Sarcófago
HEAVY METAL É COISA DE MENINA
Por märZ
Quando comecei a ouvir “rock pauleira” (era assim que chamavam na época, antes da popularização do termo heavy metal pela mídia) no começo dos anos 80, esse tipo de música sofria todo tipo de preconceito. Seus músicos e fãs eram vistos pela sociedade de então como degenerados, marginais, drogados, vagabundos. Numa sociedade majoritariamente católica, conservadora e preconceituosa, esse tipo de música era visto como um instrumento do anticristo para a dominação do mundo através de uma juventude condenada ao fogo eterno do inferno (o drama sempre fez parte do ethos metal).
Kiss era o anticristo. Iron Maiden era o anticristo. Black Sabbath era o anticristo. Venom era o anticristo. AC/DC era o anticristo. É claro que tudo não passava de showbizz, um teatro que, no fim, incrementava as vendas e enriquecia artistas e gravadoras. Mas vai explicar isso pra sua mãe em 1985!
Hoje, tudo mudou. Muitos anos se passaram e nossa sociedade pensa e age diferente. Ok, talvez nem tudo tenha mudado tanto assim, vá lá. Ainda existe preconceito e os estereótipos abundam. Mas ouvir heavy metal hoje em dia não assusta mais ninguém. A juventude nem vê mais o gênero musical como uma forma de se rebelar contra as autoridades (pais, principalmente), e chocar a sociedade careta. E esse é um dos principais motivos pelo qual rezam por aí que o rock morreu. Não o estilo, mas o efeito.
Se o guri de 14 anos quer mostrar atitude e nada contra a corrente, talvez vá ouvir rap e falar com sotaque dos manos da periferia ou da favela. Metal é coisa de playboy (ainda existe isso?).
Não há local mais seguro e inofensivo que um show de heavy metal, seja entre o público ou em cima do palco. É tudo uma grande festa, uma confraternização. Se quiser ver a porrada comer, vá a um show grande de sertanejo ou pagode. As chances de alguém começar uma briga são bem, bem maiores.
E isso é bom? Mudou para melhor? É questionável. Se antes tínhamos Slayer e Sarcófago, hoje temos… Babymetal.
METAU NASSIONAU
Por märZ
Quem já passou dos 40 e curte metal desde a adolescência deve se lembrar como era difícil para uma banda brasileira gravar um disco de heavy metal naquela época. Anos 80. Faltava tudo: informação, tecnologia, instrumentos, conhecimento, estúdios, produtores, técnica e, principalmente, dinheiro. Mas sobrava vontade. E assim foram pipocando Lp’s independentes de garotos empunhando guitarras Giannini e pedais “barbeador elétrico”.
Comprei muitos deles, apesar das dificuldades da época, a maioria via correio pela Woodstock Discos, de São Paulo, e Cogumelo, de Belo Horizonte. Alguns batiam de primeira, outros não agradavam. Alguns envelheceram bem, outros nenhum tempo do mundo poderia melhorá-los. Fiz uma lista com os 10 PIORES álbuns de metal nacional que já tive em mãos, levando em conta simplesmente minha avaliação e gosto pessoais, o que é totalmente subjetivo. Vários outros ficaram de fora, alguns das mesmas bandas já citadas, e alguns na lista são considerados “clássicos” do metal nacional hoje em dia. Eu continuo achando horríveis, não importa que mais de 25 anos tenham se passado.
Eis a lista, e gostaria que compartilhassem suas “pérolas” também, se possível:
- Holocausto: “Campo De Extermínio”
- Vodu: “The Final Conflict”
- Metrallion: “A Mosh In Brazil”
- Vulcano: “Who Are the True?”
- Overdose: “Conscience”
- Mutilator: “Immortal Forces”
- Sarcófago: “I.N.R.I.”
- Witchhammer: “The First And the Last”
- Korzus: “Sonho Maníaco”
- Genocídio: “Depression”
SERVIÇO DE UTILIDADE PÚBLICA THRASH COM H
Edição especial e ñ mais extraordinariamente terceirizada, por Jessiê Machado
Confesso que ao saber do lançamento desta biografia, em 1ª pessoa, de Max Cavalera fiquei muito curioso em lê-la, já que é, junto com Carlos Vândalo, o maior personagem do Heavy Metal brasileiro e, em tese, teria muito o que contar.
São 207 páginas, lançada no Brasil no final de 2013 pela Editora Agir, já que inicialmente foi escrita em inglês, facilmente encontrada em livrarias virtuais e físicas por valores bem camaradas (no máximo 35 reais).
