
“Live Over Europe”, Axel Rudi Pell, 2008, Steamhammer/Hellion
dvd I – Rock Hard Festival (Gelsenkirchen Amphitheater, Germany, on 25.05.07) FLY TO THE MOON / STRONG AS A ROCK / THE MASQUERADE BALL/CASBAH / DRUMSOLO / TEAR DOWN THE WALLS / MYSTICA / ROCK THE NATION / THE TEMPLE OF THE KING [Rainbow] / FOOL FOOL / CALL HER PRINCESS
dvd II – Official Bootleg Dvd – 18 sons gravados “ñ profissionalmente” por festivais europeus, na Alemanha, Suíça, Suécia, Inglaterra e Bélgica, entre 2004 e 2006
formação: Johnny Gioeli (vocals), Axel Rudi Pell (guitars), Ferdy Doernberg (keyboards), Volker Krawcsak (bass), Mike Terrana (drums and percussion)
.
Anos atrás, um então amigo (daqueles q todos têm ou temos, q arrumam uma namorada, daí somem e perdem contato) me apresentou a Axel Rudi Pell me emprestando “Shadow Zone” (de 2002), q curti. A despeito dos títulos pra lá de clichês dalguns sons – “Edge Of the World”, “Coming Home”, “Under the Gun”, “Heartbreaker” – mas sobretudo pela formatação sonora bem articulada entre um hard rock de macho, um metal melódico de leve e alguns traços AOR. Copiei no hd e por ali ficou.
Mês passado, resolvi arriscar este “Live Over Europe”, mesmo sem ter nada de “Shadow Zone” nele, pra ver o q seria o sujeito e sua banda ao vivo. Ñ me arrependi realmente, mas a conclusão-mor ficou a de ser o alemão um discípulo e devoto de Ritchie Blackmore. Ele e a banda, neste material, exsudam e rendem tributo a ele e, sobretudo ao Rainbow, mas tb com doses de Deep Purple e até algumas pitadas de Black Sabbath fase Dio. Nada q Yngwie Malmsteen já ñ tivesse cometido antes, mas com relativa e salutar sobriedade. Sem fritações a mil por hora.
Pelo menos ñ o tempo todo.
Um maior pormenor seria a própria banda do sujeito: o baixista ñ é nenhum Roger Glover ou Jimmy Bain, o tecladista passa longe dum Jon Lord e nem de longe remete a Tony Carey, tampouco a David Stone. Mas sobretudo o mala malíssima, de papelão e sem alça na chuva, superestimadíssimo, Mike Terrana, nunca foi nada nem próximo dum mindinho com frieiras de Cozy Powell. Jamais será. O q só atesta seu solo inócuo, insosso e desnecessário de 4 minutos e meio ao longo da apresentação principal. Bah!
O vocalista Johnny Gioeli, por sua vez, possui aquele “zero carisma” tão característico dum Tony Martin, com timbre e tessituras muito próximas do próprio Martin e tb de Zak Stevens (Savatage, Circle II Circle), o q acho bom e ruim. Pq ñ perturba, nem torra o saco com montes de agudos canários do reino, ao mesmo tempo em q tb ñ chama maior atenção. O q a banda toda, em si, ñ faz. Claramente todos músicos – bons, nada excepcionais – contratados pra q Rudi Pell ñ saia das maiores atenções.
Rudi Pell, por sua vez, ñ demonstra maiores egocentrismos ou necessidade de aparecer o tempo todo. A edição do dvd tb desmente qualquer umbigologia do bigodudo, mais afeito a fazer seu som, duelar com o tecladista (na derradeira “Call Her Princess”) e retribuir com alguma simpatia a ovação da galera, nada numerosa (é apresentacao num festival da revista Rock Hard, em q provavelmente ñ foi headliner), mas tb nada fanática. O tipo de show q jamais viria ou virá pra cá, pois mal lotaria meio Carioca Clube.
Os sons se passam numa boa, em temperatura morna, já q o show parecia promover o recente álbum de até então, “Mystica”. Os sons de matriz hard, com tentativas de refrãos grudentos – “Fly to the Moon” (em q Terrana tenta emular Ian Paice nas estrofes, como o mesmo fazia em “Burn”), “Strong As A Rock” e “Tear Down the Walls” – ñ grudam de fato; por outro lado, aqueles q emulam algum “clima Rainbow” – “The Masquerade Ball/Casbah” e “Mystica” (com citação de “Mistreated”), somadas ao próprio cover – me soam melhores. Pq mais maduros, mais convincentes.
Meus preferidos são “Rock the Nation”, “Fool Fool” (Dio aprovaria!) e “Call Her Princess”, mais pesados, com vocais rasgados e nos quais me pareceu a banda tocar de modo mais paudurescente, empolgado. O dvd II traz 18 sons filmados de modo mais amador, tvz pra oferecer ao produto alguma cara de ‘produto + raridades’, com 2 terços do repertório presentes no dvd principal, o q inclui uma versão ruim e bizarra (acústica, simulando romantismo) de “Love Gun”, da Banda Beijo.
Minha conclusão é a seguinte: Axel Rudi Pell é sujeito talentoso, mas ñ chama tanta atenção. Ao mesmo tempo, ou trabalha na Steamhammer (haja visto sua inacreditável copiosa discografia de 16 álbuns de estúdio, 7 compilações, 2 discos ao vivo, 2 dvd’s ao vivo e 1 box, lançados desde 1989) ou tem grana pra bancar sua carreira razoável e decente, mas tb tépida e sem rompantes de genialidade ou maior originalidade. Dvd legal, bem filmado, editado e gravado (mesmo os sons do “dvd bootleg“), pra assistir de vez em quando, do q me ocorre citar Raul Seixas pra resumir: “rockzinho antigo q ñ tem perigo de assustar ninguém” ahah
*
*
CATA PIOLHO CCXXXI – após tantas décadas de propostas sonoras semelhantes, achei q em algum momento algum plágio ou semelhança se tornaria inevitável entre ZZ Top e AC/DC. Até q demorou – foi ocorrer em 2000, no “Stiff Upper Lip” – mas rolou: “Come And Get It” tem o riff mais ZZ Top do AC/DC.