E pra mim bastante esquisito: não sei se já ouvi heavymetal assim em divisões. O q curto no estilo, de Test a Rhapsody, sempre me foi linear, balizado pelo meu gosto, às vezes mau gosto.
(pq mau gosto tb é gosto)
Todo modo, difícil pra mim responder: respondi lá “thrashmetal, deathmetal e crossover“, mas poderia ser ainda “thrashmetal, deathmetal e Meshuggah“.
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PS – pessoal lá na fonte original respondendo grandão newmetal e + 2
Preâmbulo: nunca tinha visto uma camiseta do Rumo. Muito menos alguém usando uma.
Estava na cafeteria ali do Sesc, a bordo dum pedaço de bolo de café com castanhas e calda de chocolate e eis q avistei uns moleques hipsters, à direita e à TimBernardes, todos míopes com óculos, uma só moça em meio a 4 caras e tb com óculos, e esse cara ali com camiseta do Rumo. Liguei o radar.
Um show da PatifeBand parece tão amplo quanto randômico, o q as camisetas ostentadas refletiram: SymphonyX, GarotosPodres, Ramones, RatosdePorão, IronMaiden (um deficiente visual usando)… Um sujeito numa cadeira próxima (quando entrei no teatro) parecendo um cosplay de ItamarAssumpção… Só eu ali normal, usando uma do Meshuggah ahah
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Tudo orna e faz sentido. Depende do parâmetro de esquisitice do qual se parte.
E por falar em esquisitice, ainda uma outra, maior: os havia assistido ano passado no Sesc Pompéia num 9 de Fevereiro. E em 2024 só mudou o Sesc, pq a apresentação tb se deu num 9 de Fevereiro.
Quero crer ter se tratado de coincidência. Ou esperemos o 9 de Fevereiro em 2025 ahahah
E a tônica do show foi essa: praticamente o mesmo show do ano passado, com alguns sons até situados no mesmo lugar do repertório (q não tinha setlist no palco pra tirar fotinho). PauloBarnabé, dono da lojinha, mezzo maestro mezzo entidade e bastante esquisito (jamais ocupando o centro do palco) cochichando, cantando, tocando percussão (e preocupado um pouco demais com a posição dum prato) e parecendo definir o repertório ali na hora.
Talvez estivessem. Não guardei nomes dos integrantes, tb os mesmos do ano passado e posicionados iguais, da esquerda pra direita: um tecladista/pianista usando boina, um baixista excêntrico nas notas e tons, mas não na roupa e na postura (tipo aluno em audição de conservatório), um baterista negão muito bom nas polirritmias e compassos estranhos (e parecendo ter uma ingerência sobre a banda só abaixo da de Barnabé), um guitarrista chamado Sardinha (e q novamente fazia aniversário) e PauloBarnabé.
Q, igual ano passado, pegou a guitarra de Sardinha uma hora pra tocar “Vida de Operário” e voltou pro bis na bateria tocando (muito bem) “Velho Oeste Paulista”.
Impressão q tocaram menos sons q em 2023, não ouso afirmar quais foram excluídos desta vez. Teve “Corredor Polonês”, “Tô Tenso” em duas versões, “Pregador Maldito”, “Poema Em Linha Reta”, “The Big Stomach” e “Teu Bem”, q são as q reconheci de nome. Mesmo Barnabé não apresentando nenhuma pelo nome dessa vez.
O mesmo show, mas não igual. No Sesc, mas num outro Sesc. Num mesmo dia, mas agora numa sexta-feira. Os mesmos músicos nos mesmos lugares no palco e uma platéia devota.
E pra complementar, duas coisas: 1) Lars Ulrich certa vez alegou q “Shit Anger” teria sido inspirado em Meshuggah. Ahahah. A quantas andará o processo por difamação e calúnia?; 2) curiosamente, ouvir Meshuggah pra cacete há algum tempo me fez ENTENDER melhor o Van Halen. Ainda mais o Alex.
O parâmetro aqui é Zappa. Meshuggah. Jazz. Itamar Assumpção.
Banda eclodida nos 80’s, q ñ é daquele BRock q o amigo André apropriadamente categoriza como sendo “ska, jovem guarda e MPB disfarçada”. Nem pós-punk inglês xerocado.
Longa história: dodecafonia, um troço q ñ entendo, deixa quieto. A Patife Band, com um álbum sensacional lançado pela Warner em 1987, “Corredor Polonês” (dou um rim a quem tiver e me vender!) e um outro ao vivo obscuro e independente, é seu líder e maestro. Paulo Barnabé.
