RÉQUIEM
por Jessiê Machado
Quatorze anos! O tempo é relativo, 14 anos pode ser muito tempo ou pouco, depende do referencial, alguém disse um dia. Ter 14 anos de vida, na média, te faz uma criança, talvez um pouco mais que isso.
Provavelmente eu não tinha 14 anos quando conheci o Bathory, meados de 1987/88. As duas primeiras capas dos discos eram assustadoras para um garoto (e para quase qualquer um com valores cristãos). O som desses primórdios? Bom, o som era praticamente inaudível e dificilmente se tirava algo que fizesse sentido debaixo de riffs rápidos, má gravação e toda sorte de blasfêmia. Mas para quem tinha 14 anos o som, neste caso, não vinha em primeiro lugar. Era a postura, era o significado. Você era radical!
Não no sentido surfista, e sim no sentido de cara malvado mesmo (ao menos na foto de Natal da família com a camisa de bode silkada). Não malvado de boutique tipo Venom. Você era malvado escandinavo e isso importava… nem que fosse de boutique.
Falar do Bathory é meio divagação, já que Bathory era Quorthon e Quorthon era totalmente sueco. Viking em pessoa. Poucas palavras, poucas fotos de domínio público, praticamente nada não autorizado e oficial. Provavelmente é mais fácil achar um ensaio pirata dos Beatles antes de gravarem seu debut do que algo do Bathory. A maior parte do que você lê na internet é lenda, invenção, suposição, exceto “One Rode to Asa Bay”.
https://www.youtube.com/watch?v=I0-aA5GnKL4
Quorton sempre deu de ombros. Na verdade era um visionário e ele nem tinha essa ligação com o heavy metal em si como movimento. Curtia basicamente Black Sabbath dos primeiros álbuns e Motörhead. Pouco depois o contato com o Manowar fez uma ligação com suas raízes cimérias e notam-se umas batidas “a la” em alguns sons, além de uma foto icônica.
Como “black metal” em si (não no sentido de diabo, eis que não era cristão para acreditar em tal dualidade, ao que consta) é mais seminal que Venom, Possessed e Hellhammer. Na temática viking é avô, pai e, obviamente filho.
Nascido em 66, morto no mês 6. Este mês fez quatorze anos de sua passagem para o, indubitavelmente, Valhalla. Conduzido por uma Valquíria e agraciado por Thor e Odin. Poético assim, merecido desta forma a todos que combatem o bom combate, terminam a corrida e guardam sua fé, qualquer que seja ela.
Thomas Börje Forsberg, eu o saúdo. E convido incautos, iniciados, convertidos ou alheios a dedicarem pouco menos de uma hora a escutarem mais uma vez (ou pela primeira) “Twilight Of the Gods” e vislumbrar o reino musical e lírico de Quorthon, e deixe fluir. Até porque a maior parte é lenda, invenção, suposição.
märZ
20 de junho de 2018 @ 01:49
Tenho em cd os únicos 2 albuns que realmente gosto e curto: “Blood Fire Death” e “Requiem”. O resto não me desce.
Jessiê
23 de junho de 2018 @ 14:47
Txuca o que achou do clipe?
Marco Txuca
26 de junho de 2018 @ 01:06
Vamos lá. Em tomos:
1) clipe soberbo. Letra fantástica. Fui ver bem, é do “Hammerheart”, hum?
Curioso a banda mais true dos mais true usar bateria eletrônica e ninguém reclamar. Ou reparar.
Se ñ me engano, no “Blood Fire Death” anterior já tinha isso. Entrei numas de Bathory no fim do ano passado, coincidentemente quando amigo me emprestou um monte de discos no dia em q me divorciei. Peguei um embalo duns 10 dias, preciso retomar.
2) o marketing. Na verdade um anti-marketing de quem fez seu som tvz sem tanta pretensão. Era rude, cru, mal gravado e concordo q além do Venom. Quorthon foi visionário nesse DIY, nesse sentido
A falta de entrevistas ou informações tvz ñ fosse intencional tb. Fico pensando no temperamento nórdico de nada a dizer quando ñ se tem a dizer q ñ nos sons. Criou o nicho. Criou o tr00 metal
3) sobre as lendas, li recentemente sobre um documentário daqui sobre Adoniram Barbosa, em q várias histórias por ele ditas em entrevistas eram todas mentiras ou inventadas.
Ñ pq fosse o Quorthon brasileiro, mas pq ñ curtia dar entrevista e falava às vezes o q achava q o entrevistador queria ouvir. Criou muitas historias sem comprovação nem nexo ahahah
4) o selo q lançava o Bathory, Music For Nations, era (é) do pai do Quorthon, certo?
Q tinha uma loja de discos, essas coisas. Isso explicaria o filhão ter conseguido gravar: quem contrataria uma banda desse tipo nos 80’s?
Hoje é fácil ser Darkthrone usando Pro Tools e recorrendo à paródia. Bathory disseminou tudo isso. Foda!
Jessiê
26 de junho de 2018 @ 23:13
Não sei exatamente da vida do Börje “Boss” Forsberg, pai do Quorton, antes do Bathory mas ele morreu ano passado aos 73 anos. Ele era dono da Black Mark, ao que consta. Esse lance da gravadora é uma confusão porque o nome “Black Mark” Quorton bolou antes de existir a banda, ou seja, já existia em capas sem de fato existir a gravadora. Toda a obra do Bathory pertencia ao Quorton, ao que parece ligada inicialmente a ”
Tyfon Grammofon” que em 1991 se concentrou neste novo selo da família Forsberg.
O site está fora do ar, não sei se após a morte do patriarca pelo que parece ele tocava o espólio junto com a irmã de Quorton.
Ela era muito famoso por ser muito querido e aberto, montar estandes nos shows europeus da gravadora com muitos materiais do Bathory.
Veja este depoimento do Wacken https://fotolog.com/dannishadows/40405813
Mas não creio que ele teve alguma ligação com a Music for Nations porque nos primórdios foi tudo gravado nas coxas bem under-underground e a Music é inglesa.
Você ouviu o “Twilight Of the Gods” ? Se não recomendo, acho soberbo.
A obra do Quorton é magnífica desde a criação, concepção, musicalidade. Tem uma música que não lembro qual, ele disse (tinha no site oficial da dele) que era a Overkill dele, sem o baixo. Algo assim. Era fanzaço do Motorhead (principalmente) e Black Sabbath (até o Dio) e desprezava Venom.
Me lembro de uma das raras entrevistas o cara perguntando se as músicas dele (não lembro o álbum em si) eram baseadas, como diziam, em Nietzsche e não sei mais quantos pensadores, ele disse que era uma bobagem que nunca havia lido nada destes caras e que estavam tentando intelectualizar a obra dele, que não era nada mais que um “som”. Algo assim. Disse também que além de Sabbath e Motorhead ouvia pouco metal em casa e tinha uns 10 anos que não comprava álbum novo de metal (só coisa que já curtia), que não ouvia nada do gênero de Venom, black metal europeu, nem Slayer, mas respeitava o Slayer pela persistência no som mesmo depois de anos, ou seja o resto… hahaha
Jessiê
26 de junho de 2018 @ 23:21
Olha a preciosidade que é a irmã dele https://www.youtube.com/watch?v=4BqHfTarA2o