Queensrÿche
ESCOCÊS LEGÍTIMO, UM SÓ
OS ‘SCOTT’ MAIS ADMIRÁVEIS PRA MIM:
- Scott Travis – Fight/Judas Priest/Racer X/Thin Lizzy
- Scott Burns
- Scott Gorham – Thin Lizzy/Black Star Riders
- Bon Scott – AC/DC
- Scott Ian – Anthrax/S.O.D.
- Scott Lewis – Brutal Truth
- Scott Thunes – Frank Zappa
- Scott Rockenfield – Queensrÿche/Slave to the System
- Dave Scott Davis – Annihilator
- Scott Weiland – Velvet Revolver/STP
ATÉ ONDE GPS E WAZE ALCANÇAM
MELHORES DISCOS EM TERRAS DISTANTES OU IMAGINÁRIAS:
- “Never, Neverland”, Annihilator
- “Floodland”, Sisters Of Mercy
- “Promised Land”, Queensrÿche
- “The Land Of Rape And Honey”, Ministry
- “Outlandos D’Amour”, The Police
- “Trashland”, Mercenárias
- “Just Another Crime… In Massacreland”, Ratos De Porão
- “Victorialand”, Cocteau Twins
- “Redneck Wonderland”, Midnight Oil
- “Land Of the Free”, Gamma Ray
25 ANOS
Por märZ
Outro dia (21) foi o aniversário de ¼ de século de quando eu e um bando de amigos de Cachoeiro lotamos um ônibus da Itapemirim pra ir ao Rio assistir o Rock In Rio II, no Maracanã. Foi meu primeiro grande festival de rock/metal (já havia visto o Metallica em 1989) e, aos 21 anos, não cabia em mim de felicidade por estar no meio de tantos fãs do gênero musical que amava (e ainda amo).
Adentramos o estádio às 15h e só saímos no final, às 3h da manhã. Assistimos Sepultura (em ascensão), seguido de um show abortado do Lobão, com sequência de Queensrÿche (mediano), Megadeth (no auge), Judas Priest (renascendo) e Guns And Roses (no pico da popularidade).
[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=GmXLNqzleUU[/youtube]
Naquela época Rock In Rio não era esse passeio na Disney que é hoje em dia e todo tipo de boato, crítica e preconceito cercava o evento, artistas e público. Uma puta experiência e memórias inesquecíveis. Pena não ter fotos.
SERVIÇO DE UTILIDADE PÚBLICA THRASH COM H
“Coverkill”, Overkill, 1999, CMC International/BMG
sons: OVERKILL [Motörhead] / NO FEELINGS [Sex Pistols] * / HYMN 43 [Jethro Tull] / CHANGES [Black Sabbath] / SPACE TRUCKIN’ [Deep Purple] * / DEUCE [Banda Beijo] / NEVER SAY DIE [Black Sabbath]/ DEATH TONE [Manowar] / CORNUCOPIA [Black Sabbath] * / TYRANT [Judas Priest] / AIN’T NOTHIN’ TO DO [Dead Boys] * / I’M AGAINST IT [Ramones] *
formação: Blitz (vocals), Tim Mallare (drums), D.D. Verni (bass & vocals), Joe Comeau (guitar & vocals), Dave Linsk (guitar)
–
Tirando raríssimas exceções (me ocorrem “Miscellaneous Debris”, do Primus e “Acid Eaters”, do Ramones), disco de cover é aquela coisa q ñ fede nem cheira na discografia duma banda. Qualquer banda. Geralmente cometidos em períodos de parca criatividade (“Undisputed Atittude”, do Slayer; os “Feijoada Acidente?”, do R.D.P.), com retalhos de faixas bônus lançadas avulsas (o percentual em “Hidden Treasures”, do Megadeth), pra gravadora tirar todo o sumo de seu produto (Guns N’Roses e seu “The Spaghetti Incident?”) ou por piração sem noção (os 3 – TRÊS – “Graveyard Classics”, do Six Feet Under).
