Vamos ser sinceros, nada de condescendência e corpo-mole: alguém realmente precisa de “Load” após o olimpo em “Black Album”? Ou de “Divine Intervention” após o apuro de “Seasons In The Abyss”? “Renewal” após “Coma Of Souls”? Que deus nos ajude: “Against” após “Roots”?!
O que quero dizer é: artistas – e falo aqui de artistas musicais – deveriam vir com prazo de validade. Saber quando parar deveria fazer parte da brincadeira. 5 ou 6 álbums no máximo e guitarras penduradas, estamos todos combinados. É difícil continuar relevante depois de algum tempo, competindo com os novatos, tentando manter uma atitude que contrasta com a idade e a realidade. Chega um ponto que vira uma caricatura, um cartoon.
Por mais que Motörhead ou Overkill até hoje desovem discos merecedores de elogios e alguma atenção, é inegável que seu ápice criativo foi até no máximo 10 anos de existência. O que veio depois pode ser visto, dependendo de quem analisa, e aqui é bom separar o fã do crítico, como pura masturbação estilística ou desespero peter-panístico. Auto-indulgência talvez seria o termo.
Falo isso como crítico e devil’s advocate, pois o fã em mim pouco se lixa. De Coltrane a Iron Maiden, de Lou Reed a Venom, Rod Stewart a Titãs, Caetano a Ministry, músicos velhos produzem música requentada ou frouxa. Exceções são… exceções. Um lampejo aqui, outro acolá, e o que se lê nas entrelinhas é “nossa, até lembrou os velhos tempos”. Ou seja: conseguiu se auto-plagiar, parabéns pra eles.
Boa parte dos artistas que admiro poderia muito bem ter parado após seu quinto álbum, e a verdade é que nada do que produziram depois faria assim tanta falta. Não ao ponto de ofuscar seu período mais fértil. Eu viveria feliz e satisfeito sem conhecer “Christ Illusion”, “Dante XXI”, “No Prayer For The Dying”, “The Razor’s Edge”, “Endorama” ou… (inclua aqui seu exemplo). Etc.
Edição especialmente tercerizada, por Jessiê Machado.
“O Reino Sangrento do Slayer”, Joel McIver, 2013 – 2ª edição, 368 pp., Edições Ideal
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Quando fiquei sabendo que iria sair uma biografia do Slayer, não sei se aqui no site ou em algum outro lugar, nos idos de 2010, fiquei eufórico pois, junto com o Black Sabbath, é a banda de que mais gosto desde sempre e ambas totalmente responsáveis por todo a minha iniciação e dedicação ao mundo metálico.
Todavia, em detrimento da minha ansiedade, só em dezembro de 2013 consegui meu exemplar por cerca de R$ 60,00 (sessenta reais) e já tive duas surpresas: 1.ª de uma qualidade gráfica surpreendente, capa dura e de muito bom gosto; 2.ª já se tratava da segunda edição brasileira sendo que o livro fora publicado no mercado americano e inglês em 2007 (putz estou desinformado)!
Chegando em casa estava lendo o segundo livro do Lobão e obviamente interrompi para começar a ler “O Reino Sangrento do Slayer”, escrito pelo britânico Joel McIver, que se denomina no livro como “especialista em heavy metal”. Merece um parágrafo o “especialista”.
Rapidamente associei o escritor com a biografia do Max Cavalera que havia acabado de ler, fui pesquisar sobre o mesmo pela internet e descobri que o “especialista” deve estar milionário com tantas biografias que escreveu nos últimos 14 anos. Acessando sua página (www.joelmciver.co.uk) constam dezenas de bios as quais cito: David Ellefson, Machine Head, Glenn Hughes, Motörhead, Randy Rhoads, Cliff Burton, fora os acima mencionados e vários outros. Nem todas necessariamente biografias na mais pura acepção, mas salta aos olhos os prefácios e participações. Joel tem muito prestígio.
Iniciando o livro Joel já alerta de antemão que solicitou a autorização da banda para que fosse uma bio oficial, mas nunca responderam negando ou permitindo. No início não entendi bem, depois compreendi.
O livro tem uma estrutura e narrativa que acho sensacional em bios musicais: dar uma introdução breve sobre infância como se conheceram e tal e partir para os discos um por um, construção das músicas e curiosidades no decorrer do tempo. Nisto o livro é simplesmente sensacional.
