40 ANOS DEPOIS…

… o q ficou?
… o q ficou?
Longo (eu mesmo não vi tudo ainda, parei na safra “Load”), mas didático e necessário.
Riffs e bases do Metallica q não são de James Hetfield. Inclui criações do Lars.
Pra desmistificar o “Papa Hetfield” e toda sorte de integridade forçada a ele atribuída. Pra levantar um pouco a moral do funcionário do mês perpétuo Kirk Hammett, q criou o maior hit dos caras, oras.
E tb pra colocar Cliff Burton e Dave Mustaine em seus altares devidos. Fonte: um tal Ake, q cita outros vídeos anteriores e/ou similares, então a epistemologia segue.
Tipo esquema de pirâmide reverso.
Duas coisas q eu ñ sabia até agora sobre o “Master Of Puppets”. Só eu q ñ?
Cuidado com o q se deseja, hum?
Fonte: página do disco no Metal Archieves https://www.metal-archives.com/albums/Metallica/Master_of_Puppets/547
Uma tese q tenho – ñ comprovável – é a de q, estivessem vivos Jim Morrison e Janis Joplin matariam (ou ñ) seus fãs de desgosto e/ou de herpes psicossomática se mostrando conservadores/reaças.
Aquilo de defender os EUA e sua política externa “civilizatória”, ou aplaudir a bandeira depois de velhos. Atualizando: seriam trumpistas e, quiçá, anti-vacina.
Exagero?
Cortemos para os tempos presentes, de negacionismo e anti-vax (aliás, um ‘movimento’ já presente nos States ñ de hoje), e a notícia de q o baterista do Offspring foi demitido por se recusar a tomar a vacina anti-Covid.
Motivo? Sujeito (Pete Parada) tem uma síndrome genética e ACHA q a vacina pode fazer mal. Uma parada toda errada.
Alguma controvérsia parece estar rolando entre os line-ups de Testament e Destruction, mas ñ me informei bem ainda.
***
Temos acompanhado adoidado o negacionismo escroto de Eric Clapton, o negacionismo bravateiro de Roger Daltrey e o negacionismo discreto (ou descrente?) de Brian May. James Hetfield veio com papinho de ñ querer tomar vacina, e abafou-se a história.
(alguém na “família Metallica” deve ter dado um esporro)
Por isso, fiquei especulando quais músicos falecidos provavelmente estariam anti-vax atualmente, os q estariam muristas e os q já teriam tomado qualquer dose de qualquer uma de boa, sem stress. Sem polêmicas para podcasts.
Convido o pessoal aqui a concordar, discordar, acrescentar.
****
Negacionistas totais: John Bonham, Keith Moon, John Entwistle, Cozy Powell, Ginger Baker, Johnny Ramone, Euronymous, Brian Jones, John Lennon, Chuck Berry e Dio
[conversando com Jessiê, ele me lembrou de Jeff Hanneman. Pois é]
Adesistas sem stress: Joey Ramone, Dee Dee Ramone, Cliff Burton, Jimi Hendrix, Jon Lord, André Matos, Kurt Cobain, Paul Baloff, Eddie Van Halen, Phil Lynott
Alguém de quem eu lamentaria muito um negacionismo seria Lemmy Kilmister. Ou Neil Peart. Ñ acho q sim nem q ñ. Ñ sei se poria a mão no fogo.
E na praia dos muristas ou de quem ñ consigo precisar opinião, listo Dimebag e Vinnie Paul, Freddie Mercury, Raul Seixas e Frank Zappa.
PS – Elvis Presley ñ incluí pq a pauta só aborda artistas falecidos
(a lista mais difícil de fazer nesta série mensal)
MINHAS INTRODUÇÕES DE BAIXO PREFERIDAS:
* falávamos na lista anterior de impossibilidade de “intro baterística” em “Sole Survivor” (Helloween), devido ao acompanhamento de guitarra. “Peace Sells”, assim como “Souls Of Black” (Testament) ou “Stone” (Alice in Chains) têm baixo acompanhado de bateria. Bateria tradicionalmente ñ é considerado “música”, então vale introdução de baixo acompanhada só por bateria
Se ñ for o caso, eu tiro “Peace Sells” e acrescento “Would?” (Alice in Chains) ou “Have A Cigar” (Pink Floyd) em décimo.