Há os claramente desnecessários, como “Feedback” (Rush) e o do Sepultura (“Revolusongs”). Aquele um ou outro pra tentar reinserir banda no mercado (“Take Cover”, do Queensrÿche). E os irrelevantes, como “Metal Jukebox” (Helloween), mas tvz isso seja menos fato q minha opinião.
Safo sempre foi o Iron Maiden, lançando covers e versões, boas e ruins, só em singles. Ñ mancharam reputação desse modo, ao mesmo tempo em q ñ desagradaram o xiita compulsivo q deles tudo compra. Covers gravados avulsos e soltos em meio aos discos, sendo bons ou ruins, sempre causam menos danos. Ou chamam atenção melhor.
Metallica acho caso parecido com o da Donzela: ao menos no “Garage Days” ep original, conseguiram cometer versões de sons obscuros, q metade ninguém nunca tinha ouvido original, e a outra metade já parecia Metallica de algum modo.
Existem os discos de versões, tb 8 ou 80: “Let It Be” (Laibach) reinventou o segundo melhor quarteto de Liverpool; o primeiro do Apocalyptica fez um barulho, mas parece ñ ter sobrevivido ao tempo, tal como os do Bloco Vomit.
Há outros exemplos pra dar, em tudo o q citei até agora na resenha, mas deixo a critério dos amigos/amiga por aqui citarem. Pq senão ñ cabe espaço pra falar deste “Coverkill”.
Q parece um disco de cover de entressafra. E de retalhos de faixas-bônus (os sons acima asteriscados, quase meio álbum). E com Black Sabbath demais (“Never Say Die” achei desnecessária). E de nome meio besta. Com capa derivativa, a cargo de Travis Smith. Então, por q recomendá-lo?
****
Pelos melhores sons, q aliaram audácia e ñ obviedade. Pra mim, “Changes”, “Hymn 43”, “Cornucopia”, “Space Truckin'” e “No Feelings”. Quer obviedade com Black Sabbath? Só gravar “Never Say Die” (ops!), “Paranoid” ou “Children Of the Grave”. Com Deep Purple? Deve haver umas trocentas mil regravações de “Burn” e “Hush” (q já era cover). Sex Pistols? “Anarchy In the U.K.” ou “God Save the Queen” é entrar com jogo ganho. Jethro Tull tem mais q “Aqualung”? Os thrashers vão lá e cometem as acima citadas!
“Changes”: quem imaginaria q por detrás daquele coração peludo e raquítico, Bobby Blitz fosse decantar sensibilidade osbórnica? E q daria pra tocar no baixo o teclado original? Q Tim Mallare fosse demonstrar groove – na do Purple e em “Cornucopia” – sem perder a ternura (e os 2 bumbos)?
Joe Comeau – pra mim, o melhor vocalista a ter passado pelo Annihilator (pra onde foi pouco depois) – parece ter cometido alguns backings, ficando interessante. Pena ter durado pouquíssimo nas bandas (por onde andará?). A do Sex Pistols destoa em relação às outras covers punk (q achei fracas, por soarem demasiadas metal) por ñ me parecer forçada. Muito pelo contrário.
Pouco mais a acrescentar nisso: ouçam e discordem. Ou concordem.
Cito os sons meio-termo: gostei de “Overkill” e “Deuce”. O primeiro até óbvio (e q nunca havia sido feito) com o vocal tresloucado e falsamente ao vivo, o outro menos, mas sem acréscimos. Nem deméritos. “Death Tone” e “Tyrant” perdem pras originais, mas ñ envergonham Manowar ou Judas Priest. Por tb ñ serem exatamente hinos daquelas hordas.
Em suma: objetivamente ñ acho o melhor trabalho do Overkill, q pra mim são “I Hear Black” e “From the Underground And Below”. Mas achei este “Coverkill” uma daquelas pérolas, ao mesmo tempo típica e atípica, do thrash metal q recomendo. Pelas razões acima, ou mesmo como disco inicial pra quem nunca ouviu os nova-iorquinos. Destoa dos discos de cover como os de Primus e Queensrÿche acima citados, tb pela pertinência.
