SERVIÇO DE UTILIDADE PÚBLICA THRASH COM H
“Plains Of Oblivion”, Jeff Loomis, 2012, Century Media/Encore Records/Urubuz Records
sons: MERCURIAL / THE ULTIMATUM / ESCAPE VELOCITY / TRAGEDY AND HARMONY / REQUIEM FOR THE LIVING / CONTINUUM DRIFT / SURRENDER / CHOSEN TIME / RAPTURE / SIBYLLINE ORIGIN + bonus tracks: A LIAR’S CHAIN / SPEAK OF NOTHING / GLASS ROOTS
formação: Jeff Loomis (guitars), Dirk Verbeuren (drums), Shane Lentz (bass)
participações especiais: Christine Rhoades (vocals on “Tragedy And Harmony” and “Chosen Time”), Ihsahn (vocals on “Surrender”), Tony Macalpine (guest solo on “The Ultimatum”), Marty Friedman (guest solo on “Mercurial”), Chris Poland (guest solos on “Continuum Drift”), Attila Vörös (guest solo on “Requiem For the Living”)
formação nas faixas bônus: Jeff Loomis (guitars and bass), Joe Nurre (vocals), Anup Sastry (drums)
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Duvido q aconteça só comigo: 2 são os singelos motivos pelos quais ñ consigo abraçar o Nevermore como banda favorita (ou uma das 572), comprar camiseta, querer ir em show ou salivar angustiado por uma volta deles
- o vocal chorão, às vezes metido a emocionado e tantas vezes histriônico, do Warrel Dane. Q às vezes passa do ponto
- o fato de quase nunca eles tocarem o q os riffs PEDEM. Ñ partem pra porradaria, provavelmente devido ao Dane poder choramingar, por vezes ficando atolados em andamentos arrastados barra mid-tempo a mim incômodos
Por essa premissa, “Plains Of Oblivion” resolve muito disso. É praticamente um álbum do Nevermore sem os defeitos. Tem vocais em 3 faixas, q me caíram muito melhor q a encomenda: Christine Rhoades, de participação lá no “Dreaming Neon Black”, da banda-matriz, cai MUITÍSSIMO BEM em “seus” 2 sons, ainda q os mais amenos (“Chosen Time” seria meio a balada do disco) em meio à porradaria toda. Achei muitíssimo boa a sacada.
Por outro lado, tb achei muito interessante o cara do Emperor em “Surrender”. Do q chego à impressão de q o Nevermore com vocais femininos ou rasgados soaria bem mais interessante. E ñ atrapalharia os demais músicos. Minha opinião.
Claro q nem tão rasgados: nas 3 faixas bônus finais, aparentemente demos sem requintes nem lapidações – na verdade, um ep, “Requiem For the Living”, com a mesma faixa somada, lançado este ano – lançadas pela Encore aqui, os vocais excessivamente rasgados (tipo gore mesmo) de Joe Nurre põem tudo a perder. Ou se pretam a quem for mais truezão de fato: periga serem então as melhores coisas do trabalho. Coisa pra quem curte death metal em fita cassete já meio gasta.
Falar em death metal ñ soa inoportuno. Os sons aqui são pesados, mesmo os de mais fritação, como “The Ultimatum”, “Requiem For the Living”, “Sybilline Origin” e “Continuum Drift”; este último, de shreddismo típico (solos em primazia a riffs e ao som), é aquele q quem for saudoso do Cacophony vai pirar. “Mercurial”, “Escape Velocity” (meu preferido) e “The Ultimatum” contêm blast beats baterísticos, inclusive. E eu os categorizaria, junto a “Tragedy And Harmony”, como belíssimas “sobras” de Nevermore. Sons muito bem feitos, com classe e bom gosto.
Colaborou muito pra todo esse peso os músicos participantes, ñ tão badalados e conhecidos: o baixista Lentz, estadunidense, toca num tal Kamikabe, de death metal progressivo (desconheço) e consta ter sido escolhido por Loomis via You Tube.
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Por sua vez, o baterista Verbeuren, belga, magrelo e com cara de cachaceiro, tem 14 ex-bandas listadas no Metal Archieves, tocou no Nuclear Blast Allstars (no “Out Of the Dark”) e no álbum solo de Warrel Dane (“Praises to the War Machine”), fora atualmente militar no sueco Soilwork e em 4 bandas: Anatomy Of I (holandês, com Steve DiGiorgio, emérito outro multi-bandas), Bent Sea (de grindcore, com Shane Embury como baixista) e Phaze I e Scarve (franceses). As quais nunca ouvi mais gordas.
Ou seja: pasteurização e som típico dos EUA passa longe aqui. O tal Atilla Vörös, fritador húngaro convidado, por sua vez, toca num certo Leander e é ex-Morpheus, formações igualmente magiares.
Voltando aos sons e ao álbum, q didaticamente dividi até então entre sons “Nevermore sem defeitos” e “shredders“, há outros 2 q eu consideraria “experimentais” e tão bons quanto os outros todos: “Surrender” e “Rapture”, q nem é cover do Morbid Angel.
“Surrender” é quase um black metal norueguês (e ñ o é pq é bem gravado ahah), ñ só pelo vocalista, mas tb pela ambiência. “Rapture”, por sua vez, tenta ser a faixa acústica do trabalho, e parece misturar violões tratados com guitarra limpa: quem for guitarrista, q descubra e me explique mais tarde!
Nos agradecimentos, Dirk Verbeuren agradece pela oportunidade de participar duma “obra-prima”: tvz seja um pouco demais, mas os anos haverão de dizer q “Plains Of Oblivion” ñ é um disco qualquer. É coeso e homogêneo, sem pasmaceiras. Pode atordoar gente ñ tão afeita a fritações, mas entendo como um álbum raríssimo em meio aos tempos atuais, em q guitarristas de monte por aí esqueceram como é q se faz solo.
Pensei em brincar de ser álbum q Dave Mustaine, ouvindo, se arrependeria de ter roubado o guitarrista errado do Nevermore. Mas ñ acho isso: Loomis no Megadeth disputaria autorias de riffs tb, então Chris “curtindo a vida adoidado” Broderick tá em casa lá. Por outro lado, nos 3 últimos álbuns, Mustaine parece ter perdido a mão… sei lá.
Ouvi um ou outro som, há muito tempo, de “Zero Order Phase”, álbum solo anterior de Loomis, lançado em 2008. De q ñ me recordo bem, tampouco tenho subsídios para comparar com este. Mas deu vontade de ir atrás dele tb.
A capa e parte da arte do encarte lembrando “Prometheus” tb achei bem legais, no mais.
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CATA PIOLHO CCXIX – em minha febre recente por Annihilator, me chamou atenção “Dead Wrong”, do execradíssimo “Remains”, ter riff pra lá de idêntico ao de “Walk”, do Pantera. Chupim descarado ou homenagem? – foi minha dúvida atroz.
Até ouvir em “Words From Jeff Waters”, faixa bônus do cd, o mesmo assumir a influência de Pantera, descrevendo a faixa como “Pantera com Jim Morrison com a cara cheia de uísque”. Putz.