S.U.P. originalmente cometido por Inácio Nehme e postado em 16 de Dezembro de 2004.
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“No More Tears”, Ozzy Osbourne, 1991, Epic/Sony
sons: MR. TINKERTRAIN/ I DON’T WANT TO CHANGE THE WORLD / MAMA, I’M COMING HOME / DESIRE / NO MORE TEARS / S.I.N. / HELLRAISER [Motörhead – eheh] / TIME AFTER TIME / ZOMBIE STOMP / A.V.H. / ROAD TO NOWHERE
formação (‘original album information’): Ozzy Osbourne (vocals), Zakk Wylde (guitar), Randy Castillo (drums), Bob Daisley (bass), John Sinclair (keyboards), Michael Inez (bass/inspiration & musical direction)
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Tirando as morcegadas e fábulas que todos conhecem sobre o cara (e que muitas vezes duvido não serem coisas plantadas na imprensa ou livros) e seguindo numa linha mais musical e visual, podemos ver que o Ozzy já passou pelas músicas pops dos anos 80, soou hard rock van halen quando o Van Halen tava no topo, teve mascote como Iron Maiden e todos os zilhões de bandas, vestiu jaco de lantejoulas rosas e pintou cabelo pra parecer algo meio Stryper/Blown Jobvi, entre outras coisas que acompanharam a época. Só nao tocou thrash porque o thrash não era o que dava grana na época (pelo menos não tanta quanto o hard rock). Esse é o esquema de marketing do Ozzy: sempre soar atual, não importando que tipo de rock/metal seja o atual.
Aí chegaram os anos 90 e o Ozzy tinha difícil missão de se manter no topo soando atual. O que fazer? Zakk Wylde estava tinindo nas guitarras e impressionou a todos no álbum anterior, no qual tinha apenas 18 anos quando entrou, Randy Castillo era o batera mão pra qualquer obra, já tendo tocado nos últimos discos do chefe e tendo um passado positivo na “América” por suas apresentacoes com a ex falsa gostosa Lita Ford (sim, pq essa daí era uma enganação). Mas, de repente, tinha alguem ali sobrando: ele, o velho tio bigode, companheiro de tantas jornadas, Geezer Butler.
Sacam Emerson Leão no Santos e Antonio Lopes no Vasco? É a mesma coisa com Geezer; na carreira do Ozzy é assim: sempre que aperta ele é chamado, tira uma grana e sai fora pra alguem vir e “atualizar” o esquema tático. E assim foi feito, limando o Geezer e contratando o “sangue novo” da modinha, Mike Inez, do Alice In Chains e, principalmente, um produtor chamado Duane Baron (produziu “só” Quiet Riot, Alice Cooper, Mötley Crüe, La Guns, Ted Nugent e, por ultimo, o Hoobastank, modinha atual), que é um cara que sempre acompanhou os passos do “rock” e sabia pra onde levar esse álbum sonoramente falando. E deu certo. E põe certo nisso.
O álbum em si é um show à parte de Zakk Wylde. Os riffs contagiantes seguidos dos hamônicos (patente do cara), unidos à pegada e tempo bem Alice in Chains de quase todas as músicas ditam o ritmo do álbum. “Mr. Tinkertrain” é a sapatada ozzeyra que Zakk ja traz estourando logo após o play. Falando sobre um estuprador de criancas com riffs muito bons, o cd já começa tirando qualquer um fã de metal tradicional da cadeira. Seguido por “I Don’t Wanna Change the World”, que basicamente manda todo mundo ir à merda após os processos dos adolescentes viciados que se suicidaram.
Outro aspecto que ajudou no disco foi a parceria do nosso amigo Sujo, Direto e Porco maior, Lemmy Killmister, que teve umas boas sessões de bar com Wylde e Ozzy, donde foram divididas uma série de sons entre o Motörhead e Ozzy, gerando as baladas como “I Ain’t No Nice Guy” (comentada por aqui já) e “Mama, I’m Coming Home”, que faz história nas rádios brasileiras até hoje como se fosse lançamento. Tudo bem, nem tudo nessa parceria foi chato e lento, afinal fomos premiados com o petardo que se segue no disco, “Desire”, um som referência a tudo que se pode descrever do álbum.
O mesmo segue com a clássica “No More Tears”, que tem uma linha de baixo consistente e uma excelente composição de guitarra sustentada nas baixas freqüências de teclado e piano, sem encheção de saco, que veio por se tornar o épico do album. “S.I.N.” (shadows in the night) vem tentando recuperar a energia que o épico tirou e consegue com bons solos e harmonias de Ozzy. Logo depois disso “Hellraiser” é tocada na versão do guitarrista Wylde, que convenhamos, ficou muito melhor que a do Motörhead.
Após esta música o álbum fica um pouco mais interessante para os que procuram algo diferente, pois Wylde impõe presenças de música country americana em algumas das que seguem, como “Time After Time” e “A.V.H.”, que foram colocadas nas propositalmente posições 8 e 10 pra não ficarem tão assim na cara. Esse lance de misturar country com metal acabou por ser o que Zakk pirou e resolveu levar pra frente em carreira solo, e mesmo não tendo dado tão certo valeu pela tentativa de trazer algo novo.
“Zombie Stomp” é a musica mais alternativa e pesada do álbum, sem pretensão nenhuma de ser comercializada e com a utilização da cozinha com menos linearidade. Foi colocada no meio das duas citadas acima exatamente por ser a mais contrastante. O álbum é fechado com “Road to Nowhere”, uma balada um pouquinho mais pesada que “Mama I’m Coming Home” e que tenta buscar tudo que o “No More Tears” traz: a presenca da guitarra limpa no vocal seguido pelos riffs pesados seguidos de harmônicos “cortantes”, segurados por um competente baixista de Vanguarda e um experiente baterista sem pretensões de ser estrelinha.
Um grande trabalho, afinal, pra puxar o pessoal que estava saindo da fase de guitar hero dos anos 80 e entrando para o grunge dos anos 90. Se voce gosta de Heavy metal tradicional, com uma cadência um pouco mais rock, este é o álbum.