UM ANO DEPO1S…
… o q “ficaram”?
… o q “ficaram”?
O encarte de “Liquid Tension Experiment 2” (1999) contém comentários dos 4 músicos fodões envolvidos sobre cada faixa. Como foi compor “na hora”, como foi gravar, amenidades.
Um pouco pra tentar dar a seu público o momento “visite nossa cozinha”, outro tanto pra (tentarem) pagar de engraçados, e ainda um pouco tb pra pagar de fodões e se acharem gênios.
“CHEWBACCA
Improvised and basic tracks recorded live on Thursday, October 15th 1998
Mike: Another improvised jam from the LTE2 trio sessions. This is very interesting because what you are hearing are Jordan, Tony & myself completely improvising and then, months later, John took the tapes and learned all of Jordan‘s improvised riffs at the top and bottom of the piece and then doubled them… giving the ‘illusion’ of written composition!
John: Pat Thrall digitally engineered the guitar overdubs on this one. I have to thank him for his patience during the process. Using Pat’s Pro Tools system, we were also able to experiment with some digital manipulation of guitar tracks“.
“Gtr Oblq”, Vernon Reid/Elliot Sharp/David Torn, 1998, Knitting Factory Records
sons: THE SENTINEL (Reid) / ACHRONO MITES (Torn) / SLIGHTLY EAST (Sharp) / REFLECTION OF (Sharp) / VIDYA & ITCH (Torn) / XENOMORPH (Reid) / VALSE OBLIQUE (Reid, Sharp, Torn)
formação: Vernon Reid, Elliot Sharp e David Torn (guitarras, obviamente); baixos (se houver), teclados e programações de bateria ou foram eles mesmos q fizeram ou gente ñ creditada (ñ há menção alguma)
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Disco doidão. Viajante. Excêntrico.
Q eu sequer sabia existir até encontrá-lo 10 dias atrás num sebo, a preço bacana. Disco de guitarristas, o q só percebi depois de comprar; erroneamente tomei q os caras na contracapa estivessem tocando violões. Tomando como daqueles (3) discos (acústicos) clássicos/consagrados cometidos por Paco de Lucia, Al Di Meola e John McLaughlin. Nada disso.
Disco experimental. Progressivo. Abstrato.
Q o outro engano é tomá-lo como prog a la Liquid Tension Experiment. Certamente rolou muita improvisação neste “Gtr Oblq”, ao mesmo tempo em q (suponho) muita colagem; mas duvido q feito todo enquanto gravavam. Tb por ñ ser um disco prog ou indicado a estudantes de conservatório q se dedicam a aprender a tocar Dream Theater ao invés de guitarra. É outra coisa.
Tb duvido q se atrevessem a se apresentar por aí como faz o G3 satriânico. (Ainda q ñ fique bem claro ser disco de estúdio ou ao vivo). Quando muito, apresentação em boteco diminuto, pra poucos e bons devotos. Ñ é assim acessível. Nem rolam solos à velocidade da luz, ainda q “Xenomorph” beire isso.
A referência a se buscar – mais pra nós ouvindo, q pros caras – tvz seja o King Crimson. Ñ sei se os caras curtem a banda de Robert Fripp. Há muita textura e saturação, microfonias incorporadas, passagens abruptamente se sucedendo. Umas passagens inclusive emulando cítaras, alguns momentos q remetem ao Tangerine Dream.
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O lance é quase new age, beirando um contemplativo. Zen budismo para amantes das 6 cordas. Pedais de efeito a granel. Duvido q se saiba exatamente quem toca o q e onde; tem q manjar muito de modos, timbres e escalas pra distinguir. Egos diluídos na proposta.
As autorias (vide acima) são bem divididas: 2 sons por guitarrista, o derradeiro co-escrito pelos três. Q envolve quase 1 hora cravada – majoritariamente instrumental – de disco, em q as 3 primeiras músicas ultrapassam a metade da duração total. O 4º som, “Reflection Of”, tb passa dos 10 minutos. Os três últimos passam de 6, de 5 e de 4 minutos. Curtir ou ñ isto aqui passa além de incômodos a priori com músicas grandes. Na pior das possibilidades, é quase como uma suíte dividida em 7 partes.
A meu ver, tem discos prog, discos guitarrísticos e discos “fritadores” bem mais chatos q isto.
