Folheando revista q trouxe de viagem, RockCandy, me deparei com a matéria q me chamou atenção de cara, até mais q a matéria de 24 páginas sobre o Rush: entrevista com Roger Glover (DeepPurple), tvz o cara menos lembrado da banda (da estirpe dos baixistas discretos?), mas q já viu e viveu um monte.
E não estou falando só de idade.
Fui direto na pergunta sobre Ritchie Blackmore e a resposta me “ganhou”. Ler o restante foi tranquilo, copio aqui (à moda antiga) uns trechos:
WOULD YOU SAY BLACKMORE’S THE BEST GUITARIST YOU’VE EVER WORKED WITH, THOUGH?
There’s no such thing as a best guitarist. All the guitar players I’ve worked with are different, and they’ve all brought something to the band that wasn’t there before. The focus with Purple is often on Ritchie, and he was certainly instrumental in altering the way I thought about music. But change happens. You can’t rewind and do it all over again. You have to embrace change and the new challenges that come with it. SteveMorse brought an awful lot to the band, as has [new Purple guitarist] Simon McBride. The recipe changes when you change members, and it’s always a revelation to hear what comes out. I can’t say who’s best. Ritchie Blackmore was the original, JoeSatriani and SteveMorse were both brilliant, and Simon McBride is adding something too.
DO YOU THINK YOUR BASS PLAYING INFLUENCED A LOT OF ROCK MUSICIANS?
Well, I can definitely hear what I was doing in the 70’s in the work of lots of other bands who came afterwards, but I don’t think about it too much. If I did, then I guess I’d end up copying the people who originally copied me! The key to being in a band is not to be too aware of your audience, and not to spend time trying to please them. You have to please yourself. I never pre-judge anything. I just play what I like, and if that’s made me a leader rather than a follower, then that’s great. Maybe that’s why I’m still around.
WHAT IS YOUR ABSOLUTE FAVOURITE DEEP PURPLE RECORD?
The one I keep returning to is “Purpendicular” from ’96. When [guitarist] SteveMorse joined the band we’d spent 10 years in slow decline and people didn’t seem that interested in us anymore. When Steve joined, he wanted to know what we wanted from him, and I said, “you’ve got to be yourself, nobody else”. Steve really ran with that. He respected the band’s past, while carving out his own space. “Purpendicular” felt like a rebirth and was a grand example of us respecting the 70’s, but at the same time moving past the Ritchie Blackmore thing.
DO YOU HAVE A FAVOURITE PURPLE DECADE?
The one we’re in right now. When we started in the 60’s, I expected it to last maybe two or three years, five tops. This band was never designed to be long-running, but that’s how it turned out. We’re very thankful for that, and it’s all down to the fans. We were apart for years before we reunited in 1984 for “PerfectStrangers“, and that era was great because it felt so good to be together again. We’ve kept it going from there, have been through some changes and melodramas, but somehow we’ve survived… probably just by being ourselves.
Já comentamos aqui sobre a longevidade de alguns artistas versus sua relevância no universo em que habitam, e de como seu período mais fértil pode ter ficado lá atrás, no passado. E me ocorreu que alguns tiveram seu maior hit após vários anos de carreira, quase sem querer, quando menos se esperava, surpreendendo banda e gravadora.
Estratégia? Sorte? Zeitgeist?
O fato é que algumas dessas canções foram tão importantes para algumas bandas que chegaram a ressuscitar suas carreiras. Listei alguns exemplos abaixo, e mesmo se não conseguirem lembrar de outros tantos, seria legal ouvir o raciocínio de vocês sobre o fato.
PinkFloyd – Another Brick In The Wall (Disco 11 na discografia)
Só eu me espanto com isso? DeepPurple novo em 2024.
Curti o nome do disco novo: “=1“. Pq sim.
Tá q sonoramente não surpreende, e isso nem é discutível, é de outra ordem. Não curti o riff, mas o troço gruda fácil.
Os caras podiam estar por aí fazendo turnê de despedida, mas não: top5 de bandas produtivas na pandemia e no pós-Covid, certo? E Ian Paice – parecendo um MarkyRamone grisalho – não tinha tido um avc?
Por fim, a dúvida mais importante: estão no MK IX ou no MK X?
