GUITAR HERO PRA CARALHO
Foda.
Foda.
“Cactus”, Cactus, 1970 (Atlantic)
Ouvir “Cactus”, do Cactus, é praticamente um exercício de arqueologia musical de elementos q desembocariam no heavy metal.
Sim, pertenceram à prateleira das bandas precursoras do estilo, contemporâneos a Jeff Beck e ao Led Zeppelin agradecidos no encarte (leiam encartes), pq talvez estivessem à espreita de fazer sucesso tanto quanto; ou pq estivessem influenciados e se influenciando todos.
(Em 1970 ainda não havia o rock enquanto carreira e way of life)
Curiosamente, as músicas mais pesadas e “futuristas” – por assim dizer – são as covers/standards “Parchman Farm” e “You Can’t Judge a Book By the Cover”, em q se soltaram com consideráveis peso e distorção, dinâmica e até um pioneirismo de 2 bumbos na primeira.
Os outros sons trouxeram tb alguma audácia, mas mais uma banda ainda aprendendo a compor se valendo das estruturas do blues, o q incluiu solos de gaita de Rusty Day, vocalista; ainda q as derradeiras “Oleo” e “Feel So Good” praticamente me desmintam a premissa, no q contêm de baixo distorcido + gritaria quase Deep Purple e no solo de bateria, respectivamente.
Vai ver gravaram o disco na ordem em q os sons foram compostos, demonstrando reverência e evolução.
Pra quem ainda não conhece, segue spoiler: Tim Bogert (baixista) e o – já – monstruoso baterista Carmine Appice montariam trio com Jeff Beck adiante, cometendo disco autointitulado memorável.
Blá-blá-blá à parte, um baita disco. Duns caras q sempre tomei por ingleses, mas q eram (são) estadunidenses. E q cabem ainda na prateleira das bandas q deveriam ser melhor reconhecidas.
Nem Ginger Baker, nem Keith Moon. Tampouco Carmine Appice. Muito menos John Bonham. Quem começou com essa história de 2 bumbos na bateria foi um certo Louie Bellson, nos anos 50.
Daquelas coisas q ñ entendo: chega pra mim um solo desse cara, datado de 1957, pelo YouTube do celular, prodigioso tb q é em me indicar talk shows dos EUA (Jimmy Falon, Ellen DeGeneris etc.) e uma repórter incrivelmente deliciosa de Miami q entrevista seus convidados com os peitos (ñ peitões) quase de fora. E q ñ consigo lembrar nome… Jenny alguma coisa.
Mas estou divagando.
Normalmente ñ curto solos de bateria. Só o de Ian Paice em “The Mule” (do “Made In Japan”) e os de Neil Peart, mesmo os achando um tanto extensos nos últimos anos.
No entanto, posto o vídeo acima tb pra tentar exorcizar algum mau agouro pra cima de mim, tocador de bateria q sou, nessa onda recente de mortes de bateristas: Ginger Baker, Neil Peart, o do Cynic, o do Corrosion Of Conformity… Tá foda.
Ano apenas começando. Apenas começando…
Creio q infelizmente nem todo mundo por aqui tem o canal Vh1. Q é uma porcaria de canal, diga-se de passagem, com 2 ou 3 pogramas realmente interessantes. E bissextos.
“That Metal Show” é um deles. Comandado por Eddie Trunk (cada país tem o Vitão Bonesso q merece…) e por uns comediantes stand-up (mesmo! cada país tem… ), tem duração de meia hora, coisa rápida mas suficiente pruns quadros, entrevistas com gente no estúdio, momento de Trunk exibir sabedoria inútil etc.
E estava há muito procurando por isto pra postar.
Participação de Dio e Geezer Butler (a partir de 2 minutos. Antes tem o mané do ex-baterista prego do Skid Rôsca) num quadro intitulado “Throwdown” (traduzido no español da legenda pra “La Cuenta Regresiva”, e no português do pograma aqui pra… “O Throwdown”), q é de “duelos” sobre melhores baixistas, melhores discos fodas duma mesma banda, melhor formação, e por aí.
O trecho abaixo é ñ menos q MEMORÁVEL. Geezer, Dio e os demais defendendo (2 deles, modo de dizer) quem seria melhor baterista: Carmine ou Vinnie Appice. Eis:
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=h8JD3BajsgQ[/youtube]
SERVIÇO DE UTILIDADE PÚBLICA THRASH COM H
SÉRIE “PRECURSORES DO HEAVY METAL”, por Mônica Schwarzwald
(publicado originalmente em 30 de Dezembro de 2003)
Cactus, um grão de areia no deserto
Imagine-se em uma loja de discos em 1972, com dinheiro para comprar um ou dois discos, mas sem nada especial em mente. Olhe só os lançamentos: Deep Purple, Yes, Led Zeppelin, Black Sabbath, Rolling Stones, ícones do rock arrebentando, e você tendo que decidir. Difícil, não? Mais difícil ainda era saber que, além destas, havia outras dezenas de bandas fantásticas que acabaram quase no ostracismo devido ao altíssimo padrão de qualidade musical na época.
