40 ANOS DEPOIS…
… o q ficou?
… o q ficou?
… o q “ficaram”?
… o q ficou?
Assim como nos discos do Nile, por meio de Karl Sanders, os discos do Triptykon tb contêm comentários, som a som, de seu líder Tom Gabriel Warrior nos encartes. Nos quais descreve causas, motivos, razões e circunstâncias de cada música ou letra (nem todas interessantes), a mim parecendo querer expor encanto ou assombro recorrentes em relação ao processo criativo.
Este é o trecho referente a “Myopic Empire”, de “Eparistera Daimones” (2010) :
“In its original guise, as a 1996 demo called ‘Relinquished Body’, this was the first song I wrote after Celtic Frost‘s original split in 1993, when I wasn’t part of any band. It has always been a typical Celtic Frost song in my eyes, which is the reason it was long left without a proper release – it had nothing in common at all with music we subsequently created with the industrial Apollyon Sun project. When Celtic Frost regrouped many years later, I submited this song for inclusion on the ‘Monotheist’ album. We played it during rehearsals, but it was ultimately rejected, not least due to its grand piano section.
I had written the original lyrics in a state of reflection, despondency, and disappointment due to the loss of the creative and personal bond with my closest friend and songwritting partner of so many years in Hellhammer and Celtic Frost. Alas, history seems bound to repeat itself“.
por märZ
Comprei a peso de ouro o livro “Damn the Machine – The Story Of Noise Records”, lançado em 2017, e estou um pouco além da metade de suas 480 páginas. Para quem acompanhou a evolução das bandas do selo, é um prato muito saboroso e salpicado de nostalgia. Alguns detalhes:
Karl Walterbach, o idealizador e fundador do selo, veio do meio punk rock e já tinha um selo que lançava bandas punk alemãs. Com a falência do gênero na virada da década de 70 para 80, Karl começou a procurar qual seria a nova onda e identificou no metal sua próxima empreitada, fundando um selo e procurando bandas para assinar. No começo, baseado no que lia em revistas de metal da época, tentou assinar com bandas que se encaixavam no estilo hair metal, pois parecia ser a tendência em voga. A primeira banda a levar o selo “NOISE” na contracapa foi o desconhecido Rated X, que tocava um hard rock pendendo para o glam e não vendeu nada.
Quem deu a dica a Karl que havia um novo estilo híbrido de metal com punk chamado thrash metal foi o guitarrista do Black Flag, sua banda preferida. Anúncios foram colocados em revistas alemãs e lojas de discos, e moleques cabeludos com bandas toscas começaram a surgir aos montes, com suas demos mal gravadas e cinturões de balas.
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Karl e Tom Warrior se odiavam, e o disco do Hellhammer era tão ruim que virou uma piada na indústria e no meio metal, quase comprometendo o potencial do então jovem selo. A má fama da banda era tal que Tom decidiu mudar o nome do grupo para o que seria o segundo disco e então nasceu o Celtic Frost. Com o eventual sucesso da banda, o dono do selo, que não gostava de metal e só tinha olhos e ouvidos para o potencial de mercado, deu total liberdade a Tom e sua banda para fazerem o que bem entendessem em estúdio, o que gerou o aclamado e experimental “Into the Pandemonium” e, mais tarde, o equivocado “Cold Lake”.
Helloween eventualmente se tornou o best seller da Noise e foi o carro-chefe quando da assinatura de um contrato de lançamento e distribuição com a CBS/Epic. Como públicos europeu e americano tinham gostos diferentes, o que vendia em um continente não necessariamente dava certo no outro. Por exemplo, Running Wild era gigante na Europa, perdendo somente para a banda de Kai Hansen em termos de vendas, mas era odiado e ridicularizado nos EUA, onde nunca vingaram. Aliás, bandas como Running Wild, Helloween e mais tarde o Gamma Ray nunca fizeram questão de excursionar pela América do Norte, pois o custo das turnês eram muito altos e não alteravam em nada as vendas naquela região.
Para minha surpresa, um dos primeiros grupos a assinar com a Noise e que foi um enorme sucesso de vendas na Europa foi o Grave Digger, e só não tiveram uma carreira melhor sucedida porque decidiram mudar de estilo e nome, o que deu tremendamente errado e acabou com a banda em seu terceiro disco.
