60 ANOS DEPOIS…
… o q ficou?
… o q ficou?
… o q ficou?
… o q ficou?
… e aí?
Saber da morte de Philthy Animal Taylor me trouxe duas sensações, imediatas:
Maldito ‘fator x’.
Vez ou outra me perguntavam: “Animal ou Mikkey Dee”?
Ñ sei escolher, nunca soube, jamais saberei. Ficou ainda mais complicado ante os 11 anos e pouco em q venho tocando no Motörhead Cover onde milito. (É a banda de q mais toquei sons na vida. E são os bateristas – bem mais q Pete Gill e Tommy Aldridge – q mais tive de lidar, igualmente). Inventei de responder assim: “do Animal, gosto mais de tirar os sons; do Mikkey Dee, mais de tocar”.
Mas ninguém nunca mais me perguntou…
Quase como tentar escolher entre Clive Burr e Nicko McBrain, no Iron Maiden. Como desempatar dentre bateristas estupendos, dos quais um jamais conseguiria/consegue tocar as partes alheias, e vice-versa? (E ainda mais q no Maiden eu prefira, disparado, o Nicko)
Baterista soberbo, louco de pedra, falso tosco e legítimo discípulo de Keith Moon. Já ñ militava há tempos, mas fica a obra, o requinte (as aberturas de chimbau improváveis) e o registro de ter sido o último baterista lesado vivo. E o único com coragem de usar dentes de tubarão em peles de resposta de bumbos. E de abrir shows com “Overkill”. Putz.
Sons preferidos, da vez, pra ilustrar: “Jailbait”, “Poison”, “Iron Horse” (do “No Sleep ‘Till Hammersmith”), “Limb From Limb”, “Shoot You In the Back” (q grooves!), “I’m So Bad (Baby I Don’t Care)”.
Pois o Motörhead lançou outras coisas além do “Ace Of Spades”, ñ sei se vcs sabem…
(dedicado ao doggmático)
E publicado originalmente em 16 de Abril de 2004.
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“Stain”, Living Coloür, 1993, Epic/Sony
sons: GO AWAY/ IGNORANCE IS BLISS/ LEAVE IT ALONE / BI / MIND YOUR OWN BUSINESS / AUSLÄNDER / NEVER SATISFIED / NOTHINGNESS / POSTMAN / WTFF / THIS LITTLE PIG / HEMP / WALL
formação: Corey Glover (vocais), Vernon Reid (guitarras), Doug Wimbish (baixo), Will Calhoun (bateria)
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Os caras estão aí (eu e a Carol iremos!), e é a deixa pra falar do melhor disco do Living Coloür. Disparado. (Nem ouvi esse novo aí, mas dane-se). Pq é pesado, carregado e SOMBRIO, como nenhum dos outros.
[“sombrio” aqui, ñ está sendo utilizado no sentido q ultimamente vem tendo, das bandas q fundem metal a eletrônico, ou a gótico, ou aquelas metidas a industrial, gótico ou eletrônico].
“Mancha” (stain) só se foi no clima da banda quando do lançamento do cd, q diziam estar deteriorado, desgastado. Ou o hit do Garotos Podres (ae, Guilherme!). Pq “Stain” é um ARREGAÇO só.
Quando eles surgiram, eram meio atração de circo: ‘uau, banda de negão tocando rock’ (racismo enrustido travestido de marketing tosco – negro nunca tinha tocado rock?) (Jimi Hendrix o quê?), usando calças colantes, e lançando o “Vivid” com bênçãos de Mick Jagger (grande bosta), q tocou gaita e produziu umas 3 faixas ali. Com um sonzinho q ñ ia nem pro hard nem pro funk’o metal, e cheio de slaps (argh!), mesmo com faixas como “Cult Of Personality” ou tendo o riff speed metal de “Funny Vibe”.
No “Time’s Up” seguinte, a coisa melhorou. Som melhor, músicas melhores, provocação aos branquelos (“Elvis Is Dead”, com participação de Little Bichard), mais peso: “Time’s Up”, “Type”, “Love Rears Its Ugly Head” (uma rara balada decente), “New Jack Theme”, e tal.
Lançaram ainda um ep chamado “Biscuits”, catadão de lados-b e coisa ao vivo legalzinho tb, mas o “Stain” pra mim foi o APRIMORAMENTO deles. Dividi-lo-ei em 4 categorias, uma vez q pra mim só há 2 sons ruins:
Sons ruins (“Hemp”/”Wall”): a 1ª é uma vinhetinha experimental, com alguém discursando, tvz pró-maconha. Era a única letra no encarte, e eu ñ lembro bem, por isso o chute; “Wall” é a única q tvz coubesse no “Vivid”: funk com slaps, mesmo q discretos (eu ñ suporto!), comum demais, e q por ser a última faixa ficou até melhor: dando pra parar na “This Little Pig”.
