Meu 3⁰ show dos caras em menos de 6 meses, os 3 em Sescs diferentes, e ao mesmo tempo um pouco parecidos. Sim e não.
Desta vez, fui com a namorada e com o olhar pro público – como o Leo apontou outra vez – diferente: é uma banda de pretos q atrai pretos, periféricos, LGBTQA+ (mudou a sigla de novo?) (muita menina lésbica no rolê) e molecada q ñ se vê em show de Shamangra ou mesmo Krisiun, Crypta e RatosdePorão.
Ñ pq os 3 últimos citados sejam sectários: daí entra o fator identificação, com a cor e com a idade. E com o discurso, repleto dum lugardefala q mesmo os brancos simpatizantes ñ conseguem ter mais. (Alguém mais soube de Fernanda Torres verbalizando isso?). Ñ depois dos RacionaisMC’s, “SobrevivendoNoInferno” e o honoriscausa a eles (Racionais) consagrado recentemente pela Unicamp.
Tiozinhos fãs de newmetal tb tinha. Um chegou a me cumprimentar pela semelhança com o vocal do SystemOfADown ahahah
Ñ acho ruim. Mesmo. Mas passo ao show: uma hora e meia de repertório bem parecido com os do ano passado: “Padrão é o Caralho”, “Fogo nos Racistas”, “Moshá”, o cover de ElzaSoares com citação de “Negro Drama”… Só q tocados com ainda mais pegada e raiva. É nítido q a “estrada” está fazendo bem pra eles.
Rolou a roda só com as mulheres (e dessa vez Debora ñ foi…), o pula-pula catártico em “Fogo Nos Racistas”, o discurso bem humorado do baixista Chaene – q repetiu grato estarem vivendo de banda, e agora com endorsee de Tagima e Nagano – o baterista Pancho vir saudar amigos e aquele clima goodvibe, ñ forçado e q ñ aliena o discurso.
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Rolaram sons novos do ep em inglês, o vocalista/guitarrista Charles dando um mosh na platéia tocando guitarra e os três, antes e depois do show virem trocar idéia, tirar selfie, vender merchan.
O q uma banda do tamanho, da responsabilidade e do potencial pra crescer ainda mais, TEM Q fazer.
Curti. Debora tb, e agora é esperar disco novo (prometido pra 2024) e outros shows. Cada dia mais sujo e agressivo é o RatosdePorão, o próprio JG fala isso toda vez; mas o BlackPantera vejo cada dia mais agressivo e representativo.
E isso, fora inédito pra nossos padrões do caralho, é bom. Q venham outras bandas sintônicas pra tocarem junto. Q o metal feito no Brasil deixe de ser “metal nacional” e passe a ser mais plural e inclusivo.
E isso considerando os déficits das memórias cognitiva e afetiva envolvidos. Pq: 1) ñ sei quantos shows do Ratos já vi (com esses, só em 2019 foram três); 2) estive no show de lançamento do “Brasil”, em 1989, quando Jão e cia. abriram pro (dividiram a noite) Sepultura – q lançava o “Beneath the Remains” – no extinto Projeto SP, meu primeiro show de heavy metal q, por mais q eu mal me lembre, tenho q deve ter sido MUITO foda.
E estou falando do show da sexta-feira. Q ñ foi muito diferente do da quinta: “Brasil” tocado inteiro e na ordem + bis. O bis na quinta ñ teve “Crocodila” nem “Sofrer”.
“Brasil”. Tocado. Inteiro. E. Na. Ordem. Ñ tem como superar. Nem o q dizer. Imaginem.
E no momento de MERDA q estamos vivendo. Com o pior presifake da História, tudo fez muito sentido: “Amazônia Nunca Mais”, “Retrocesso”, “Farsa Nacionalista” (o Hino Nacional Bolsonarista), “Porcos Sanguinários”, “Máquina Militar”, “Terra do Carnaval”…
Gordo alterou algumas coisas: “ei, bolsominion, olha só o q vc fez…”, disse q “Vida Animal” ñ fazia sentido antes e a rebatizou como “Melô do Bolsominion”. Estava recuperando de pneumonia (um detalhe: shows quinta e sexta + sábado em São José dos Campos + domingo em Santo André!), e ñ tão abatido como havia visto a banda como um todo no Overload Metal Fest. Faltava fôlego pra falar, Juninho ajudava nuns backings, mas mandou muito bem.
O xaropeta ainda tatuou o Snagletooth do Motörhead no cocoruto. Putz.