Eu fui a SP inicialmente por dois motivos: visitar meu irmão que mora lá há anos e assistir ao show do RogerWaters. Mas com estadia prevista de 4 dias, decidi aproveitar: fui na Galeria (onde encontrei o redator-chefe aqui do blog), garimpei cds, comi em restaurantes e lanchonetes legais, visitei bares e pubs. Não fiz mais porque a grana é finita e os joelhos me doem.
Sabendo da apresentação de Hughes na cidade, previamente sugeri ao meu irmão comparecermos, ele topou e lá fomos nós. De início, uma certa confusão quanto ao local do show: dependendo de onde se checasse a informação, a casa seria o Carioca Club ou uma tal VIP Station. Soube mais tarde que trocaram da primeira pra segunda por causa da demanda de publico, maior do que se esperava. Esclarecida a duvida, pegamos o Uber numa noite quente de sábado e rumamos para o desconhecido (ênfase em “quente”).
***
Chegamos, entramos e assistimos ao final da apresentação da primeira banda de abertura, um trio setentista de nome HammerheadBlues de quem já tinha ouvido falar. O som estava ruim (só nas bandas de abertura) e apesar do esforço em promover uma jam no palco, não impressionou. A banda seguinte, um tal RedWater de quem nunca tinha ouvido falar, padeceu dos mesmos problemas. Quanto a ambos os grupos, digo o seguinte: vc pode ter a attitude correta, o visual certo e saber tocar pra cacete: mas se não souber compor/escrever, sua música nao vai decolar.
Nesse ponto da noite a casa ja estava completamente lotada e o calor incomodava a todos. E da-lhe longneck Heineken a 15 reais pra suportar a temperatura. Antes de comentar do show principal, preciso discorrer sobre o que esperava de uma apresentacao de GlennHughes em 2023: cresci enquanto fã de rock ouvindo as músicas dele no DeepPurple, e lendo de como entrou em decadência devido a álcool e drogas. E mais recentemente comprei e curti tudo que lançou com o BlackCountryCommunion, então tinha noção de que estava recuperado e produzindo música de qualidade novamente.
Mas um show marcado há poucos anos em Vila Velha/ES, onde Glenn se apresentou completamente sem voz e pedindo desculpas a todo momento, junto com a notícia de que 3 dias antes havia cancelado seu show em Curitiba por estar gripado, não me deixaram criar muitas expectativas.
Felizmente, cai do cavalo. A banda toda entrou com sangue nos olhos! Glenn parecia ter saido diretamente da epoca do Trapeze, com suas roupas estilo anos 70, óculos escuros vintage e cabelo longo e desgrenhado. Agitou o tempo todo, sorriu e mandou beijos, cantou tudo impecavelmente – inclusive as notas mais altas – e parecia genuinamente estar se divertindo muito. Ah, sim: mencionei que tem 72 anos?! A banda que o acompanhava – guitarra, bateria e teclados – era composta por músicos mais jovens e muito talentosos, também vestidos a caráter seguindo a ultima moda. De 1974.
O set durou exatas 2 horas e teve 9 músicas, todas do DeepPurple, algumas se alongando por até 20 minutos, com partes de outras inseridas em meio a jams e solos individuais de todos os músicos. Um show como o Purple devia fazer nos anos 70, quando Hughes fazia parte da banda. No meio da apresentação, Chad Smith surgiu na lateral do palco e ficou ali assistindo, claramente se divertindo, sorriso no rosto.
Ao final, foi apresentado pelo anfitrião e assumiu as baquetas pra tocar “Highway Star” – a única da fase Gillan – e fechar tudo com “Burn”. Foi apoteótico. Um puta show sem erros, sem momentos anticlimáticos, sem performances meia-bomba, som excelente (na banda principal), casa lotada (capacidade de 4 mil pessoas), público totalmente feliz.
***
Agora… o calor quase pôs tudo a perder. Estava insuportavelmente quente, e lá pro final comecei a me sentir estranho, fraco, e achei que fosse desmaiar. Deixei a posição privilegiada em que estava e tive que ir pra lateral, onde ficava o bar e haviam menos pessoas. Cheguei a sentar no chão pra me recuperar e pensei em sair pra conseguir respirar. No fim, ficou tudo bem.
Stormbringer Might Just Take Your Life Sail Away You Fool No One / High Ball Shooter / The Mule Mistreated Getting’ Tighter You Keep On Moving Highway Star Burn
As fotos do post (exceto a primeira) são do excelente fotógrafo Andre Tedim (https://www.instagram.com/andretedimphotography/)