GLENN HUGHES, SEM RUGAS
The Voice of Rock
By Mônica “The Witch” Schwarzwald
Poucos artistas me mobilizariam a ponto de sair do Distrito Federal e ir para Sampa em plena quarta-feira (16/12), à tarde, enfrentar chuvas torrenciais com direito a turbulência violenta e tráfego aéreo em Cumbica, passageiros passando mal e vomitando e um engarrafamento na Marginal Tietê. Um deles é o mestre Glenn Hughes que, somando 58 anos, é exemplo de superação de fases cavernosas estilo “snowblind enemy” e longevidade artística.
Entretanto, mesmo sendo sobre a atração principal, esta resenha cede espaço para a banda de abertura que arrasou antes do prato principal: Casa das Máquinas. Sou fã de carteirinha, possuo os dois cds “Casa de Rock” e o “Lar de Maravilhas”, várias faixas dos quais pude ouvir ao vivo executada por uma banda muito competente e coesa, cujos destaques eu atribuo para o duo de bateras remanescentes da formação original, Marinho e Netinho, e para o Andria Busic (Dr.Sin) que caprichou no baixo e nos vocais. Nada de novo, apenas releituras destes dois álbuns, mas o bastante para relembrar com nostalgia uma banda que sabia fazer Rock dos bons e flertava com o progressivo com muito charme, mesmo com letras em português. Uma verdadeira viagem pelo túnel do tempo com “Astralização”, “Esta é a Vida”, “Lar de Maravilhas”, “Vou Morar no Ar”, “Londres” e a obrigatória “Casa de Rock” . Com uma abertura destas, a noite já prometia.
O Carioca Club tem uma boa acústica. Pequeno, um pouco maior que o Café Piu-Piu. Havia duas opções de acomodação para a galera curtir: a pista, que estava tão cheia que ninguém se mexia, e camarotes em uma espécie de mezanino dos dois lados do palco. Os camarotes não estavam lotados, entretanto naqueles que ficavam mais próximos do palco, a galera resolveu se aglomerar de pé e agitar tanto quanto o pessoal da pista. Quando The Voice e banda adentraram ao palco, a casa estava totalmente lotada e veio abaixo ao som de “Stormbringer”.
É chover no molhado dizer que Glenn Hughes é um dos melhores vocalistas, senão o melhor, da atualidade. E, por incrível que pareça, ele vem melhorando a cada ano! E nem precisava ir ao show para testemunhar. Ao vivo na Kiss FM, na véspera do show, ele foi entrevistado e deu uma “palhinha” cantando “Coast to Coast” só com violão, depois fez uma apresentação acústica com a banda em um programa da TV Gazeta [N.R., programa “Todo Seu”, do Ronnie Von], tocando simplesmente “Mistreated”!!!
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=tvrAfD1phCE[/youtube]
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No Carioca Club, “Mistreated” foi eletrificada, mas o público ficou boquiaberto com o que o mestre fazia com a voz. Não dá para explicar, só vendo. Ele domina e aperfeiçoa os timbres de sua voz a cada apresentação. Parece impossível¿ Confiram o programa da Gazeta que está no Youtube.
Milagre¿ Dá para perceber que Glenn está numa fase bem espiritualista. Entra no palco com as mãos juntas em sinal de Namastê (saudação hindu que significa “meu deus interior saúda seu deus interior”), o palco é decorado com algumas deidades hindus, dentre elas Shiva – deus da transformação e Krishna – suprema personalidade de deus. Esbanja emoção, ao contrário de sua banda, muito boa e competente, mas muito aquém de sua simpatia e efusão.
Massacre no set list: das 12 músicas executadas, 8 do Deep Purple: além da “Stormbringer”, que abriu, “Might Just Take Your Life”, “Sail Away”, “Mistreated”, “Gettin Tigher” (homenageando Tommy Bolin entusiasticamente), “Holy Man” – execução inédita, pelo menos aqui – “You Keep On Moving” e uma versão de “Burn” quase estragada pelas derrapagens da banda.
Algumas faixas do novo “First Underground Nuclear Kitchen – F.U.N.K.”. Infelizmente, não tocou nada do “From Now On…”, ponto altíssimo de sua carreira solo. Aliás, um show tão inesquecível que, apesar de ser madrugada de uma quinta-feira chuvosa, foi difícil para o público arredar o pé no final. Glenn Hughes solou no baixo após “Mistreated” e “Gettin’ Tighter”, bem ao estilo do show de estréia da formação com David Coverdale no California Jam de 1974, com um wah-wah from Hell!
Marco Txuca
22 de dezembro de 2009 @ 01:42
Legal o post, Mônica. Bom ter alguém por aqui “perto” q entende de Deep Purple ahah
E se eu soubesse q ele tocaria sons do tal “F.U.N.K.” (q nem ouvi, confesso), ou de álbuns recentes por ele lançados com o Chad Smith na bateria, e o Chad Smith viesse tb, eu até arriscaria o tráfego asfáltico por aqui pra ver a bagaça!
Então o “From Now On…” é dos melhores? (interrogação pra cima) Ah, eu tenho ele.
E pus pra ouvir semana passada: tem uma “Into the Void”, nada sabbáthica, ali, muito boa!
Mônica Schwarzwald
22 de dezembro de 2009 @ 07:40
Rapaz, as minhas interrogações para baixo não significam nenhuma simpatia, marca registrada ou maldição. É que o Windows Vista não combina com o Office 2000 e gera este “bug”…..rsrsrs
O From Now On é cheio de energia e criatividade pq veio logo após o Blues (92), disco do seu retorno depois da fase “empoeirada”. Into the Void é sensacional, mas dá uma escutada na primeira faixa Pickin’ up the Pieces, pode-se chamar ela de “sabbathica”: acelerada, pesada, metal no estilo In For the Kill que também abre o Seventh Star….