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O Kreator era um trio amador de moleques que mal sabiam tocar e seu guitarrista/vocalista Miland Petrozza, um adolescente de 16 anos tímido e impressionável, que foi totalmente guiado por Karl em termos de como soar e se vestir. Até o nome da banda, que antes chamava Tormentor, foi escolhido pelo dono do selo e seus músicos foram informados disso por telefone dias antes de entrarem em estúdio para a gravação do que seria seu primeiro álbum. Mais adiante, “Extreme Aggression” foi o primeiro álbum do selo lançado nos EUA e resto do mundo devido ao contrato com a CBS/Epic, que logo depois foi absorvida pela Sony. “Keeper Of the Seven Keys I” foi o segundo. Até então, todos os álbuns do catálogo Noise chegavam aos EUA como importados.
Tankard era outra banda de moleques e o que os diferenciava era que nunca tiveram pretensão de serem músicos profissionais. Desde o começo deixaram claro que manteriam seus empregos regulares e a banda seria um hobby. E assim tem sido há mais de 30 anos. Coroner foi indicação de Tom Warrior, e por um curto tempo fizeram algum barulho no meio, tidos como “o novo Celtic Frost“, que havia fechado as portas devido ao fracasso de “Cold Lake”. Mas sua recusa em deixar a Suíça, aliado a mudanças de mercado no começo dos anos 90, pôs também um fim ao trio tecnothrash.
Nenhuma dessas bandas da primeira geração Noise viu dinheiro algum: todas assinaram contratos onde basicamente o dinheiro das vendas ia todo para as mãos de Karl Walterbach, e eventualmente os grupos sobreviventes deixaram o selo. O ponto do livro em que estou agora começa a descrever a segunda leva de bandas do cast da gravadora, e nomes como Blind Guardian começam a dar as caras. Talvez não seja mais tão interessante para mim, por isso decidi escrever este texto agora.
Uma pena que esse livro só saiu na Alemanha e EUA, pois é bem interessante para os fãs dessa geração do metal.
Entrevista com Daron Malakian (System Of A Down, Scars On Broadway), q descobri sem querer no Allmusic.com
https://www.allmusic.com/blog/post/daron-malakian-scars-on-broadway-interview
Ñ estava a par de ele ter lançado disco solo em 2014, “The Dictator”, como Daron Malakian and Scars On Broadway e qdo tiver tempo (qdo priorizar) procurarei no You Tube. Cantou e tocou tudo sozinho.
E a entrevista é longa: dá geral no tal disco do SOAD q ainda ñ lançaram, na carreira, em questões técnicas, influências e, ao fim, no gosto do sujeito por black metal norueguês e luta-livre, tendo sido flagrado alguma vez numa platéia usando camiseta do Hellhammer. Pincei esse trecho, final, abaixo.
AllMusic: If I’m not mistaken, you were wearing a Hellhammer shirt that night.
Malakian: For me, the black metal scene is one of the last great things that has happened in heavy metal music. Even though people don’t put these two genres together, black metal and nu metal kind of came out around the same time in the 90s – I’m talking about the second generation of metal, like Darkthrone and all that – since black metal and nu metal, there hasn’t been a scene in heavy metal music that has really impressed me and drew me into it.
AllMusic: Did you embrace it right away or did it take some time?
Malakian: It took a second, some of the imagery, when it was new to me, I was like, “Why do all of these dudes look like Kiss?” I didn’t know the stories, I just saw them on their album covers, and I didn’t take it too seriously at first. It wasn’t until maybe the late 90s that I picked up Darkthrone’s Transilvanian Hunger album and I really felt what those guys were doing. Especially the classic albums from that genre, and there’s a lot of great ones, from Immortal, Gorgoroth, Darkthrone, Satyricon, there’s a lot of great music there that some people know about and some people don’t. It’s pretty underground.
por Jessiê Machado
Quatorze anos! O tempo é relativo, 14 anos pode ser muito tempo ou pouco, depende do referencial, alguém disse um dia. Ter 14 anos de vida, na média, te faz uma criança, talvez um pouco mais que isso.
