30 ANOS DEPOIS…
… o q “ficaram”?
… o q “ficaram”?
MELHORES DISCOS VERMELHOS PRA MIM:
* já resenhados aqui no blog
MELHORES BANDAS A LEGAREM À HUMANIDADE 4 (QUATRO) ÁLBUNS:
MELHORES ÁLBUNS SOLARES, PRA MIM:
[corrigido]
* de S.U.P. reprisado por aqui em nov/09
# de S.U.P. no blog antigo, jamais reprisado
“Almost Heathen”, Karma to Burn, 2002, Spitfire Records/Sum Records
sons: NINETEEN */ THIRTY EIGHT / THIRTY FOUR / THIRTY SEVEN / THIRTY NINE */ THIRTY SIX */ THIRTY THREE / THIRTY FIVE */ FIVE / FORTY
formação: Rich Mullins (bass), William Mecum (guitar), Rob Oswald (drums)
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Taí uma banda singular em meio à oferta generosa, beirando o excessivo, de bandas stoner: o Karma to Burn é uma banda stoner instrumental. Predominantemente instrumental, melhor dizendo.
Pq o histórico é bem acessível lá no Metal Archieves: pra gravarem o 1º álbum homônimo em 1997, a Roadrunner os forçou a ter vocalista, no q recrutaram um certo Jason “J. J.” Jarosz. Desconheço tal estréia, como tb o álbum anterior a este – “Almost Heathen” é o 3º da banda – e os 3 seguintes (“Appalachian Incantation”, “V” e “Slight Reprise”) e montes de splits albuns lançados no decorrer da trajetória desses estadunidenses, dos quais acrescento ainda outra mania insólita: a de nomear seus sons com números.
Provavelmente em ordem cardinal de composição, sei lá eu. Com exceções num álbum ou outro (“V” contém versão pra “Never Say Die” do Black Sabbath, e a estréia tem a maioria dos sons com títulos “habituais”). Vai entender a piração dos sujeitos.
Tvz queiram q prestemos atenção aos sons; tvz sejam pessoas pouco criativas verbalmente; tvz queiram confundir o ouvinte, uma vez q audições iniciais tendem a desnortear um tanto (ao menos comigo rolou). Tvz ñ queiram nada disso e querem mais é q o convencional se foda. Ou a gravadora. Há méritos na apresentação, nesse sentido.
Graficamente, a apresentação tb corrobora o Karma to Burn ser uma banda de heavy metal. Fora o pregador da capa, há uns 2 baphomet’s presentes no encarte, uma foto tosca do trio e um pentagrama repetido, q conta com um coelho – !?!?!? – dentro. Impressão de banda q zoa com alguns dos clichês metálicos, mas sem recorrer a clichês stoner, do tipo fotos de cactos, de deserto, de garrafas de breja vazias.
Passando aos sons: ñ há nada muito lisérgico nos sons (“Thirty Seven” é a q tem algumas partes viajantes); portanto se vc tem o Kyuss como emblemático nesse segmento sonoro, dará com os burros n’água da loja de conveniência do meio do deserto aqui.
Os mesmos seguem-se pesados, muitíssimo bem gravados e produzidos e tb sem dinâmicas forte-fraco (a banda ñ segue a cartilha sabbáthica nesse sentido), no q a meio Danzig “Thirty Five” e seus cowbells, e “Five” tvz disso se beneficiassem algo mais, implicâncias à parte. Todos cadenciados, mas ñ modorrentos: meio alternando momentos ‘cadenciados’ com ‘arrastados’, sem excessos pra nenhum dos lados. Tvz seja viagem, mas tende a agradar quem curte Gov’t Mule, ainda q ñ seja exatamente blues a proposta.
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O entrosamento do trio é evidente e merece respeito. Ñ há fritações guitarrísticas, o baixo sujão às vezes comparece (mas sem tomar conta ou vulgarizar as coisas: ñ é “podre” o tempo todo) e a bateria ñ é de firular (exceção duns solinhos em “Thirty Eight”), apesar duns sutis e alvissareiros momentos de pedal duplo. Tb ñ é de fazer conduções em prato ride esse Rob Oswald. Predomina o chimbau. Se fosse pra resumir em uma palavra o álbum, eu citaria “coesão”.
