarja (vexame Falaschito incluso) e Sepultura com Tambours Du Bronx.
Acho q todo mundo lembra. Ao menos vagamente. Menos da tal “revelação do metal” da vez. Californianos (li agora na Wikipédia), provavelmente afiliados em hipsterismo indie a The Mars Volta ou Queens Of the Stone Age (ñ sei, vi o show na tv, devo ter comentado aqui e ñ lembro mesmo). Certamente vindos pra cá por conta de empresário ser o mesmo dalguma outra atração. Como foi em 2001 o mesmo QOTSA vir pq eram do mesmo empresário do FarooFighters.
A cabeleira do sujeito era algum tributo a Buzz Osbourne, do Melvins?
Deram em algo?
Nem em nostalgia de trazê-los de volta, pelo jeito.
Alguém mais por aí comprou a Roadie Crew temática de bateristas? Bom, influenciado pelo assunto em pauta, decidi fazer uma listinha com meus bateristas preferidos. Sendo o dono do boteco aqui baterista e afeito a listas, creio que abençoará minha ousadia, ainda que o assunto já tenha sido provavelmente abordado anos atrás.
Não toco bateria (ou qualquer outro instrumento), então analiso tudo como fã de música, movido pelo sentimento, pela emoção… pelo groove. Não analiso tecnicamente e não estou nem aí se o cara é visto como o “papa das baquetas”, se dá aula em conservatório ou toca com 3 bumbos. Pra mim, ñ faz a mínima diferença.
A lista tem números e dá idéia de posições, mas nada tem a ver com “melhor”, e sim com preferência pessoal. E mesmo assim não é algo fixo, pode ser que amanhã mude tudo. Ou alguma coisa.
Ian Paice – bate forte, é econômico e tem classe
Phil Rudd – uma máquina de tempo, vai reto e direto ao ponto. Trabalha em prol do ritmo e serve à música ao invés do seu ego
John Bonham – outro que tem força e um estilo todo seu. Fenomenal
Clive Burr – acho que nunca recebeu o reconhecimento merecido e isso talvez se deva a comparações com seu sucessor
Bill Ward – quase um baterista de jazz, guardadas as devidas proporções. Sem a sua batida, o Sabbath dos primórdios soaria completamente diferente
Ginger Baker – brilhante, classudo, cheio de swing, porém com força na munheca. Gostaria de editar as músicas do Cream, só pra ouvir a bateria e o baixo trancados juntos na levada
Dave Lombardo – sempre foi impressionante, desde os primórdios do Slayer. Rápido e preciso, porém com criatividade
Charlie Benante – fenomenal é pouco. Nos dois bumbos é quase imbatível
Gene Hoglan – no metal extremo, é um dos grandes. Mais um que toca rápido e forte, com ênfase nos pedais
Alex Van Halen – um dos poucos que possuem um som próprio, uma assinatura. Você ouve e identifica na hora
É claro que ficou muita gente boa de fora e, como disse, numa segunda análise podem até substituir os 10 desta lista. Como Neil Peart (dispensa adjetivos), Nicko McBrain, Charlie Watts (sim, gosto muito do trabalho dele nos Stones), Phil Animal Taylor, Roger Taylor (excelente mas pouco reconhecido), Igor Cavalera (outro que criou seu próprio estilo e sempre bateu muito forte). Ah, Dave Grohl também é um puta baterista e gosto muito do seu trabalho no Nirvana e no QOTSA.
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Por aqui falam muito desse tal Aquiles Priester e talvez alguém aqui possa ter uma opinião formada, mas eu não saberia dizer se justifica toda a badalação. As bandas em que ele toca ou já tocou fazem música tão mole e enjoada que não consigo passar da segunda faixa. Detalhe: na tal edição, há 7 anúncios com o cara, uma coluna e mais uma entrevista. Ele é sócio?