40 ANOS DEPOIS…
… o q ficou?
… o q ficou?
Ñ tem como ñ empatizar com a mensagem contida no encarte de “Technocracy” (1987):
“THE BEST THING ABOUT SKINHEADS IS THAT THEY’RE BIODEGRADABLE“.
versus
… o q “ficaram”?
… o q ficou?
… o q ficou?
Nem Ginger Baker, nem Keith Moon. Tampouco Carmine Appice. Muito menos John Bonham. Quem começou com essa história de 2 bumbos na bateria foi um certo Louie Bellson, nos anos 50.
Daquelas coisas q ñ entendo: chega pra mim um solo desse cara, datado de 1957, pelo YouTube do celular, prodigioso tb q é em me indicar talk shows dos EUA (Jimmy Falon, Ellen DeGeneris etc.) e uma repórter incrivelmente deliciosa de Miami q entrevista seus convidados com os peitos (ñ peitões) quase de fora. E q ñ consigo lembrar nome… Jenny alguma coisa.
Mas estou divagando.
Normalmente ñ curto solos de bateria. Só o de Ian Paice em “The Mule” (do “Made In Japan”) e os de Neil Peart, mesmo os achando um tanto extensos nos últimos anos.
No entanto, posto o vídeo acima tb pra tentar exorcizar algum mau agouro pra cima de mim, tocador de bateria q sou, nessa onda recente de mortes de bateristas: Ginger Baker, Neil Peart, o do Cynic, o do Corrosion Of Conformity… Tá foda.
Ano apenas começando. Apenas começando…
“Sounds Of Violence”, Onslaught, 2011, AFM Records/Rock Machine Records/Die Hard Records/Rock Brigade Records/Voice Music
sons: INTO THE ABYSS (INTRO) / BORN FOR WAR / THE SOUND OF VIOLENCE / CODE BLACK / REST IN PEACES / GODHEAD / HATEBOX / ANTITHEIST / SUICIDEOLOGY / END OF THE STORM (OUTRO) / BOMBER [Motörhead]
formação: Sy Keeler (vocals), Andy Rosser-Davies (lead guitars), Nige Rockett (rhythm guitars), Jeff Williams (bass), Steve Grice (drums)
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O q eu conhecia de Onslaught até sábado último era bem pouco. De ouvir falar q era foda, e de saber q eram uma banda punk de origem q virou banda de thrash. Algo ñ tão improvável, a ñ ser serem banda inglesa.
Banda inglesa de thrash é incomum (há mais alguma?), daí q fui protelando conhecer os caras. Por birra mesmo. E por achar q seriam algo meio stoner, um Corrosion Of Confomity mal acabado. Ou uma coisa torta, meio At War (q parece inglês mas ñ é) e Tank.
Ah, tb sabia terem sido das trocentas bandas q acabou numa certa época e daí voltou.
A conjunção favorável de eu encontrar este “Sounds Of Violence” a 15 golpes – e já faz tempo q estava numa certa loja na Galeria – me fez finalmente experimentar. E o q digo é q o retorno foi muito maior q a baixa ou nenhuma expectativa. E ñ pela baixa expectativa em si: o álbum é impressionantemente thrash, como se tem q ser, o q ñ quer dizer CLICHÊ.
Tirando a “intro” inicial e o “outro” obviamente final (clichês!), TUDO o q consta no meio impressiona. Composições com dinâmica e raiva. Nenhuma parte limpa. Nem nos vocais raivosos; a ponto de eu achar q havia mais de um vocalista. E ñ há (porra!). E o maior destaque: guitarras inspiradas, saraivando riffs, bases e solos sempre pertinentes, jamais desnecessários ou repetitivos. Nem óbvios. Como tem q ser.
Pra explicitar melhor o q quis dizer com “dinâmica”: os sons, mesmo parecendo um tanto longos, o são pq precisam ser. O q me remete ao Coroner: composições bem desenvolvidas, sem encheção de linguiça ou partes desnecessárias. Além disso: vários os momentos sem bateria, com bases/riffs acompanhados de pratadas secas. Artifício até manjado noutros tempos, mas q faz uma diferença positiva, a meu ver.
Claro q estou ainda numa fase de arrebatamento, de me encantar com o negócio, q é anterior às racionalizações chatas de procurar semelhanças/chupins ou ficar buscando afinidade com outras bandas de thrash consagradas. Mais por cognição q por chatice. Por ora, alguns vocais lembram-me Exodus (no bom sentido, ñ na “voz de pato”), mas poderia ser Destruction ou Death Angel (da volta), e na verdade isso pouco importa.
