SERVIÇO DE UTILIDADE PÚBLICA THRASH COM H
“Almost Heathen”, Karma to Burn, 2002, Spitfire Records/Sum Records
sons: NINETEEN */ THIRTY EIGHT / THIRTY FOUR / THIRTY SEVEN / THIRTY NINE */ THIRTY SIX */ THIRTY THREE / THIRTY FIVE */ FIVE / FORTY
formação: Rich Mullins (bass), William Mecum (guitar), Rob Oswald (drums)
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Taí uma banda singular em meio à oferta generosa, beirando o excessivo, de bandas stoner: o Karma to Burn é uma banda stoner instrumental. Predominantemente instrumental, melhor dizendo.
Pq o histórico é bem acessível lá no Metal Archieves: pra gravarem o 1º álbum homônimo em 1997, a Roadrunner os forçou a ter vocalista, no q recrutaram um certo Jason “J. J.” Jarosz. Desconheço tal estréia, como tb o álbum anterior a este – “Almost Heathen” é o 3º da banda – e os 3 seguintes (“Appalachian Incantation”, “V” e “Slight Reprise”) e montes de splits albuns lançados no decorrer da trajetória desses estadunidenses, dos quais acrescento ainda outra mania insólita: a de nomear seus sons com números.
Provavelmente em ordem cardinal de composição, sei lá eu. Com exceções num álbum ou outro (“V” contém versão pra “Never Say Die” do Black Sabbath, e a estréia tem a maioria dos sons com títulos “habituais”). Vai entender a piração dos sujeitos.
Tvz queiram q prestemos atenção aos sons; tvz sejam pessoas pouco criativas verbalmente; tvz queiram confundir o ouvinte, uma vez q audições iniciais tendem a desnortear um tanto (ao menos comigo rolou). Tvz ñ queiram nada disso e querem mais é q o convencional se foda. Ou a gravadora. Há méritos na apresentação, nesse sentido.
Graficamente, a apresentação tb corrobora o Karma to Burn ser uma banda de heavy metal. Fora o pregador da capa, há uns 2 baphomet’s presentes no encarte, uma foto tosca do trio e um pentagrama repetido, q conta com um coelho – !?!?!? – dentro. Impressão de banda q zoa com alguns dos clichês metálicos, mas sem recorrer a clichês stoner, do tipo fotos de cactos, de deserto, de garrafas de breja vazias.
Passando aos sons: ñ há nada muito lisérgico nos sons (“Thirty Seven” é a q tem algumas partes viajantes); portanto se vc tem o Kyuss como emblemático nesse segmento sonoro, dará com os burros n’água da loja de conveniência do meio do deserto aqui.
Os mesmos seguem-se pesados, muitíssimo bem gravados e produzidos e tb sem dinâmicas forte-fraco (a banda ñ segue a cartilha sabbáthica nesse sentido), no q a meio Danzig “Thirty Five” e seus cowbells, e “Five” tvz disso se beneficiassem algo mais, implicâncias à parte. Todos cadenciados, mas ñ modorrentos: meio alternando momentos ‘cadenciados’ com ‘arrastados’, sem excessos pra nenhum dos lados. Tvz seja viagem, mas tende a agradar quem curte Gov’t Mule, ainda q ñ seja exatamente blues a proposta.
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O entrosamento do trio é evidente e merece respeito. Ñ há fritações guitarrísticas, o baixo sujão às vezes comparece (mas sem tomar conta ou vulgarizar as coisas: ñ é “podre” o tempo todo) e a bateria ñ é de firular (exceção duns solinhos em “Thirty Eight”), apesar duns sutis e alvissareiros momentos de pedal duplo. Tb ñ é de fazer conduções em prato ride esse Rob Oswald. Predomina o chimbau. Se fosse pra resumir em uma palavra o álbum, eu citaria “coesão”.
“Thirty Six” é o som mais estereotipadamente stoner da empreitada. Pode ser o começo pra se tentar gostar. “Forty”, o q menos gosto. Os sons acima asteriscados são os q pessoalmente prefiro.
Um ou outro som me parece q um vocal ou alguma mínima letra ofereceria maior requinte (pra mim, a c.o.c.iana “Nineteen” e “Thirty Nine”), no q imagino “Almost Heathen” se prestar muitíssimo a sonoplastas e editores de plantão: aquelas matérias sobre motocross e skate q rolam na tv, ou até alguma ou outra sobre videogames radicais de repente até têm ou já tiveram trechos de músicas da banda, e eu é q ainda ñ percebi.
Se ao menos eu assistisse programas do tipo…
Enfim: quase 48 minutos homogêneos – no bão sentido – de sons de durações praticamente idênticas se seguem, e o barato tvz seja a pessoa ir se intrigando e tentando decorar as bases e riffs (muitos tocados conjuntamente por baixo e guitarra) todos muito agradáveis e nada indolentes, reconhecer as mudanças e se habituar a algo q, no fundo, tvz nem seja grande tarefa pra quem ouve progressivo, guitarristas shredder, prog metal ou música erudita.
“Almost Heathen” ñ é aquela porradaria q muita gente elencaria pra “som q tocaria no fim do mundo” – apesar de eu achar potencialmente agradante (existe essa palavra?) a fãs de death metal sueco noventista – mas tvz possa cair bem de fundo naquele churrasco de fim de semana, ou pra quem ainda curte ostentar gosto diferente em meio aos amigos. De boa, sem afetações indie. Até pq é muito pesado pra indie curtir.
E no papo q rendeu bastante nesta semana aqui no Thrash Com H, vale como indicação pra quem, como eu, ficou boiando com o Ghost. Aqui TEM PESO!
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CATA PIOLHO CCXIII – capístico; jogo dos 7 erros da vez
marZ
30 de dezembro de 2012 @ 09:49
Excelente banda! Tenho o album citado original e mais um monte baixado. O unico trabalho fraco eh o de estreia, com vocal e sonoridade mais acessivel, reproduzindo o metal alternativo que reinava no meio dos anos 90.