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overkill

“Coverkill”, Overkill, 1999, CMC International/BMG

sons: OVERKILL [Motörhead] / NO FEELINGS [Sex Pistols] * / HYMN 43 [Jethro Tull] / CHANGES [Black Sabbath] / SPACE TRUCKIN’ [Deep Purple] * / DEUCE [Banda Beijo] / NEVER SAY DIE [Black Sabbath]/ DEATH TONE [Manowar] / CORNUCOPIA [Black Sabbath] * / TYRANT [Judas Priest] / AIN’T NOTHIN’ TO DO [Dead Boys] * / I’M AGAINST IT [Ramones] *

formação: Blitz (vocals), Tim Mallare (drums), D.D. Verni (bass & vocals), Joe Comeau (guitar & vocals), Dave Linsk (guitar)

Tirando raríssimas exceções (me ocorrem “Miscellaneous Debris”, do Primus e “Acid Eaters”, do Ramones), disco de cover é aquela coisa q ñ fede nem cheira na discografia duma banda. Qualquer banda. Geralmente cometidos em períodos de parca criatividade (“Undisputed Atittude”, do Slayer; os “Feijoada Acidente?”, do R.D.P.), com retalhos de faixas bônus lançadas avulsas (o percentual em “Hidden Treasures”, do Megadeth), pra gravadora tirar todo o sumo de seu produto (Guns N’Roses e seu “The Spaghetti Incident?”) ou por piração sem noção (os 3 – TRÊS – “Graveyard Classics”, do Six Feet Under).

Há os claramente desnecessários, como “Feedback” (Rush) e o do Sepultura (“Revolusongs”). Aquele um ou outro pra tentar reinserir banda no mercado (“Take Cover”, do Queensrÿche). E os irrelevantes, como “Metal Jukebox” (Helloween), mas tvz isso seja menos fato q minha opinião.

Safo sempre foi o Iron Maiden, lançando covers e versões, boas e ruins, só em singles. Ñ mancharam reputação desse modo, ao mesmo tempo em q ñ desagradaram o xiita compulsivo q deles tudo compra. Covers gravados avulsos e soltos em meio aos discos, sendo bons ou ruins, sempre causam menos danos. Ou chamam atenção melhor.

Metallica acho caso parecido com o da Donzela: ao menos no “Garage Days” ep original, conseguiram cometer versões de sons obscuros, q metade ninguém nunca tinha ouvido original, e a outra metade já parecia Metallica de algum modo.

Existem os discos de versões, tb 8 ou 80: “Let It Be” (Laibach) reinventou o segundo melhor quarteto de Liverpool; o primeiro do Apocalyptica fez um barulho, mas parece ñ ter sobrevivido ao tempo, tal como os do Bloco Vomit.

Há outros exemplos pra dar, em tudo o q citei até agora na resenha, mas deixo a critério dos amigos/amiga por aqui citarem. Pq senão ñ cabe espaço pra falar deste “Coverkill”.

Q parece um disco de cover de entressafra. E de retalhos de faixas-bônus (os sons acima asteriscados, quase meio álbum). E com Black Sabbath demais (“Never Say Die” achei desnecessária). E de nome meio besta. Com capa derivativa, a cargo de Travis Smith. Então, por q recomendá-lo?

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Pelos melhores sons, q aliaram audácia e ñ obviedade. Pra mim, “Changes”, “Hymn 43”, “Cornucopia”, “Space Truckin'” e “No Feelings”. Quer obviedade com Black Sabbath? Só gravar “Never Say Die” (ops!), “Paranoid” ou “Children Of the Grave”. Com Deep Purple? Deve haver umas trocentas mil regravações de “Burn” e “Hush” (q já era cover). Sex Pistols? “Anarchy In the U.K.” ou “God Save the Queen” é entrar com jogo ganho. Jethro Tull tem mais q “Aqualung”? Os thrashers vão lá e cometem as acima citadas!

“Changes”: quem imaginaria q por detrás daquele coração peludo e raquítico, Bobby Blitz fosse decantar sensibilidade osbórnica? E q daria pra tocar no baixo o teclado original? Q Tim Mallare fosse demonstrar groove – na do Purple e em “Cornucopia” – sem perder a ternura (e os 2 bumbos)?

Joe Comeau – pra mim, o melhor vocalista a ter passado pelo Annihilator (pra onde foi pouco depois) – parece ter cometido alguns backings, ficando interessante. Pena ter durado pouquíssimo nas bandas (por onde andará?). A do Sex Pistols destoa em relação às outras covers punk (q achei fracas, por soarem demasiadas metal) por ñ me parecer forçada. Muito pelo contrário.

Pouco mais a acrescentar nisso: ouçam e discordem. Ou concordem.

Cito os sons meio-termo: gostei de “Overkill” e “Deuce”. O primeiro até óbvio (e q nunca havia sido feito) com o vocal tresloucado e falsamente ao vivo, o outro menos, mas sem acréscimos. Nem deméritos. “Death Tone” e “Tyrant” perdem pras originais, mas ñ envergonham Manowar ou Judas Priest. Por tb ñ serem exatamente hinos daquelas hordas.

Em suma: objetivamente ñ acho o melhor trabalho do Overkill, q pra mim são “I Hear Black” e “From the Underground And Below”. Mas achei este “Coverkill” uma daquelas pérolas, ao mesmo tempo típica e atípica, do thrash metal q recomendo. Pelas razões acima, ou mesmo como disco inicial pra quem nunca ouviu os nova-iorquinos. Destoa dos discos de cover como os de Primus e Queensrÿche acima citados, tb pela pertinência.

Com a cara da banda. São covers, mas ñ são meras cópias. Soam Overkill.

Tem o fato de eu tê-lo comprado há 15 dias: ainda estou entretido com ele mais do q irei ficar daqui 15 dias, 1 mês, 1 ano. Subjetivo demais pra convencer os amigos/amigas por aqui? Dica outra: adquiri-lo pra mostrar praquele tiozão riponga e ver se ele reconhece Jethro Tull sem flauta ahah

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CATA PIOLHO CCXLV – “Legs”: ZZ Top ou PJ Harvey? // “The Hunter”: Girlschool ou Mastodon? // “Evil Eye”: Black Sabbath ou Motörhead?