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O q consigo já dizer é de ficar realmente impressionado por um trampo desse ter saído em 2011. Soa como disco oitentista, com malícia – óbvia – de banda veterana e produção contemporânea q em nada estragou, só valorizou a porradaria. Tipo os “Thrash Anthems” do Destruction. Poderia passar como disco de regravações, e ñ é. É banda de som e identidade próprias. É Onslaught. E agradeçamos a Crom pela tecnologia.
Pra citar sons: a partir de “Godhead” até “Suicideology”, tudo faz sentido. Ñ q a primeira metade ñ faça, apenas tenho preferido a metade final. Músicas repletas de partes q ñ enchem a paciência, ao menos ñ a minha. “Hatebox”, me fez descrer em tanta mudança: achei umas horas (mais de uma vez, quando ouvia de primeira) q já havia mudado o som. Continuava “Hatebox”. E continuava foda.
E com riffs, caralho, riffs incríveis. Diretos e objetivos. Os meus preferidos em “Godhead”, em “Antitheist” e em “Suicideology”.
No fim, há uma versão legalzinha de “Bomber”, faixa bônus e anterior ao oportunismo de tributos ineficazes a Lemmy Kilmister. Com participação de Tom Angelripper nos vocais e de Phil Campbell tocando guitarra, sei lá se fazendo solo ou ajudando com riff. Pois ficou mais porrada e com início e fim lembrado “Creeping Death” do Metallica. Ruim pra fundamentalistas, legalzinho (reiterando) pra mim.
O único aspecto desfavorável neste lançamento nacional – este q anacronicamente adquiri e pus pra tocar e deu vontade de resenhar – é a porqueira da embalagem. O desenho bacana da água na capa (meio Slayer, mas ñ desmerece) está invisível, assim como o título. Perdidos no fundo preto, q no fim é só fundo + o logo da banda. Parecendo capa de fita demo mal xerocada.
O encarte, por sua vez, pouco/nada permite ler informações de ficha técnica. Tudo em vermelho em fundo preto. Dá pra ler as letras (menos mal – e ainda ñ me ative às mesmas), mas fico pensando q se teve tanta gente brasuca pondo suas logomarcas de “selo” no acrílico e na contracapa – e esses dá pra ver certinho – poderiam ter tido o cuidado de revisar a apresentação.
Pq é o tipo de coisa q depõe contra o “produto”, e me faz pensar q a tal loja na Galeria do Rock ainda terá cópias e cópias de “Sounds Of Violence” ali no cantão da vitrine, meio escondidas e custando 15 golpes, ainda por muito tempo. Sem q neófitos interessados cobicem comprar. Ou até começarem a cobrar 10 golpes, 5 golpes…
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CATA PIOLHO CCLXIV – equivocado acusarmos chupim. Chamemos de ‘capas de inspiração semelhante’
Quando da entrada de Jason Newsted pro Metallica, por conta da óbvia vaga deixada por Cliff Burton, se ficou sabendo terem sido testados músicos ilustres, como Pepper Keenan (do Corrosion Of Conformity) e Les Claypool, q ainda ñ tinha o Primus. Entre outros, q ñ me ocorrem agora.
A questão é q no fim dos 80’s ainda ñ existia o “efeito the Osbournes”, pra q James Hetfield e seus sócios tivessem feito onda pra cima do evento (vide os testes q resultaram na entrada de Robert Trujillo estarem disponíveis no You Tube). Ficaram os relatos e memória, ficou a História.
[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=uS6gwp6SeXM[/youtube]
E ficou o vídeo acima, em q Les Claypool brevemente descreve a experiência, já longínqua.
E q a mim soa interessante pelo distanciamento: Hetfield, em imagem de VH1 recuperada, descrevendo a incompatibilidade real: “tocava demais” (sic). Assim como Claypool, racionalizado, amenizar q the thing that should not be, já q nem era tão fã da banda, “só curtia o ‘Ride the Lightning’, e tal”.