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Figura esquisita. Magro de ñ caber direito nas roupas, cara de poucos amigos, introvertido a ponto de mal olhar pra platéia (estavam em casa: eram amigos e fãs seletos e cativos) e munido duma mesa de percussão intrigante.
O q sei do sujeito: é um maestro de fato. O tipo de pessoa q deve respirar, comer, dormir e cagar música 24 horas por dia. Sujeito q certamente SABE e sabia CADA NOTA de CADA INSTRUMENTO de CADA MÚSICA executada ali no Sesc ontem.
E quem o acompanhava sabe disso. Olhares de admiração, de surpresa (pareceu pegar a guitarra do guitarrista pra tocar “Vida de Operário” sem combinar antes) e nunca de intimidação. Barnabé regeu a banda o tempo todo, entre os sons e durante os mesmos. E a percussão aleatória (chocalhos, cowbell, agogô, apito, caixa) era inserida cirurgicamente em cada arranjo. Difícil de explicar.
A cada final de música, todos celebravam com alívio e sensação de terem conseguido proezas atrás de proezas. Todas claramente muito ensaiadas, mesmo quando houve improvisos. Músicas complicadas, muito silêncio intermediando. Ao mesmo tempo, pouco herméticas. Estranhas, mas ao mesmo tempo assimiláveis – vai ver, eu tava na vibe.
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As músicas mais “fáceis” – pq conhecidas do disco, e daí assimiláveis – foram entoadas pelas quase 100 pessoas ali presentes. “Pregador Maldito”, “Corredor Polonês”, “Teu Bem”, “Vida de Operário”, “Pesadelo” (praticamente instrumental), “Três Por Quatro”, “Poema em Linha Reta” (Fernando Pessoa freneticamente musicado), “Chapeuzinho Vermelho” (Jovem Guarda transformada)… Só ñ tocaram “Maria Louca”.
“Tô Tenso”, tb do disco, foi tocada em duas versões: a tal “versão Itamar” (quebrada e cheia de pausas) no começo, depois parecida com a do disco. Quem já a ouviu no “Feijoada Acidente Brasil” do Ratos de Porão pode ter a referência.
Outras 8 músicas apresentadas eu conhecia “The Big Stomach”, de época em q tocaram na tv Cultura (pô, eu lembro) e ficou diferente. Mas tudo duma categoria alienígena. Ñ é q os caras querem ostentar q tocam pra caralho (e tocam pra caralho): só querem fazer música esquisita, pra si mesmos e pra gente q estava ali.
Baixista excepcional, tecladista q nuns sons ia prum piano de cauda martelar clusters e acordes dissonantes (ambos seguindo partituras), baterista moleque muito bom (mas q pareceu sofrer pra tocar “reto” a “Tô Tenso”), guitarrista com cabelo e roupa de quem a mãe vestiu pro evento tb muito bom. Ninguém fritador, “metal nacional”, paga-pau de Dream Theater. Nem devem saber o q é prog metal (aliás, Opeth tocou por aqui quarta). Outra praia.
No bis, Barnabé voltou improvisando no piano, duelando com o tecladista, daí foi pra bateria tocar um último som. Parou pq errou, voltou do começo, foi até o fim, daí pediu pra voltar uma parte, de onde ele tinha errado. E nós, ali.
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Essa era a viagem. Esse foi um puta show. Essa é uma musicalidade esquisita, mas ñ refratária nem esnobe, q durou 1h15min e tive o privilégio de ver sabendo ontem mesmo q rolaria o show.
Locais próximos, como o Allianz Parque e o Espaço Unimed, tiveram Palmeiras x Internacional de Limeira e um k-pop chamado Super Junior enquanto isso.
Bah
Set-list (fotografado): 1. “Improviso/Veneno” 2. “Pigs/The Big Stomach” 3. “Tudo Claro” 4. “Tô Tenso Itamar” 5. “Sete” 6. “Ready to Die” 7. “Pesadelo” 8. “Pregador Maldito” 9. “Corredor Polonês” 10. “Teu Bem” 11. “Vida de Operário” 12. “Poema em Linha Reta” 13. “Três Por Quatro” 14. “Chapeuzinho Vermelho (Com Luz Vermelha)” 15. “Vacilão” 16. “Nove” 17. “Tô Tenso (corrido) 18. “Velho Oeste Paulista”
Pra mim, o ideal de como bateristas sempre deveriam ser. Ainda mais com a quilatagem reconhecida (por eles mesmos, inclusive) e envolvida. Me pareceu Hoglan estar mais por dentro da obra de Haake q o contrário. Mas dane-se.