Com a cara da banda. São covers, mas ñ são meras cópias. Soam Overkill.
Tem o fato de eu tê-lo comprado há 15 dias: ainda estou entretido com ele mais do q irei ficar daqui 15 dias, 1 mês, 1 ano. Subjetivo demais pra convencer os amigos/amigas por aqui? Dica outra: adquiri-lo pra mostrar praquele tiozão riponga e ver se ele reconhece Jethro Tull sem flauta ahah
*
*
CATA PIOLHO CCXLV – “Legs”: ZZ Top ou PJ Harvey? // “The Hunter”: Girlschool ou Mastodon? // “Evil Eye”: Black Sabbath ou Motörhead?
VALE 10 CONTOS
“Parallels”, Fates Warning, 1991, Metal Blade/Reprise
sons: LEAVE THE PAST BEHIND / LIFE IN STILL WATER / EYE TO EYE / THE ELEVENTH HOUR / POINT OF VIEW / WE ONLY SAY GOODBYE / DON’T FOLLOW ME / THE ROAD GOES ON FOREVER
formação: Ray Alder (vocals), Jim Matheos (guitars), Frank Aresti (guitars), Joe DiBiase (bass), Mark Zonder (drums and percussion)
background vocals on “life in still water” by james labrie courtesy of dream theater
–
Tal qual o Queensrÿche [S.U.P. set/14], o Fates Warning é unanimemente colocado na prateleira dos “pioneiros” ou dos “precursores” do prog metal. A ressalva é q, nunca na História do rock ou do metal, “pioneiros” e “precursores” significou CRIADORES. Para todos os (d)efeitos, Dream Theater criou e popularizou o estilo. Ame ou odeie-se isso.
E analisar “Parallels” entendo como um bom exercício de como isso se deu. Nas falhas e nas virtudes. Sexto disco dos estadunidenses e o 2º com capa decente, por Hugh Syme, capista desde sempre do Rush – posteriormente requisitado por Megadeth, Iron Maiden e tb… Queensrÿche e Dream Theater – contou ainda com produção de lendário produtor do trio canadense, Terry Brown.
Só q isso ñ tornou a banda o Rush. Nem jamais tornaria. Por conta, sobretudo, das composições prolixas, muitas com jeitão de introduções q ñ se desenvolvem. Predominam os andamentos lentos. Bons músicos ñ são necessariamente bons compositores, Max Cavalera q o diga. E devido às timbragens utilizadas.
“Parallels” seria um disco razoável de hard rock oitentista ou de AOR inovador caso contivesse refrões (refrãos?) (refrães?) grudentos ou linhas vocais marcantes. Apenas “Eye to Eye”, um dos 2 singles, longinquamente se aproxima disso. Infelizmente, a bateria tenta emular um tanto (sutilmente) das eletronices oitentistas do Rush, e mais dos reverbs hard rock, tanto quanto as guitarras, q se ñ soam farofentas tb carecem de PESO.
**
Há tempos ñ ouvia o álbum, único q tenho deles, e q comprei por causa da capa e edição japonesa q o dono do estúdio onde ensaio me vendeu barato, e a sensação é de monotonia até “The Eleventh Hour”, q em seus 8 minutos e 12 teria se tornado algo grande (tvz seja: descontem minha limitação de abordagem) caso tivesse tido uma produção realmente noventista… mais Dream Theater. Mais metal. E se alguém tivesse dado um toque ao Mark Zonder de q encher música de viradas atrapalha conseguirmos curtí-la.
“Point Of View”, o outro single e videoclipe com o qual conheci – e gostei – da banda, quebra o marasmo, soa promissora: pena iniciar a 2ª metade do disco e apenas “Don’t Follow Me” apresentar-se no mesmo nível, de som a um só tempo elaborado e empolgante. “We Only Say Goodbye” apresenta trechos legais, como “Life In Still Water” e outros trechos perdidos e infelizmente ñ alinhavados a contento. Pra mim e meu – ops! – ponto de vista.
