Pq, por um lado, um show picareta. Nos moldes de BlazeBayley, RipperOwens e WarrelDane por aqui: tocar com banda cover local, pra economizar na logística e otimizar cachê. Em showcover da própria carreira, estagnada.
O show prometia sons de Helloween e Masterplan, cujo último lançamento foi “PumpKings“, em 2014, pra retaliar e tirar proveito da reunion dos caras, pra qual não foi convidado.
O q não entendo muito: fazer covers de banda da qual foi demitido? Alimentei pouca expectativa: tocaria só os sons q fez pros AbóborasSelvagens.
Expectativa caída por terra já no primeiro som: “Mr. Torture”, de Andi Deris e Uli Küsch. Ops…
O resumo da porra toda é assim: 16 sons tocados – muito bem tocados, músicos de baita nível – tendo sido 12 do Helloween e só 4 (“Spirit Never Die”, “Back For My Life”, “Heroes” e “Crawling From Hell”) do Masterplan.
Um show q o Helloween nunca fez, jamais faria e tampouco fará. Parece pouco?
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O Sesc estava muito cheio. Não lotado, mas muito próximo disso. Bem mais cheio q shows q vi quase lotarem lá (Crypta, GarotosPodres, Krisiun) e dum público metaleiro sapatênis metal nacional realmente comovido com o q rolava. Ainda q – achismo meu – muitos estivessem ali pra ver hits e “sons Kiske”.
Q rolaram. “Eagle Fly Free” e “I Want Out”, com o vocalista do SteelTormentor (cover fodaço de Helloween) e Hibria. A fila pra comprar merchan (pífio), pedir autógrafo (ainda existe?), tirar selfies e fotos com Grapow ao final ia de lado a lado do lugar.
(funcionários do Sesc devem ter largado o batente bem depois da meia noite, aliás…)
O som estava impecável desde o início, sem flutuações e o repertório tomou quase duas horas, um feito tb pra shows ali. O Leo achou antipática a postura do alemão, q às vezes ficava de costas pra nós e pouco interagia. Relevo com a nacionalidade do sujeito.
Por outro lado, alguns dos músicos pareciam acreditar q o show era deles. Um pouco o vocalista do GolpeDeEstado (e ex-KingBird) João Luiz – correto e adequado na voz (só pecando em ler todas as letras) – um tanto mais um guitarreiro bolsonoia arrombado filha da puta q entrou claramente cheirado pra tocar uns 2 sons ali no meio, não fez qualquer diferença e do qual não tirei foto e me recuso a citar nome.
Uma outra participação bacana (mordi demais a língua) foi a do vocalista do Viper (aff) Leandro Caçoilo pra fazer “Push” (ponto altíssimo), “Mankind” e “The Dark Ride”. Ainda q derrapante um pouco no andamento da primeira, e tudo bem.
Ao menos não leu as letras.
Tudo o mais q eu possa citar se perde no repertório transcrito abaixo e na sensação final dum show digno, pq picareta até a página 2 e pq os músicos envolvidos – sobretudo 2⁰ guitarrista, baixista e o baterista Marcos Dotta – provavelmente viveram ponto alto da vida como músicos.
Sobretudo Dotta, com quem troquei duas ou três palavras em 2017 quando dividi palco com o SteelTormentor em Santos (eu, no TrustInPeace) e nem deve lembrar q eu existo, mas q mandou muito bem e merece o retorno daquilo q faz (e fez) com muita competência sábado: tocar Helloween.
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Tenho uma puta inveja não-rancorosa de quem consegue tocar junto com alguém q claramente admira. Deve ser dessas coisas q dinheiro, cartão e Pix no mundo não pagam.
Parabéns aos envolvidos. Show acima das expectativas e q valeu bem mais q 15 reais.
Acrescente mais aí, Leo!
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Set-list: 1. “Mr. Torture” 2. “Spirit Never Die” 3. “The Chance” 4. “A Million to One” 5. “The Time Of the Oath” 6. “Back For My Life” 7. “A Handful Of Pain” 8. “The Departed (Sun Is Going Down)” 9. Intro backtrack “Deliberately Limited Preliminary Prelude Period In Z” 10. “Push” 11. “Mankind” 12. “The Dark Ride” 13. “Eagle Fly Free” 14. “Out In the Fields” (ahah) 15. “Heroes” 16. “Crawling From Hell”
Pelo q entendi, a turnê Max & Iggor 25 anos de “Roots” então ñ terá o segundo? Q várzea.
Quase na mesma hora, vi no Instagram do Gastão Moreira o Max convidando geral pro show e dizendo ter ele, o Iggor Cavaléra (tá tacando acento agudo no sobrenome), Dino Cazares e o baixista do Soulfly.
Já tinha acontecido, algo prenunciado: Ozzy Osbourne (“Ordinary Man”), AC/DC (“Power Up”) e Rammstein (o do fósforo) recentes, e de selos major, ñ saíram versão nacional.
Os Ghost (achei bem ruim) e Scorpions recém-lançados, da Universal, saíram primeiro pra vender online e daí foram às lojas. Meio do caminho interditado.
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Agora, 2022 tá aí e lançamentos de Amorphis, Voïvod, Meshuggah e Napalm Death ainda ñ tiveram seus lançamentos nacionais. Mesmo por selos menores, de metal. What the hell?!
Kreator novo, por ouro lado, já saiu. Sexta. (Vale?). Destrúcho novo (capa horrível) tá por aí. Annihilator retocado e forçado, idem.
