PRAZO DE VALIDADE

Por märZ

Vamos ser sinceros, nada de condescendência e corpo-mole: alguém realmente precisa de “Load” após o olimpo em “Black Album”? Ou de “Divine Intervention” após o apuro de “Seasons In The Abyss”? “Renewal” após “Coma Of Souls”? Que deus nos ajude: “Against” após “Roots”?!

O que quero dizer é: artistas – e falo aqui de artistas musicais – deveriam vir com prazo de validade. Saber quando parar deveria fazer parte da brincadeira. 5 ou 6 álbums no máximo e guitarras penduradas, estamos todos combinados. É difícil continuar relevante depois de algum tempo, competindo com os novatos, tentando manter uma atitude que contrasta com a idade e a realidade. Chega um ponto que vira uma caricatura, um cartoon.

Por mais que Motörhead ou Overkill até hoje desovem discos merecedores de elogios e alguma atenção, é inegável que seu ápice criativo foi até no máximo 10 anos de existência. O que veio depois pode ser visto, dependendo de quem analisa, e aqui é bom separar o fã do crítico, como pura masturbação estilística ou desespero peter-panístico. Auto-indulgência talvez seria o termo.

Falo isso como crítico e devil’s advocate, pois o fã em mim pouco se lixa. De Coltrane a Iron Maiden, de Lou Reed a Venom, Rod Stewart a Titãs, Caetano a Ministry, músicos velhos produzem música requentada ou frouxa. Exceções são… exceções. Um lampejo aqui, outro acolá, e o que se lê nas entrelinhas é “nossa, até lembrou os velhos tempos”. Ou seja: conseguiu se auto-plagiar, parabéns pra eles.

Boa parte dos artistas que admiro poderia muito bem ter parado após seu quinto álbum, e a verdade é que nada do que produziram depois faria assim tanta falta. Não ao ponto de ofuscar seu período mais fértil. Eu viveria feliz e satisfeito sem conhecer “Christ Illusion”, “Dante XXI”, “No Prayer For The Dying”, “The Razor’s Edge”, “Endorama” ou… (inclua aqui seu exemplo). Etc.

É isso?