“Thirty Six” é o som mais estereotipadamente stoner da empreitada. Pode ser o começo pra se tentar gostar. “Forty”, o q menos gosto. Os sons acima asteriscados são os q pessoalmente prefiro.
Um ou outro som me parece q um vocal ou alguma mínima letra ofereceria maior requinte (pra mim, a c.o.c.iana “Nineteen” e “Thirty Nine”), no q imagino “Almost Heathen” se prestar muitíssimo a sonoplastas e editores de plantão: aquelas matérias sobre motocross e skate q rolam na tv, ou até alguma ou outra sobre videogames radicais de repente até têm ou já tiveram trechos de músicas da banda, e eu é q ainda ñ percebi.
Se ao menos eu assistisse programas do tipo…
Enfim: quase 48 minutos homogêneos – no bão sentido – de sons de durações praticamente idênticas se seguem, e o barato tvz seja a pessoa ir se intrigando e tentando decorar as bases e riffs (muitos tocados conjuntamente por baixo e guitarra) todos muito agradáveis e nada indolentes, reconhecer as mudanças e se habituar a algo q, no fundo, tvz nem seja grande tarefa pra quem ouve progressivo, guitarristas shredder, prog metal ou música erudita.
“Almost Heathen” ñ é aquela porradaria q muita gente elencaria pra “som q tocaria no fim do mundo” – apesar de eu achar potencialmente agradante (existe essa palavra?) a fãs de death metal sueco noventista – mas tvz possa cair bem de fundo naquele churrasco de fim de semana, ou pra quem ainda curte ostentar gosto diferente em meio aos amigos. De boa, sem afetações indie. Até pq é muito pesado pra indie curtir.
E no papo q rendeu bastante nesta semana aqui no Thrash Com H, vale como indicação pra quem, como eu, ficou boiando com o Ghost. Aqui TEM PESO!
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CATA PIOLHO CCXIII – capístico; jogo dos 7 erros da vez
Aconteceu agora de madrugada: acabado o jogo entre a selecinha e o time chichilento, dei aquela zappeada antes de desligar a tv. Ñ sem passar (hábito é foda) pela Mtv, q estava pra começar o desenho da Turma Do Fudêncio…
(porra, essa porra AINDA passa?)
… com a próxima atração, pra dali 15 minutos, ser um tal Mtv Lad blogmetal (cuma?). Resolvi fazer o q tinha q fazer e voltar pra ver.
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Já ia rolando o programa iniciado passando o clipe de “Demon Cleaner”, do Kyuss, q nem acho a música mais interessante deles. Em seguida, tacaram “Revolve”, do Melvins, q nem é metal, mas um som doido de q me dei conta de ainda ñ ter ido atrás dum álbum sequer.
Quando na seqüência entrou “Unsung”, do Helmet, meio q foi evanescendo o medo de q ficassem passando clipes alternativos, mas chamando de “metal“. Embora pra muito purista a banda do Page Hamilton deixe a desejar.
(Ñ é meu caso, e o vocal a la Ozzy ali ainda acho muito foda)
Veio o comercial, no q fui intuindo do programa, com meia hora programada, provavelmente atacar 6 clipes só, e tudo bem.
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Daí uma surpresa. E queixo caído: volta do comercial o clipe de “Brainwashed”, simplesmente um dos clipes mais DIVERTIDOS já feitos. Nuclear Assault, madrugada, bateu de leve aquela nostalgia de assistir ao Fúria Metal (mesmo com aquele besta do Gastão Moreira), q por muito tempo ñ tinha nem horário de reprise. Foda o som.
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=aPjAxDBIoPs[/youtube]
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Emendaram com “Ricochet” (Faith No More), som legal do melhor álbum dos caras. E q me fez pensar duas coisas:
1) por q catso nenhuma coletânea clípica do FNM inclui este?
2) coisa mais descarada aquele Fake Against the Machine copiar, naquele hit poser (“Killing In the Name”), descaradamente este som. Ah, ñ: botaram uns cowbells mal-gravados pra disfarçar…
E aí fecharam com “The Trooper”, som q ñ suporto mais ouvir, mas acabei vendo mesmo assim. Pra rir das roupinhas colantes da horda de Harris. E achar bizarro q o Iron Maiden, naquela época, quisesse chamar atenção pelas ROUPAS, quando o chamariz, em verdade, era o SOM…
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Pra concluir: de metal MESMO, foram 2 clipes. Veio tb uma certa reflexão: videoclipe tem q ver na tv mesmo – janelinha de You Tube de cu é rola.