****
A pauta é dupla hoje, por conta da morte de Martin Birch, maiúsculo e excelso produtor:
Daí propor uma lista adicional hoje: a de MEUS ÁLBUNS PREFERIDOS PRODUZIDOS POR MARTIN BIRCH
* nesses, é creditado como “engenheiro”, mas o senso comum credita a produção.
Quando da entrada de Jason Newsted pro Metallica, por conta da óbvia vaga deixada por Cliff Burton, se ficou sabendo terem sido testados músicos ilustres, como Pepper Keenan (do Corrosion Of Conformity) e Les Claypool, q ainda ñ tinha o Primus. Entre outros, q ñ me ocorrem agora.
A questão é q no fim dos 80’s ainda ñ existia o “efeito the Osbournes”, pra q James Hetfield e seus sócios tivessem feito onda pra cima do evento (vide os testes q resultaram na entrada de Robert Trujillo estarem disponíveis no You Tube). Ficaram os relatos e memória, ficou a História.
[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=uS6gwp6SeXM[/youtube]
E ficou o vídeo acima, em q Les Claypool brevemente descreve a experiência, já longínqua.
E q a mim soa interessante pelo distanciamento: Hetfield, em imagem de VH1 recuperada, descrevendo a incompatibilidade real: “tocava demais” (sic). Assim como Claypool, racionalizado, amenizar q the thing that should not be, já q nem era tão fã da banda, “só curtia o ‘Ride the Lightning’, e tal”.
Comparem-no à sua fala final, mais antiga, sobre a reação de ñ ter entrado pra banda ahah
Dedicatória contida em “The Sane Asylum” (1988)…
“This album is dedicated to the lives, memories, and spirits of Joe Maloney, Blonde Haired Bob, Steve Sam Rice, Cliff Burton, John Lennon, and Scott Knowland”
… e um ‘ñ agradecimento’:
“No thanks to… well, you know who you are and we know where you live. Especially you Jay Barr“
Excertos de longo release de Dave Mustaine na versão remasterizada (2004) de “So Far, So Good… So What!” (1988):
“Because of the success of PEACE SELLS I decided to use Paul Lani again to do this record with me, but we had a falling out while I was in Woodstock, NY, with him mixing the record. Paul was having a hard time working with the antiquated gear and I caught him outside feeding peeled and cored apples to the deer in his bun-huggers, and that was if for me. I came back home to L.A. and Michael Wagener was called in to rescue the project. The production was horrible, mostly due to substances and the priorities we had or didn’t have at the time; and by this time Capitol was aware that we were the ‘real deal’ when it came to being bad boys, and they just wanted us to finish the record, get it to them, and move the project along so that we wouldn’t be any more of a risk for them in a studio. We were less of a danger in your hometown than theirs. So we were sent off on tour.
(…)
The songs that make up this record included a couple of firsts. Set the World Afire was the first lyric that I had written when I left Metallica, except it was called Megadeth at the time, and was also the first music piece that I had written as well once I left. However, I never released anything until I felt it was time or it was ready to be experimented with. There was also another first with In My Darkest Hour, which was the first song I’d ever written in one sitting, from beginning to end, and this was done when I had heard that my friend and former partner Cliff Burton had been killed in a bus accident in Europe. That was the day that my understanding of ‘being there for you’ was born.
(…)
And I would like to respectfully thank Paul Lani and Michael Wagener for trying their best to make this record sound good with what they were given; yes, we were wild men, and that came across on the takes. But that ‘wildness’ also made their jobs very difficult. Gentlemen, you did a great job with whom – or should I say ‘what’ – you had to work.