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O início é simplesmente empolgante e se devora rapidamente. Detalhes como a saída de Araya do Chile em plena era Pinochet, o fato do pai de Hanneman ter lutado na segunda grande guerra e o irmão na guerra do Vietnã, o primeiro riff aprendido por Kerry (“Children Of the Sea” – obrigado, Iommi) e o primeiro contato de Lombardo com a música tocando bongô na escola naquele lance bem americano de mostre-e-conte atraem a atenção e explicam muito de como jovens comuns se conheceram e formaram a banda mais extrema e importante da música mundial.
Muitas outras informações, interações com bandas (uma inicial adoração ao Venom que rolou até murro na cara do Araya), como Hannemam era reservado e achava Kerry bom, a boa praça de Araya, as idas e vindas de Lombardo, audição de bateristas, royalties, riffs, gravadora, MTV, religião, são simplesmente sensacionais, relevantes e empolgantes. Sem falar que uma abordagem “Caras” de fatos absolutamente dispensáveis da vida pessoal dos integrantes não fazem o estilo do escriba.
Porém, quando o Autor se propõe a discorrer sobre os discos a coisa desanda. Não porque comete erros técnicos ou ausência de informação, ao contrário: informações interessantes e relevantes têm de sobra por todo o livro, ocorre que Joel dispara opiniões pessoais bem discutíveis sobre as músicas e letras e por vezes parece discorrer como se heavy metal fosse música abobada de adolescentes púberes para uma banca de examinadores em tese de mestrado.
Exemplos:
“Evil Has No Boundaries”: “música datada para ser ouvida depois de 25 anos”; “Die By the Sword”: “dispensável, com seus riffs mais de rock do que de metal”; “Tormentor”: “foi um ponto baixo no disco”; ”Show No Mercy”: “a sintaxe embaralhada no melhor estilo Yoda…torna tudo um pouco risível.”; “Dead Skin Mask”: “… infelizmente a música segue arrastada” (…) “gongo exagerado de Lombardo e a voz feminina…simplesmente não convencem”. E assim se segue por quase toda a discografia da banda, onde, creio eu, ter sido o maior motivo da banda não ter respondido sobre a biografia.
Entendo que o biógrafo que se propõe a escrever em terceira pessoa sobre determinada banda (ou artista de modo geral) não deve se ater a tão somente narrar sobre fatos e obras do biografado, sob pena de se tornar chata, monótona e totalmente impessoal. Mas também é necessário se encontrar um meio termo, quando quem escreve é fã do biografado (quase sempre), entre a babação de ovo exagerada e a crítica excessiva e sem fundamento.
A parte boa é que a opinião pessoal do biógrafo é parte pequena da obra e não chega a comprometer, apesar de torná-la menor, e este fato é a única crítica severa da obra, com outra bem menor que é a presença pequena, apesar de interessantíssima, de fotos antigas. No geral vale a pena comprar o livro por sua riqueza de informação, a maioria desconhecida de quase todos numa época em que não existiam informações digitais, e por tornar ainda mais sangrento o reino do Slayeeeeerrrrrrr!
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CATA PIOLHO CCXXVI – descontemos os quesitos diferentes idioma e arrojo técnico; descontemos tb a tal “banana” aparecendo, marota, na letra; descontemos ainda o pequeno Steve Vai jamais ter tido primos, um muito justo, outro safado, chamados Augusto e Bersange. Tirando isso, “Stevie’s Spanking”, de Frank Zappa (1984), é praticamente idêntica a “Puteiro Em João Pessoa” (1994), do Raimundos.
Nem todos os amigos por aqui eu tenho adicionados no Facebook, onde fui fazendo uns comentários ao longo dos shows, sobretudo os do último domingo. O amigo Jessiê disse q aguardava umas opiniões deste q vos bosta (digo, bloga!), e assim farei, recondicionando algumas das coisas postadas por lá.
Ah, ñ fui pessoalmente. Curti a coisa a bordo do sofá daqui de casa. Coisa melhor q fiz.
Quanto ao Ghost, vou na cola do amigo Ricardo Sarcinelli, em considerar q fizeram um show q extrapolou o próprio show. Sujeito vestido de Papa macabro e músicas falando ostensivamente em Satanás em rede nacional (e até na Globo) é evento digno de registro. Coisa histórica.
Por outro lado, é banda cujo visú ñ combina com o som. Tinha q ser uma pedrada mais pro deathão, com vocal gutural. Faltam riffs, faltam solos e falta um vocal q ñ soe como uma menininha de 11 anos.
