DOSE DUPLA DE ROSS HALFIN
“Iron Maiden – The Photographs”, Ross Halfin, Omnibus Press, 2006
“Metallica”, Ross Halfin, Omnibus Press, 2005
+
Quando da resenha do “1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer”, em início de outubro último, lembro do camarada doggmático argumentando sobre uma “fonte física” necessária de leitura, consultas etc. Com a qual concordei: listas de melhores álbuns ou músicas existem a rodo na internet, assim como fotografias. Inclusive fotografias de bandas ahah
Por isso q, aproveitando essa deixa, resolvi resenhar recomendando fortemente o 1º, e mais ou menos o 2º livro. Vou explicando.
Ross Halfin é fotógrafo conhecido, dos mais renomados do rock. Alguém q em tempos de internet, resolveu compilar fotos de duas das maiores bandas do heavy metal (senso comercial afiado!) e ganhar uns troquinhos. Ñ acho errado, tanto q o resultado em “Iron Maiden – The Photographs”, q ganhei da Patroa já vai fazer 5 anos (putz), acho simplesmente soberbo.
São duzentas e poucas páginas (ñ vêm numeradas e ñ achei referência adequada pra citar), em formatão e papel especial, de fotos as mais variadas, apresentadas em ordem cronológica e cobrindo praticamente todas as formações da Donzela. Ao menos, todas as formações q gravaram discos: tem fotos com Dennis Straton, com Paul Ba’Ianno (a q abre o livro é com o sujeito se maquiando num backstage), com Blaze Bayleya… Indo até a época do “Dance Of Death”, com o único período/turnê sem fotos (ñ) contemplado sendo o da safra “Seventh Son Of A Seventh Son”.
Fotos dos caras bêbados, nos 2 Rock In Rio‘s de q participaram (no 1º, constando fotos de Steve Harris e Dave Murray no Cristo Redentor e com uns trombadinhas na rua), tomando banho juntos (!!), passando som em palco (nos tempos de antanho) e muitas delas (maioria) em shows. As do palco da tour “Powerslave”, simplesmente sensacionais, valendo a bagaça.
E muitas delas acompanhadas de comentários sarcásticos de Halfin, como uma de Nicko McBrain, q o comentário é “Nicko parecendo humano”. Minha preferida, no entanto, são duas: Bruce Dickinson na página à esquerda, Blaze na à direita. Poses parecidas, figurino similar, iluminação idêntica. Pra Halfin comentar: “vejam o novo chefe. Ñ tão bom quanto o velho chefe… Enfim, Blaze era um cara legal e ele tentou”…
O livro tem 4 prefácios:
- o inicial, do próprio Halfin, falando dos primórdios de seu trabalho, de quando ganhou o 1º trocado profissionalmente tirando fotos duma banda – Gloria Mundi. Alguém já ouviu (falar)? – empresariada por Rod Smallwood, e conseqüentes reencontros com o próprio e com o Iron Maiden q se desenvolvia
- um, dum certo Geoff Barton, chapa das antigas de Halfin, falando de como se conheceram e de entrevero entre Halfin e Lars Ulrich, q ñ consegui entender direito
- os demais, a cargo de Rod Smallwood e Steve Harris, frisando o clima cordial entre todos eles, ratificando o valor fotográfico do sujeito e elogiando, à moda inglesa (mordendo e assoprando) um certo humor desagradável – Steve Harris diz “obnoxious” – do homem
No meu entender, “Iron Maiden – The Photographs” consegue entregar detalhes do Iron Maiden q Sam Dunn Ñ CONSEGUIU em “Flight 666”. Pena a versão importada ser um tanto cara; melhor q (em função dos shows recentes por aqui) existe uma traduzida, “Iron Maiden – Fotografias”, cuja foto de capa é dos caras num palco, público ao fundo (Halfin diz ter inventado esse tipo de foto), em show da turnê “Brave New World”. Recomendo, enfim.