O amigo Colli, em post sobre o “Reino Sangrento do Slayer” [fev. 2014], disse que não compraria mais nenhum livro que fosse biografado por Joel McIver, mas adianto que vale a pena abrir uma exceção para este, até porque Joel não emite opiniões e, a princípio, apenas organiza as idéias de Max, semelhante ao que ocorre na biografia de Dave Mustaine.
O livro tem prefácio de Dave Grohl, famoso arroz de festa, cuja importância e relevância na mídia internacional é indiscutível, mas aliada a declarações de Mike Patton, Dino Cazares, Rex Brown, Mille Petrozza, David Vincent dentre outros, enriquecem a obra.
Max começa realmente do início falando de seu nascimento, o de seu irmão, convivência em família, trabalho do seu pai (italiano que trabalhava em uma embaixada da Itália em SP) que possibilitou uma infância cômoda e muito boa numa época de regime militar onde todos viviam com medo, iniciação no candomblé por sua mãe e muitos outros detalhes. Max fala muito pouco de suas irmãs (a mais velha morreu com 1 mês de vida) em todos os momentos do livro.
Freqüentavam bons restaurantes, iam a festas importantes e ao estádio assistir a jogos do Palmeiras, sendo o primeiro contato de Igor (chamado o tempo todo de “Iggor”) com percussão nos instrumentos das torcidas organizadas, até a narrativa chegar numa parte extremamente comovente e que me identifiquei por demais: com 10 anos de idade Max perde o pai por doença cardíaca em sua presença.
A vida dele e de sua família deu uma reviravolta, tiveram que morar com outras pessoas e trabalhar. A infância de sonhos se foi. Sem contar que perdeu seu ídolo e herói.
Max narra tudo de uma forma muito verdadeira contando os problemas na escola, a revolta com Deus (muito presente em suas primeiras letras) e a forma como o Heavy Metal lhe trouxe o conforto que não encontrava em lugar nenhum.
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Max prossegue falando sobre a formação da banda, influência do Dorsal, nome da banda (sim, Txuca, veio do Motörhead), uma passagem muito rápida sobre Wagner Antichrist, detalhes igualmente rápidos dos primeiros discos até conhecer Andreas. Max passa o tempo todo a rasgar elogios e poupar Andreas de ataques. Enquanto detona Paulo Jr. sem dó nem piedade.
Max não destrincha muito as composições e criações dos discos (ao menos não como quem é fã esperava), mas as passagens acerca das gravações e primeira viagem para negociar o “Beneath the Remains” são muito boas.
O auge do livro é a saída de Max da banda, antes explicou como conheceu Glória, sua nova família, seus filhos, a perda do enteado, e depois prossegue dizendo sobre sua carreira em seus projetos e no Soulfly, mas o foco é de fato o Sepultura, pois apesar de ter tocado na banda por cerca de 10 anos e no Soulfly por mais de 15 anos, ¾ do livro são ocupados pela “fase Sepultura” e ¼ restante pelas outras bandas.
A leitura é muito rápida, não se gasta mais do que uma sentada, mas facilmente se percebe que a biografia foi feita de forma atabalhoada, meio que às pressas, as idéias vão e vêm e muita coisa fica sem explicação, ou simplesmente nem se toca no assunto. Mas também facilmente fica explicado pelo fato de Max ter quase 45 anos e muita música e assunto para caber em apenas 207 páginas.
De outro lado a promessa da capa do livro – “toda a verdade sobre a maior lenda do heavy metal brasileiro” – não é cumprida; inclusive não fica muito clara e explícita a verdadeira razão da saída de Max e tanta mágoa.
Ressalte-se também que quase não existem passagens de figuras tarimbadas do Metal Nacional como Vândalo, Andreas (seria muito interessante), João Gordo, radialistas, jornalistas e afins, as partes dos discos são negligenciadas, e esperava bem mais acerca da rica cena mineira e principalmente de Wagner e Sarcófago, além de R.D.P..
Outro paralelo que se pode fazer com a bio de Mustaine, apesar de ser infinitamente melhor escrita e desenvolvida do que esta, é que ambos dizem que as bandas são passado (Sepultura e Metallica), enquanto passam a biografia toda falando, espetando ou louvando a mesma. Freud explica.
Max inclusive deixa claro que uma reunião é crível e desejável, já conversou com Andreas, mas parece que os empecilhos são as empresárias (Max destila toda sua raiva contra sua ex-cunhada) e Paulo Jr.