Assim como tb um certo alento: antes meia hora de clipe pesado na madrugada na Mtv q aquele patético “Stay Reggae” (aquele apresentador é deficiente mental?) ou aquele anêmico e caquético “Tv Corsário” (q tem mais papo furado q mesa redonda futebolística), ambos tb de imagens e áudio PÉSSIMOS.
Sei lá.
Vamo ae?
4 listas desta vez. Antes da Semifinal e da Final de semana q vem.
Seguem:
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I
1. Carcass
2. At the Gates
3. Joy Division
4. Erben Der Schopfüng
5. Death Angel
6. Pantera
7. Hellhammer
8. Kyuss
9. Yardbirds
10. Fake Against the Machine
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II
1. Queen
2. Led Zeppelin
3. Dr. Sin
4. Down
5. Van Halen
6. Tin Machine
7. Legião Urbana
8. Liquid Tension Experiment
9. Rolling Stones
10. Barão Vermelho
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III
1. Arch Enemy
2. Blind Guardian
3. Dream Theater
4. In Flames
5. Mr. Big
6. Napalm Death
7. Scorpions
8. The Haunted
9. Whitesnake
10. Viper
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IV
1. Bad Religion
2. Fight
3. Ramones
4. Masterplan
5. Capricorn
6. Killers (do Paul Ba’Ianno, pra quem ñ lembra)
7. Overkill
8. Poison
9. Sepultura
10. Motörhead
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Perguntas?
(lembrando uma coisa: a lista I, das Oitavas De Final, ficou em aberto ainda. Quem a acertar agora, eu dobro o total de pontos)
Originalmente publicado em 7 de Novembro de 2004.
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SERVIÇO DE UTILIDADE PÚBLICA THRASH COM H
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“Blues For the Red Sun”, Kyuss, 1992, Dali Records/Warner
sons: THUMB / GREEN MACHINE * / MOLTEN UNIVERSE / 50 MILLION YEAR TRIP (DOWNSIDE UP) * / THONG SONG / APOTHECARIES’ WEIGHT * / CATERPILLAR MARCH * / FREEDOM RUN / 800 / WRITHE / CAPSIZED / ALLEN’S WRENCH / MONDO GENERATOR / YEAH
formação: John Garcia (vocals), Brant Björk (drums), Nick Oliveri (bass, vocals), Josh Homme (guitars)
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Quando, nos 90’s, o som alternativo e o grunge invadiram de vez as paradas, muito crítico órfão de bandas “vanguardistas” elegeu o Kyuss como a bola da vez. Ñ q ñ tivessem seus fãs e seguidores (os têm até hoje), mas “Blues For the Red Sun” ñ pode ser dissociado desse contexto. Q inclui ainda, no heavy metal, o momento em q a entrada no mainstream foi maciça: o ainda Metallica tocando no rádio e dividindo turnê com Guns N’Roses, Iron Maiden e Sepultura tendo vídeos mais votados no disk mtv, Pantera aparecendo como ‘banda perigosa’, e toda uma rabeira de bandas q tentava suavizar, adquirir influências (grunge, tecno) ou digitalizar o peso – Megadeth, Kreator (no “Renewal” – S.U.P. em nov/2003), Exodus, Annihilator, Anthrax (baixando fudidamente a bola no “Stomp 442”) etc…
Overkill e Testament, exceções, andavam ativos, mas meio sumidos. Nuclear Assault definhava, acabou; Destrúcho, às voltas com mudanças ridículas de formação, tb acabava.
Mas sobretudo ante os casos de suavização/digitalização sonora é q “Blues For the Red Sun” ganha vulto: nele abundam sujeira, barulho (muitos sons conduzidos pelo baterista no prato crash), distorção, pegada e baixa afinação – sem q a fórmula tivesse se tornado a baba hoje tornada com o new metal – num disco perfeito para chapados (“Yeah” é só o vocalista falando ‘yeah’ na última faixa, daí acaba o disco…), mas ñ só.
