Som novo do Ghost. Meio um “o futuro a ninguém pertence”? Gruda.
Clipe meio desenho do Scooby Doo. E o amigo q me indicou apontou timbre de guitarra tirado de “Livin’ La Vida Loca” (RickyMartin). Bingo.
Não é metal, creio ninguém discordar. Mas faço cá uma provocação: em tempos de Gojira ser taxado de “satanista” por seres alheios ao heavymetal e gado q não presta, será q ser ou não heavymetal independe de nós?
Acho do caralho q de alguma maneira algum heavymetal (Gojira, SystemOfADown e Slipknot não são metal pra uma metaleirada tosca e parada no tempo) esteja se dissociando do Metallica e q o rock, do FooFighters, tornados música de tiozão. Deixa acharem.
Tal qual o atestado/condição de velhice, o heavymetal parece melhor identificado quando visto de fora. Ora.
E pra mim bastante esquisito: não sei se já ouvi heavymetal assim em divisões. O q curto no estilo, de Test a Rhapsody, sempre me foi linear, balizado pelo meu gosto, às vezes mau gosto.
(pq mau gosto tb é gosto)
Todo modo, difícil pra mim responder: respondi lá “thrashmetal, deathmetal e crossover“, mas poderia ser ainda “thrashmetal, deathmetal e Meshuggah“.
.
PS – pessoal lá na fonte original respondendo grandão newmetal e + 2
Meio atípico hoje: trechos de pré-epílogo de “Barulho Infernal: A História Definitiva do Heavy Metal” (2013) – pq o epílogo é de Rob Halford – do mesmo Jon Wiederhorn & Katherine Turman:
“O desenvolvimento do heavy metal é como a evolução de um vírus. Organismos microscópicos se replicam dentro de células vivas e, para garantir a própria sobrevivência, se adaptam e sofrem mutações ao longo de gerações. Não que os headbangers pareçam de uma doença debilitante. Pelo contrário, o relacionamento entre os fãs e o ‘vírus do metal’ é simbiótico, e, uma vez infectados, o hospedeiro ganha força e, pelo menos durante um tempo, prospera em meio ao caos, à agressão e ao senso de individualidade e comunidade que o metal proporciona. Diversas bandas de metal entendem a qualidade contagiante da musica que criam: o Anthrax chamou seu segundo disco de Spreading the Disease [Espalhando a Doença], em 1985; o Carcass deu nome ao seu disco de 1989 de Symphony of Sickness [Sinfonias da Doença]. E o single “Down With the Sickness” [Abaixo a Doença] alavancou a carreira do Disturbed em 1999.
(…)
O principal erro cometido de forma consistente pelos ignorantes é não se dar conta de que, quanto mais eles rejeitam a música, mais apaixonados se tornam os fãs com relação à força que os ajuda a encarar o dia. Como um virus, o heavy metal cresceu tão rapidamente e passou por tantas mutações que todos os metaleiro não cabem debaixo da mesma égide. Você não vê muitos fãs do Deicide ouvindo MötleyCrüe, nem fãs do Tool fazendo fila pra ver um show do NapalmDeath.
Mas não há problema quanto a isso; a infecção ganha força na adversidade, e a necessária polinização cruzada dos subgêneros do metal ao longo dos anos manteve o gênero vital, apesar das gravadoras e outras entidades corporativas terem tido que lutar para acomodar o estilo em seu catálogo, classifica-lo e explora-lo comercialmente. O metal é uma doença infecciosa; uma fera a ser respeitada, e não enjaulada. De certa forma, é como o Exterminador do Futuro: ‘Ele não pode ser chamado à razão. Ele não sente pena, remorso ou medo. E não vai parar – nunca!’
(…)
Até que isso seja possível, porém, a atual safra de bandas de metal continuará a afetar e a infectar. Os sobreviventes de épocas passadas continuarão se ajoelhando diante dos altares dos heróis do metal, ao passo que as novas gerações de terroristas do som – sejam eles metalcore, deathcore, avant-black metal ou um subgênero ainda a ser descoberto – continuarão se formando e sofrendo mutações para deixar sua marca e lutar pela sobrevivência. Contanto que haja ira, privação de direitos, corrupção, abuso e angústia, o micróbio do heavy metal seguirá se multiplicando e procurando novos e condescendentes hospedeiros”.
Ouvir “Cactus”, do Cactus, é praticamente um exercício de arqueologia musical de elementos q desembocariam no heavy metal.
