Pelo menos 3 níveis de metalinguagem: homenagem ao Psykóze, ao Ramones e ao “Feijoada Acidente – Brasil”.
Quem tiver mais, q some outros.
Lixomania, com mais história q integrante original (Moreno, vocal – e q está grisalho) e repertório, rendendo homenagem a formação das antigas só conhecida pelo “Sub”.
Me remeteu ao show q vi no Sesc em março, quando chamaram Ariel (Restos de Nada e Inocentes), Clemente (Inocentes e Plebe Rude) e Jão (Ratos de Porão e Periferia S.A.) pra cantarem covers punks raiz. Torço pra q ñ vire uma coisa “Jovem Guarda”. Q saibam administrar pra ñ avacalhar.
Soube do show faltando uns 3 dias; comprei o ingresso na véspera, noutra unidade. E a baixa expectativa às vezes é o q causa a melhor apreciação.
Lembrava ter assistido ao Lixomania, no mesmo Sesc, ñ lembrava quando. E ñ lembrava se tinha gostado, provavelmente ñ.
Tive q dar busca aqui no blog e encontrei: novembro de 2017, abrindo pro Ratos de Porão. Nossa, numa época estranha da vida, deixa pra lá. Recomendo a releitura do post.
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Fora a disponibilidade, o preço em conta e minha meta de tentar ver uns 30 shows este ano, o q me atraiu no evento foi a promessa (cumprida) de participações de Jão, Clemente (Inocentes) e Ariel (Condutores de Cadáver/Restos de Nada).
E estava cheio. Mesmo com greve (justa) dos metroviários. Era uma 5ª feira à noite tb, igual 6 anos atrás.
Pouco teve de bolor (ao contrário de 2017): banda repaginada, provavelmente só o vocalista Moreno mantido, com baixo, duas guitarras e 2 bateristas; bateristas q trocaram no meio do show, sem aviso, e o segundo bem melhor q o primeiro, q ñ era ruim. Mas tudo moleque, pra aguentar o tranco.
Ñ sei dizer das músicas, fora as q Moreno anunciava: “OMR”, “Quero Ser Livre”, “O Punk Rock Não Morreu”, “Os Punks Também Amam”, “Gerente”, “Presidente”, “Estado de Sítio”, “Violência e Sobrevivência” e etc. O punk é “veia 77”, dá pra sacar influências de Buzzcocks e Stiff Little Fingers e a banda estava muito bem ensaiada, emendando os sons.
O som no local estava tb excelente, ajudou demais. A vibe nostálgica era complementada por punks (homens e mulheres) da antiga por ali, inclusive um tal Tikinho, guitarrista original e fundador, por várias vezes saudado mas q ñ quis subir ao palco nem tirar foto.
Punk, caralho.
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Achei legal Moreno no início saudar “aqueles q se foram durante a pandemia”. Dedo na ferida necessário, pq a negação parece ter virado norma. Ainda saudou gente da “turma” q tinha falecido recentemente, mas sem choradeira.
E o melhor do rolê foram mesmo as participações: Jão entrou meio zoeiro, falando histórias da Vila Carolina e mandou – é muito estranho ver o cara sem guitarra – “Parasita” e “Corrupção”. A partir dali, o show virou meio um “Feijoada Acidente – Brasil”, o q foi foda.
Sai Jão, tocam “Buracos Suburbanos” (Pzykóse), uns 2 sons, daí sobe Clemente. Solene, sério, mandou “Pânico em SP” e “Garotos do Subúrbio”, fodas. Daí uns 2 ou 3 sons, Ariel sobe, manda umas doideiras e tocam “Direito a Preguiça” e “Desequilíbrio”, atualíssima.
Daí em diante teve mais som, eu tava na vibe, desencanado de tirar foto ou de tentar guardar nome de música, e acho q é meio por aí. A tal da “imersão”. Ou ñ? Uma hora e 15 minutos totais, plenos.
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Baita show, baita vibe, o bolo de capim santo com geléia de amora q eu comi antes estava excelente, e dali foi voltar voando pra perto de casa e pegar a Esfiha Imigrantes (aê, Leo e Danny!) aberta.
Cheguei faltando 20 minutos pra fechar e comi. Tivesse usando coturno, teria sido ainda mais épico o meu “pé na porta” ahahah
Noite de quinta-feira (passada) catártica por aqui.
Apesar do dia estranho pra show, condições pra lá de favoráveis: no Sesc Pompéia às 21h30min e a 20 golpes um baita show da melhor banda crossover do mundo, Ratos de Porão, com abertura de banda punk “raiz”, daquelas q foi da 3ª divisão do punk paulistano histórico, sem nem deixar muito registro (encerrada em 1983, retomada em 2002), o Lixomania.
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Ao RDP: só fazem show ruim se quiserem. Plenitude da forma E do conteúdo. Som absurdo, desempenho ainda mais absurdo do Boka. Mudassem o nome pra “Máquina de Precisão” ñ ficaria descabido. Porrada, acidez, sangue nos olhos, “machadada no pescoço” (sic), virulência, contundência, relevância, urgência e visceralidade.