Sons experimentais – têm seu valor (“Bi”/”WTFF”): “Bi” foi equivocadamente lançada como single, devido à polêmica apologia à bissexualidade (“everyone wants you when you’re bi”), mas como som é interessante. Grooves retos, partes meio eletrônicas, e o baixo levando a música cheio de efeitos e harmônicos. Aliás, o baixista-monstro Doug Wimbish é o destaque do disco: nunca ouvi uma timbragem de baixo tão sólida, tão pesada (em “Ausländer” parece uma turbina de avião!), tão perfeita; tanto q, pelo que notei, nenhuma guitarra foi dobrada em hora de solo ao longo do disco: o baixo segura a onda com folga. E tb carrega a música em “Nothingness”.
“WTFF” é a outra vinhetinha, mas mais legal. Curtinha, sons ambientes, textura industrialóide de guitarra, uma fala solta no meio, e umas passagens meio rap (batida eletrônica e tudo). Até boba, mas ñ destoante no cd.
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Sons bons pra caralho (“Leave It Alone”/”Never Satisfied”/”Postman”/”Go Away”/”This Little Pig”): todos eles naquela cadência mid-tempo coloquial aos caras, e caprichados nos riffs e harmônicos guitarrísticos, como em “Leave It Alone” (um Led Zeppelin de macho), e em “Never Satisfied” – com um PUTA refrão, e q poderia ter saído em single, q ñ os queimaria. “Postman” tem uma intro de bateria genial, pq absurdamente simples – o q ñ é “pegada”? – e o refrão mais gritado e ‘dramático’ do disco. O trampo da cozinha – como em todo o disco – é SOBERBO. Integração total.
“Go Away” abre o disco chutando a porta e dando marretada ao mesmo tempo; sua virada inicial (pesada e com harmônicos de baixo) era utilizada como abertura dum ex-programa na mtv, ‘Flashblack’. É pesada, obsessiva (repetitiva) e, como em “Bi”, “Mind Your Own Business” e “Auländer”, tem um peso de guitarra MASTODÔNTICO, único, irreconhecível e até bastante tosco em se tratando de Vernon Reid. “This Little Pig” é quase um thrash, a mais rápida, com o Calhoun sentando a mão, alternando partes rápidas e lentas. Começa com microfonias e dissonâncias, entra num groove com guitarra solando, e daí vai ladeira abaixo.
Sons absurdos, de tão loucos (“Mind Your Own Business”/”Ausländer”/”Nothingness”/”Ignorance Is Bliss”): alterna partes (bem) lentas e rápidas tb “Mind Your Own Business”, a mais LOUCA de todas. Quando lenta, é arrastada tipo Black Sabbath, quando fica rápida, quebra do nada, sem virada. Parece impossível de se reproduzir – tomara q a toquem no show. Parece até bateria eletrônica… “Ausländer”, além do som de turbina, é barulhenta pra porra, curta, grossa e rápida, embora grooveada (só ouvindo pra entender, ñ dá pra explicar) e tem uns barulhos repetitivos de fundo, de coisa quebrando, hipnóticos. Pra ouvir e sair dando porrada. Solo de guitarra aloprado (sem preocupação com técnica, escala: zoeira), termina seca.
Sons de grilos introduzem (e repetem-se pelo refrão de) “Nothingness”, uma obra-prima new age metal de autoria do Calhoun (assumo a pagapauzice). Vozes etéreas, sons sintetizados – mas legais – de guitarra, ainda assim também viscerais. Tb ñ se explica (eu não consigo!), melhor ouvir. (Foi single do disco, tocava no rádio, e teve clipe etéreo na mtv). É “balada”, mas ñ é ao mesmo tempo – baladas costumam ser flácidas, e pouco densas, e nem têm o baixo comandando. Ñ é MESMO o caso aqui.
Fora isso, a outra melhor música (fora “Mind Your…”) acho “Ignorance Is Bliss”. Pesada e elegante – é jazz e é pesada na mesma medida – tem a levada toda no chimbau, como em quase todo o disco, aliás (só “Postman” e “This Little Pig” têm momentos conduzidos no ride), q é o q diferencia o som. Calhoun faz umas firulinhas típicas de prato em jazz no chimbau, e fica do cacete.
Aliás, um parêntese Will Calhoun: baterista FUDIDO, quase ñ faz virada (dá pra contar umas 10 ou 11 em todo o disco, por alto), e q toca grooves q nem são difíceis de se tirar, mas q ao mesmo tempo soam impossíveis! O som característico da caixa, por cima de tudo e saturada de reverb, além de grave pra cacete, o distingue de todos os outros bateristas. Aberturas de chimbau parecem escorar (ao invés de escapar) das batidas. Nem usa pedal duplo, ou 2 bumbos, mas nem precisa – ñ faz a menor falta! “PEGADA” deve ser o nome do meio dele.
Acho, afinal, q deu pra passar q “Stain” é um disco do caralho, certo? Perguntas?