QUARENTENA RULES
por Jessiê Machado
Nos últimos dias, tentando preencher o tempo na quarentena comecei a dar maior valor aos canais de streaming de filmes, no meu caso Netflix e Amazon.
Comecei pelo “Endurance”, documentário do Sepultura, mas não agradou e parei em 1/3 da película. Achei muito chapa branca, tipo biografia em 1ª pessoa, coisa que nunca me agradou. Ainda vou terminar, nem que gaste algumas semanas, em doses homeopáticas.
Só que quando joguei na busca “Heavy Metal”, procurando algum documentário ou até show que possa ser de alguma forma interessante, sempre via um tal de “Mudando o Destino” (“Metalhead”, em inglês), com uma garota de corpsepaint (Amazon). Nada que me atraísse, pois o nome é medonho e toda abordagem de heavy metal pelo cinema é um desastre, já que o estilo se resume a estereótipos. Tão somente.
Mas acabei cedendo depois de 1/3 de Sepultura e foi um achado!
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A maioria que hoje tem entre mais de 30 e quase 50 anos chegou ao heavy metal na adolescência (entre início dos 80’s e 90’s), por motivos geralmente ligados a dor, perda, inconformismo, solidão, sentimento de não pertencimento (talvez tudo junto) e encontrou no movimento certo amparo por encontrar pessoas que tinham empatia com seu interior, geralmente guardado debaixo de camadas de roupa preta, monossílabos, raiva e decibéis ensurdecedores de guitarra, baixo, bateria e voz (grave ou estridente).
Incompreensível para quase todos, o que gerava um mundo próprio cuja senha para pertencer era entender tudo numa simples primeira vista, cujo cartão de visitas, invariavelmente, passava pela sua camiseta e, na seqüência, duas ou três perguntas sobre que bandas curte e quais álbuns prefere. Quase sempre também carregado por um sentimento contrário à religiosidade, pois Deus deveria ter culpa por uma vida desgraçada. Enfim…
Todos estes sentimentos vieram a mim no decorrer do filme, aliados a uma trilha sonora de memória afetiva. Me deixou muito pensativo e mexeu muito com minhas lembranças, provocando reflexões. O que se espera de qualquer arte que não se atém a ser produto descartável de entretenimento em massa.
Talvez até pelo enredo alguns o encarem como uma “sessão da tarde” islandesa, o que não deixa de ser verdade. Mas é basicamente um belo filme europeu: denso, arrastado, pouco diálogo, belíssima fotografia e, principalmente, muito verossímil no aspecto “heavy metal” da coisa (que nem é o cerne, diga-se de passagem).
Tem, inclusive, uma passagem da personagem principal que seria algo como “Black, Led e Purple anunciaram, mas o Judas formatou a coisa toda!”, no que não deixo de concordar, em certo aspecto. A dor dela é palpável e a acidez, de uma forma européia, hilária.
Recomendo veementemente aos amigos e paro por aqui, para não atrapalhar a sessão.
André
29 de março de 2020 @ 13:45
Eu assisti Trick Or Treat, o filme com o Gene Simmons e o Ozzy. Passável.
Marco Txuca
30 de março de 2020 @ 03:19
Isso é coisa antiga? Lembro ter visto algum filme com Gene Simmons em q ele interpretava um policial. Existe?
Por outro lado, o “Metalhead” citado pelo Jessiê, tb tenho a impressão de ter visto o trailer num cinema recentemente. Se bem q a memória falha e eu posso estar confundindo com algum filme-comédia sobre black metal (acho q norueguês) q uma vez foi postado aqui.
E acho interessantíssimo o quanto o heavy metal parece ter sido incorporado na cultura dos países nórdicos. Se vê trechos de “The Voice” (ou coisas do tipo) desses países, e até de países de Leste Europeu, e é fácil ter candidatos cantando metal. De Blind Guardian a gutural.
Lembro q a treta Nightwish x Tarja chegou a dar primeira página em jornais normais da Finlândia. Nightwish ainda hoje é do tamanho lá q uma Ivete Sangalo é (ainda) hoje aqui.
Praqueles lados o Agro ñ é Pop.
Jessiê
30 de março de 2020 @ 22:22
Tenho o mesmo sentimento Txuca e vale ressaltar que o filme em questão é ambientado no final da década de 80 até meados de 93. No início cheguei a achar que era o tal filme comédia postado por aqui (creio que o marZ assistiu) porque tenho por hábito não ler as resenhas previamente para não formar juízo.
märZ
31 de março de 2020 @ 07:27
Trick Or Treat é muito ruim!
Marco Txuca
31 de março de 2020 @ 17:47
De q se trata esse “Trick Or Treat”? Ozzy e Gene pedindo doces de porta em porta?