Genial tb a gauchinha sem noção no Multishow (ex-mtv) perguntando aos ghouls se eles iriam à praia vestidos daquele jeito! ahah
Além dos suecos, outro ponto q considero memorável foi show de Bruce Springsteen abrir com Raul Seixas, o q ele já tinha feito quarta-feira aqui por São Paulo. Pra quem for chato e implicante (mais q eu): claro q faltaram os cacos, às chamadas a Crowley (Satanismo IMPEROU na bagaça), mas além disso o fato histórico dum roqueiro estadunidense haver coverizado um roqueiro brasileiro pela PRIMEIRA VEZ – rip0ngas chatonildos indies cometendo Sérgio Mendes, Jorge Ben e Mutantes ñ contam! – é algo digno de menção.
Chupem, Caetano Veloso, Titico Sta Cruz, Ivete Sangalo e todo gringo q tentou agradar platéia tocando “Garota de Ipanema” ou Michel Teló (todos os outros gringos pretéritos infames) nesta e noutras ocasiões.
Assisti ao show do homem inteiro. Ainda q ñ faça meu gênero. 3 horas sem perder o pique. 63 anos na cacunda e 19 músicos no palco. Só fraquejou ao fim, fazendo o clichê de tocar “Twist And Shout” emendado com “La Bamba” (são as mesmas notas): deveria ter era tocado “We Are the Champions” e “Whisky A Go-Go”!
Achei tb inesperadamente incrível a junção Destrúcho e Krisiun. Thrash alemão e brutal death metal brasuca: ñ é q combinaram? Por conta dos 2 guitarristas infernalmente despirocados, lançando riffs, licks e solos initerruptamente. Schmier em certa hora, ao descrever o q rolava, criou praticamente um novo superlativo: o “fucking foda”. Foi.
A lamentar apenas q os alemães tivessem tocado mais q os brasucas; por outro lado, o show era deles e os brasucas, os convidados. Sensacional a exibição em rede nacional tb: “o Krisiun para as massas”, como apregoou o amigo Rodrigo Gomes. Cover de Venom (superando a original) e “Total Disaster” (dos alemães) tocadas juntos, a mim superam aquela papagaiada saudosista de Sepultura abrindo pra Venom e Exciter em 1929. Krisiun é a banda a ser seguida, se ñ pela porradaria, pela atitude e pelo zero de concessão.
Me senti representado por eles, por ñ serem banda de “metal nacional playboy”, como aquele LIXO de Kiara Rocks, q vieram ao mundo praquilo q fizeram mesmo: papais e mamães de alguns deles deixaram de trocar de carro e de fazer sacolagem em Miami em 2013, pra q os filhos tivessem “a melhor noite de suas vidas”. Ainda q isso tenha significado entuchar o set de covers e de tentar apelar pro falido do Paul Di’Anno, q conseguiu atravessar “Highway to Hell” e blasfemar Ramones antes de seu número Maiden.
Quando a melhor coisa do show da tua banda num megaevento é participação de ex-Maiden jurássico e de guitarrista do Charlie Bronha Jr., creio ñ haver boa vontade no mundo q dê jeito de abonar tamanha caganeira e embaraço.
Há quem considere q o show do Helloween deveria ter ocupado tal espaço de palco principal, “Palco Mundo”, coisa q o valha. Acho até q sim, mas nem é a política do festival, sempre aberto a um jabá, como foram Gloria (cadê essa bosta?) no anterior, Sheik Tosado (alguém lembra?) em 2001 e Udora em 1991… Além disso, penso q num festival tão mainstream, o heavy metal q ñ mainstream (Metallica, Maiden e até o Slayer) ñ tem q ter tanta exposição assim. Senão, banaliza como as camisetas dos Ramones vendidas a rodo pra periguetes q mal conhecem Offspring, quando mais “hey ho let’s go”…
E curti Helloween: Andi Deris é um carismático fodido e a formação atual é muito precisa. Chegaram ao nível de fazerem show ruim só por pobremas técnicos. “Live Now!” funcionou muito bem com a galera. “Power” é jogo ganho. Só lamento q o cara ñ tenha culhão pra mandar rancar fora de vez sons da “era Kiske” (“Eagle Fly Free” ñ funciona, deixa pra lá!), até pq os sons da “era Deris” acho muito muito muito melhores. Curti tb q tenham deixado Kai Hansen só pro fim, pras óbvias “Dr. Stein”, “Future World” e “Out In the Fields” “I Want Out”.