LOVE AND BRUISES, DAVE MUSTAINE“
“Out Of Order”, Nuclear Assault, 1991, I.R.S./Under One Flag/Music For Nations/Relativity
sons: SIGN IN BLOOD / FASHION JUNKIE / TOO YOUNG TO DIE / PREACHING TO THE DEAF / RESURRECTION / STOP WAIT THINK / DOCTOR BUTCHER / QUOCUSTODIAT / HYPOCRISY / SAVE THE PLANET / BALLROOM BLITZ [Sweet]
formação oficial e formal: John Connelly (lead vocals & guitar), Anthony Bramante (lead guitar, backing vocals & lead vocals on “Doctor Butcher”), Dan Lilker (bass, backing vocals, lead vocals on “Hypocrisy” & keyboards), Glenn Evans (drums & backing vocals)
filigranas contidas no encarte: all rhythm guitars performed by Anthony Bramante except “Preaching to the Deaf” & “Quocustodiat” performed by John Connelly // middle crunch on “Stop Wait Think” by Glenn Evans // “Ballroom Blitz” performed by Dan Lilker & Casey McMackin (produtor); lead vocals by Glenn Evans, Dan Lilker and Anthony Bramante // all acoustic 6 and 12 string guitars performed by Glenn Evans, except acoustic lead on the intro to “Save the Planet” performed by Anthony Bramante // lead guitar tracks on “Hypocrisy” and intro on “Fashion Junkie” performed by Dan Lilker; “Quocustodiat” and middle on “Preaching to the Deaf” performed by John Connelly; 1st & 3rd leads on “Too Young to Die” performed by Casey McMackin // middle keyboard solo on “Save the Planet” by John Quinn
–
Num Nniverso Paralelo Qualquer, ou num mundo ideal, ou numa cosmogonia psicótica peculiar (o MEU mundo ideal, e sua ameça de irromper e tomar conta de vez), o Nuclear Assault é o Metallica e o Metallica é o Nuclear Assault. Dan Lilker ñ morreu soterrado por busão na Suécia, mas a formação se manteve parecida, com um guitarrista solo meio prego e um baterista de assinatura e timbres próprios, meio dono da banda na surdina e no limiar técnico do tosco. Só ñ nórdico e meio boiola.
Nessa realidade, “Handle With Care” é o “Metallica”, q enfrentou resistências semelhantes dos fãs radicais, pouco menos. Por conta de só uma balada gravada, sem Michael Kamen, “Trail Of Tears”, e pela turnê com mosh pit interrompida, devido a queda de John Connelly ali dentro (num show na Albânia), q redundou em meses de estaleiro e milhões de dólares menos nas contas bancárias. Se venderam, mas ñ puderam passar o recibo. Nada, porém, q minasse a integridade da banda q, com “Out Of Order” e o “Something Wicked” – já sem Lilker (q preferiu voltar ao Anthrax) e Anthony Bramante (q resolveu se dedicar à criação de fungos em cativeiro, visando o cartelizado mercado de probióticos japonês) – seguintes cometeram seus “Load” e “Reload”.
Mais ou menos. Ñ chegaram a ser convidados pra fazer trilha de “Missão Impossível”, tampouco rolou disquinho morno com orquestra. Continuaram, outrossim, contando com expectativa e condescendência maiúsculas dos fãs antigos e resilientes, q passaram a demandar um próximo disco muito foda, q voltasse aos dias de “Survive” e “Handle With Care”. “Third World Genocide”, de 2005, satisfez 40% desses otimistas, enquanto q os demais 60% ainda o agüardam, tanto quanto a improvável renúncia de Silas Malafaia ao Papado no Vaticano. Pff!…
Cabe dizer ainda, nestas outras circunstâncias cósmicas, q o Nuclear Assault por ali jamais cometeu algo como “St. Anger”. Q lugar lindo e higiênico para se viver!
***
Mas é desta nossa realidade, ou delirante ficção compartilhada, q se trata a resenha e o blog. “Out Of Order” tb por aqui ñ é o melhor álbum do Nuclear Assault. Nem o mais inspirado. Mas tb ñ acho o pior. Por outro lado, é o disco de q mais se poderia prestar a análises detidas e curiosas sobre as reais intenções por detrás. Se era pra ser álbum mais acessível ou comercialmente viável, fiascou. Se feito por pressão de contrato, ficou a (de)ver. E se era pra ser álbum mais maduro e aprimorado nos requintes técnicos e líricos, tb deu em nada. Q merda.
Trocando em miúdos: o álbum coerentemente inicia onde “Handle With Care” terminara. Na “Trail Of Tears”, lenta e com violões. A ñ ser por “Quocustodiat” e “Hypocrisy”, únicas mais rápidas q caberiam nalgum álbum anterior (a 2ª chega a ter blasts), todos os sons em “Out Of Order” têm o freio de mão puxado, violões e até teclados (vide ficha acima). São extensos, às vezes demais, no q ñ restou qualquer espaço para as sacrossantas vinhetas de outrora. O cover afrescalhado de Sweet tb ñ ajudou.