***
Por outro lado, o q temos em “Metallica” contrasta fortemente com o livro anterior
- A ordem cronológica é sugerida, mas ñ rigorosamente apresentada (no do Maiden há umas atropeladas, mas ñ tanto como aqui. Q há fotos do show do “black album” pra voltar a show do “Master Of Puppets” ou alguma foto do Cliff Burton)
- Na apresentação pior: fonte utilizada em títulos usa letras tombadas, q ficaram esquisitas, como ainda contendo erros grosseiros, de imagem sendo duma época e a legenda dizendo ano completamente outro
- alguns dos comentários de Halfin ñ têm a mesma veia irônica dos dirigidos a Steve Harris e companhia
As fotos constantes – tb num tanto de duzentas e tantas páginas, mesmo tipo de papel e formato – compreendem eras “Master Of Puppets”, “And Justice For All” (q palco era aquilo?!), “Metallica” e “Load”. Dá impressão de menos histórias a contar, mas tb por o Metallica ser banda mais nova e dada a fotografias tardiamente na carreira. Nesse sentido, falta variação, embora tb constem fotos dos caras no Rio, São Paulo, Japão… Usando camisas de bandas (Tankard, Misfits, Beastie Boys, Faith No More), o q deixaram sumariamente de fazer. Com roadies (no do Maiden, ñ há isso). E NENHUMA foto em estúdio.
Mas o q me chamou mais atenção, sintônico a esse desleixo na organização e monotonia (muitas fotos parecidas), foi algum CLIMA ruim entre Halfin e o Metallica. Ñ há abundância de prefácios: apenas 1, por Kirk Hammett. E uma intro e um posfácio (na contracapa) do próprio Halfin, alfinetam a banda:
“eu os conheci quando eles eram jovens, entusiasmados e empolgados em serem fotografados. Positivamente você pode vê-los (jovens, entusiasmados e empolgados) nas fotos deste livro. A última vez em q os vi, eles estavam cercados de seguranças e assistentes pessoais. Meu, como os tempos mudaram…” (na intro)
“este é o Metallica antes deles fazerem qualquer dinheiro. Mais à frente, no livro, após eles terem ganhado um monte, eles estavam diferentes (…) O livro fecha com a turnê do “Load” – a última vez em q os fotografei. Após esta, eles restringiram acessos e nada mais foi o mesmo (…) Eu gosto especialmente das fotos mais antigas, q eles tiravam se divertindo e ñ com propósitos artísticos”
A intro do Kirk reforça algumas contrariedades – o título é “The Agony And the Ecstasy”… – cita por alto a treta com o Lars (a ver com Halfin querer pintá-lo de prateado), citada no livro do Maiden, e descreve simpaticamente como Halfin gritava com e/ou insultava pessoas nas locações, os deixava putos – e vice-versa – nalguns momentos, na busca por alguma locação exótica ou alguma parede branca pra fotografá-los e etc. Para, no fim, reconhecer, meiguinho, o valor das fotos do inglês para a banda (“muitas das fotos se tornaram sinônimos do Metallica e passaram pelo teste do tempo”) e contra-atacar com “agora todos nós temos q convencê-lo a trabalhar de novo conosco”.
An-ran.
De qualquer modo, recomendo fortemente “Iron Maiden – The Photographs” e mais ou menos “Metallica” (q ñ sei se tb saiu traduzido). O 1º vale comprar, enquanto q o 2º vale curtir ganhando em aniversário ou Natal… ainda q comigo tenha se dado o contrário eheh
***
CATA PIOLHO CXCVIII – a idéia inicial era apontar o chupim e o auto-chupim de “God Save the Queen” (Sex Pistols), respectivamente cometidos pelo Toy Dolls, em “Charlie’s Watching”, e pelo Neurotic Outsiders, em “Jerk”. No entanto, ao reouvir a do Toy Dolls, percebi se tratarem, as 3 envolvidas, de convenção de rock’n’roll antigo apropriado tvz sem permissão…