Tirando Vernon Reid, de fama no Living Colour e de 1 disco solo dele q tenho (“Masque”), desconheço – ainda – totalmente os outros dois. Nem fui muito atrás, desculpem-me ñ ter feito a lição de casa. O Allmusic.com dá como sendo disco de David Torn com convidados. Parecem ser gente afeita a trilhas sonoras e jazz lounge. Gente q sabe criar climas e ambiências.
Q, no fim, é de q se trata este “Gtr Oblq”. Calmaria e volume em surto-circuito. Jazz pra canibal meditar. Álbum pra sala de espera de sessão de tortura chinesa. Música pra ninar portadores de Síndrome do Pânico. Hinos de louvor para igrejas q vêem a Virgem Maria em cu de vaca. Tudo no bom sentido.
Melodias em meio a ruídos, ruídos em meio a ambiências, ambiências em meio à aleatoriedade. Sem afetação ou maiores pretensões. Parece tb ñ haver atonalidade hermética. Há coesão. Sei lá ainda se é um projeto q se sucedeu ou sucederá; sei q bem-sucedido foi por terem gravado e algum selo tê-lo lançado. Pra quem curte Radiohead e/ou Sonic Youth me parece tb uma boa.
Paguei 5 reais nisto e pagaria o dobro, o triplo e até o quádruplo.
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CATA PIOLHO CCLXVI – “I Don’t Know”: Ozzy Osbourne ou Sacred Reich? // “Insane”: Mercyful Fate ou Cavalera Conspiracy? // “D.O.A.”: Van Halen ou Coroner?
“Black Light Syndrome”, Bozzio Levin Stevens, 1997, Magna Carta
sons: THE SUN ROAD / DARK CORNERS / DUENDE / BLACK LIGHT SYNDROME / FALLING IN CIRCLES / BOOK OF HOURS / CHAOS-CONTROL
formação: Terry Bozzio (drums), Tony Levin (basses and stick), Steve Stevens (all guitars)
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Terry Bozzio passava por momento de entressafra sazonal: fase de poucos alunos, workshops e atividades rentáveis. Precisando fazer uma grana, ouviu sugestões de seu agente para iniciar um “projeto rock“, e de sua esposa para procurar Steve Stevens, a quem ñ conhecia pessoalmente, só pelos trabalhos com Billy Idol, Michael Jackson e Atomic Playboys.
Convidou Stevens a um workshop q fez em novembro de 1996 e teve dele o feedback de haver curtido as músicas (próprias) apresentadas. Retribuindo a visita, foi apresentado no dia seguinte a trechos e idéias de Stevens de sons flertando com flamenco, em q se impressionou com o “profundo senso de melodia, harmonia, virtuosismo, sensibilidade estilística e tendências filosóficas”, q o fez crer q ñ só um “projeto rock” vingaria, mas algo bem maior do q um “projeto de estúdio” corriqueiro. O problema passou a ser encontrar um baixista à altura dos sons e criatividade por eles ensejada.
Cogitaram Tony Levin como um “baixista dos sonhos”, já q ñ o encontrariam disponível, sempre ocupado com projetos solo, gravações em estúdio ou tocando com Peter Gabriel e King Crimson. Grata surpresa tiveram em descobrí-lo interessado no projeto, contanto q lhe ocupasse 4 dias disponíveis (de 27 a 30 de Janeiro de 1997) de sua agenda corrida. Bozzio e Stevens trataram de fazer umas jams pra compor algum material inicial, combinando de antemão o uso de edições e overdubs no final, para fins de realce das idéias originais. Havia um risco quase suicida nisso tudo: 3 caras q nunca tocaram juntos compondo e fazendo um álbum em 4 dias?
Marcaram estúdio, ajeitaram o equipo e puseram-se a tocar, com o gravador ligado. “The Sun Road” inicial surgiu incialmente e souberam no 2º take q ficara boa. Os outros sons surgiram de puro improviso ou resultantes de combinações prévias de partes e momentos de mudanças. Nenhum deles gravado em mais de 2 takes ao vivo entre eles. Levin fez uns overdubs pra dar uns coloridos extras e voou pra Woodstock, pra seus compromissos. Stevens passou outros 5 dias fazendo overdubs no material em seu estúdio caseiro, o q envolveu incluírem alguns loops, efeitos e efeitos de voz; daí foi compor uma trilha sonora cinematográfica e deixou Bozzio cuidando de todo o resto.