Ñ é um disco cansativo por excessiva duração: pro tipo de proposta é até bem conciso. Um feito. Ñ acho ruim: só ñ “desce redondo” ou tão de cara, e tvz existam piores dentre os anteriores e seguintes, já q a banda ainda existe (imagino q tocando em lugares – só – na “América” pra raríssimos devotos). Inexistem fritações incômodas e vocalizações irritantes (pouca coisa destas em “Eye to Eye”), e isso tb acho um trunfo. Rola uma elegância e bom gosto generalizados: o q falta em “Parallels”, reitero, é uma qualidade composicional à altura da capa e da produção requintada, mesmo q um tanto retrô. A meu ver.
Ou vai ver o Fates Warning nunca vingou pq os caras são feios.
*
*
CATA PIOLHO CCXLIII – “Force Fed”: Front Line Assembly ou Prong? // “Evil”: Mercyful Fate ou Interpol? // “Set Me Free”: Velvet Revolver ou Dr. Sin?
ENTRELAÇADOS
MELHORES BANDAS COM LAÇOS DE PARENTESCO FORA MARIDO/MULHER E IRMÃOS:
- Nailbomb
- Judas Priest
- Anthrax
- Death Angel
- AC/DC recente
- Queensrÿche
- Soulfly recente
- Soilwork
- Arch Enemy
- White Stripes
bônus nepotismo master: Frank Zappa, q nalguns shows e discos ao vivo, pôs o filho Dweezil pra tocar guitarra junto
bônus 2: Epica, q o guitarrista/dono Mark Jensen e Simone Simmons são ex-namorados. É muita frieza!
bônus Casa de Irene: John Petrucci e John Myung (Dream Theater) + Mike Portnoy (ex) são casados com integrantes duma mesma ex-banda, Meanstreak. Fossem parentes entre si, seriam bando de cunhados
**** *
legendas:
1. sogro e genro (Max e Alex Newport) / 2. cunhados (Ian Hill casado com irmã de Rob Halford) / 3. Charlie Benante é tio de Frank Bello / 4. primaiada filipina Rob Cavestany, Dennis Pepa e Andy Galeon / 5. guitarrista (e da formação atual sem Geoff Tate) Parker Lundgren foi genro de Tate / 6. guitarrista Stevie Young sobrinho de Angus e Malcolm / 7. Zyon Cavalera, atual baterista, filhão de Max / 8. Ola Frenning é tio de Peter Wichers, ambos ex-guitarristas / 9. Criss Amott cunhado de Angela Gossow / 10. Jack e Meg White, ex-marido e ex-esposa
SERVIÇO DE UTILIDADE PÚBLICA THRASH COM H
“Dedicated to Chaos”, Queensrÿche, 2011, Roadrunner
sons: GET STARTED / HOT SPOT JUNKIE / GOT IT BAD / HIGHER / WOT WE DO / AROUND THE WORLD / DRIVE / AT THE EDGE / I TAKE YOU / RETAIL THERAPY / THE LIE / BIG NOIZE
formação: Geoff Tate (vocals & saxofones), Scott Rockenfield (drums & keyboards), Eddie Jackson (bass), Michael Wilton (guitars)
Additional Keyboards – Randy Gane; Additional Guitars – Peter Lundgren & Kelly Gray; Additional Vocals – Jason Ames, Miranda Tate
.
Era uma vez uma banda chamada Queensrÿche.
Surgidos em Seattle nos 80’s, bem antes q o lugar virasse o epicentro dum “movimento” musical embalado em camisas xadrez de lenhador, faziam um hard rock competente e invulgar, anterior ao modismo laquê de L.A. – e tb por isso, anteriormente ao reconhecimento por fãs e críticos do estilo. Aconteceu tb de, antes da hora, amadurecerem e se tornarem um tantinho progressivos (bem antes q uns tais Dream Theater “criassem” o prog metal), lançando disco conceitual paranóico consagrado e um seguinte com arestas mais comerciais, em meio ao som tornado algo hermético.