E mesmo detestando André Matos e seus mesmíssimos agudos constipados (since 1986) e o Viper, tenho como tremenda injustiça ñ terem ficado no lugar do Kiara. Pit Passarell, claramente dependente químico, saiu direto do palco pro bico de flanelinha na porta do evento.
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Desconheço o “pé” da turnê em q se encontra o Iron Maiden. Tvz pelo “meio”: achei os caras no piloto automático. Nada de show chulé, todavia. Pouca conversa e interação entre os sons. Tvz rolasse um cansaço de terem tocado sexta-feira aqui em SP. Tvz ñ. Bruce Dickinson com freio de mão puxado: veterano q é, deveria já ter aprendido q acelerar vocais – como em “The Prisoner” e em “2 Minutes to Midnight” – ñ faria os sons acabarem mais rápido…
“Phantom Of the Opera” achei surpreendentemente foda. Fucking foda. Som do Multishow, uma bosta. 3 guitarras pra equalizar e uma bateria monstro acabariam sofrendo danos mesmo. “Afraid to Shoot Strangers” é música “fase Blaze” feita na “fase Bruce“; tudo bem, Dickinson ñ deve agüentar fazer “Die With Your Boots On” mais. Q, como “Still Life”, “Killers”, “Heaven Can Wait” e “Sanctuary” rancadas do set original, o foram pra dar lugar tb à “Fear Of the Dark” e oferecerem o populismo q gente mais true descartaria.
No mais, ñ sendo cansaço ou tanque na reserva, poderemos anunciar o início do fim de Bruce Dickinson. Aconteceu com Halford, Dio, Gillan, Adams, Axl… aconteceria com ele alguma hora. E o figurino, ímpar: entrou com terninho de toureiro, fez tributo capilar ao Misfits na “Seventh Son Of A Seventh Son” (sofreu pra cantá-la!) e terminou o show homenageando o penteado de Helena Bonham Carter. Versatilidade a toda prova!
A despeito de minha birra com o Slayer, tornado um Slayer Cover Oficial, tenho q foi um show monstro.
Araya encarnando um “Papai Smurf From Hell” chutou bundas de quem quer q se meta a achar q canta thrash metal. Impressão de q o quer q esse cara ande comendo ñ é Friboi… Tá com voz melhor q dos tempos do Philips Monsters. Q o diga o berro inicial em “Angel Of Death”. Ou “Disciple” berrada a plenos pulmões e diafragma.
Repertório impecável de 13 sons (curto, como tb foram o Ghost e o Alice In Chains), revisitando “Show No Mercy” e “Hell Awaits” sem soarem rasteiros ou demagogicamente saudosistas nas respectivas “Die By the Sword” e “At Dawn They Sleep”. 4 sons do “Seasons In the Abyss”, incluída a definitiva “Dead Skin Mask” e a impressionante “Hallowed Point”; apenas trocaria “Mandatory Suicide” (da indefectível cota de duas do “South Of Heaven” executadas) por “Chemical Warfare”.
Nada de bailão da saudade. Gary Holt surpreendente e Paul Bostaph emulando Dave Lombardo como sempre fez. Com categoria. Entrevista de Kerry King – em pé – após show entregou planos (dele?) de “novo álbum” (putz), contar com Gary Holt efetivado e desabafo sobre “escolhas erradas” de Dave Lombardo. Amigo FC creio ter entendido um pouco mais as falas do sujeito.
Por fim – por ora – e tb fora de ordem: achei bem digna a junção Zé Ramalho + Sepultura. E coisa pra ter rolado no palco principal, fora isso. Pq colocou Derrick Green em seu devido lugar: tocando umas percussões lá no fundo q mal dava pra ouvir. E pq poderia até se tornar algo mais efetivo. Zé Ramalho tem um carisma da porra: um disco conjunto levantaria a carreira da ex-banda em atividade mais q qualquer coverização de Chico Science & Nação Zumbi (momento constrangedor no set) ou Death.
Se forem bem espertos e ligeiros, poderiam tentar um crowdfunding pra tentar comprar do Medina os direitos da apresentação e lançar como dvd oficial. Zé Pultura ahah
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Quanto àquela BOSTA de Avenged Queimaroscafold, nada a comentar. A ñ ser um flagrante da roda durante o show. Super perigosa.
“The Blackest Album” – An Industrial Tribute to Metallica, 1998, Roadrunner/Eagle Records
por
Apotygma Berzerk – “Nothing Else Matters”
Die Krupps – “Battery (Re-Filtered By Filter Secretion)”
Razed In Black – “The Thing That Should Not Be (Back In Black Mix)”
Spew – “For Whom the Bell Tolls”
Hellsau – “Master Of Puppets”
Razed In Black – “Damage Inc.”
