Achei efeméride interessante, e melhor colar do q só citar.
Do tempo em q rock não era “rock“. De quando o rock não era o FooFighters.
Fora isso, gosto de ressaltar: DeepPurple só vingou de verdade devido ao talento envolvido e à MK2. Pq se fosse pelos rostinhos bonitos e pelas roupas…
Como a maioria dos discos do Whitesnake, um disco bom pra namorar. Mas não só: ajuda naqueles (raros) dias em q não estou pra distorção de guitarra.
Involuntariamente introspectivo? Despojado e realmente acústico, não Unplugged (nada contra, outra vibe), nem versões pra luau. Voz (baita voz ainda em 1997) e violão sóbrios, numa coesão de repertório tb louvável.
3 ótimos sons do disco então recém-lançado (“Restless Heart”) comparecem, a porção de hits obrigatórios e até um DeepPurple resgatado (“Soldier Of Fortune”). 40 minutos totais: acaba e dá pra pôr de novo. Dá vontade.
O q será q falta pra “Starkers In Tokyo” estar consagrado na excelsa e estrita prateleira de ‘disco clássico’? Ou já o é e só eu não recebi o memorando?
No último sábado, tivemos aqui em São Paulo um show daqueles q até quem ñ foi vai passar os próximos anos dizendo q estava lá e q “foi do caralho”. Foi o show do Bruce Dickinson com orquestra tocando Deep Purple ahah
Acontece q o show do Garotos Podres, mesmo q só tenha tido mais esse show por aqui no dia, fica num HONOROSO 2º lugar. Show de q vou me lembrar pros próximos anos, tamanho o repertório, a entrega e a simbiose com o público.
Nenhuma novidade “ingressos esgotados”. Havia entre 600 e 700 pessoas ali, fácil, o q a mim consolida aquele Sesc como um espaço único e altivo pra show: fácil de chegar, horário pertinente, seguro (de novo, eram muitas as crianças presentes), com som e equipamentos de primeira, e ZERO presepada de bandas de abertura.
Falava até pro Leo, q estava junto: “Iron Maiden agora, só se for no Sesc” ahahah
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E o q é um show do Garotos Podres em 2023? Hinos do punk brasileiro, urgência, zoeira (só eles conseguem cometer “Subúrbio Operário” e “Verme” e soarem coerentes), zoeira com o ex-presidente Pennywise e diversão garantida.
Ñ sei mesmo o nome dos caras (nada garotos) q acompanham Mau agora, mas atesto q vi uma banda ensaiada e entrosada, incluindo as horas de darem “rateadas” no andamento pro vocal rolar. Mau q certamente desconhece tom, semitom, harmonia e o escambau: canta tudo igual e berrado, ainda igual aos discos.
Pessoalmente, ñ me preparei. Ñ no sentido de reouvir os discos todos antes; no máximo, lembrava uma ou outra mais óbvia. E o barato mesmo foi ir me surpreendendo: “caralho, ‘Oi, Tudo Bem?'”, “porra, é mesmo ‘Rock de Subúrbio'”, “putz, ñ lembrava da ‘Nasci Para Ser Selvagem'”.
Além disso, presenciei uma banda zero refém do passado, tocando sons recentes, versões de outras bandas e afiada (Mau afiado) no discurso de esquerda. Historiador q é, ficou dando “cortes” históricos, estrategicamente situados no todo pra ele pegar fôlego.
O público abriu roda, içou criança (o mesmo “Black Force Dominho” q esteve no Krisiun e no Troops Of Doom), berrou junto, deu risada e ficaria mais o tempo q fosse, ñ fosse o cansaço do vocalista, q a idade (passou de 60 anos) e a barriga em cascata proporcionam.
E era um público de punks velhos, roqueiros de meia idade (eu, ñ o Leo), mulherada, crianças e até um perdido por ali usando camiseta do Pantera. Q ñ foi hostilizado, ao passo q se fosse o contrário…
Músicas (versões) repetitivas e longas ali pelo 8º e 9º sons achei um pouco chato, mas entendi q era estratégico pros sons no terço final. Fôlego conservado e recuperado. Pra ser chato ainda, achei desagradável ñ ter cds na venda de merchans, e q as camisetas estivessem custando 70 lulas. Mas fui lá pra me acabar de gritar e me deixar levar. É banda q comecei a ouvir com 12 anos e q ainda tem relevância, contundência e quaisquer outros adjetivos paroxítonos acentuados em circunflexos q eu puder acrescentar.
9º show q assisti em 2023. 9º show no Sesc. E o melhor, disparado, até agora. Anarquia Oi!
Set-List: 1. “Garoto Podre” 2. “Oi, Tudo Bem?” 3. “Vomitaram No Trem” 4. “Nasci Para Ser Selvagem” [versão pra Steppenwolf] 5. “Rock de Subúrbio” 6. “Johnny” 7. “Subúrbio Operário” 8. “Avante Camarada” [versão para hino esquerdista português] 9. “Antifa Hooligans” [Los Fastidios] 10. “A Internacional” [domínio público] 11. “Grandôla Vila Morena” [idem 8] 12. “Aos Fuzilados da CSN” 13. “O Mundo Não Pára de Girar (Por Isso, Estou Tonto)” 14. “Mucha Policia, Poca Diversão” [Eskorbuto] 15. “Gritos Em Meio À Multidão” 16. “Repressão Policial” – 17. “Anarquia Oi’ 18. “Verme” 19. “Expulsos do Bar” [Mata-Ratos] 20. “Papai Noel Velho Batuta” 21. “Vou Fazer Cocô”
Ouvir “Cactus”, do Cactus, é praticamente um exercício de arqueologia musical de elementos q desembocariam no heavy metal.
Sim, pertenceram à prateleira das bandas precursoras do estilo, contemporâneos a Jeff Beck e ao Led Zeppelin agradecidos no encarte (leiam encartes), pq talvez estivessem à espreita de fazer sucesso tanto quanto; ou pq estivessem influenciados e se influenciando todos.
(Em 1970 ainda não havia o rock enquanto carreira e way of life)
Curiosamente, as músicas mais pesadas e “futuristas” – por assim dizer – são as covers/standards “Parchman Farm” e “You Can’t Judge a Book By the Cover”, em q se soltaram com consideráveis peso e distorção, dinâmica e até um pioneirismo de 2 bumbos na primeira.
Os outros sons trouxeram tb alguma audácia, mas mais uma banda ainda aprendendo a compor se valendo das estruturas do blues, o q incluiu solos de gaita de Rusty Day, vocalista; ainda q as derradeiras “Oleo” e “Feel So Good” praticamente me desmintam a premissa, no q contêm de baixo distorcido + gritaria quase Deep Purple e no solo de bateria, respectivamente.
Vai ver gravaram o disco na ordem em q os sons foram compostos, demonstrando reverência e evolução.
Pra quem ainda não conhece, segue spoiler: Tim Bogert (baixista) e o – já – monstruoso baterista Carmine Appice montariam trio com Jeff Beck adiante, cometendo disco autointitulado memorável.
Blá-blá-blá à parte, um baita disco. Duns caras q sempre tomei por ingleses, mas q eram (são) estadunidenses. E q cabem ainda na prateleira das bandas q deveriam ser melhor reconhecidas.
ADENDO EXTRA: alguém se importou com o tributo de SEIS HORAS a Taylor Hawkins? Favor resenhar em 30 linhas, tamanho 12 e espaço duplo + enviar pra meu email.