Provavelmente eu não tinha 14 anos quando conheci o Bathory, meados de 1987/88. As duas primeiras capas dos discos eram assustadoras para um garoto (e para quase qualquer um com valores cristãos). O som desses primórdios? Bom, o som era praticamente inaudível e dificilmente se tirava algo que fizesse sentido debaixo de riffs rápidos, má gravação e toda sorte de blasfêmia. Mas para quem tinha 14 anos o som, neste caso, não vinha em primeiro lugar. Era a postura, era o significado. Você era radical!
Não no sentido surfista, e sim no sentido de cara malvado mesmo (ao menos na foto de Natal da família com a camisa de bode silkada). Não malvado de boutique tipo Venom. Você era malvado escandinavo e isso importava… nem que fosse de boutique.
Falar do Bathory é meio divagação, já que Bathory era Quorthon e Quorthon era totalmente sueco. Viking em pessoa. Poucas palavras, poucas fotos de domínio público, praticamente nada não autorizado e oficial. Provavelmente é mais fácil achar um ensaio pirata dos Beatles antes de gravarem seu debut do que algo do Bathory. A maior parte do que você lê na internet é lenda, invenção, suposição, exceto “One Rode to Asa Bay”.
https://www.youtube.com/watch?v=I0-aA5GnKL4
Quorton sempre deu de ombros. Na verdade era um visionário e ele nem tinha essa ligação com o heavy metal em si como movimento. Curtia basicamente Black Sabbath dos primeiros álbuns e Motörhead. Pouco depois o contato com o Manowar fez uma ligação com suas raízes cimérias e notam-se umas batidas “a la” em alguns sons, além de uma foto icônica.
Como “black metal” em si (não no sentido de diabo, eis que não era cristão para acreditar em tal dualidade, ao que consta) é mais seminal que Venom, Possessed e Hellhammer. Na temática viking é avô, pai e, obviamente filho.
Nascido em 66, morto no mês 6. Este mês fez quatorze anos de sua passagem para o, indubitavelmente, Valhalla. Conduzido por uma Valquíria e agraciado por Thor e Odin. Poético assim, merecido desta forma a todos que combatem o bom combate, terminam a corrida e guardam sua fé, qualquer que seja ela.
Thomas Börje Forsberg, eu o saúdo. E convido incautos, iniciados, convertidos ou alheios a dedicarem pouco menos de uma hora a escutarem mais uma vez (ou pela primeira) “Twilight Of the Gods” e vislumbrar o reino musical e lírico de Quorthon, e deixe fluir. Até porque a maior parte é lenda, invenção, suposição.
“36 anos e tudo o q vcs têm a dizer é ‘uh’?”
Rolou isso da parte de Tom Warrior, aliás Thomas Gabriel Fisher, líder inconteste e figura lendária e mitológica do metal e – por q ñ? – tb do Triptykon. E, óbvio, do Hellhammer e Celtic Frost, sucursais mórbidas anteriores. Ao longo do show, ante a devoção duma galera beirando o sem-noção, q o homenageou com seguidos “uh!”.
O homem ouviu, rachei o bico com a colocação e ñ entendi até agora se ficou mesmo puto.
Sujeito sabe rir. O fez durante a apresentação, ora com a baixista Vanja Šlajh (mulher linda!), ora com o guitarrista V. Santura, ora interagindo com o baterista novo (e irregular) Stefan Häberli. Despótico, mas ñ tirano.
E sobre a apresentação, nada q os amigos por aqui ñ tenham ouvido falar: predominando músicas de Hellhammer e Celtic Frost, contando só 3 do Triptykon. Sensacional? Impressionante? De dar inveja a quem foi? Claro q sim, mas é q eu contava com um show do Triptykon com alguns hits de outrora.
Fui minoria. Mas ñ perdi.
Apesar do horário ingrato (começou às 23h, terminou às 24h40 e fiquei sem metrô pra voltar). Apesar duma descrença inicial com o baixo público (postei “boletins” de 10 em 10 minutos no Facebook com a penúria de gente presente entre 21h e 22h): galera só chegou em cima da hora mesmo. E lotou 3 quartos do Carioca. Apesar de faltar “Tree Of Suffocation Souls”, q eu esperava.