O caso de banda q ainda ñ sei dizer se eternamente à frente de seu tempo, ou a banda cronicamente errada na hora errada. Equivalentes estadunidenses do The Cult nesse sentido.
Entraram nos 90’s cometendo, na minha opinião, seu melhor disco – “Promised Land” – q conjugou os elementos todos dos discos anteriores: comercialismo com classe, resíduos conceituais e arestas prog. Passaram do ponto, perderam a hora, só quem virou fã true acompanhou. Uma pena. Tvz se cometessem capas menos repetitivas… tvz se o soberbo vocalista Geoff Tate fosse bonitão feito um Geddy Lee (Rush)… E o q veio na seqüência os sepultou – ainda q nunca tivessem acontecido de fato – de vez: “Hear In the Now Frontier” tentou escanear (antes q o termo existisse – chamávamos de “xerox” mesmo) a sonoridade grunge reinante e a pouca credibilidade q ainda detinham, perderam por completo.
Assim como os tais fãs, q parecem ter desistido da banda irrevogavelmente. Discos legaiznhos (“Q2K”) e fracos (“Tribe”) e ainda montes de álbuns ao vivo tentaram mantê-los no mercado, em vão. Nem cometer uma parte 2 do tal disco conceitual, já na década de zerenta, ressuscitou algum interesse por eles, tampouco o fizeram o disco de covers – de q gosto muito – “Take Cover”, lançado adiante, ou o pior trabalho da banda, “American Soldier”, conceitual fraquíssimo, lançado logo após.
Rolaram tb dissidências na formação. A maior, um tal Chris DeGarmo, guitarrista/compositor, rancou fora após “Hear…”, sendo perda sem reposição até hoje. Tanto q pouco mudou a formação e nada melhor aconteceu, além dum despotismo esclarecido cada vez maior por parte do vocalista e de seu clã (esposa empresária, filha backing vocal, 2º guitarrista genro). Complementados por uma bizarra apatia dos demais integrantes.
E aí deixo pra lá relatar história mais recente, de racha na banda, com ambos os lados – Geoff Tate versus os outros três + um vocalista novo acordados da acomodação (ou finalmente livres dalgum contrato) – lançando álbuns novos com o mesmo nome ano passado, a despeito de processo na justiça pelo uso do mesmo correr solto. A ñ ser pra citar q até no quesito TRETAS os caras chegaram atrasados: foram traço de ibope, ñ ressuscitou interesses pelo Queensrÿche.
*
O texto aqui quebra abruptamente para tratar de “Dedicated to Chaos”, disco controverso – caso a banda ainda rendesse controvérsias por parte de fãs (quem e quantos serão?) – a um ponto inacreditável na trajetória duma banda. Sabe quando o Metallica tentou ser o U2 em “Load” e “Reload”? Ou virar o System Of A Down no “Shit Anger”? Quando o Sepultura se tornou esse hardcore filho de mula manca com Derrick Green? Quando o Judas Priest tentou roubar as groupies de Billy Idol em “Turbo”? Ou ainda quando tua banda européia favorita – Celtic Frost, Whitesnake, Deep Purple, Nightwish (escolha uma ou duas) – fiascou em se vender ao mercado estadunidense nalgum momento equivocado de trajetória?
Digo o seguinte: em NENHUM desses casos uma banda se DESCARACTERIZOU tanto quanto o Queensrÿche neste “Dedicated to Chaos”, disco esquisitíssimo e quase sem parâmetro na obra anterior dos caras (exceção a “Big Noize”, pseudo-folk blues um tanto residual da safra “Take Cover”) ou com qualquer linhagem no heavy metal, hard rock ou prog metal. Se tirar o vocal, nunca q alguém, ouvindo a maioria dos sons (exceção a “The Lie”), irá associá-los a Queensrÿche. Ao Queensrÿche de antanho.