Pois bem, para quem não conhece, apresento o Cactus. Um grãozinho de areia que acabou se perdendo na vastidão das dunas das bandas apoteóticas dos anos 70.
Durante uma turnê do Vanilla Fudge em 1969, Tim Bogert e Carmine Appice, baixista e baterista da banda, insatisfeitos e planejando um novo trabalho, rumavam para o Arizona, quando passaram por um outdoor onde lia-se “Cactus Drive-In”. Nunca foi tão fácil escolher um nome de uma banda!
Recrutaram Jim McCarty, ex-guitarrista da Mitch Ryder And The Detroit Wheels, e Rusty Day, ex-vocal da Amboy Dukes e partiram para o primeiro disco, gravado em 1970, mas quase vetado por causa da capa [mais abaixo]: um inocente, e ereto, cacto, que dá nome à banda, na frente de um rubro pôr-do-sol. O som poderoso do hard visceral, a “cozinha” histórica de Boggert e Appice, a voz rouca de Day nos dão aquela felicidade de estarmos vivos, sentirmos que temos sangue nas veias e amamos o divino rock!
O segundo álbum, “One Way… Or Another”, gravado nos ares mitológicos do Electric Lady, estúdio de Jimi Hendrix, é sem dúvida o melhor dos quatro.
As composições têm por base o hard rock blueseiro com pitadas jazzísticas. As melodias, os arpejos inicialmente singelos, são levados progressivamente a uma catarse, beirando o heavy metal.
É emocionante, seu coração acaba seguindo o compasso da música.
Vale destacar a “arte de tocar baixo” de Sir Bogert. No embalo dos baixistas “rebeldes” como Jack Bruce (do Cream), que fazem algo mais além de ficar na tônica ou fazer aquele “arroz-e-feijão” da maioria dos baixistas empalidecidos e tímidos, ele usou seu instrumento em solos muito longos e com distorção! Inovador e brilhante, Tim Bogert é conhecido como um dos melhores baixistas americanos.
“Restrictions”, o terceiro, é o começo da crise interna na banda. Bogert e Appice continuam arrebentando, mas as composições não chamam a atenção, a não ser “Evil”, que segue a inspiração do início.
Em 72 McCarty e Day deixam o Cactus e são substituídos por ilustres desconhecidos que participam da gravação de “Ot’N’Sweaty”, um fracasso que leva os fundadores a desistirem e partirem para outra. Era o fim do Cactus.
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(por Marco Txuca)
“Cactus”, 1970 (Atco/Atlantic) – gravado dum vinil (nacional?) da Mônica
sons: PARCHMAN FARM [Mose Allison]/ MY LADY FROM SOUTH OF DETROIT / BRO. BILL / YOU CAN’T JUDGE A BOOK BY THE COVER [Willie Dixon] / OLEO / LET ME SWIM / NO NEED TO WORRY / FEEL SO GOOD
Lendo revistas de bateria, sempre ouvi falar bem do Carmine Appice. Gravando este disco, emprestado pela Mônica, somei-o no rol dos bateristas subestimados-injustiçados (como são Bill Ward e Nicko McBrain).
Um pouco é culpa dele, afinal, ninguém mandou ele seguir carreira com o Rod Stewart!…
O som pra baixar na net, se for o caso, é “Parchman Farm”. Pra quem curtir, cate “Oleo”.
Essa primeira é a “Fireball”, do Deep Purple, se o Ian Paice tivesse cheirado um pó antes de gravar. Rockão legal, no mesmo andamento da do Purple, mas com uma entrada (virada) do Appice já matadora. O cara é bem mais técnico, e o som de batera desse disco é bem melhor gravado q a maioria dos Purple e Black Sabbath setentistas q já ouvi.
Levada de 2 bumbos bem simples (semicolcheias), mas bem audível e instigante – dizem q só o Keith Moon (do The Who) usava 2 bumbos na época: [ainda] ñ conheço…
Viradas precisas, rápidas, curtas, um som de caixa muito legal. Solinhos de guitarra bem blues, rock’n’roll (na primeira ouvida) básico, e tal. O vocal ñ compromete, e é legal tb. Em “Oleo”, há solos de bateria e baixo. Assim como um solo de bateria fecha o disco, em “Feel So Good”.
Outra q achei legal tb, é “Let Me Swim”. As demais seguem aquele padrão meio blues-rock, q o próprio Purple popularizou (aliterações!…). “My Lady From…” é uma balada, mas sem ser baba. E a versão de Willie Dixon (q o Megadeth ‘homenageou’ em “I’m Superstitious”), vem bem blues, e cai num rockão no final.
Pra concluir: no planeta do Super Homem Bizarro, esses caras com certeza estouraram.