E o q vejo – espero estar errado – é selos como Hellion Records e Voice Music mais ocupados em relançamentos, nacionais (P.U.S., Overdose, Viper, Holocausto, Sarcófago, Volkana) e estrangeiros (o primeiro lançando Discharge no Brasil pela 1ª vez, e relançando Tank, Crossfire e Chatêaux, dentre outras NWOBHM periféricas)…
… apostando no nicho “metaleiro tiozão” q está recomprando tudo isso q já teve em fita cassete e mal lembrava existir.
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Por outro lado, caralho, e o “metaleiro tiozão” como eu, q foca em adquirir lançamento (novidade) físico? Ñ vou comprar importado – Amorphis novo tá na Die Hard a 120 pila – e ñ queria ficar na mão.
Pessoal tá me jogando na internet. Hora q vender o patamar devido dos “relançamentos”, sobra relançar os Amorphis, Voïvod, Napalm Death e Meshuggah novos daqui a 20 anos?
Peguei uns dias o curling e numas horas ociosas aqui o pessoal dando pirueta com prancha numas rampas gigantes. Na neve. Ñ lembro como chama.
Tentei assistir hóquei, mas tava tarde, desencanei.
Mas tenho q alguém por aqui tenha sabido do Viper tocando em prova de patinação artística, ñ? O Wikimetal (do irmão do Felipe Machado) noticiou, o q era de se esperar. E aí, agüenta aquela troça patriótica da vez e etc.
A partir de 20 minutos no vídeo acima, é uma dupla da Geórgia, Karina Safina e Luka Berulava. Patinando ao som de “Moonlight”, versão pra “Sonata ao Luar” (Beethoven) feita pelo falecido André Matos no “Theatre Of Fate”. A dupla já vinha usando a música em campeonatos europeus anteriores e na seletiva pros Jogos de Pequim.
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E querem saber? Achei do caralho. E fosse fã das antigas, teria até chorado. Combinou.
E pra ornar com o título do post, lembrei do Detonator e da frase: “ninguém fez mais pelo metal nacional q o Prevent Sênior”. Aham.
Metal nacional é o caralho. Essa dupla acho um chupa pra Franga, Shaman e todas as derivações desse metal nacional mauricinho de apartamento. Q querem fama e reconhecimento na marra, por patriotismo barato e sistema de cotas.
Lá na Geórgia chegou o Viper, música ñ tem pátria e é isso o q importa. Olhae o reconhecimento.
O Viper ocupou durante um tempo o posto de segunda banda de metal mais bem sucedida do Brasil, em um cenário onde o que não faltavam eram candidatos. E isso se manteve após a saída de André Matos, com o bom “Evolution”, de 1992.
Com André, se foram as tendências neo-clássicas da banda e Pit Pasarel passa a ser o principal compositor, imprimindo uma pegada mais crua, mas ainda com ótimos ganchos e refrãos. Com a incapacidade de reproduzir as partes vocais de seu cantor original, a banda basicamente muda de estilo, concentra-se no novo material e vira outra coisa. Que funciona muito bem dessa maneira. Excursionam pelo mundo todo, fazem o protocolar “sucesso no Japão” e firmam seu espaço.
E aí vem a hora do segundo álbum dessa “nova banda”. Nesse ponto, confesso que parei, nem lembro o motivo. Mas o fato é que nunca cheguei a comprar ou ouvir “Coma Rage”, só o fazendo por conta do lançamento remasterizado recente. Terminei a audição há pouco e já abri o laptop pra escrever isto, antes que o impacto desapareça.
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Não tenho como saber o que passava na cabeça desses então jovens na casa de seus vinte e poucos anos, mas julgando somente pelo que gravaram, acho que se cansaram de uma vez por todas daquele estilo de metal com que eram rotulados, o famigerado power metal/metal melódico.
Era 1994, Sepultura e Pantera estavam estourados. O grunge era ainda muito popular por aqui. Danzig, Prong, Ministry, Paradise Lost, Helmet, Fight, também. Continuassem na linha do “Evolution”, teriam seu espaço garantido. Mas não foi o que optaram fazer.
Se a produção do álbum anterior tinha ficado a cargo de Charlie Bauerfeind, famoso por ter a mão boa com bandas com DNA ‘helloweenístico’, o produtor escolhido para o novo álbum deixava claro a direção escolhida: Bill Metoyer, o homem por trás da mesa de som de quase todo mundo na Metal Blade Records. Alguns de seus clientes mais famosos: Slayer, Sadus, Morbid Angel, C.O.C., Dark Angel, Sacred Reich, Flotsam & Jetsam, Trouble e muitos mais (a lista com produções suas no Wikipedia é assustadora).
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“Coma Rage” é rápido, pesado, agressivo às vezes, e pouco ou nada tem que lembre remotamente o Viper original. É, realmente, outra banda. Mas uma banda que, se havia achado um espaço confortável e funcional em “Evolution”, nesse atolou na lama. A produção de Metoyer deixou tudo grosso, pastoso, direto e sem muito espaço pra melodias e ganchos, algo que Pit sabia compor tão bem.
E o curioso nessa edição em CD é a presença das demos que haviam gravado e autoproduzido, a fim de apresentar a idéia ao produtor gringo: são basicamente idênticas ao produto final.
Ou seja, a mudança foi consciente e não fruto da concepção de Bill Metoyer. Fica a impressão que tentaram ser o que não era nem nunca conseguiriam ser. Não agradou e foram perdendo popularidade aqui e lá fora. Ao ponto de, em um ato de aparente desespero, mudarem ainda mais no álbum seguinte, causando o harakiri definitivo da banda.
“Coma Rage” não é ruim, mas empalidece frente ao catálogo anterior do Viper. Vale a aquisição para engordar a coleção e discografia da banda, mas não tenho muita pretensão de ouvir mais do que uma vez a cada 18 meses ou algo assim.