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E ñ lembro de quando havia visto show com SOM PERFEITO, se é q já tinha visto algum. (Rush 2002? Kraftwerk?). Teve esse detalhe a mais tb. Som perfeito, banda inspirada, execução entre a máquina letal e a sede de sangue, absurdamente. Melhor momento: “S.O.S. País Falido”, seguido de “Lei do Silêncio” (entoada inteira pelo público), “Farsa Nacionalista”, “Porcos Sanguinários” e “Máquina Militar”. “Sofrer” no bis me surpreendeu. “Aids, Pop, Repressão” é a “Ace Of Spades” dos caras, redentora e catártica; só “Crucificados Pelo Sistema” me pareceu anticlimática.
Tipo a “Black Force Domain” pro Krisiun, ou “Hammer Smashed Face” pro Cannibal Corpse. Meio q tem q ter, meio q a maioria quer ouvir, mas se ñ tivessem tocado acho q pouca gente daria falta. Complemento insano: rodas com gente perdendo celulares, q vez ou outra paravam no palco. Gordo aloprava, chamava: “sobe aqui, prova q é teu. Enfia no cu” ahah
Sei lá. Acho q o Leo pode falar mais do q eu consigo.
Set-list Ratos De Porão: 1. “Amazônia Nunca Mais” 2. “Retrocesso” 3. “Aids, Pop, Repressão” 4. “Lei do Silêncio” 5. “S.O.S. País Falido” 6. “Gil Goma” 7. “Beber Até Morrer” 8. “Plano Furado II” 9. “Heroína Suicida” 10. “Crianças Sem Futuro” 11. “Farsa Nacionalista” 12. “Traidor” 13. “Porcos Sanguinários” 14. “Vida Animal/Melô do Bolsominion” 15. “O Fim” 16. “Màquina Militar” 17. “Terra do Carnaval” 18. “Herança” + bis: 19. “Crocodila” 20. “Sofrer” (ambas ñ rolaram quinta) 21. “Morrer” 22. “F.M.I.” 23. “Crucificados Pelo Sistema” 24. “Obrigado A Obedecer”
Pq tem q se falar do Surra tb. Q até duas semanas atrás era o único show anunciado. Em data única.
Estão lançando “Escorrendo Pelo Ralo”, 2º álbum. 17 sons em meia hora. Comprei ali mesmo (a banca de merchan impecável: bonés, camisetas, LPs, CDs), ainda ñ ouvi. Porradaria, letras diretas no estômago, no fígado, no baço e na jugular, técnica absurda do guitarrista/vocalista (tocar e cantar junto aquilo tudo ñ é facim) e a minha maior surpresa… monte de gente cantando as letras. De fio a pavio.
Pra quem nunca viu/ouviu, descrevo grosseiramente como uma cruza do próprio R.D.P. com o D.F.C. Meia hora de shows (tamanho justo) com milhares de músicas (20)e tempo no meio – foram tomar água numa hora e deixaram tocar um sambão – pra respirarem!
Irrepreensíveis. Se falávamos por aqui do Nervosa, q vem fazendo por merecer a despeito dalguns senões técnicos, tenho q o Surra – fora fazer jus ao nome – está pronto, lapidado e feroz como poucas bandas dentre as tão poucas q resistem ao bolsonarismo, ñ pagam de isentão e ñ têm medo de chutar a cara de nazista.
Foda.
Até temi q aparecessem uns minions na porta pra tretar, mas esse povo, se vai em show, é do Capital Inicial, Ultraje a Rigor, Angra e de bandas de “metal nacional”. Ali ñ era nada disso.
Set-listSurra: 1. “Intro” 2. “Escorrendo Pelo Ralo” 3. “O Mal Que Habita A Terra” 4. “Do Lacre Ao Lucro” 5. “Não Escolha” 6. “Peso Morto” 7. “Tamo Na Merda” 8. “Embalado Pra Vender” 9. “Anestesia” 10. “Mais Um Refém” 11. “Virou Brasil Pt 2” 12. “Não Entendi” 13. “Caso Isolado” 14. “Arquitetos Da Desordem” 15. “Madeira e Sangue”16. “Cubathrash” 17. “Parabéns Aos Envolvidos” 18. “Daqui Pra Pior” 19. “Merenda” 20. “7 x 1”
Ñ tenho tempo ou paciência ou radar acionado pra tentar encontrar a 2 golpes cd’s em bazar de centro espírita disco do tal do Rage. Tampouco pra entender as novelas de desdobramentos e “novas” bandas velhas.
Depois q o Terrana rancou fora, continuaram. Daí o alemão fundou uma tal Lingua Mortis Orchestra. Paralela, tangente ou co-secante, ñ entendi. Aí tb remontou uma formação clássica, antiga, da banda, denominou Refuge (q infelizmente ñ significa “refugo”), com q faz turnês pela Europa. Daí parece q o Rage ñ existe mais (o bielo-russo saiu), mas a tal Orquestra da Língua Morta permanece. E o Refuge.