Abaddon Of Venom – “Whiplash”
Godheads – “Wherever I May Roam”
The Element – “Nothing Else Matters (Elemental Mix)”
Carbon – “The Thing That Should Not Be”
Birmingham – “Seek And Destroy”
In Strict Confidence – “Sad But True”
La Honda Militia – “Battery (High Voltage Mix)”
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Todo mundo por aqui lembra daquela febre de álbuns-tributo duns 15 anos atrás. Feitos de vários modos, alguns claramente picaretas, outros obviamente furos n’água, um ou outro aparentemente sincero, muitos redundantes, mas todos eles – e aposto q isso ninguém sabe – profetizados por Nostradamus como “praga” de final de segundo milênio. Junto da invasão das bandas cover de Nightwish e das de metal melódi-cu sub Chatovarius. Em nota de rodapé de suas profecias, claro, mas profetizados.
(É q ninguém realmente lê notas de rodapé)
Além disso, e pra falarmos de profecia realmente ocorrida, todos esses prenunciadores do vácuo criativo q se estendeu na música em geral, e tb no “nosso” heavy metal na 1ª década do tal 3º Milênio. Estou mentindo??
Afinal muitos desses tais artefatos se prestaram porcamente a bandas desconhecidas tentarem lugar ao “sol”. Ñ há, tampouco houve, truezice ou anti-comercialismo nessas empreitadas. O q se objetivou em todos eles foi ganhar um trocado e foda-se. É o caso tb deste LIXO de tributo “eletrônico” (aspas é pouco) ao Metallica, condizente, além do mais, em sua apresentação, vide
praticamente metade de seu repertório repetido;
o encarte NULO de informações, sem citar integrantes das bandas, datas de gravação, produtores envolvidos nem autorias dos sons;
o release idiota e inútil, q ocupa as 3 desperdiçadas páginas dobradas do encarte, contando por alto a história da banda, provavelmente pra inteirá-la aos leigos e fãs de eletronices aqui contidas. Fora porcamente sugerir (é ainda mal escrito o negócio) alguma intersecção entre o pioneirismo e atitude underground do Metallica pra com – supostas – similitudes das hordas daqui. Pff!
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Ao julgar “porcaria”, nem o faço por considerar música eletrônica porcaria. A ñ ser esses lixos psy, trance, pra mim, música de playboy ficar quicando em rave chapado, sem qualquer fundamento ou objetivo. Digo-o por soarem quase todos os sons aqui – exceção ao Abaddon – como fossem uma única banda cometendo-os, com timbragens idênticas, baterias eletrônicas maçantes (em nada honrando, sequer reconhecendo, o arrojo baterístico de Lars nos velhos tempos), irritantemente pastiche de Skinny Puppy (do pouco q conheço dos canadenses) e com os piores maneirismos do Nine Inch Nails.
A “música eletrônica” aqui é de gente q tvz nunca ouviu falar em Tangerine Dream ou kraut rock. A quem Laibach e suas versões (algumas) desconcertantes se pense ser spam em emails. É apenas escombro e estereótipo de música eletrônica, cometendo versões q alternam entre o redundante, o duvidoso e o irreconhecível em relação às músicas originais.
Sendo q os “redundantes” achei os mais passáveis. Os q claramente samplearam partes dos sons originais e tentaram emular Trent Reznor gemendo em cima. Caso dos do Razed In Black e Carbon, ao mesmo tempo em q as versões de Speu e Hellsau, de idêntico modus operandi, eu ñ tenha curtido, achei bem mais fracas.
Os sons “duvidosos”, pra mim, são os de Godhead e Birmingham (“Seek And Destroy” ficou duma heresia escabrosa), tornados putz-putz pra danceteria. Coisa q, se chequinho ñ tivesse caído nas respectivas contas, Lars e James certamente blasfemariam contra. Tb duvido q tenham alguma qualidade pra tocar em rave. Por outro aspecto, ficaram irreconhecíveis as do Die Krupps, do The Element e do In Strict Confidence – ou tão reconhecíveis quanto reconhecer gente morta pela arcada dentária: ñ havendo as levemente parecidas linhas vocais, mal se poderiam reconhecer como sons do Metallica.