Ñ me arrependo.
Inacreditável mesmo o fato de nunca ter havido Celtic Frost no Brasil. Entendo Fisher haver tocado mais flashbacks como reverência ao público. O nível de carência da galera – maioria masculina e tiozão – impregnava no ar a cada som, cada “uh!”, cada pedido pelo som mais obscuro. Inacreditável a abertura com “Procreation (Of the Wicked)”. Fantástico ñ ter havido banda de abertura. Surpreendente pra mim “Babylon Fell”, do meu preferido (“Into the Pandemonium”). Mas no geral ñ fiquei reparando nos sons.
A seqüência ia se sucedendo e fui sendo levado no embalo. A ponto de abstrair do tempo. Mas ñ de malas batendo papo em meio às músicas, quanto mais eu me afastava de malas anteriores, mais à direita ou à esquerda. Descobri q me irrita profundamente tiozão das antigas querendo confraternizar a cada som executado. No fim, estive praticamente na grade. Levado por mim mesmo, claro, mas por algo maior.
Tony Iommi, Dave Lombardo, Neil Peart, Steve Harris, Bruce Dickinson, Ralf Hütter, entre outros, são entidades q vi ao vivo, estive no mesmo lugar q elas. De Tom Fisher estive a poucos metros. Isso é muito louco. Q monstro do metal do mesmo quilate está ainda ativo e relevante? Ñ é pouca coisa.
E imagino q, ante a receptividade devota, devam voltar. Tomara q com mais Triptykon (a banda é foda, as músicas idem) e tvz trocando a MEIA HORA da fita de introdução – tudo bem q climática – por mais sons…
UH!
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Set-list: 1. “Procreation (Of the Wicked)” [CF] 2. “Dethroned Emperor” [CF] 3. “Goetia” 4. “Circle Of the Tyrants” [CF] 5. “Ain Elohim” [CF] 6. “Into the Crypts Of Ray” [CF] 7. “The Usurper” [CF] 8. “Altar Of Deceit” 9. “Babylon Fell” [CF] 10. “Necromantical Screams” [CF] 11. “Massacra” [Hellhammer] 12. “Reaper” [Hellhammer] 13. “Messiah” [Hellhammer] 14. “Morbid Tales” [CF] 15. “The Prolonging”
Os 2 álbuns da banda até o momento contêm “momentos visite nossa cozinha”: comentários faixa a faixa da parte dos integrantes (mais Tom Warrior, ocasionalmente V. Santura), sobre como tiveram as idéias, como estavam emocionalmente quando fizeram as letras, reminiscências outras e atrozes tais quais.
Segue abaixo explanação de Tom Gabriel Warrior acerca de “Tree Of Suffocation Souls”, q abre “Melana Chasmata” (2014):
“Many years ago, I first saw the drastic images that comprise the series Les Miséres et les Malheurs de la Guerre, by French artist Jacques Callot (1592 – 1635). It was perhaps inevitable that certain scenes from the series would remain etched into my mind. Not least because they detail, in a peculiar directness somewhat typical for the period, some of the atrocious propensities of the human race.
A more recente and completely unexpected exposure to one of Callot’s images eventually led to the title Tree Of Suffocating Souls and the potential content for a song’s lyrics. It seemed obvious what kind of music I needed to create to match such a topic.
Tree Of Suffocating Souls subsequently was one of the last songs I brought into the sessions for Melana Chasmata in 2013. It represents a renewed embodiment of a topic visited since the days when I was a member of Hellhammer and manifested in songs such as Hellhammer‘s Massacra, Celtic Frost‘s Progeny or Triptykon‘s Goetia”.
MELHORES BANDAS Q DEIXARAM 1 (HUM) ÁLBUM COMO LEGADO:
bônus ancestral patriarcal: Robert Johnson (do tempo em q mal se lançavam discos)
Sex Pistols é controverso, afinal tem tb o “The Great Rock’n’Roll Swindle” caça-níqueis e o ao vivo caça-niquelzaço “Filth Lucre Live”. Quem quiser considerá-los com 3 discos, aguardar daqui duas semanas