Como diz uma amiga: “aff…”.
Realmente ñ é pra mim, e se a ordem do zeitgeist é nostalgia e ganhar uns trocos nesse sentido, tenho nada contra. Pq tô nem aí.
Por outro lado, duvido q esse Peavy Wagner conheça o Jão e seu Periferia S.A., decalcado do R.D.P. inicial e convenientemente, em tempos em q João Gordo estava mais pra lá q pra cá. E q permanece pq Jabá e Gordo ñ se dão. E tvz até “pq sim” tb.
Senão, Jão tinha q ganhar uns royalties. Pela tendência involuntariamente lançada ahah
PS – e agora esperemos Metallica voltar com Mustaine, mantendo o thrash metal universitário paralelo; ou o Iron Maiden retomar atividades com Paul Ba’Ianno, antes q o mesmo só possa gemer em leito de UTI; ou o Exodus voltar com Steve Souza…
Noite de quinta-feira (passada) catártica por aqui.
Apesar do dia estranho pra show, condições pra lá de favoráveis: no Sesc Pompéia às 21h30min e a 20 golpes um baita show da melhor banda crossover do mundo, Ratos de Porão, com abertura de banda punk “raiz”, daquelas q foi da 3ª divisão do punk paulistano histórico, sem nem deixar muito registro (encerrada em 1983, retomada em 2002), o Lixomania.
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Ao RDP: só fazem show ruim se quiserem. Plenitude da forma E do conteúdo. Som absurdo, desempenho ainda mais absurdo do Boka. Mudassem o nome pra “Máquina de Precisão” ñ ficaria descabido. Porrada, acidez, sangue nos olhos, “machadada no pescoço” (sic), virulência, contundência, relevância, urgência e visceralidade.
“O rock brasileiro é uma farsa comercial”? Cada vez mais limpinho e omisso, isso sim.
Gordo estava claramente alterado, e ñ por causa da Heineken (mais de uma?) q ostentou durante boa parte da apresentação. Se mostrou nitidamente perplexo, revoltado, inconformado e ranzinza perante a situação política nacional. Consonante ao artigo no UOL recente e lembrado pelo amigo Jessiê por aqui semana passada – http://www.uol/entretenimento/especiais/joao-gordo.htm#o-punk-de-saco-cheio
“Política”? Caralho, era um evento punk.
90% de seus comentários foram na linha do “pau no cu do Bolsonaro”, “vamos votar, pq voto nulo vai eleger esse nazista”, “bancada evangélica do caralho” (antes de “Igreja Universal”), “Escola Sem Partido e MBL filhos da puta” e “sempre fomos contra tudo isso aí”. O q a História ñ desmente.
A minha perplexidade ante isso foi perceber a APATIA das pessoas nos primeiros comentários. Passividade e indiferença perigosa, sintoma de descrença e desamparo, mas tb de conformismo? Só escapismo em vigor? Alguém no falido rock brasuca – fora o desacreditado Tico Santa Cruz, Nação Zumbi e Ratos de Porão – tem mostrado a cara e falado a real? Tá foda.
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Ñ me recordo do setlist na ordem: começaram com material recente (do pertinentaço “Século Sinistro”) e foram desovando som após som, de praticamente toda discografia – faltou só do fraquinho “Onisciente Coletivo”, do “Descanse Em Paz” e de “Guerra Civil Canibal”– em algo q deve ter durado hora, hora e meia.
Muito mais consistente q horas initerruptas de Globo News e de décadas de capas de Isto É, Veja e Época.
“Ódio”, “Lei do Silêncio”, “Amazônia Nunca Mais”, “Asas da Vingança”, “Não Me Importo”, “Crocodila”, “Crianças Sem Futuro”, “Ignorância”, “Crise Geral”, “Crucificados Pelo Sistema”, “Beber Até Morrer”, “Testemunhas do Apocalipse”, “Igreja Universal” (melhor riff de Jão), “Aids, Pop, Repressão”, “Morrer”, “Herança” (a melhor), “Periferia”, “Desemprego” e etc.
Faltou coisa? “Terra do Carnaval” deveria virar Hino Nacional. Uma ou outra coisa do “Feijoada Acidente – Nacional”, pra celebrar o evento, esclareço abaixo. “Retrocesso” (pra falar de Bolsonóia)… Tvz tenham faltado pra alguém chato como eu. No fim, ninguém reclamou. E se havia gente – tvz houvesse – q estava ali pela 1ª vez, no embalo de ver a “banda do Gordo do You Tube, da Mtv”, das duas uma: ou saiu cagado de medo sem entender nada até agora, ou teve a vida mudada abruptamente. Ratos de Porão ñ é pra qualquer um.