Só q esse foi um caminho lógico na trajetória deles. Coerente até, insisto. E tb algo defasado: ñ tinha como eles saberem q o paradigma vindouro seria o da diluição, devido ao “Metallica” lançado 28 dias antes, no mesmo 1991. Se o Nuclear Assault, tanto quanto o Sodom e um pouco o Overkill, foram as únicas hordas thrash a ñ se afetarem pelo Metallica mainstream, por outro lado foi pior pros novaiorquinos terem se escorado no paradigma antigo, do Metallica com Cliff Burton… Tiro n’água: ninguém curtiu.
Os caras evoluíram tecnicamente, quiseram fazer sons mais ambiciosos e ousados. E até o conseguiram, vide “Save the Planet”, quase uma “Orion” deles. Mas ñ tinham tanto repertório técnico, cabedal ou infra estrutura na cadeia alimentar pra alçar tal vôo. Tvz se tivessem lançado antes mais 1 ou 2 álbuns na veia antiga teriam obtido o habeas corpus pra ousar. Encher as músicas de partes de solos não resolveu muito. Deram o passo maior q as pernas.
Uma estranheza: tb em 1991, Connelly desovou o único lançamento do projeto paralelo/carreira solo John Connelly Theory, “Back to Basics”. Sei lá em q mês, se antes ou depois ou DURANTE a feitura de “Out Of Order”.
Verifica-se, neste aqui, as autorias dos sons compartilhadas entre todos dum jeito q ñ se via nos álbuns de antes (majoritariamente compostos por Connelly e Lilker), fora uma esquisitice complementar: Connelly participa autorando (“Quocustodiat”) ou co-autorando 3 sons. Participou mais fazendo e co-escrevendo letras. 7. Menos mal. Se por uma questão de democracia todos estavam envolvidos e animados com a banda, ñ funcionou; Steve Harris, Dave Mustaine e Lars Ulrich & James Hetfield Ltda. legaram ao mundo o senso de q democracia em banda raramente funciona. Se isso, por outro lado, se deu por falta de inspiração ou de envolvimento suficiente de Connelly, todos saíram perdendo igualmente.
A quem conhece, e desgosta de “Out Of Order”, a propósito, recomendo “Back to Basics”, mais próximo do Nuclear Assault primordial e “clássico” (vinhetas incluídas) q este. O nome decerto entrega. Mas ñ exatamente uma coisa inspirada ou diferenciada: carreira solo redundante, tais como as de Dave Matthews e Ian Anderson ahah Sei lá se o cara estava “se achando” e meio rancando fora, ou se as desavenças criativas começavam a aparecer… O baixinho nunca foi um Dave Mustaine, mas ñ ocupou lacunas q ficaram evidentes.
Por outro lado, as letras mantiveram-se interessantes, alternando sarcasmo e contundência, das quais destaco a sintomática “Sign In Blood” (reclamação indireta sobre bandas forçadas por contrato ou empresariamento a gravar disco – !! – e sair em turnê), a esquisita “Preaching to the Deaf” (Connelly conversando com um pregador messiânico), a tr00 “Resurrection” (Connelly e Lilker descendo o malho no poperô e no rap, de artistas q fazem sucesso cometendo hits de partes de músicas alheias), “Doctor Butcher” (Bramante queixando-se de médicos q tratam os pacientes na base do dar uma receita e dispensar rapidinho) e a panfletária “Hypocrisy”, de letra e vocal de Lilker, em q o mesmo cospe abelhas africanas contra o Papa e a Igreja Católica em suas proibições ao aborto e à camisinha.
***
Nenhuma delas, entretanto, q mereça um Nobel de Literatura. Musicalmente, apenas trechos de “Stop Wait Think” e “Save the Planet” saem do mediano puro e simples. O “Something Wicked” posterior tb ñ ficou grande coisa (e pra mim é o pior), mas ao menos soa mais a ver com o Nuclear Assault inicial, até pelo Connelly ter reassumido algumas rédeas.
É q, pra resumir, gosto muito da banda (mesmo nos piores momentos) pelo q ficaram pelo caminho, meio mulambos, meio falidos, a despeito dum potencial inegável, e vejo q “Out Of Order” ficou pra História como o álbum ignorado dos caras. (Ñ ter saído uma versão nacional até hoje tb colaborou pra isso). Há álbuns, ditos fodas, de bandas ditas fodas hj em dia q considero piores. No sentido de medianos, descartáveis ou irrelevantes após 3 ou 4 audições. “Out Of Order” pode ser acusado de tudo – os vocais continuaram impagáveis, os solos de guitarra toscos e a bateria torta, como sempre – menos de ser artificial. É fraco, mas eu gosto.