Resta esperar a biografia da banda por Paulo Jr e Andreas Kisser, que disse que Max escreveu uma obra ficcional. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.
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CATA PIOLHO CCXXVIII – capas q distam 30 anos uma da outra, hum? Ilustram bastante o significado de “contiguidade”…
e
D.I.S.C.O.S.
MELHORES ÁLBUNS-SIGLA PRA MIM:
- “For Unlawful Carnal Knowledge”, Van Halen [sigla ao contrário, exceção]
- “R.I.P.”, Coroner
- “W.F.O.”, Overkill
- “i.o.u.”, Allan Holdsworth
- “B.A.C.K.”, Artillery
- “D.E.V.O.L.U.T.I.O.N.”, Destrúcho
- “I.N.R.I.”, Sarcófago
- “F.O.A.D.”, Darkthrone
- “S & M”, Metallica
- “Q2K”, Queensrÿche [pra inteirar 10]
bônus DVD: “R 30” (Rush)
171
OS 10 MELHORES DISCOS MAIS MENTIROSOS, PRA MIM:
(explicações seguem abaixo)
- “Waking the Fury”, Annihilator
- “Bad Reputation”, Thin Lizzy
- “Jazz”, Queen
- “R.I.P.”, Coroner
- “Album Of the Year”, Faith No More
- “Live Undead”, Slayer
- “Sheer Heart Attack”, Queen
- “The Worst”, Sarcófago
- “Live At Budokan”, S.O.D.
- “The System Has Failed”, Megadeth
- apenas Jeff Waters (guitarras e baixo), Joe Comeau (vocais) e Randy Black (baterista) tocaram no álbum; o loiro acima de Waters (Russ Bergquist) e o cabeludo da extrema direita (Curran Murphy) só constam da capa e do encarte
- apesar de contarem com Phil Lynott, Scott Gorham e Brian Downey na capa, como trio, o guitarrista Brian Robertson participou do álbum e era ainda da banda. Ñ entrou na capa por alguma retaliação devido a estar afundado em drogas…
- ñ é um disco de jazz. Nenhum som encaixa no rótulo, aliás
- ñ é o último disco da banda, como o título poderia sugerir. É o 1º
- ñ foi o de 1997. Ñ é nem o melhor do Faith No More
- ñ é bem ao vivo: sons do “Show No Mercy” regravados ‘ao vivo’, mas em um estúdio, com amigos. Há quem diga q os aplausos e assobios foram enxertados depois, na mixagem. Além disso, ñ contém a faixa-título, q só constaria – e ñ como faixa-título – no “South Of Heaven”
- ñ possui a faixa-título, q só viria a constar 3 álbuns mais tarde – e ñ como faixa-título – no “News Of the World”
- ñ é o pior da horda
- foi gravado ao vivo em 21 de março de 1992, em Nova Iorque, no Ritz. Tá no encarte
- era pra ter sido disco solo de Dave Mustaine, com músicos convidados e ele apitando em tudo. Devido a contrato pendente com a gravadora, teve q lançar como “Megadeth“
1º SOM – 1º ÁLBUM
Sarcófago
1º som: tardio, bem tardio. O clipe de “Screeches From the Silence”, no finado Fúria Metal. Achei o vídeo tosco e o vocalista usando aparelho nos dentes, a coisa mais amadora q já tinha visto num videoclipe. Já conhecia a (má) fama dos caras via Rock Brigade e ñ vi nada ali q condissesse
1º álbum: anos depois, 1995 ou 1996, sem ainda me interessar muito, fui atrás do “Hate”, pela resenha favorável (provavelmente Rock Brigade tb) falando do inusual de usarem bateria eletrônica nos sons, pra atingirem velocidades baterísticas inimagináveis.
Curti a bagaça, embora há muito ñ ouça. E ñ deixa de ser irônico q bateristas de bandas como Krisiun e Nile atualmente tocariam sons dele até mais rápidos ahah
BRASIL
Acatando sugestão do miguxo Rodrigo Gomes. Serial neste mês. Hordas e seus respectivos países:
10 MELHORES BANDAS BRASILEIRAS* PRA MIM:
- Sepultura com Max
- Golpe De Estado
- Ratos De Porão
- Garotos Podres
- Krisiun
- Subtera
- Replicantes
- Inocentes
- Volkana [1º disco]
- Sarcófago
* misturei metal com punk/hardcore. Vale hard, crossover, Raimundos etc.