Por outro lado, na “Nothing Else Matters” do Apotygma Berzerk e tb na “The Thing…” do Carbon, reconheci alguma qualidade e atributo. Trechos nelas de gente q poderia tê-los aproveitado pra fazer sons próprios levemente dissoantes da mesmice do álbum. Tanto quanto a intro cabarezística cometida pelo La Honda Militia, na “Battery” estranha deles. Ponto pra esses, mesmo q em pedacinh0s.
Ao mesmo tempo, a “Whiplash” cometida por Abaddon (aquele!) soa algo como irreconhecível, tosco e vil: dá impressão do sujeito ter feito a 1ª coisa q lhe passou pela cabeça e, se esse som específico destoa de todos os outros, o mérito está apenas em destoar. Perder tempo com ele é jamais reaver irreparáveis 2 minutos e 38 segundos da vida, preciosos pra se fazer QUALQUER OUTRA COISA, como ver grama crescendo no canteiro ali na esquina, ou ver/ouvir goteira de chuveiro.
Em suma: “The Blackest Album” acho das piores tranqueiras q se cometeu na modalidade álbum tributo. Sem nada q eu conseguisse considerar “melhor música”, e dum legado caça-níquel ainda mais deletério: procurando pela capinha acima, descobri terem saído ainda partes “2” e “3” disto, em 2001 e 2002, com tantas outras hordas semidesconhecidas (semiconhecidas tb?), fora repletas de sons de “Load” e “Reload”.
Se teu ensejo nalgum momento for o de ouvir versões inusuais de Metallica, recomendo o debut do Apocalyptica ou rir do Beatallica; se o ensejo for o de ouvir versões fiéis/paudurescentes, sugiro “Whiplash” pelo Destrúcho, “The Thing That Should Not Be” pelo Primus e “Battery” pelo Machine Head. Agora, se a vontade for o de ouvir versões irreconhecíveis/ruins dos sons clássicos da banda, melhor q se baixe/pegue algum bootleg ou dvd das turnês “Load” e “Reload” e se arque com o devido desgosto ahah
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CATA PIOLHO CCVII –Joe Satriani processou aqueles glúteos-flácidos do Coldplay por plágio. E parece q ganhou. Ganharia, fora algum dinheiro, muita droga e estadia anual no Albert Einstein (pra tratar de “stress“), se processasse a caquética Rita Lee, por sua “Tataratlantes”, confiram!
1º som: comecei tarde. Meados de 1999. Cd da “revista” Planet Metal (na verdade, a revista é q era bônus do cd), em seu “volume 7” continha “Code Red”, faixa-título do então recém-álbum dos caras
1º álbum: o próprio “Code Red”. Fui na onda do som, comprei o cd na Galeria do Rock, achei legal. Mas, tal qual como com o Venom, provavelmente passei batido pela idade de passar a curtí-los
Pergunto pq me ocorre ter começado mal com a banda (“Prime Evil”) e, mesmo tendo corrido atrás duns outros 3 (“At War With Satan”, “Metal Black” e “Possessed”), eu tvz tenha passado do ponto – ou da idade – de curtir Venom.
MELHORES DISCOS INTITULADOS COM NOMES DE BANDAS OUTRAS:
1.“Overkill”, Motörhead
2.“The Gathering”, Testament
3.“Heaven And Hell”, Black Sabbath
4.“Elegy”, Amorphis * 5.“Machine Head”, Deep Purple
6. “Angel Dust”, Faith No More
7.“The New Order”, Testament * (eheh) 8.“Omen”, Soulfly
9.“Vile”, Cannibal Corpse
10.“Possessed”, Venom
* álbuns outrora resenhados quando o blog era noutra freguesia
Edição especialmente tercerizada, por Jessiê Machado
“Don’t Break the Oath”, Mercyful Fate, 1984, Roadrunner/Combat
sons: A DANGEROUS MEETING / NIGHTMARE / DESECRATIONS OF SOULS / NIGHT OF THE UNBORN / THE OATH / GYPSY / WELCOME PRINCESS OF HELL / TO ONE FAR AWAY / COME TO THE SABBATH
formação: King Diamond (vocals), Hank Shermann and Michael Denner (guitars), Timi G. Hansen (bass), Kim Ruzz (drums)
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Era quase metade da década de 80, ainda não existia “Rock in Rio” e, conseqüentemente quase nada a nível de metal nacional, nada de internet, nem de informação na televisão, muito menos de mp3. Heavy metal ainda era uma terminologia pouco difundida em terras tupiniquins e pouco se sabia acerca do estilo, sendo que roqueiro era quem gostava de Blitz.