O q incluía a encrenca de mixar (o q fez com o amigo Wyn Davis) em 6 dias os sons, com algumas orientações deixadas por escrito pelos demais, assim como batizar cada um. O processo tomou 3 semanas e virou este “Black Light Syndrome”.
Como é q eu, Marco Txuca, soube disso tudo? Lendo o encarte do álbum, datado de fevereiro de 1997 por Bozzio e traduzindo pra resenha, oras.
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E o q é “Black Light Syndrome”? Um projeto progressivo todo instrumental, ñ prog, tampouco prog metal, de sons elípticos (maioria volta ao tema inicial no fim) e pouco dados a quebras abruptas ou fritações sem noção. Progressivo no sentido dos sons irem progredindo em si próprios, viajantes, contemplativos. De veia setentista, lembrando mais King Crimson q Yes ou Pink Floyd. Uma improvável junção de músicos, paradoxalmente reconhecidos como coadjuvantes de luxo, cujos egos ñ suplantaram o talento: pelo contrário, complementaram-se.
As estruturas são complexas, mesmo ñ soando numa 1ª audição, e contêm os famigerados ostinatos (padrões rítmicos interdependentes de manulações e pés) de Bozzio – às vezes meio “malas” – e muita experimentação de texturas e timbres. Contém exageros, como “The Sun Road”, épica em seus quase 15 minutos (mas sem encheção de lingüiça) e “Duende” como o menor som (7’25”). Demanda paciência e disponibilidade para ouvir: tvz ñ faça sentido baixar e ouvir randomicamente, enquanto se corta unha do pé ou joga paciência no computador.
Difícil destacar desempenho individual: os sons têm coesão. O resultado ñ soa montado por computador, mas orgânico. No entanto, por ser um “projeto rock”, Stevens se destaca por um pouquinho, em guitarras distorcidas, violões flamencos, passagens sintetizadas (q o tornaram famoso), num repertório guitarrístico digno de apreciação. Q o diga “Dark Corners” – a mais pesada – algo hendrixiana. “Duende” é a mais propriamente flamenca, predominantemente acústica.
A faixa-título, minha preferida, é quase blues, com guitarras elegantes, q Gary Moore ñ desdenharia. “Falling In Circles” faz jus ao nome: funda-se num riff dissonante hipnótico e circular e se desenvolve de modo centrípeto, com um baixo pesado e mastodôntico e efeitos sonoros a la Queensrÿche antigo. Ñ é chupim e nem tem a ver, mas pela esquisitice me remete ao Primus. Um pouco, pela dissonância, tb ao Jeff Beck de “There And Back”.
“Book Of Hours” tem um jeitão mais “tribal”, sendo a mais percussiva e a q Levin solta mais os bichos – o começo acústico ilude. “Chaos/Control” passa a impressão de um grande ‘foda-se’ dos três, sendo obviamente a mais caótica e cacofônica. Catártica, mas ao mesmo tempo repleta de dinâmicas e nuances. Fica como o som q alguém, desavisada ou ingenuamente procurando por heavy metal no álbum, finalmente encontraria.
Fuçando no Metal Archieves, soube do trio ter lançado um 2º álbum em 2000, “Situation Dangerous”, q sei lá se feito do mesmo modo experimental/improvisado/imprevisto. Imagino q, como com os sons deste, ñ devem ter feito shows ou turnê – ñ dá pra fazer ao vivo.
O selo Magna Carta tb é manjado e marcou alguma época nos meios prog: quem lembrar de Explorers Club e dos tais Liquid Tension Experiment e Liquid Trio Experiment e seus vanguardismos “prog miojo” (músicas feitas na hora e prontas em 3 minutos) – os 2 últimos nos quais Tony Levin tb tocou – cumpre lembrar: Bozzio Levin Stevens veio antes. E tvz tivesse lançado tendência de mercado, caso progressivices vendessem q nem chuchu na feira. (Será q Bozzio conseguiu ganhar seus trocados mesmo assim?).
E acho mais legal.
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CATA PIOLHO CCXXXVI – quem nunca ouviu ou se aprofundou em Ratos De Porão é q certamente desconhece o apreço dos mesmos e devoção de João Gordo aos mestres do grind bretão (e mundial) Napalm Death. Mas, num caso em q criador se vê em posição oposta à criatura, eis q recenemente me dei conta q “Birth In Regress” (do “Inside the Torn Apart”) tem um riff em seu refrão q é a cara do riff final de “Sofrer” (do “Anarkophobia”)…
Só faltou Barney Greenway rappear. Mesmas fontes, mesmo pathos.
