Um “reaction& analysis” à moda antiga. Por escrito.
Eis q me cai no colo isso.
Pronto: Mike Patton e Mr. Bungle em tributo a Eddie Van Halen. Impossível ñ pensar: “é a sério ou zoeira?”. Provavelmente a segunda opção. Música obscura do Van Halen, ao q parece, bora ouvir.
Scott Ian pesadaço. Vocal numa parte com distorção. Dinâmica lembra Van Halen um pouco. Dave Lombardo arrepiando nos 2 bumbos, q foda. Quem é esse baixista caricato? Ñ lembram muito David Lee Roth esses vocais (Patton, né?), mas tem uma vibeLee Roth…
Segundo guitarrista dando uns bends tipicamente Eddie. E eu me perguntando se já tinha prestado atenção nesse som, tá muito pesado pra Van Halen. Links do YouTube comprovam ser do “Women And Children First”. Pô, tenho esse disco.
Finalzinho, Lombardo apavorando nas viradas. Ñ tá tanto uma pegada Alex Van Halen, mas ñ conheço (ou lembro do) som e curti. [Vou curtir Dave Lombartdo tocando até lambada com o Figueroas]. Q afinação dessa bateria!
E ainda a dúvida: fizeram um tributo mesmo ou zoaram com a minha cara?
Comentários youtubbicos majoritários: “muito bom”. “Foda”. “Patton é foda, deveria deixar o cérebro pra dissecarem quando morrer”. “Como assim, só um babaca ñ curtiu?” Etc.
Curti. Mas ñ entendi. Deixa eu ouvir a original agora.
Pandemia é complicado: ñ tem manual de como lidar, quem viveu a última (gripe espanhola) era muito pequeno (e agora é muito velho) pra poder ajudar agora, o vírus é cada vez mais novo (incrível como a cibernética ilustra) e, pra piorar, moramos num país dum Palhaço Assassino eleito por 57 milhões de imbecis + 30 milhões de isentões.
Tvz seja aquilo q um sábio meme disse: “o primeiro ano da quarentena é o pior, daí a gente acostuma”.
E aí, as lives do Charlie Benante parecem ter minguado (ou eu é q ñ fui mais atrás), as Sepulquartas viraram programa semanal (ou tb murcharam?), e um ou outro show agendado por aqui (até o tal do Rock In Rio) já foram cancelados. O “voltar a como era antes” ainda vai demorar.
Se é q volta.
Enquanto ñ cai a ficha dumas bandas (Scott Ian andou dizendo q ñ haverá novo do Anthrax enquanto ñ puderem fazer show, Dave Mustaine segue enrolando o Megadeth novo), outras vão produzindo algo (como o Rammstein, q já linkei aqui, o Amorphis q está em estúdio, e tvz o Ozzy) e a coisa vai andando. Cannibal Corpse e Therion já desovaram discos novos.
Mas impera o tempo passando e a sensação de nada acontecendo.
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Os caras do Chaos Synopsis dizem a q vêm. Andaram fazendo live e gravando com vocalista gringa.
A primeira, de quase hora e meia, foi há umas 3 semanas.
A segunda, um som com uma tal Anna Murphy (Cellar Darling e ex-Eluveitie) já foi feito, com direito a um lyric video.
Além disso, os caras já lançaram em single e em lp o material. Se vai tentando se virar com o q dá.
Se a vocação do heavy metal é o underground, ñ consigo imaginar algo mais underground eheheh
Durou por volta dos 40 minutos mais inacreditáveis e insanos dos últimos tempos. Ñ sei dizer de há quanto tempo, nem da última vez.
Mais q as 2h40min de King Crimson, há 2 meses.
O tempo todo, atordoado, 3 perguntas me ocorriam, em loop: “como esses caras conseguem fazer isso?”,“quanto esses caras devem ensaiar pra fazer isso?” e “como é q eles sabem em q parte da música está?”.
As músicas foram passadas uma emendada à outra. Sem “e ae?”, “pnc do Bolsonaro”, “vamos agitar essa porra” ou “beleza? Somos o Test“. Nada. Ñ PRECISA.
2 caras.
João Kombi, vocalista/guitarrista, tocando com uma guitarra aparentemente zoada e fuleira, cheia de silver tape; Thiago Barata, baterista, dotado duma estrutura com (1) bumbo, caixa, (1) tom, surdo, (1) prato rachado + par de chimbau igualmente rachado. Tocando um de frente ao outro.
Entendimento telepático todo mundo já viu ou ouviu falar. Entendimento ali é SIMBIÓTICO. Como só vi acontecer com os irmãos Van Halen, e olhe lá. Domínio da forma E do conteúdo. É metal. É grind. E um troço indizível.