No cenário internacional, Metallica lançava “Ride the Lightning”, o Iron cometia “Powerslave”, Slayer era apenas uma banda com um bom álbum de estréia, e surgia uma banda nova chamada Celtic Frost, das cinzas de outra intitulada Hellhammer, que lançava um álbum obscuro, “Morbid Tales”. O Death Metal ainda engatinhava, e o que se tinha de mais agressivo, fora bandas obscuras, eram o Venom com seu “Black Metal” (por enquanto apenas um nome de disco) e o Possessed.
Essa era a cena metálica mundial, e foi assim que o metal dinamarquês, até então sem nenhuma história no contexto musical pesado, surpreendeu o mundo com o 2º álbum da então desconhecida banda Mercyful Fate. Um nome poderoso. Uma das capas mais impactantes e fortes até hoje. Sendo durante muitos anos uma das camisetas mais disputadas entre bangers do mundo todo.
Rosto pintado não era de todo novidade, pois Alice Cooper fazia isso há décadas, e o Kiss idem: todavia, em ambos casos, era mais pra teatralidade e encenação, enquanto que no caso do vocalista aqui, um certo “King Diamond”, era diferente: tinha uma conotação de medo, de filme de terror, até mesmo de magia negra e ocultimso. Isso chamava muito a atenção: ninguém sabia seu (real) nome, nem visto seu rosto sem maquiagem. Dizia-se que morava em um castelo, que tinha cicatrizes, que cantava com o microfone envolto nos ossos de sua ex-mulher… Uau, não tinha adolescente que não vibrava com tanto mistério.
Embora o que mais chamava atenção não era isso, e sim, a sonoridade única da banda, que foi chamada inicialmente de heavy metal clássico, ou só de heavy metal mesmo.
O disco abre com um clássico de cara, “A Dangerous Meeting”, de uma introdução magnífica (que com o tempo mostrou-se ser a marca da banda), muito trabalhada, riffs fortes e muita variação nas guitarras. Shermann e Denner eram guitarristas muito bons e com uma capacidade criativa invejável. “Quem será o primeiro a cair no transe?”, pergunta King já no início. E, de fato, é difícil não cair no transe que tal reunião perigosa causa. Simplesmente sensacional.
A próxima conta com um trabalho de baixo sensacional: “Nightmare” é uma canção sinistra (como os pesadelos podem ser) e tem uma modificação de ritmo em seu final que a torna ainda mais macabra e tenebrosa. O álbum segue com “Desecrations Of Souls” e “Night Of the Unborn”, na mesma linha de guitarras trabalhadas, muita técnica e uma variação de ritmo sensacional.
“The Oath” tem dois minutos de introdução arrepiante e assustadora, seguidas de um heavy metal muito bom, com os característicos vocais de King Diamond e as guitarras matadoras da dupla Shermann e Denner. Grande música, instrumental sensacional. As guitarras gritam!
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“Gypsy” é uma das músicas com maior variação entre o vocal, digamos, normal… e seu falsete, uma das preferidas de muitos fãs. Novamente com um sensacional trabalho de guitarras.
“Welcome Princess Of Hell”. Uma de minhas favoritas, com destaque para a evolução do baixo, principalmente no refrão. O trabalho de King também é fabuloso, que canta de uma forma diferente, meio rasgada.
“To One Far Away” é uma singela e pequena instrumental, a 1ª da banda, com um leve acompanhamento de King. Serve de introdução e plano de entrada para a próxima, um dos maiores hits da banda.
“Venha, venha para o Sabbath, sob a ponte em ruínas. Bruxas e demônios estão vindo”, “Mais tarde o Mestre irá se juntar a nós chamando pelo coração do inferno”. “Come to the Sabbath”, um clássico da banda, sempre presente em coletâneas e shows. Excelente canção, com muito uso de teclados (até então pouco difundido em som tão pesado).
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No fim das contas, fica aqui um marco do Metal mundial. Algo incomparável: um som pesado e tenebroso, com uma grande e inspiradíssima dupla de guitarristas, um baixista criativo e um bom baterista. Fora, é claro, o inconfundível vocal de King Diamond em sua plenitude. Alguns hoje chamam o Mercyful Fate de black metal, por causa das letras de cunho satanista e até mesmo pela aura em torno de King, mas “Don´t Break the Oath” nunca se resumiu a apenas isso, se tornou discoteca básica de qualquer banger, desbravadores dentro do estilo onde fizeram escola, e nunca existiu nada como King Diamond desde então, gostando-se ou não de seu estilo vocálico.