Sim, pertenceram à prateleira das bandas precursoras do estilo, contemporâneos a Jeff Beck e ao Led Zeppelin agradecidos no encarte (leiam encartes), pq talvez estivessem à espreita de fazer sucesso tanto quanto; ou pq estivessem influenciados e se influenciando todos.
(Em 1970 ainda não havia o rock enquanto carreira e way of life)
Curiosamente, as músicas mais pesadas e “futuristas” – por assim dizer – são as covers/standards “Parchman Farm” e “You Can’t Judge a Book By the Cover”, em q se soltaram com consideráveis peso e distorção, dinâmica e até um pioneirismo de 2 bumbos na primeira.
Os outros sons trouxeram tb alguma audácia, mas mais uma banda ainda aprendendo a compor se valendo das estruturas do blues, o q incluiu solos de gaita de Rusty Day, vocalista; ainda q as derradeiras “Oleo” e “Feel So Good” praticamente me desmintam a premissa, no q contêm de baixo distorcido + gritaria quase Deep Purple e no solo de bateria, respectivamente.
Vai ver gravaram o disco na ordem em q os sons foram compostos, demonstrando reverência e evolução.
Pra quem ainda não conhece, segue spoiler: Tim Bogert (baixista) e o – já – monstruoso baterista Carmine Appice montariam trio com Jeff Beck adiante, cometendo disco autointitulado memorável.
Blá-blá-blá à parte, um baita disco. Duns caras q sempre tomei por ingleses, mas q eram (são) estadunidenses. E q cabem ainda na prateleira das bandas q deveriam ser melhor reconhecidas.
Em tempos pretéritos por aqui já disse: a Bizz foi meu berço.
E ñ só baseado em memória afetiva q digo: foi a melhor revista de música q este país já teve. Comecei nela em 1988, fui seguindo, fui atrás das anteriores, assinei por muito tempo e só desencanei quando a própria revista decaiu, ali pro fim dos 90’s.
Minha maior inspiração pra escrever sobre música veio dali. Lia e relia as resenhas de discos e shows, minhas sessões favoritas. Depois pra mim é q vieram Rock Brigade (minha primeira – ainda tenho – foi uma com o Michael Kiske de calça vermelha na capa), Valhalla, Rock Press, Revista Zero e outras tantas revistas e sites, inclusive de heavy metal.
Q pra mim veio um pouco depois de eu começar a curtir rock.
Tudo isso pra preambular q tive um papo com o märZ no sábado sobre a revista. E sobre edições especiais de heavy metal da mesma (Bizz Heavy ou Heavy Bizz?), q ele teve e eu nem nunca soube da existência.
A Bizz oitentista ñ enfatizava o heavy metal. Era basicamente BRock e rock inglês (The Smiths, New Order, Echo & the Bunnymen, Siouxsie & the Banshees, The Cure, Jesus & Mary Chain – vide acima) dos quais eram devotos, eventualmente MPBD consagrada e algum jazz, e ocasionalmente falavam de heavy metal, em resenhas de 1 parágrafo de discos primordiais de Venom, Metallica, Slayer, Saxon e tal.
E aí, me deparei com umas pérolas, q devem ter em torrent ou coisa do tipo, mas q resolvi tornar pauta freqüente aqui no blog. [Uma bizarrice: entrevista com Motörhead SEM Lemmy; apenas Animal Tayor e Würzel]. Pra gerar discussão (obviamente), mas tb pra vermos o tipo de olhar q se tinha (dum certo mainstream) ao estilo então “maldito”, e ainda conferirmos equívocos de avaliação e profecias involuntariamente certeiras.
***
Nesta vez, da edição de fevereiro de 1988 (cuja capa, acima, peguei do Google pq a minha rasgou e ñ mais existe), resolvi pegar uma pauta de 2 páginas, assinada por um certo Marcos Campolim, um dos raros entendedores do assunto na publicação, falando em “Metal Brasileiro”.
Intitulada “Metal Brasileiro – é o que só pode ser”, teve ainda uma intro q dizia “Ele mostra suas garras – e não é de hoje. Com a explosão do heavy metal no exterior, muitos grupos daqui podem chamar a atenção”.
Segue:
“A atual geração do heavy metal brasileiro possui uma infinidade de bandas. Concentrado no eixo sudeste – junto aos grandes centros -, o metal tem conquistado seguidores em todo o Brasil, num reflexo do que acontece, atualmente, em todo o mundo.
