PATIFE BAND

Sesc Pompéia, 09.02.23

O parâmetro aqui é Zappa. Meshuggah. Jazz. Itamar Assumpção.

Banda eclodida nos 80’s, q ñ é daquele BRock q o amigo André apropriadamente categoriza como sendo “ska, jovem guarda e MPB disfarçada”. Nem pós-punk inglês xerocado.

Longa história: dodecafonia, um troço q ñ entendo, deixa quieto. A Patife Band, com um álbum sensacional lançado pela Warner em 1987, “Corredor Polonês” (dou um rim a quem tiver e me vender!) e um outro ao vivo obscuro e independente, é seu líder e maestro. Paulo Barnabé.

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Figura esquisita. Magro de ñ caber direito nas roupas, cara de poucos amigos, introvertido a ponto de mal olhar pra platéia (estavam em casa: eram amigos e fãs seletos e cativos) e munido duma mesa de percussão intrigante.

O q sei do sujeito: é um maestro de fato. O tipo de pessoa q deve respirar, comer, dormir e cagar música 24 horas por dia. Sujeito q certamente SABE e sabia CADA NOTA de CADA INSTRUMENTO de CADA MÚSICA executada ali no Sesc ontem.

E quem o acompanhava sabe disso. Olhares de admiração, de surpresa (pareceu pegar a guitarra do guitarrista pra tocar “Vida de Operário” sem combinar antes) e nunca de intimidação. Barnabé regeu a banda o tempo todo, entre os sons e durante os mesmos. E a percussão aleatória (chocalhos, cowbell, agogô, apito, caixa) era inserida cirurgicamente em cada arranjo. Difícil de explicar.

A cada final de música, todos celebravam com alívio e sensação de terem conseguido proezas atrás de proezas. Todas claramente muito ensaiadas, mesmo quando houve improvisos. Músicas complicadas, muito silêncio intermediando. Ao mesmo tempo, pouco herméticas. Estranhas, mas ao mesmo tempo assimiláveis – vai ver, eu tava na vibe.

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As músicas mais “fáceis” – pq conhecidas do disco, e daí assimiláveis – foram entoadas pelas quase 100 pessoas ali presentes. “Pregador Maldito”, “Corredor Polonês”, “Teu Bem”, “Vida de Operário”, “Pesadelo” (praticamente instrumental), “Três Por Quatro”, “Poema em Linha Reta” (Fernando Pessoa freneticamente musicado), “Chapeuzinho Vermelho” (Jovem Guarda transformada)… Só ñ tocaram “Maria Louca”.

“Tô Tenso”, tb do disco, foi tocada em duas versões: a tal “versão Itamar” (quebrada e cheia de pausas) no começo, depois parecida com a do disco. Quem já a ouviu no “Feijoada Acidente Brasil” do Ratos de Porão pode ter a referência.

Outras 8 músicas apresentadas eu conhecia “The Big Stomach”, de época em q tocaram na tv Cultura (pô, eu lembro) e ficou diferente. Mas tudo duma categoria alienígena. Ñ é q os caras querem ostentar q tocam pra caralho (e tocam pra caralho): só querem fazer música esquisita, pra si mesmos e pra gente q estava ali.

Baixista excepcional, tecladista q nuns sons ia prum piano de cauda martelar clusters e acordes dissonantes (ambos seguindo partituras), baterista moleque muito bom (mas q pareceu sofrer pra tocar “reto” a “Tô Tenso”), guitarrista com cabelo e roupa de quem a mãe vestiu pro evento tb muito bom. Ninguém fritador, “metal nacional”, paga-pau de Dream Theater. Nem devem saber o q é prog metal (aliás, Opeth tocou por aqui quarta). Outra praia.

No bis, Barnabé voltou improvisando no piano, duelando com o tecladista, daí foi pra bateria tocar um último som. Parou pq errou, voltou do começo, foi até o fim, daí pediu pra voltar uma parte, de onde ele tinha errado. E nós, ali.

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Essa era a viagem. Esse foi um puta show. Essa é uma musicalidade esquisita, mas ñ refratária nem esnobe, q durou 1h15min e tive o privilégio de ver sabendo ontem mesmo q rolaria o show.

Locais próximos, como o Allianz Parque e o Espaço Unimed, tiveram Palmeiras x Internacional de Limeira e um k-pop chamado Super Junior enquanto isso.

Bah

Set-list (fotografado): 1. “Improviso/Veneno” 2. “Pigs/The Big Stomach” 3. “Tudo Claro” 4. “Tô Tenso Itamar” 5. “Sete” 6. “Ready to Die” 7. “Pesadelo” 8. “Pregador Maldito” 9. “Corredor Polonês” 10. “Teu Bem” 11. “Vida de Operário” 12. “Poema em Linha Reta” 13. “Três Por Quatro” 14. “Chapeuzinho Vermelho (Com Luz Vermelha)” 15. “Vacilão” 16. “Nove” 17. “Tô Tenso (corrido) 18. “Velho Oeste Paulista”