Comparem-no à sua fala final, mais antiga, sobre a reação de ñ ter entrado pra banda ahah
“Cleansing”, Prong, 1994, Epic/Sony
sons: ANOTHER WORDLY DEVICE / WHOSE FIST IS THIS ANYWAY? / SNAP YOUR FINGERS, SNAP YOUR NECK / CUT-RATE / BROKEN PEACE / ONE OUTNUMBERED / OUT OF THIS MISERY / NO QUESTION / NOT OF THIS EARTH / HOME RULE / SUBLIME / TEST
formação: Tommy Victor (vocals, guitars), Paul Raven (bass), John Bechdel (keyboards, programming), Ted Parsons (drums)
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Certa vez um amigo atribuiu ao Prong a criação dum metal “pára e continua”, característico da banda, de guitarras providas de riffs secos, curtos, bruscos e ñ raro saturados, acompanhados de vocais e cozinha igualmente secos, curtos, retos e levemente grooveados.
Até concordo com o parecer, no entanto relativizo-o: pois foi ao longo dos 90’s q surgiram bandas estadunidenses como tb Helmet e Biohazard (mais grooveados q aqueles), dos quais se pode até depreender paternidade em Suicidal Tendencies e Bad Brains.
Estando fixados no Arizona à época, mesmo o Sepultura safra “Chaos A.D.” usufruiu, à sua maneira, dos mesmos elementos, sendo assim difícil precisar a paternidade desse metal “rude”. E o Machine Head, tb ao seu modo, pelas paralelas, tangentes ou co-secantes. Passível de caber no balaio ainda o Corrosion Of Conformity, “pára e continua” entre hardcore, metal e um estilo próprio. Sei lá.
Toda a epistemologia inconclusiva acima servindo de introdução e para justificar a resenha de “Cleansing” aqui por 2 singelos motivos: 1) ser um ótimo álbum; 2) apontar conexões com o Killing Joke, banda seminal na seara grooveada e rústica, só q em período fora do radar noventista.
A conexão mais óbvia se tem na formação do Prong aqui: metade da banda inglesa – Paul Ravel e John Bechdel – gravou aqui com os originais – ops! – Tommy Victor e Ted Parsons.
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Quando lançado, lembro de “Cleansing” haver chocado os headbangers ortodoxos, assim como os de ocasião q vieram a conhecer a banda via “Prove You Wrong”, disco anterior mais thrasher e tb mais acessível (alta rotatividade em clipes na Mtv Brasil!), e q considero até superior por conta da proposta mais típica.
Neste aqui, a proposta apresentou-se mais alternativa: abundam os riffs circulares e o trampo baterístico é reto como nunca. Ñ por flacidez ou por incompetência, e sim por opção consciente e deliberada.
Por isso recomendo uma primeira audição do trabalho sem focar tanto a bateria, até q a devida assimilação se dê. Claro q “Cut-Rate” em seu início (viradas junto às bases), passagens breves (viradas poucas) nos outros sons, ou ainda o final em ”Another Wordly Device” brincando opressivamente com contratempos me desmentem outro tanto, mas o acento thrash baterístico por aqui (mesmo havendo 2 bumbos só em ”Out Of This Misery”) é nulo.
O q tvz fosse péssimo, ñ fosse o desempenho e prevalência de Tommy Victor nos sons todos. Moeda corrente na época foi destacá-lo em “Cleansing”, e aqui no Thrash Com H ñ seria diferente.
Baixo e teclados comparecem, mas com funções ornamentais de sujar, dar climas e “industrializar” o menu. Todo o resto é GUITARRA, praticamente um catálogo de palhetadas, riffs, bends, stacattos, overdubs, apitadas e até solos poucos (4 ou 5 sons apenas os têm), funcionando como um verdadeiro workshop – e melhor, um workshop funcional – pouco dado a punhetas estéreis e pentalhatônicas atrozes de shredders e guitar-heros.
Tudo isso, entretanto, ñ poupa o álbum de ser um tanto longo: tem músicas demais, o q gera necessidade de ser assimilado aos poucos, em blocos. Sendo q, pra meu gosto, os 5 últimos discos soam mais “alternativos” q metal alternativo. Mais Killing Joke descarada e escancaradamente q banda de metal influenciada por Killing Joke. Tb ñ gosto de “Broken Peace”, new metal demais pra mim.
Quem dera os “guitarristas” (notem aspas) de new metal e metalcore tivessem todos este “Cleansing” – ou, tendo, o tivessem devidamente assimilado – para aprender bem mais sobre rítmica e pertinência, ao invés de forçarem peso mediante baixarem afinação e encherem as bases de pedais de efeito.
Sem mais.
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CATA PIOLHO CCXLVI – “Dystopia”: Kreator ou Megadeth? // “Agent Orange”: Sodom ou Tori Amos? // “Over the Wall”: Echo & the Bunnymen ou Testament?