Marco Txuca
23 de dezembro de 2009 @ 01:29
Estava reparando, Mônica, q tvz vc ñ tenha ouvido a entrevista inteira do Hughes na Kiss, uma vez q ele tocou tb “This Time Around”, contando como compôs o som, a partir dum sonho com uma mulher, umas coisas assim…
Esclarecido o lance da interrogação, agora posso perder o medo ahahah
No mais, divulgue aí teus sites e blog. Com certeza, a freguesia por aqui irá atrás!
Mônica Schwarzwald
23 de dezembro de 2009 @ 08:12
Então, a entrevista da Kiss FM foi 10, lembro de ter ouvido a explicação de This Time Around, um lance de vidas passadas e tal. Agora, a execução da música foi ao vivo? I don’t think so… que eu lembre ele só tocou ao vivo na rádio a Coast to Coast. Outra coisa legal que eu achei na entrevista foi ele ter dito que troca idéias diariamente com o Coverdale pela internet. Quem sabe isto não vai gerar algum retorno do Purple MKIII?
A sinceridade na entrevista foi tanta que, sobre o Blackmore: é um cara intratável, segundo o Glenn……rsrsrs
Marco Txuca
24 de dezembro de 2009 @ 00:42
É, Mônica, assumo a mancada: realmente a “This Rime Around” (de q disco q é?) foi tocada do disco, ñ ao vivo.
A “Coast to Coast” nem cheguei a ouvir…
Agora, esse papo de retorno do Purple MKIII, pode esquecer. Primeiro pq os titulares continuam reféns do Gillan, segundo pq o Blackmore está na dele (e parece q nem um, nem outro, precisam de grana)…
Rolou até uns boatos aí uns tempos atrás (da volta dessa formação), com o Lars do Metallica se oferecendo pra baterista, coisa q o John Lord britanicamente (o “lorde” no nome ñ é a tôa eheh) refutou e amainou.
Coisa de boateiro de internet, q cofunde DESEJO e REALIDADE…
O Blackmore deve ser um nojo, mas o Gillan tb ñ é flor q se cheire…
Mônica Schwarzwald
24 de dezembro de 2009 @ 11:44
Como assim, de qual álbum que é??? Cuidado que a maldição da interrogação invertida pode ser acionada de novo!!! rsrsrs É do “Come Taste the Band”, álbum do MKIV com o brilhante Tommy Bolin, e último de estúdio antes do retorno do Purple com o Perfect Strangers. É de 75. Até iria timidamente sugerir este disco no seu ranking de melhores álbuns que começam com “C”, mas ele é tão controverso que o “timidamente” bloqueou. Mas é o tipo do trabalho que não tem nem aquela faixa “ruinzinha”. Entretanto, as influências black-soul music da trindade Coverdale-Bolin-Hughes dominaram a área…..
Sim, tremenda utopia a volta da MKIII. Além do mais, o Blackmore não toca outra coisa a não ser música para fadas e gnomos! E também, seria muita voz para nosso caminhãozinho: Hughes e Coverdale? Estão detonando demais!!!!
Marco Txuca
25 de dezembro de 2009 @ 19:35
Mas o Blackmore’s Night é legal, vai…
Claro q dá uma enjoada (ñ consigo ouvir nenhum dos álbuns deles de tacada), e a mina lá é BEM enjoadinha. Tenta compensar forçando alguma simpatia. Mas ao menos o Blackmore me soa mais ÍNTEGRO, fazendo o q gosta, ao invés de requentar o passado.
Embora seja a coisa mais paradoxal da praça: o cara sendo moderno tocando música medieval!…
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Quanto ao Coverdale, ainda está com essa bola toda mesmo? Procura o Joe Lyndão Turner em posts véios no whiplash.net descendo a lenha no botocado (o sujo falando do mal lavado…), q usa Pro Tools pra cantar ao vivo, coisa e tal!
Mônica Schwarzwald
27 de dezembro de 2009 @ 10:57
Oxi, nada contra o Blackmore’s Night, até tenho todos os cds – acho – e mais um dvd pirata, muito legal! Até tentei, numa das frustradas incursões musicais aqui no DF, tocar em uma banda celta. Mas quase que morro de tanto bocejar!!! Sério. Só na Cartouche que conseguia enfiar um baixo cavalgante a lá Steve Harris, acredite se quiser. Quanto às trocas de gentilezas entre o Coverdale e o Lyndão, sei pouca coisa, só sei que o tempo pode ser inclemente com sua aparência, mas não com a voz do botocado….rsrsrsrs….apesar das músicas mais pop e tal.
Marco Txuca
27 de dezembro de 2009 @ 12:05
Então, Mônica…
Ó a acusação:
http://whiplash.net/materias/news_876/087711-whitesnake.html
E a defesa:
http://whiplash.net/materias/news_876/087844-whitesnake.html
Mônica Schwarzwald
28 de dezembro de 2009 @ 08:27
Meu, achei a acusação totalmente infundada. Acho que o frustrado do Lyndão confundiu cú com bunda, e Pro Tools com Digi Tech….rsrsrs
De qualquer forma, avaliando ambas as carreiras e tal, sou mais o Coverdale, pelo menos ele nunca escondeu as várias cirurgias e problemas de garganta.