A história hoje é sobre técnicos de som.
Existem muitas reclamações sobre técnicos de som incompetentes, ou q ñ deixam ninguém mais mexer no próprio equipamento, mas honestamente ñ lembro de nenhum caso ou situação. Assim gritante.
Escolhi lembrar hoje do povo abnegado q às vezes pilota a mesa de som num evento. Gente q leva muito a sério o q faz, tenta fazer o seu melhor, certamente ganha lá uma graninha suada… e q 90% das bandas nem olha, agradece ou troca idéia. Antes, durante ou depois.
A história é sobre um evento ocorrido em Jundiaí, nossa primeira ida a Jundiaí (anterior ao fiasco descrito 2 meses atrás, em “Born to Lose”) e segunda ida ao interior com o No Class, em nosso 40º show.
***
Mas divago antes sobre um show q fizemos, único, em Americana, num lugar q era meio q uma casa de engenho antiga, ao lado duma fábrica de papel, q a fumaça e a iluminação ostensiva, ainda q distante, deram todo um “clima Blade Runner” àquela noite.
Só aquele visual valeu a noite e a viagem.
Foi um show de nossa “MK IV” (tivemos 5 formações no No Class) e minha única experiência alucinógena q tive tocando, sem aditivação prévia: eu senti, durante a “Overkill”, estar LEVITANDO no ar. JUNTO COM A BATERIA. (Chupa, Tommy Lee!) Em q o técnico de som foi um dos personagens mais figuras q vimos.
Era aquele tiozão tipicamente anos 70, q desde antes de tocarmos (éramos só nós naquela noite) já nos falava da “cápsula nova” q havia comprado, da expectativa q estava de fazer um bom som, essas coisas. Passamos o som, tocamos, levitei, galera curtiu bastante, e o resto da noite foi permeado pelo sujeito – chamemos de Sérgio (pq ñ lembro o nome dele) – bebaço e em júbilo, comemorando o baita som q tinha conseguido proporcionar ao evento.
Até a hora de sairmos fora, estava conversando e dividindo conosco a glória da noite. Numa boa, meio mala, mas muito sincero e comovente.
***
Voltando a Jundiaí: 16 de Julho de 2005. Local: The Wave, um ex puteiro desativado, tornado bar de rock. Ñ duraria muito (parece), e naquela noite ainda ñ haviam tirado o poste de pole dance do palco com extensão. Aquele palco de puteiro de clipe do Mötley Crüe, se é q ñ deu pra visualizar.
O promotor, chamado Geléia (quantos “Geléias” ñ conheci fazendo eventos?), fez tudo direitinho, inclusive no fim, acertando o cachê legal. E tal. E nos colocou como headliners, na provavelmente única vez em q sermos headliner Ñ FOI ROUBADA.
Pessoal no interior, em média, pode até estar cansado do rolê, e das trocentas bandas q rolaram antes (eram Buzz Buzzard, After Six, Flaming Moe, Shotgun Blast e nós), mas fica até o fim e só sai fora após a última nota.
Ou costumava ser assim. E assim tb foi.
***
Detalhe perverso: uma das bandas anteriores, q sei q ñ os stoners Flaming Moe, era uma banda de emocore (era a moda) q entrou na escalação literalmente NO DIA, por conta do pai de dum deles ter dado um checão pro Geléia. Algo q o cara da mesa de som comentou com a gente, sem malícia.
***
Esse cara da mesa, chamemos Bruno (tb ñ me recordo o nome) foi bem gente boa desde o início com a gente. Chegamos cedo, ninguém estava lá – nem o Geléia – mas ele já. E era uma ética nossa, sem bajulação, a de cumprimentar, agradecer no fim e saber o nome do técnico de som, para eventualmente até dedicar algum som ao fulano durante o show. Anunciando no microfone e tudo.
O cara era tão dedicado q, bem antes de entrarmos (na 2ª ou 3ª banda) veio me perguntar “q tipo de som eu queria no bumbo”. Se eu queria um “som de kick” ou ñ. Vixe.
Respondi q queria um “som de kick” e segue o jogo. Tocamos, foi muito foda, e durante a apresentação – tvz em “Going to Brazil” ou na “Killed By Death” – o Edinho foi ao microfone e dedicou: “ó, a próxima música a gente dedica pro Bruno”. Dito assim, apenas e tão somente.
O fim da noite, concluindo, envolveu a gente desmontar as coisas, o Geléia dar a geral no lugar, galera indo embora… e esse Bruno vir, aos prantos, nos abraçar e agradecer como nunca vimos antes. Nem nunca mais.
Agradecendo q a gente o havia agradecido no microfone, e dedicado um som a ele. Frase da noite: “ninguém nunca me dedicou uma música antes”.
Q demais.