“ENCARTE”: JON WIEDERHORN

Meio atípico hoje: trechos de pré-epílogo de “Barulho Infernal: A História Definitiva do Heavy Metal” (2013) – pq o epílogo é de Rob Halford – do mesmo Jon Wiederhorn & Katherine Turman:

“O desenvolvimento do heavy metal é como a evolução de um vírus. Organismos microscópicos se replicam dentro de células vivas e, para garantir a própria sobrevivência, se adaptam e sofrem mutações ao longo de gerações. Não que os headbangers pareçam de uma doença debilitante. Pelo contrário, o relacionamento entre os fãs e o ‘vírus do metal’ é simbiótico, e, uma vez infectados, o hospedeiro ganha força e, pelo menos durante um tempo, prospera em meio ao caos, à agressão e ao senso de individualidade e comunidade que o metal proporciona. Diversas bandas de metal entendem a qualidade contagiante da musica que criam: o Anthrax chamou seu segundo disco de Spreading the Disease [Espalhando a Doença], em 1985; o Carcass deu nome ao seu disco de 1989 de Symphony of Sickness [Sinfonias da Doença]. E o single “Down With the Sickness” [Abaixo a Doença] alavancou a carreira do Disturbed em 1999.

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O principal erro cometido de forma consistente pelos ignorantes é não se dar conta de que, quanto mais eles rejeitam a música, mais apaixonados se tornam os fãs com relação à força que os ajuda a encarar o dia. Como um virus, o heavy metal cresceu tão rapidamente e passou por tantas mutações que todos os metaleiro não cabem debaixo da mesma égide. Você não vê muitos fãs do Deicide ouvindo Mötley Crüe, nem fãs do Tool fazendo fila pra ver um show do Napalm Death.

Mas não há problema quanto a isso; a infecção ganha força na adversidade, e a necessária polinização cruzada dos subgêneros do metal ao longo dos anos manteve o gênero vital, apesar das gravadoras e outras entidades corporativas terem tido que lutar para acomodar o estilo em seu catálogo, classifica-lo e explora-lo comercialmente. O metal é uma doença infecciosa; uma fera a ser respeitada, e não enjaulada. De certa forma, é como o Exterminador do Futuro: ‘Ele não pode ser chamado à razão. Ele não sente pena, remorso ou medo. E não vai parar – nunca!’

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Até que isso seja possível, porém, a atual safra de bandas de metal continuará a afetar e a infectar. Os sobreviventes de épocas passadas continuarão se ajoelhando diante dos altares dos heróis do metal, ao passo que as novas gerações de terroristas do som – sejam eles metalcore, deathcore, avant-black metal ou um subgênero ainda a ser descoberto – continuarão se formando e sofrendo mutações para deixar sua marca e lutar pela sobrevivência. Contanto que haja ira, privação de direitos, corrupção, abuso e angústia, o micróbio do heavy metal seguirá se multiplicando e procurando novos e condescendentes hospedeiros”.