Ah, e ainda ñ entendi q catso quer dizer “quocustodiat”.
E eu tb curto essa capa.
*
*
*
CATA PIOLHO CCXVI – o Accept vem aí, edição especial à volta deles: “Beat the Bastards”: The Exploited ou Accept? // “Locked And Loaded”: Halford ou Accept? // “Revolution”: The Cult, Judas Priest ou Accept?
Mais um momento de revisitar o diploma de datilografia. Mais uma matéria velha de jornal q guardei esses anos todos – sei lá pq – agora sobre o Metallica e o show deles por aqui em 1992, no finado Parque Antarctica.
Saiu na Folha de S. Paulo, tem uma entrevista com Jason Newsted e uns trechos bestas q poderei copiar por aqui se alguém interessar. Por ora, copio uma “avaliação” feita por Thales de Menezes, sobre a banda e o heavy metal em geral.
GRUPO TENTA ACABAR COM IMAGEM “SÉRIA”
As bandas de rock pesado são todas iguais. Fazem a música dos hormônios em ebulição, um rito de passagem da adolescência. As bandas não precisam mudar porqque é o público que muda no lugar delas. Depois de um tempo batendo a cabeça na parede, o carinha deixa de ser teen e vai ouvir outras coisas.
Aí aparece o Metallica e joga areia nessa teoria. O quarteto californiano consegue a façanha de fazer metal “adulto”. Claro, a grande maioria de seu público ainda é teen, mas o Metallica é aquele grupo de que o sujeito madurão pode dizer que gosta sem passar vergonha. Tudo isso porque o Metallica vestiu a camisa de banda “séria”.
Essa seriedade começa no visual. Calças, pretas ou jeans, sem apliques, sem buracos no joelho. Camisetas brancas ou pretas, sem nada escrito. Nos pés, tênis ou botas, brancos ou pretos. Esse mundo em preto e branco está transposto nas músicas. Nada de garotas, nada de satanismo de gibi. James Hetfield e Lars Ulrich escrevem como discípulos diretos de Lovecraft.
O Metallica é tão sério que já foi o grupo mais mal-humorado do planeta. Tão mal-humorado que escolheu para o videoclip de “One” algumas cenas de “Johnny Vai À Guerra” (Johnny Got His Gun, 71, dirigido por Dalton Trumbo), forte concorrente a filme mais soturno da história do cinema. Tão mal-humorado que fez um disco que tem a capa preta com o nome da banda escrito em preto e um desenho também feito em preto.
Será que eles são assim mesmo, tão chatos? Nos últimos anos, o quarteto tenta de todas as maneiras passar uma borracha nesse rótulo. Não chegaram ao ponto de vestir bermudas, mas dão risada, topam participar de promoções com os fãs e fazem piadinhas quando agradecem o monte de prêmios que recebem. Ulrich, o baterista e espécie de líder da banda, é o mais falador. Segundo ele, a banda ficou mais descontraída depois de superar o trauma da morte do baixista Cliff Burton, num acidente de ônibus, há cinco anos. “Parece que todos perceberam que a vida é curta e precisa ser aproveitada”, filosofa.
Ajudou muito a entrada de Jason Newsted. O substituto de Burton é brincalhão, skatista e mulherengo. “Só faço aquela cara de sério nas fotos porque está no meu contrato”, brinca o baixista. Kirk Hammett, na guitarra solo, é tímido e, de uns tempos pra cá, sorridente. Toda a faceta ranzinza do Metallica ficou concentrada no vocalista e guitarrista Hetfield. Foi ele quem cuidou da concepção do clip de “Unforgiven”, os dez minutos mais opressivos e angustiantes que já passaram na MTV.
Mas até essa postura de Hetfield parece estar mudando. Quem o encontrou nos últimos shows diz que mesmo ele está diferente, querendo passar imagem de boa-praça. O jeito é ir até o hotel e conferir esse “novo” Metallica. A música continua sorumbática e macambúzia, mas heavy metal é para essas coisas.