Uma boa parte desses grupos passa por uma fase de transição, tanto nos temas abordados como no instrumental. Quanto às letras, aquele satanismo que por muito tempo marcou a trajetória do metal está sendo, pouco a pouco, deixado de lado, abrindo espaço para contestações políticas ou temas desenvolvidos de acordo com a identidade de cada banda.
Mas essa quantidade de bandas não espelha qualidade – a mesmice musical ainda é o grande mal que afeta a maioria delas. Mesmo assim, os trabalhos diferenciados vêm aparecendo gradualmente. Por hora, destacaremos cinco deles: Panic, Mutilator, Korzus, Atomica e Taurus.
***
O Korzus apareceu em meados de 84 e começou a freqüentar o circuito metal paulista em dezembro do mesmo ano. Influenciados tanto pelas correntes mais tradicionais do heavy quanto pelas mais recentes, como o black metal, eles foram convidados a entrar na coletânea “SP Metal II” (Baratos Afins), lançada no primeiro semestre de 86. Em dezembro a Devil Discos lançou o “Korzus ao Vivo”, gravado em um show ocorrido no Sesc Pompéia em julho de 85. Essa gravação serviu para cobrir o lapso de tempo em que o Korzus ficou parado, para reestruturações. “Sonho Maníaco”, o LP solo lançado esse ano pela Devil, mostra o trabalho atual do Korzus. Atentos às mais variadas influências – do progressivo ao jazz rock, inclusive -, o disco vem recebendo elogios dos fãs, bem como abrindo espaços fora de seu Estado. A formação que o gravou incluía Sílvio (guitarra), Dick (baixo), Pompeu (vocal) e Zhema (bateria), que se suicidou em outubro último. Embora ainda abalado pela morte de Zhema, o Korzus pretende dar continuidade ao trabalho e promete um som “cada vez mais ácido”, como diz o Sílvio.
***
O Atomica vem de São José dos Campos (São Paulo) e foi montado em outubro de 85 por Laerte (vocal), Mário (bateria), André (baixo), João Paulo e Pyda (guitarras). O Atomica tem suas raízes musicais no heavy metal dos anos 70, estilo considerado, pelos integrantes da banda, de vital importância para as fusões atuais do heavy. Mesmo assim, sua maior influência vem de grupos americanos como Metallica, Anthrax e Exodus. Logo após os primeiros seis meses de formação, eles estrearam na Semana da Cultura de São José dos Campos. Em seguida, partiram para vários shows no interior do Estado e daí para o Rio e Minas. Recebendo boa aceitação do público nas diversas cidades em que se apresentaram, eles resolveram, no primeiro semestre de 87, gravar uma fita demo. Com ela nas mãos, o selo Enigma confirmou o contrato para um LP. “Disturbing the Noise” é o título provisório do disco que deverá ser lançado pelo selo Equinox, de Juiz de Fora, numa produção conjunta com o Enigma.
***
No sul, os gaúchos do Panic sentem dificuldade em divulgar seu trabalho devido a distância do eixo RJ-SP. Formado em julho de 85 e ensaiando no subsolo da loja Megaforce de Porto Alegre, o Panic tem como integrantes Marcelo (bateria), Olsen (baixo), Reneger (vocal) e Martinez e Paulo Cássio (guitarras). Assim que recebeu uma demo com três músicas do Panic, Walcyr, da Woodstock Discos de São Paulo, se interessou em produzir o primeiro LP do grupo. Mesmo tendo lançado “Rotten Church” em agosto último, o Panic só conseguiu fazer sua primeira apresentação ao vivo em outubro deste ano no Ocidente (o espaço underground de Porto Alegre). O Panic concentra seu estilo na rapidez da bateria. Suas influências são, portanto, DRI e Slayer. Eles partem, agora, para uma divulgação maior de seu trabalho e a programação de shows, já que em sua cidade isso se torna muito difícil devido ao fato de a banda ser a única do gênero em Porto Alegre.
***
Os mineiros do Mutilator foram influenciados, desde o início, pelas bandas de black e death metal, além do hardcore. Mas com o passar do tempo eles exploraram novas sonoridades, tendendo para músicas mais trabalhadas e de menor velocidade. Juntos desde o segundo semestre de 85, Magu (guitarra solo), Rodrigo (bateria), Ricardo (baixo) e Kleber (guitarra base e vocal) participaram da coletânea “Warfare Noise”, lançada pela Cogumelo Discos de Belo Horizonte no ano passado. Enquanto não saía a coletânea, o Mutilator fez uma série de apresentações pelo interior de São Paulo e Minas Gerais, abrindo shows de outras bandas como, por exemplo, o Sepultura. Logo após o lançamento desse disco (no início de 87), eles entraram em estúdio para gravar um LP próprio, o “Immortal Force”, lançado em junho deste ano. Com ele, o Mutilator firmou sua posição e ganhou um grande número de fãs pelo Brasil. Eles são a segunda banda mineira a chamar a atenção do mercado exterior, depois do Sepultura.