“O rock brasileiro é uma farsa comercial”? Cada vez mais limpinho e omisso, isso sim.
Gordo estava claramente alterado, e ñ por causa da Heineken (mais de uma?) q ostentou durante boa parte da apresentação. Se mostrou nitidamente perplexo, revoltado, inconformado e ranzinza perante a situação política nacional. Consonante ao artigo no UOL recente e lembrado pelo amigo Jessiê por aqui semana passada – http://www.uol/entretenimento/especiais/joao-gordo.htm#o-punk-de-saco-cheio
“Política”? Caralho, era um evento punk.
90% de seus comentários foram na linha do “pau no cu do Bolsonaro”, “vamos votar, pq voto nulo vai eleger esse nazista”, “bancada evangélica do caralho” (antes de “Igreja Universal”), “Escola Sem Partido e MBL filhos da puta” e “sempre fomos contra tudo isso aí”. O q a História ñ desmente.
A minha perplexidade ante isso foi perceber a APATIA das pessoas nos primeiros comentários. Passividade e indiferença perigosa, sintoma de descrença e desamparo, mas tb de conformismo? Só escapismo em vigor? Alguém no falido rock brasuca – fora o desacreditado Tico Santa Cruz, Nação Zumbi e Ratos de Porão – tem mostrado a cara e falado a real? Tá foda.
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Ñ me recordo do setlist na ordem: começaram com material recente (do pertinentaço “Século Sinistro”) e foram desovando som após som, de praticamente toda discografia – faltou só do fraquinho “Onisciente Coletivo”, do “Descanse Em Paz” e de “Guerra Civil Canibal”– em algo q deve ter durado hora, hora e meia.
Muito mais consistente q horas initerruptas de Globo News e de décadas de capas de Isto É, Veja e Época.
“Ódio”, “Lei do Silêncio”, “Amazônia Nunca Mais”, “Asas da Vingança”, “Não Me Importo”, “Crocodila”, “Crianças Sem Futuro”, “Ignorância”, “Crise Geral”, “Crucificados Pelo Sistema”, “Beber Até Morrer”, “Testemunhas do Apocalipse”, “Igreja Universal” (melhor riff de Jão), “Aids, Pop, Repressão”, “Morrer”, “Herança” (a melhor), “Periferia”, “Desemprego” e etc.
Faltou coisa? “Terra do Carnaval” deveria virar Hino Nacional. Uma ou outra coisa do “Feijoada Acidente – Nacional”, pra celebrar o evento, esclareço abaixo. “Retrocesso” (pra falar de Bolsonóia)… Tvz tenham faltado pra alguém chato como eu. No fim, ninguém reclamou. E se havia gente – tvz houvesse – q estava ali pela 1ª vez, no embalo de ver a “banda do Gordo do You Tube, da Mtv”, das duas uma: ou saiu cagado de medo sem entender nada até agora, ou teve a vida mudada abruptamente. Ratos de Porão ñ é pra qualquer um.
Mas deveria ser.
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Ao Lixomania tb fui simpático. Apenas achei q tocaram demais. Punk veia 1977, com 2 veteranos (vocalista Moreno e baterista Miro) e mais 2 moleques – q eles, ñ mais jovens q eu – completando o time na guitarra e no baixo.
Muito punk das antigas no recinto, sabendo de quem se tratava quando o vocalista dedicava um ou outro som ao povo “das antigas”. Gente já ñ velha e gorda, mas QUADRADA: se puserem bermuda ficam no naipe Bob Esponja. Dedicaram 2 sons do Fogo Cruzado a um integrante recém-falecido destes, Frangão. E contaram com participações de Gabriel Thomáz (Autoramas) num som e de Jão (cada vez mais seu Madruga e velhão, em seu bigodão e cabelo tigela de surfista véio) num outro. Foram dignos, pertinentes e capazes. Zero naftalina.
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Pois se tratava tudo dum evento intitulado “40 Anos de Punk”, q teve em dias anteriores e posteriores, ali no mesmo Sesc, shows de AI-5 e Restos De Nada (reformuladas e provavelmente capengas; na véspera), de Mercenárias e Patife Band (tb reformuladas e longe do q foram; representando o “pós-punk” brasileiro) no dia seguinte, e q contou com show celebratório final no domingo, com banda jam session (vocalistas da época revezando) de titularidade contando com Clemente (Inocentes), Mingau (atual Ultraje a Rigor) e Muniz (Fogo Cruzado) tocando sons de bandas q pariticparam d'”O Começo do Fim do Mundo”, festival punk lendário, ocorrido naquele mesmo Sesc Pompéia.
O punk brasileiro tem História, q graças a Clemente (curador no Sesc) nunca deixa de ser contada. No meu entender, algo q tem seus prós e contras, sendo o maior “contra” o saudosismo meio estéril, meio Jovem Guarda. Mas tvz seja melhor alguma memória do q nenhuma. Ou do q achar q Capital Inicial é rock pauleira com crítica social, tocando Legião Urbana e mandando “fora Temer” no último Rock In Rio…