Mas deveria ser.
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Ao Lixomania tb fui simpático. Apenas achei q tocaram demais. Punk veia 1977, com 2 veteranos (vocalista Moreno e baterista Miro) e mais 2 moleques – q eles, ñ mais jovens q eu – completando o time na guitarra e no baixo.
Muito punk das antigas no recinto, sabendo de quem se tratava quando o vocalista dedicava um ou outro som ao povo “das antigas”. Gente já ñ velha e gorda, mas QUADRADA: se puserem bermuda ficam no naipe Bob Esponja. Dedicaram 2 sons do Fogo Cruzado a um integrante recém-falecido destes, Frangão. E contaram com participações de Gabriel Thomáz (Autoramas) num som e de Jão (cada vez mais seu Madruga e velhão, em seu bigodão e cabelo tigela de surfista véio) num outro. Foram dignos, pertinentes e capazes. Zero naftalina.
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Pois se tratava tudo dum evento intitulado “40 Anos de Punk”, q teve em dias anteriores e posteriores, ali no mesmo Sesc, shows de AI-5 e Restos De Nada (reformuladas e provavelmente capengas; na véspera), de Mercenárias e Patife Band (tb reformuladas e longe do q foram; representando o “pós-punk” brasileiro) no dia seguinte, e q contou com show celebratório final no domingo, com banda jam session (vocalistas da época revezando) de titularidade contando com Clemente (Inocentes), Mingau (atual Ultraje a Rigor) e Muniz (Fogo Cruzado) tocando sons de bandas q pariticparam d'”O Começo do Fim do Mundo”, festival punk lendário, ocorrido naquele mesmo Sesc Pompéia.
O punk brasileiro tem História, q graças a Clemente (curador no Sesc) nunca deixa de ser contada. No meu entender, algo q tem seus prós e contras, sendo o maior “contra” o saudosismo meio estéril, meio Jovem Guarda. Mas tvz seja melhor alguma memória do q nenhuma. Ou do q achar q Capital Inicial é rock pauleira com crítica social, tocando Legião Urbana e mandando “fora Temer” no último Rock In Rio…
Daquelas contingências bizarras q ñ tenho como provar, por isso apenas cito: tem umas duas semanas q estava pra postar esses vídeos. Sepultura antigo, molecada e prestes a lançar o “Arise”, num programa da tv Cultura daqui à época, o “Som Pop”. Apresentado por Kid Vinil.
Claro, como uma forma de mostrar aos amigos de fora de São Paulo q tvz nunca tenham visto isto (de meados de 1990, anterior ao 2º Rock In Rio), mas tb como um modo de reconhecer a trajetória do Kid, q tvz quem ñ seja daqui só conheça pelo precário e perecível, embora simpático, Magazine.
O sujeito é o q mais chegamos perto no país de termos um John Peel.
Radialista desde 1978/1979 (aqueles punks todos do Cólera, Inocentes e RDP ouviram punk pela 1ª vez graças ao programa q tinha na rádio Excelsior), apresentador na tv Cultura (“Som Pop” e “Boca Livre”), de curta passagem na Mtv Brasil (tirado de lá por ciumeira, pq era tb A&R da Trama, por onde lançou montes de coisas indies) e tanto quanto tudo isso, de nobre percurso na Gravadora Eldorado, quando fez o serviço de utilidade pública monstro de lançar a discografia completa de Frank Zappa em versão nacional.
Com direito a encartes, fichas completas e adendos todos (como nos boxes triplos; e como a CBS ñ o fizera). E a preço brasuca acessível.
Creio todos por aqui estarem a par de Kid estar em coma induzido nesta última semana, por conta de parada cardíaca ocorrida no interior de MG, enquanto fazia show nostálgico em Conselheiro Lafaiete. Foi necessária uma arrecadação em conta bancária pra q a família o conseguisse trazer para SP de helicóptero e tratar-se melhor aqui.
Ñ tenho grandes expectativas com relação a melhoras; o provável é q se recupere com sequelas. Ou então ñ. Nunca o encontrei pessoalmente (vi um showzinho de Kid Vinil Experience), mas tenho q muita coisa boa – como Kraftwerk e Young Gods – conheci por seu intermédio. Um puta sujeito, de q lançaram uma biografia bem tosca ano retrasado (ñ recomendo) e cuja obra musical jamais suplantou ou suplantará os serviços prestados e conhecimento enciclopédico compartilhado.
E q possui um apartamento vizinho ao seu pra guardar todos os discos da (absurda) coleção. Ñ é pouco, nunca foi pouco, tomara q saia dessa.
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Quanto ao Sepultura, a tristeza é sacar q saíram dessa. Pra melhor, depois pra pior, daí pra nunca mais.