Aparentemente tocaram o disco novo, “O Jogo Humano”, todo. Comprei o disco a 10 contos (o guitarrista me embrulhou a capa q eu desfiz, enquanto eu ridiculamente agradecia, no fim) e ouvindo posteriormente reconheci uns trechos. Ñ achei set-list em site específico e tb ñ precisa. Ñ dá pra cantar junto, ñ dá pra abrir roda, ñ dá pra reagir de modo q ñ seja ficar CHOCADO.
Tanto q enchi o saco duns amigos no Whatsapp, ainda impactado, passando já a madrugada. Ñ consegui ouvir música no caminho de volta. Nem prestar atenção à porcaria da “banda principal”, Deafkids, q em prostesto resenharei no “so let it be written”.
Falava com o Leo: Eloy? Max? Iggor? Aquiles? Amílcar? Fodam-se. Barata é monstro. Toca blast, toca aros, com e sem bumbo, faz ritmos inesperados (complemantares à guitarra), toca chimbau aberto, chimbau fechado, com uma cratividade (nenhum som igual ao outro, mesmo sendo quase tudo blast) e um senso de dinâmica (forte/fraco, rápido/lento) absurdo. O cara tocou blast baixinho!
Tem mais reviravoltas q meia dúzia de discos do Dream Theater junto. Tudo conceitual, vanguardístico e até por vezes afetado; como quando Barata ainda ficou ajeitando surdo depois do 1º som. (Estava tudo arrumado, som perfeito, provavelmente passado mais cedo e etc.). Um pouco por culpa duns hipsters ali presentes, q achavam engraçado quando a dinâmica ia pro “baixinho”, pras passagens em aros de tambores. Ñ estavam fazendo piada.
O momento mais absurdo: num dos sons, João começa uma base meio stoner (ñ sei dizer, o cara tem uma pegada própria) e Barata tira o pedal (duplo) do bumbo pra ajeitar; ajeita, põe de volta e sai fora. Some. Deixa o guitarrista sozinho, q fica lá brisando na base e no vocal.
Quando, minutos depois no mesmo som, vem o som de bateria de trás de nós. Barata estava no meio da platéia (foto acima) tocando outra bateria, com abafador no ouvido, só no som q vinha do palco. Sem UMA nota fora. Foda demais. Nunca vi isso.
O q posso dizer, como mais clichê, é q essa banda TEM Q SER VISTA. N é a mesma coisa nos discos, q tenho três. Fizeram reputação tocando nas portas dos eventos (Funchal, Espaço das Américas, Hangar 110, Carioca Club), têm carreira internacional já (ñ representam “o Brasil lá fora” nem o “metal nacional”), e digo sem risco de nenhum exagero q estão ACIMA de qualquer banda de metal brasileira, passada ou presente. Tvz futura.
Alienígena. Show do ano, e com este foram 20.
Algo q leigos ou hipsters (gente de pouca exigência, vide Deafkids) simplesmente toma como “barulho”. Como “tosqueira”. Zoeira. Nada disso. Os caras sabem tocar – quem sabe tocar de verdade, toca mesmo em instrumento ruim – e têm uma coesão q Ñ É barulheira aleatória. Azar de quem ñ entende.
Eu tb ñ entendo, mas sei q ñ é zoeira. Falava pro Leo e acho q exagerei: “faz o Krisiun parecer Coldplay“. Melhor ñ. Faz Krisiun parecer Blind-182, caricatura emocore.
Faz o “metal nacional” parecer… “metal nacional”. Com ou sem Maria Odete.
Versão conhecida do Faith No More pra “War Pigs”. Manjada até. E pra mim, melhor q a original sabbáthica.
Heresia é mato.
Inclusive por conta da parte do “bla bla bla bla bla bla bla blaa”, no lugar de “day of judgement, God is calling”. Tb manjada. Ame ou odeie. Sempre curti.
Até ver nos comentários do vídeo linkado, a seguinte teoria sobre esse trecho, proposta por um tal KoKor gelir, há 2 anos:
“He’s mockering with Ozzy and DIO:
No more war pigs have the power (Ozzy) Hand of God struck the hourrarraghragh (DIO) Day of blablablabalba bla bla (Ozzy) On their knees the war pigs crawlingooroaghroagh (DIO) Begging mercy for their sins (Ozzy) Satan laughing spreads his wings roahroagroaghroagh (DIO)”
O q me faz pensar desde então: “porra, faz sentido!”
