PRECISAMOS FALAR SOBRE GENE SIMMONS
por märZ, diretamente do Summer Breeze
Eu não esperava nada, mas NADA MESMO de um show solo do linguarudo no SUMMER BREEZE. Até fiquei meio puto quando anunciaram que o Mercyful Fate seria transferido pro domingo pra dar lugar ao baixista do KISS e sua banda. Com tanta banda boa no mundo, logo isso? Mas aguentei a dor nos joelhos e o cansaço pra ver sua apresentação no fim do primeiro dia de festival.
E felizmente caí do cavalo (unicórnio?). Gene fez um show muito legal e divertido, tocando clássicos de sua banda principal e algumas covers (Zeppelin, Motörhead e até um trecho de The Who). Despojado, batendo papo entre as músicas, falando bobagens de tiozão do churrasco em portunhol, causando constrangimento em vários momentos (“São Paolo bunda linda”). Mas quando a música tomava conta, tudo mudava.
O grande trunfo foi sua banda de apoio: 3 músicos muito bons, competentes e com sangue nos olhos. Não achei informações sobre eles, mas o guitarrista/vocalista que fazia as partes de Paul Stanley é fenomenal (Gene se referia a ele simplesmente como “Jason”). Não só toca muito bem como é um excepcional vocalista de hard rock, com uma voz que se encaixa como uma luva velha e confortável em mãos calejadas.
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Nas músicas em que não fazia o vocal principal, Simmons se tornava um mero coadjuvante, deixando os músicos se divertirem mudando os arranjos, improvisando, esticando as canções.
E isso fazia com que ele errasse suas partes algumas vezes, entrando com backing vocal na hora errada, parando de tocar pra se encontrar. Não é novidade alguma que nunca foi um bom músico. O curioso é que após o término da canção, ia ao microfone se desculpar pelo erro que cometeu, explicando que ali eram somente 4 músicos de verdade se divertindo, sem usar retorno auricular, backing tracks ou qualquer outra trapaça. E esse foi o grande lance do show. Uma banda grossa, musculosa, que por vezes me lembrou momentos ao vivo de Cactus e Ten Years After, que não eram músicos virtuose mas detonavam no palco, sem se preocuparem em soar perfeitos.
Gene me lembrou o quanto o KISS já foi legal. Com certeza músicos limitados, mas com canções pegajosas, divertidas e despretensiosas. Tirando as distrações das máscaras, explosões e playbacks trapaceiros, o que sobrou foi atitude e rock and roll. E hoje em dia isso anda muito raro.