Exagero? Um amigo, ouvindo no carro “Wot We Do” comigo, perguntou se era Beyoncé… Até a hora em q Tate abriu o bico. Dá-lhe groove e baixo funky. Sério mesmo.
[Eddie Jackson, a propósito, considero o destaque instrumental o disco todo]
Inacreditavelmente, “Got It Bad” e “Higher” tb flertam com o r&b pop estadunidense (inclusive nas letras marrentas, com o vocalista pagando de gostosão), contendo guitarras suingadas e insólitos apartes de saxofone. Crítica equivocada na Rock Brigade categorizou o álbum como disco de “música eletrônica”, o q ñ procede. A despeito de alguma ambiência aproximada em “Around the World” (com um refrão meio jingle de banco Itaú, meio hippie), em “Drive” e em “At the Edge”, nada consta.
Os sons são todos sucintos, só 3 ultrapassam 5 minutos. Solos de guitarra se contam nos dedos de uma mão e ñ contêm fritação; o mais elaborado, alternando entre guitarra e sax, está em “Higher”. O peso é bastante contido, acessório, suplementar; as músicas, fundadas em acordes ou bases em stacatto, raramente (acho q só em “I Take You”) em riffs. A exploração de timbres é generosa: Tate sussurra, canta abafado, canta aveludado, canta aviadado (“Wot We Do”!), canta sobreposto (novamente “I Take You”). As guitarras variam entre timbres limpos e saturações contidas e cirúrgicas, sem podreira.
O trampo bateristico se fez comedido e claramente editado em computador. Aquele Scott Rockenfield das antigas pouco comparece: pouquíssimas são as viradas e firulas. Ñ me ocorre q haja muitos sons de pratos ao longo do disco. Ao mesmo tempo em q sons como “Drive” e “Got It Bad” se fundam em loops. Ñ digitais.
A proposta da banda por aqui parece ter sido quererem – ou Tate querer – se vender e ligar o foda-se. Sem paródias ou caricaturas. A despeito da capa de sempre, novamente repaginada. Já q ninguém lhes dava mais a mínima atenção, OUSARAM como nunca. Fiascando como sempre, por outro lado.
E se nos raros momentos “roqueiros”, como em “Get Started”, “Hot Spot Junkie” (sobre apego exagerado a internet) e “Retail Therapy” soam como aquele rock radiofônico genérico noventista tipo Semisonic, Sugar Ray ou Fastball – mas melhor executado – ou, como nas mais hard, “The Lie” e “Big Noize”, conseguem até demover algum nojo de fã antigo, em todas as horas se pode considerar cada som como resultante de trabalho considerável e inequívoco (duvido q muitos deles sons funcionassem ao vivo) em estúdio.
E a resenha aqui quebra pela última vez. Pois se sugere até aqui, da parte deste q vos bosta bloga, q o disco é uma porcaria hedionda, digo q entendo quem assim o considere, mas ñ o considero horroroso. Muito pelo contrário: é daqueles raríssimos álbuns q me pegou e q freqüentemente revisito. Um pouco por querer entender se é bom ou ruim, outro tanto pra tentar encontrar melhores referências q o situem. Gosto menos dos últimos 4 sons (os mais “normais”) e penso q o “caos” a q foi o trabalho foi “dedicado” comparece em doses fartas. Ao mesmo tempo em q o álbum soa coeso.
Ñ, ñ entendo. Mas sigo tentando, enquanto o recomendo entusiastica e categoricamente e agüardo xingamentos ou perguntas sobre meu atual estado de saúde mental ahah
*
*
CATA PIOLHO CCXXXIV – “Jealousy”: Queen ou Death? // “Everything Dies”: Type O Negative ou Carnal Forge? // “Behind the Sun”: Red Hot Chili Peppers ou Meshuggah?