The Freddie Mercury Tribute, abril de 1992, Wembley Stadium. Acho q todo mundo aqui soube de q se tratou; chegou a passar na Band, acho q ñ ao vivo no dia. E do monte de gente – alguns convidados por estarem na “moda”, outros provavelmente por exigência de gravadora – q participou.
Todo mundo lembra de Axl Rose, Elton John, Metallica, David Bowie rezando pai nosso e quase achando q era um tributo a ele, a gostosa da Lisa Stansfield, George Michael… E q foi a última aparição pública de John Deacon. O dvd triplo omite algumas coisas, como a versão de “Innuendo”, com Robert Plant, a pedido do próprio. E algum show inteiro, ñ lembro se do Def Leppard ou do Extreme.
Mas o ponto nem é esse:
Vez ou outra, nas audições noturnas por aqui de YouTube, cato uns trechos disso tudo (o último evento relevante de arena?) e o q mais acabo vendo é a versão de “I Want It All”, com Tony Iommi e Roger Daltrey. Mais lembrada e comentada por Iommi e pela pataquada antiquada de Daltrey com seu cabo de microfone de 1 km.
Mas se o pessoal aqui quer saber, acho q foi a melhor versão na porra toda. Ñ é q a voz desse outro Roger encaixou como uma luva? Puta som. Fora a parte pitoresca de ter sido a PRIMEIRA VEZ em q a música foi executada ao vivo.
O Queen ñ excursionou, sequer fez shows, pra promover “The Miracle” e “Innuendo”, seus derradeiros lançamentos.
Me deram de presente uma assinatura do tal Spotify. “Tem tudo com somente 2 cliques!” – me disseram, entusiasmados. Aceitei, testei, realmente é uma mão na roda (se você não se importa em ouvir música via celular) e me acompanhou numa recente viagem à Bahia. Me fez refletir também em como as coisas mudaram desde que comecei a ouvir música a sério, como fã de “rock pauleira”.
***
Havia muito pouco disponível em 1985. Desse pouco, menos ainda chegava na minha pequena cidade. E desse pouquinho, tínhamos acesso a menos ainda. LPs eram caros, conhecia raríssimos fãs desse tipo de música e qualquer coisa que chegava aos meus ouvidos era ouro. Mesmo se fosse porcaria.
Ficava namorando as capas de discos na loja, deslumbrado com a arte. Ozzy, Dio, Maiden, Whitesnake, AC/DC, Kiss. Era fascinante, era perigoso, era… quase proibido. Não era bem visto pela sociedade majoritariamente católica conservadora da época. Nossas mães odiavam, o que aumentava ainda mais a vontade de ter e ouvir. Mas eu nem toca-discos tinha, somente um 2×1 portátil onde ouvia as duas rádios FMs locais e gravava fitas toscas sempre que rolava alguma música legal na programação. Invariavelmente, perdia o começo de todas. E foi nele que passei muito tempo ouvindo as fitas que gravava de amigos. De LPs ou outras fitas, que eram reproduzidas dezenas de vezes, e mal se ouvia o que estava tocando.
“Esse é o Dio“, “Sério? Tem certeza que não é o Ozzy?”
Alguém tinha alguma fita com “Piece Of Mind”, outro ganhou o LP “Powerage” de aniversário – “pode me emprestar pra eu gravar na casa do tio de um amigo?”. Já outro tinha “um rockão, cara, você vai pirar!”. Era Ted Nugent. Gravava tudo que colocava as mãos. Se alguém dizia que tinha um amigo no bairro tal que comprou o “Kiss da capa azul”, você perguntava o nome e que ônibus pegar até lá. Saía de casa num sábado antes do almoço, pegava 2 ônibus pro tal bairro, subia um morro, passava a caixa d’água municipal e ia perguntando: “você conhece um tal Vitor que mora por aqui?”… até achar o cara.
Batia a porta, se apresentava e explicava. “Sim, tenho um disco do Kiss, mas não empresto nem gravo porque meu cabeçote tá fudido”. Voltava pra casa de mãos vazias. Quantas vezes passei por algo parecido…
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E havia o tal Metallica, de quem ouvíamos falar o tempo todo, mas ninguém tinha ouvido, muito menos tinha algo físico. Todo novo amigo metaleiro que fazia já perguntava: “já ouviu Metallica?”. A resposta era sempre negativa. Tinha gente que pensava que era banda brasileira, por causa do nome com grafia e fonética meio latina. Demorou um tempão até conseguir ouvir algo deles. Um amigo de um amigo de um amigo veio dos States e trouxe uma coletânea caseira em fita, sem capinha, sem nomes de bandas ou músicas. “Ele falou que tem duas músicas do Metallica aqui!”. Ouvimos com atenção e aparentemente as identificamos, pela descrição que líamos na revista Metal.