***
O Taurus é um quarteto carioca formado em 85. Durante o primeiro ano de existência eles conseguiram fazer alguns pequenos shows e gravar duas demos. A proposta para um LP surgiu pelo selo Point Rock (RJ) surgiu com a segunda demo. “Signo de Taurus” foi gravado em julho de 86 e impulsionou o grupo para uma posição relativamente boa no cenário do heavy nacional. Formado por Jeziel (vocal, guitarra base), os irmãos Cláudio (guitarra solo) e Sérgio Bezz (bateria) e Jean (baixo), o Taurus é a única dessas bandas que se define dentro de um estilo metal (as outras se recusam a dar rótulos para seu trabalho), se autointitulando “power-speed“. Bastante influenciados por Metallica, a ênfase do som do Taurus recai sobre as guitarras de Cláudio e Jeziel. Atualmente eles se preparam para lançar o segundo LP, que deverá sair em maio de 88, inclusive no exterior. Como lamenta Jean, em relação ao heavy metal: “Existe uma barreira entre o Brasil e o mundo. Nós vivemos o presente e o Brasil não nos diz nada quanto a isso – o presente está lá fora”.
Nos últimos dias, tentando preencher o tempo na quarentena comecei a dar maior valor aos canais de streaming de filmes, no meu caso Netflix e Amazon.
Comecei pelo “Endurance”, documentário do Sepultura, mas não agradou e parei em 1/3 da película. Achei muito chapa branca, tipo biografia em 1ª pessoa, coisa que nunca me agradou. Ainda vou terminar, nem que gaste algumas semanas, em doses homeopáticas.
Só que quando joguei na busca “Heavy Metal”, procurando algum documentário ou até show que possa ser de alguma forma interessante, sempre via um tal de “Mudando o Destino” (“Metalhead”, em inglês), com uma garota de corpsepaint (Amazon). Nada que me atraísse, pois o nome é medonho e toda abordagem de heavy metal pelo cinema é um desastre, já que o estilo se resume a estereótipos. Tão somente.
Mas acabei cedendo depois de 1/3 de Sepultura e foi um achado!
**
A maioria que hoje tem entre mais de 30 e quase 50 anos chegou ao heavy metal na adolescência (entre início dos 80’s e 90’s), por motivos geralmente ligados a dor, perda, inconformismo, solidão, sentimento de não pertencimento (talvez tudo junto) e encontrou no movimento certo amparo por encontrar pessoas que tinham empatia com seu interior, geralmente guardado debaixo de camadas de roupa preta, monossílabos, raiva e decibéis ensurdecedores de guitarra, baixo, bateria e voz (grave ou estridente).
Incompreensível para quase todos, o que gerava um mundo próprio cuja senha para pertencer era entender tudo numa simples primeira vista, cujo cartão de visitas, invariavelmente, passava pela sua camiseta e, na seqüência, duas ou três perguntas sobre que bandas curte e quais álbuns prefere. Quase sempre também carregado por um sentimento contrário à religiosidade, pois Deus deveria ter culpa por uma vida desgraçada. Enfim…
Todos estes sentimentos vieram a mim no decorrer do filme, aliados a uma trilha sonora de memória afetiva. Me deixou muito pensativo e mexeu muito com minhas lembranças, provocando reflexões. O que se espera de qualquer arte que não se atém a ser produto descartável de entretenimento em massa.
Talvez até pelo enredo alguns o encarem como uma “sessão da tarde” islandesa, o que não deixa de ser verdade. Mas é basicamente um belo filme europeu: denso, arrastado, pouco diálogo, belíssima fotografia e, principalmente, muito verossímil no aspecto “heavy metal” da coisa (que nem é o cerne, diga-se de passagem).
Tem, inclusive, uma passagem da personagem principal que seria algo como “Black, Led e Purple anunciaram, mas o Judas formatou a coisa toda!”, no que não deixo de concordar, em certo aspecto. A dor dela é palpável e a acidez, de uma forma européia, hilária.
Recomendo veementemente aos amigos e paro por aqui, para não atrapalhar a sessão.