O q estranhei de verdade nesse papo é a sensação de 2 sujeitos ñ muito à vontade, sei lá. Papo esquisito, sem um nem olhar pro outro direito.
Aí fui ver, era um intervalo em filmagem (deviam estar testando luz e câmeras) num documentário sobre Sean Reinert – ?! – e os caras, sem parecerem à vontade, se mostraram à vontade prum papo elevado.
comentário: se por um lado, um ano de discos inspirados, por outro tb um ano de discos insípidos, como “Impera” (Ghost), “The Zealot Gene” (Jethro Tull – embora inesperado), “Metal II” (Annihilator), “Caosmópolis” (Golpe de Estado) e “Unleeched” (Claustrofobia), o último só tendo de bom o nome.
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MELHORES DISCOS ADQUIRIDOS EM 2022, MAS DESOVADOS NOUTRAS ERAS:
“Diamonds On the Inside”, Ben Harper *
“The Life Aquatic Studio Sessions”, Seu Jorge
“Mental Floss For the Globe”, Urban Dance Squad
“Pandemia”, Dorsal Atlântica
“Vintage Whine”, Skyclad
“Anticontrole”, Walverdes
“Libertango”, Astor Piazzolla
“X”, Artillery
“Calle Salud”, Compay Segundo
“Chão”, Lenine
*valeu, Jessiê!
comentário: alto nível; mesmo o 10º colocado, é tipo ele e + 10.
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DISCO EXÓTICO, FORA DE PROPÓSITO, BORDERLINE, MÓRBIDO E/OU GORE ADQUIRIDO ESTE ANO (O MAIS TR00 DA COLEÇÃO DESDE ENTÃO)
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PIORES DISCOS Q ADQUIRI EM 2022, LANÇADOS EM 22 OU Ñ:
“The Menace”, Elastica
“Glad Rag Doll”, Diane Krall
“CSS”, Cansei de Ser Sexy
“La Liberación”, Cansei de Ser Sexy
“Halfway Between the Gutter And the Stars”, Fat Boy Slim
“Mamelo Sound System”, Mamelo Sound System
“Lovelorn”, Leaves’ Eyes
“Milagreiro”, Djavan
“Ponte das Estrelas”, Cesar Camargo Mariano e Prisma
“Ten New Songs”, Leonard Cohen
comentário: tirando o Elastica, a Krall e o Cohen, vendo a 1 real a quem se interessar. A 1 real todos, frete ñ incluso.
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MELHORES LIVROS DESTE ANO E Q OUSO RECOMENDAR:
“Invente Alguma Coisa: Histórias Que Você Deve Ler Custe o Que Custar”, Chuck Palahniuk
“Eu Não Sou Cachorro, Não: Música Cafona e Ditadura Militar”, Paulo César de Araújo
“Sing Backwards And Weep”, Mark Lanegan
“Set the Boy Free”, Johnny Marr
“Sobrevivendo No Inferno”, Racionais MC’s
“Toda Poesia”, Paulo Leminsky
“Ritual”, Mo Hayder
“Perdido em Marte”, Andy Weir *
“Depois”, Stephen King
“As Coisas”, Arnaldo Antunes
*primeira vez q li um livro PIOR q o filme
Comentários: nos comentários. Bora?
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MELHORES SHOWS (todos a q fui, ranqueados)
Cannibal Corpse – 14.05
Dorsal Atlântica – 04 e 05.11
Prong – 12.10
Crypta – 17.09
Maurício Pereira – 18.09
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PROFECIAS: sei lá.
Shows gratuitos de Eric Martin e Jeff Scott Soto? Noite no Carioca com Blaze Bayley e Ripper Owens? Paul McCartney e Coldplay lotando estádio? Nem profecia são
Muito hype pra cima do Metallica novo, q de novo (ou de necessário) nada trará. Fim do Red Hot Chili Peppers. “Boatos” da volta do Rush com Mike Porretnoy diminuindo, servindo mais como clickbait pra sites “roqueiros”. Ofertas exageradas de festivais e shows caros, ao menos no 1º semestre. Torcida pra q saia bom o disco novo do Coroner.
Será q é o caso de nos prepararmos pra morte de Ozzy ou de alguém no Iron Maiden?
ADENDO EXTRA: alguém se importou com o tributo de SEIS HORAS a Taylor Hawkins? Favor resenhar em 30 linhas, tamanho 12 e espaço duplo + enviar pra meu email.