“Porra, som massa! Metallica é foda!”
Aconteceu que as duas músicas que ouvimos por meses achando que era Metallica, na verdade era English Dogs. “Fight Fire With Fire” e “Ride the Lightning” passaram batidas aos nossos inexperientes ouvidos metálicos.
O começo foi assim, depois foi aos poucos mudando. Mais discos foram lançados no mercado brasileiro, mais fãs foram aparecendo, o metal ficou popular por aqui. Era difícil mas era legal. Bons tempos aqueles, em que eu tinha 8 ou 10 álbuns gravados em fitas cassete e ouvia a mesma coisa, over and over, até literalmente gastar (ou arrebentar) as fitas.
“Minha fita do ‘Metal Heart’ já era, me empresta a sua pra eu gravar de novo?”
Foi um longo caminho até os modernos “2 cliques”, mas fico feliz de ter testemunhado tudo de perto.
Foi lá no grupo de Acumuladores Colecionadores no Facebook q surgiu isto. Um colega ali estranhando a capa de seu “Slide It In” (Whitesnake) em LP conter uma foto miniatura da mesma. Q pesquisou por aí e ñ achou registro desse tipo de tiragem etc.
Tão logo me ocorreu a lembrança e a sensação idiota de “porra, como nunca falei disso no TCH?”, dei sequência ali no papo. Era de álbum de figurinha roqueiro dos 80’s. Ou Stamp Color ou Rock Stamp. Dúvida solucionada.
E o barato foi ver monte de gente, inclusive o dono do disco, completamente sem registro disso ter ocorrido. E é uma das minhas lembranças mais surreais: haver existido álbum de figurinhas de rock, hard, heavy metal. Quando eu estive na 2ª ou 3ª série.
Eu NADA conhecia sobre as bandas, ñ tenho nenhum desses álbuns hoje em dia, e ñ os colecionei até o fim. Mas tive até ñ muito tempo atrás figurinhas (cromos) de Ozzy (a grandona ali abaixo) e Lars Ulrich (fotos do encarte do “Master Of Puppets”) colados em móveis e/ou pastas velhas. Lembro de figurinhas de Jeff Beck, Iron Maiden, Twisted Sister e outros. Envolvia integrantes e capas de discos.
Revendo via Google… Putz, tinha figurinhas de capas de discos nacionais!
Alguém mais por aqui teve acesso a isso?
Já busquei em sebos e nada encontrei. Ñ sei usar ML, mas já vi à venda por aqueles “lados”. Morro de vontade de adquirir algum, mesmo q ñ 100% completo.
Alguém aqui tem algum desses pra me vender ou me compraria pra eu reembolsar?
Dependendo de onde você obtinha informação no começo dos anos 90, Sebastian Bach era ou um cara muito legal, ou um babaca completo. Assim rezavam, respectivamente, Rock Brigade e Bizz, naqueles tempos pré-internet.
A Bizz sempre odiou o Skid Row, sempre execrou hard rock e heavy metal e fez tudo para ridicularizar o estilo, até que a força das vendas os obrigou a colocar Metallica e Sepultura em suas capas, assim como o próprio Skid Row. E aqui entre nós, fãs assumidos e incontestáveis do estilo: porra, Skid Row era massa!
Eu sempre curti, e olha que hard rock não era muito minha praia. Seus dois primeiros álbuns são excelentes e dá pra escutar de ponta a ponta a qualquer hora do dia.
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E Sebastian Bach? Tião era um puta performer, cantava bem e encarnava o rock star hedonista e festeiro ao extremo, digno herdeiro de David Lee Roth. E tudo isso vem à tona em sua autobiografia, recentemente lançada no Brasil. Acabei de ler e recomendo a todos. Leitura rápida e divertida, como a música da banda que o fez famoso. Mas sua carreira não fica só nisso, vai além com participações em musicais da Broadway, seriados de tv e discos em carreira solo. Que, olha só, também são bem legais mas ninguém hoje em dia dá atenção.
Outra coisa que fortalece sua imagem de cara bacana são suas entrevistas em rádios e tvs que podem ser encontradas em abundância no You Tube. São hilárias. E Tião está sempre bem humorado, sorrindo e fazendo piada com tudo. Novamente David Lee Roth me vem à mente. Sempre o bobo da corte da hora. Nada de verniz pop/rock star, nada de distanciamento entre artista e fã. Somente um cara normal que sempre se considerou extremamente sortudo por fazer o que faz e obter sucesso e atenção.