Vamo ae?
4 listas desta vez. Antes da Semifinal e da Final de semana q vem.
Seguem:
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I
1. Carcass
2. At the Gates
3. Joy Division
4. Erben Der Schopfüng
5. Death Angel
6. Pantera
7. Hellhammer
8. Kyuss
9. Yardbirds
10. Fake Against the Machine
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II
1. Queen
2. Led Zeppelin
3. Dr. Sin
4. Down
5. Van Halen
6. Tin Machine
7. Legião Urbana
8. Liquid Tension Experiment
9. Rolling Stones
10. Barão Vermelho
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III
1. Arch Enemy
2. Blind Guardian
3. Dream Theater
4. In Flames
5. Mr. Big
6. Napalm Death
7. Scorpions
8. The Haunted
9. Whitesnake
10. Viper
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IV
1. Bad Religion
2. Fight
3. Ramones
4. Masterplan
5. Capricorn
6. Killers (do Paul Ba’Ianno, pra quem ñ lembra)
7. Overkill
8. Poison
9. Sepultura
10. Motörhead
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Perguntas?
(lembrando uma coisa: a lista I, das Oitavas De Final, ficou em aberto ainda. Quem a acertar agora, eu dobro o total de pontos)
MELHORES SONS CINEMATOGRÁFICOS, quesitos personagens ou atores/atrizes:
1) “Yul Bryner Was A Skinhead”, Toy Dolls (“Bare Faced Cheek”)
2) “Wynona’s Big Brown Beaver”, Primus (“Tales From the Punchbowl”)
3) “Chewbacca”, Liquid Tension Experiment (“Liquid Tension Experiment 2”)
4) “James Bond Lives Down Our Street”, Toy Dolls (“Idle Gossip”)
5) “Vincent Price Blues”, ZZ Top (“Rhythmeen”)
6) “Nosferatu”, Coroner (“R.I.P.”)
7) “Freddy Krueger”, S.O.D. (“Live At the Budokan”) *
8) “Jason”, MX (“Simoniacal”) *
9) “John Travolta”, Ratos De Porão coverizando AI-5 (“Feijoada Acidente? – Nacional”)
10) “Joan Crawford”, Blue Öyster Cult (“Fire Of Unknown Origin”)
MELHORES SONS 9:
1) “99 Ways to Die”, Megadeth (“Hidden Treasures”)
2) “Ice 9”, Joe Satriani (“Surfing With the Alien”)
3) “1959”, Sisters Of Mercy (“Floodland”) *
4) “Evolution 169”, Nevermore (“Dead Heart In A Dead World”)
5) “Psalm 69”, Ministry (“Psalm 69”)
6) “914”, Liquid Tension Experiment (“Liquid Tension Experiment 2”)
7) “A Marca Dos 3 Noves Invertidos”, Zumbis Do Espaço (“Aberrações Que Somos”)
8) “99”, The Haunted (“rEVOLVEr”)
9) “Nineteen Ninety Nine”, Christian Death (“Prophecies”)
10) “Cool #9”, Joe Satriani (“Joe Satriani”) *
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* álbuns outrora resenhados neste blog sem filiais. Quem se interessar, posso enviar.
M3LHORES MÚSICAS 3:
1) “3 Days In Darkness”, Testament (“The Gathering”)
2) “Links 1 2 3”, Rammstein (“Mutter”)
3) “3 Cheers For You”, Marky Ramone & the Intruders (“Marky Ramone & the Intruders”)
4) “Three Little Pigs”, Green Jellÿ (“Cereal Killer Soundtrack”) *
5) “Hymn 43”, Jethro Tull (“Aqualung”)
6) “Three Times”, The Haunted (“The Haunted”)
7) “Sonata #3”, Scatterbrain tocando Mozart (“Here Comes Trouble”) *
8) “316”, Van Halen (“For Unlawful Carnal Knowledge”)
9) “Three Minute Warning”, Liquid Tension Experiment (“Liquid Tension Experiment”)
10) “Sucker In A 3 Piece”, Van Halen (“OU812”)
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* álbuns r3s3nhados noutros t3mpos