Devo falar q há muito ñ ouvia o disco, e me descepcionei um tanto ao redescobrí-lo. Pq ñ se trata dum precursor do stoner rock em absoluto – tvz o disco seguinte da banda, “Sky Valley”, mais polido, possa ser assim apontado – o q fez com q minha idéia de introdução de resenha tivesse q ser refeita, mas trata-se dum disco onde se percebe q limitações ñ precisam ser sinônimo de tosqueira e relaxo auto-indulgente (aqueles papos furados do tipo ‘ah, eu ñ toco nada, e já estou cansado de virtuoses no cenário, daí vou contra’).
Ñ é q os caras fossem uns pregos totais, mas pros muito acostumados ao heavy metal e suas convenções – harmonias e dissonâncias, e estrutação intro/base/estrofe/base/pré-refrão/refrão/intro/base… – soa até mal o disco, mas é daí q vem sua relevância e gosto em ouví-lo. Pq o q se tem, fora umas poucas canções no formato de canções – “Thumb”, “Allen’s Wrench”, “Writhe” (cujo vocal remete ao Danzig – S.U.P. reprisado em out/09), “Green Machine”, “Thong Song” (as duas últimas de clipes bastante exibidos no extinto Fúria Metal) – com estrofe/refrão, são vinhetas e sons mais experimentais (“Capsized”, surpreendemente acústica, mas ñ baba, “800”, “Caterpillar March” e “Molten Universe”) e viagens instrumentais calcadas em melodias repetitivas e partes q se seguem em progressão, nunca compartimentadas.
Explicando melhor o último trecho: sons como “50 Million Year Trip (Downside Up)” (ignorante de tão pesado, no início), “Apothecaries’ Weight” – meu preferido – “Freedom Run” e “Mondo Generator” parecem ter sido feitos bem em regime de jam sessions. Alguém puxou um riff, o repetiu à exaustão, até alguém surgir com alguma variação, dissonância ou outro riff a ver, sem maquinações racionais. Ou estruturação convencional. Dá até pra supor q ao vivo eles tvz os estendessem em loooongos improvisos. Aqui devem ter tido q contar/reduzir um tanto (pra caber no disco), mas soa tudo bem orgânico, psicodélico e sem concessões.
O Black Sabbath de sons mais viajantes, tipo “Into the Void”, “Solitude” e “Under the Sun” nem é tanto uma INFLUÊNCIA, mas sim uma REFERÊNCIA próxima, já q inexistem riffs memoráveis/grudentos da escola Iommi, ou o psicodelismo soturno da matriz: os caras provavelmente ñ queriam revisitar o Sabbath, como o doom metal e os tantos stoners contemporâneos, mas viajar e aturdir a todos com os sons falsamente improvisados.
“Freedom Run” tem trecho tornado fórmula no disco seguinte (em “Supa Scoopa And Might Scoop”), e na banda-herdeira Queens Of the Stone Age (formada por Homme e Oliveri): longos momentos de silêncio absoluto intercalado a paradinhas. E o instrumental, todo coeso, e de andamentos bem uniformes (lento mas ñ letárgico), ñ tem assim destaques individuais: mesmo quando a bateria aparece um pouco mais, como em “800”, ñ podemos chamar aquilo de solo. Assim como os vários solos de guitarra e de baixo presentes (vários riffs são puxados simultaneamente por baixo e guitarra).
Falando ainda em coesão, se o ouvimos distraidamente, várias vezes perdemos noção da mudança das músicas no cd, por vezes coladas umas às outras, ou por algumas servido de introdução às seguintes (“800” pra “Writhe”; “Molten Universe” pra “50 Million Year…”).
No fim das contas, pra mim, o Kyuss, banda cult assim tornada devido a seu fim quando tornavam-se mais conhecidos, situou-se, num vórtice interesssante entre o heavy metal, o grunge e o psicodélico: pouco técnico pro heavy metal, progressivo demais pra ser grunge (um prog-grunge?) e barulhento demais pra chamarmos ‘psicodélico’. Mas com todos os ingredientes combinados de modo ímpar e ousado. O q só reitera a intenção de recomendá-lo aqui no Serviço de Utilidade Pública Thrash Com H.
Ñ me recordo de nenhum outro disco pro qual a expressão “durma-se com um barulho desses”, tão pejorativa e contraditória, soasse tão de acordo como esse “Blues For the Red Sun”: barulho pra viajar, pra relaxar, pra se deixar levar.