VALE 5 GOLPES, DÓLARES OU LIBRAS

“Gtr Oblq”, Vernon Reid/Elliot Sharp/David Torn, 1998, Knitting Factory Records

sons: THE SENTINEL (Reid) / ACHRONO MITES (Torn) / SLIGHTLY EAST (Sharp) / REFLECTION OF (Sharp) / VIDYA & ITCH (Torn) / XENOMORPH (Reid) / VALSE OBLIQUE (Reid, Sharp, Torn)

formação: Vernon Reid, Elliot Sharp e David Torn (guitarras, obviamente); baixos (se houver), teclados e programações de bateria ou foram eles mesmos q fizeram ou gente ñ creditada (ñ há menção alguma)

Disco doidão. Viajante. Excêntrico.

Q eu sequer sabia existir até encontrá-lo 10 dias atrás num sebo, a preço bacana. Disco de guitarristas, o q só percebi depois de comprar; erroneamente tomei q os caras na contracapa estivessem tocando violões. Tomando como daqueles (3) discos (acústicos) clássicos/consagrados cometidos por Paco de Lucia, Al Di Meola e John McLaughlin. Nada disso.

Disco experimental. Progressivo. Abstrato.

Q o outro engano é tomá-lo como prog a la Liquid Tension Experiment. Certamente rolou muita improvisação neste “Gtr Oblq”, ao mesmo tempo em q (suponho) muita colagem; mas duvido q feito todo enquanto gravavam. Tb por ñ ser um disco prog ou indicado a estudantes de conservatório q se dedicam a aprender a tocar Dream Theater ao invés de guitarra. É outra coisa.

Tb duvido q se atrevessem a se apresentar por aí como faz o G3 satriânico. (Ainda q ñ fique bem claro ser disco de estúdio ou ao vivo). Quando muito, apresentação em boteco diminuto, pra poucos e bons devotos. Ñ é assim acessível. Nem rolam solos à velocidade da luz, ainda q “Xenomorph” beire isso.

A referência a se buscar – mais pra nós ouvindo, q pros caras – tvz seja o King Crimson. Ñ sei se os caras curtem a banda de Robert Fripp. Há muita textura e saturação, microfonias incorporadas, passagens abruptamente se sucedendo. Umas passagens inclusive emulando cítaras, alguns momentos q remetem ao Tangerine Dream.

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O lance é quase new age, beirando um contemplativo. Zen budismo para amantes das 6 cordas. Pedais de efeito a granel. Duvido q se saiba exatamente quem toca o q e onde; tem q manjar muito de modos, timbres e escalas pra distinguir. Egos diluídos na proposta.

As autorias (vide acima) são bem divididas: 2 sons por guitarrista, o derradeiro co-escrito pelos três. Q envolve quase 1 hora cravada – majoritariamente instrumental – de disco, em q as 3 primeiras músicas ultrapassam a metade da duração total. O 4º som, “Reflection Of”, tb passa dos 10 minutos. Os três últimos passam de 6, de 5 e de 4 minutos. Curtir ou ñ isto aqui passa além de incômodos a priori com músicas grandes. Na pior das possibilidades, é quase como uma suíte dividida em 7 partes.

A meu ver, tem discos prog, discos guitarrísticos e discos “fritadores” bem mais chatos q isto.

Tirando Vernon Reid, de fama no Living Colour e de 1 disco solo dele q tenho (“Masque”), desconheço – ainda – totalmente os outros dois. Nem fui muito atrás, desculpem-me ñ ter feito a lição de casa. O Allmusic.com dá como sendo disco de David Torn com convidados. Parecem ser gente afeita a trilhas sonoras e jazz lounge. Gente q sabe criar climas e ambiências.

Q, no fim, é de q se trata este “Gtr Oblq”. Calmaria e volume em surto-circuito. Jazz pra canibal meditar. Álbum pra sala de espera de sessão de tortura chinesa. Música pra ninar portadores de Síndrome do Pânico. Hinos de louvor para igrejas q vêem a Virgem Maria em cu de vaca. Tudo no bom sentido.

Melodias em meio a ruídos, ruídos em meio a ambiências, ambiências em meio à aleatoriedade. Sem afetação ou maiores pretensões. Parece tb ñ haver atonalidade hermética. Há coesão. Sei lá ainda se é um projeto q se sucedeu ou sucederá; sei q bem-sucedido foi por terem gravado e algum selo tê-lo lançado. Pra quem curte Radiohead e/ou Sonic Youth me parece tb uma boa.

Paguei 5 reais nisto e pagaria o dobro, o triplo e até o quádruplo.

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CATA PIOLHO CCLXVI – “I Don’t Know”: Ozzy Osbourne ou Sacred Reich? // “Insane”: Mercyful Fate ou Cavalera Conspiracy? // “D.O.A.”: Van Halen ou Coroner?