Mas o que chama a atenção no álbum, além do peso e da atmosfera assustadora e pesada, são as construções das músicas com introduções inspiradíssimas, riffs poderosos, solos bem arquitetados e duelos de guitarras possantes. Um grande álbum, uma grande banda que sempre foi mais do que a banda de King Diamond. O Mercyful Fate tem/teve identidade própria e vida eterna, mesmo que no inferno!
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CATA PIOLHO CLXXXVIII – em tempos de metal brasileiro falindo e imaginário, segue uma imaginação minha (mesmo ñ sabendo se tratar do mesmo designer gráfico) acerca de duas capas tão parecidas de lançamentos über alles recentes.
Pois ninguém haverá de negar a semelhança de propostas entre estas aqui, hum?
e
E fico imaginando a conversa das bandas com o artista responsável:
(bandas, num chat) – Então, cara, entendemos q vc resolveu botar o velhinho numa das capas meio de lado, pra ñ ficar tão igual, certo? Mas tvz tenha q haver mais uns detalhes pra ñ ficar tão na cara!…
(artista) – É assim: mudei a pose do velhinho pra ñ queimar MEU FILME nessa história, fora ter botado barba apenas num, já q estou fazendo tudo a preço de custo, ok? Por conta daquela minha promoção: mesmo baterista, dou desconto. E cheque pra 10 dias. O q mais vcs querem?
(bandas) – Tem como botar os olhos duma capa meio com luz?
(artista) – Acho q já fiz isso: vcs ñ viram os desenhos direito? Abram eles no Firefox, ao invés de abrir no Word.
e, ao fim de 5 longos minutos, com a internet discada dos pobretões demorando a fazer o serviço…
(bandas) – Ah, vimos sim. Legal a sacada. As cores: do Shammerda tudo azul e as do Franga, mais pra vermelho, serão mantidas, né?
(artista) – Sim. Tá no preço. Pintar uma toda de azul ñ encarece nada. Mas o q mais vcs faziam questão, hein?
(bandas) – Tem como botar a tatuagem dum dos velhos na testa e na do “de lado” na bochecha? Pq senão ñ vai dar pra ver!
Q a Maior Multinacional do Ocidente, vulgo Igreja Católica, tem ainda influência e uma MÁQUINA de propaganda soberana, acho q ninguém discorda.
Fatos controversos transformados em aspectos favoráveis são fichinha pra essa instituição, dum modo q nem George Orwell (em “1984”) conseguiria imaginar. Vide os pedidos de desculpas (tardios) a Galileu Galilei, a negação/esquecimento do período de Inquisição, entre outras coisas.
Lembro haver lido dum colunista da Folha De S.Paulo (ñ lembro o nome dele; um q publica às segundas) q a mesma anda pregando q Nietzsche fora, na verdade, cristão. Em perspectiva de adulterar completamente o legado do outrora escanteado, hoje consagrado – ops! – filósofo.
A nota abaixo, q li semana passada no Portal Rock Press, ñ me agrada no sentido potencialmente revisionista da coisa (daqui a pouco vão querer dizer q Venom e Deicide eram/são cristãos veementes. Ou q “Crowley” teria etimologia no inglês arcaico para “coroinha”). Ainda mais quando tenta tirar do heavy metal o adjetivo “satânico”. Todavia, querem saber? Até q ñ achei completamente descabida a análise da religiosa citada.
Vejam:
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BLACK SABBATH: REVERENDA DIZ QUE O HEAVY METAL TEM MUITO A OFERECER AOS CRISTÃOS
O Cristianismo pode aprender muita coisa com o Black Sabbath e o heavy metal em geral. Esta é a visão da sacerdote da Igreja da Inglaterra, reverenda Rachel Mann.
Mann, a encarregada da Igreja St. Nicholas, em Burnage, Manchester, escreveu no The Church Times:
“Desde que o Black Sabbath o criou efetivamente em 1969…o heavy metal tem sido rotulado como tolo, grosseiro e, em algumas ocasiões, satânico […]”.
“Ainda, como sacerdote e fã de música, me ocorre que a Igreja, especialmente nestes tempos angustiantes, tenha um sério gospel a aprender com esta música pesada e obscura.”
Mann acredita que a habilidade do gênero de lidar com violência e morte “parece oferecer aos seus fãs um espaço para aceitar os outros de uma forma que envergonha muitos cristãos”.