30 ANOS DEPOIS…
… o q “ficaram”?
… o q “ficaram”?
… o q “ficaram”?
MELHORES ÁLBUNS COM PALHAÇOS NA CAPA:
DISCOS DO GOREFEST PRA MIM:
E só esses tenho/ouvi, por ora.
Publicado originalmente em 15 de Agosto de 2005.
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“The Eindhoven Insanity”, Gorefest, 1994, Relativity/Nuclear Blast
sons: THE GLORIOUS DEAD / STATE OF MIND * / GET-A-LIFE / MENTAL MISERY / FROM IGNORANCE TO OBLIVION * / REALITY-WHEN YOU DIE / THE MASS INSANITY * / CONFESSIONS OF A SERIAL KILLER * / EINDHOVEN HOAR
formação: Jan-Chris de Koeyer (bass, vocals), Frank Harthoorn (guitar), Boudewijn Bonebakker (guitar), Ed Warby (drums)
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Falar hoje sobre o Gorefest, e sobre este cd, é pra mim situação semelhante às ocasiões em q Occult, Dismember, Jag Panzer, Deathrow, Exumer, Scatterbrain, Entombed, Tiamat e os respectivos discos resenhados, por exemplos, tb o foram nesta coluna, num aspecto essencial: é resenha de banda da qual sei muito pouco e de quem o único cd (ou vinil ou fita) q possuo é o resenhado. Este aqui.
O q poupa um pouco a enrolação de sempre no S.U.P. sobre histórico e peripécias anteriores, contemporâneas ou posteriores da banda enfocada.
[salve a paciência de quem acompanha a coluna, pelo menos uma vez!…]
O q anda evidente ultimamente é a volta dos caras, com disco inédito (ainda pra este ano, isso?) e algo como a disponibilidade pra download no site da banda (q ñ me dei ao trabalho de procurar) duma versão pra “Autobahn” (Kraftwerk) ñ lançada em disco pré-término de atividades. Fim da parte q enrola pra quebrar gelo.
A intenção de resenhar este ao vivo, “The Eindhoven Insanity”, fora fechar recente trilogia de discos ao vivo honestos [nota: nas duas semanas anteriores foram resenhados “Live At Budokan”, do S.O.D. e “Proud to Commit Commercial Suicide”, do Nailbomb] é tb brincar de apontar rumos q um certo death metal das antigas e algum thrash metal poderia ter seguido, caso outras bandas tivessem pensado parecido ou prestado melhor atenção nesses holandeses.
Pq nos anos 90 houve algum desgaste das propostas em ambos os fronts: fórmulas saturadas devido a uso excessivo, repetitivo e prolongado, bandas demais reduzindo os estilos a estereótipos e lugares-comuns, assim como vãs promessas de “renovação” (entre aspas) e/ou maior acessibilidade mediante misturas a estilos como grunge, pop e “industrial”. Em meio ao cenário apático, certas bandas – das quais Sepultura e Anthrax me soam mais óbvias – apostaram em pôr o pé no freio e, em assim fazendo, tb reduziram técnica, peso, contundência, virulência e relevância.
(claro q exceções, como o Carcass – mas ñ em “Swan Song” – e o Exodus – e ñ no “Force Of Habit” – me contradizem na tese, e são um tanto exceção à “regra”)
Como naquela brincadeira, bastante conhecida de quem convive com crianças ou estudantes iniciais de algum instrumento: a de pedir “toque mais devagar”, em q obtemos a pessoa retardar andamento e tocar em menor volume. E, quando inversamente, pedindo pra tocar mais rápido, q se obtém resposta de ter a pessoa tocar mais rápido e em maior volume algum trecho, riff ou solo. Muita banda misturou frear andamento com baixar a bola. Felizmente ñ o Gorefest.
Os 8 sons aqui registrados, no Dynamo Fest holandês, como o Nailbomb retrasado, mas em 30/05/93 – uma vez q a faixa 9, “Eindhoven Hoar”, é o público clamando por eles ao fim do show – passam todos dos 4 minutos, e contêm partes e mais partes, e solos, e bom gosto, e senso de composição dos mais lúcidos e bem praticado. Ñ se espere um trampo meticuloso a la Cannibal Corpse – só o vocal (ponto fraco pq um tanto cansativo) lembra a praia gore dos estadunidenses – ou aquele virtuosismo hipnótico-hermético meio Death: a coisa aqui ñ recorre a esses requintes, ou a neguinho querendo mostrar saber tocar. FLUI bem. Um trabalho acima da média no quesito composições, afinal.
Os caras ñ reinventaram a roda, apenas combinaram elementos num modo q denota trampo por detrás. Inspiração + transpiração. Mesmo ñ sendo exímios instrumentistas (e o baterista é firmão, indo do jeitão death de tocar até a partes mais cadenciadas, num mesmo som – como em “Mental Misery” – sem no entanto soar desinteressado ou no piloto automático) no sentido IG&T do termo. Sugestão: ouvir “State Of Mind” e “Confessions Of A Serial Killer” imaginando o q o Sepultura – com ou sem o Max – poderia/deveria estar fazendo atualmente…
Blasting beats? Tem, na “The Glorious Dead”, discretos, bem colocados (ñ o tempo todo). Riffs? Sim, variados, mesmo ñ havendo algum tão memorável assim (os caras, afinal, ñ eram o Slayer), embora deva ser registrado o bom gosto nos SOLOS, nada assim virtuosos, mas tb nada gratuitos no uso de alavancas pra compensar deficiências: melódicos, de timbres bem escolhidos, andamentos modificados nesses momentos, e rolam ainda uns harmônicos, tudo nos chegando de modo bem natural, nada forçados. “The Mass Insanity” é pródiga nesse sentido: deixa a dúvida entre seguirmos os solos, ou a banda variando, conforme eles são cometidos…
Influências de Napalm Death vejo bem evidentes, mas nunca chupim ou meramente apropriadores de fórmulas consagradas. Estenderam-nas a outros níveis. E ainda um mérito maior: quebrando andamentos ou investindo em síncopes baterísticas, ñ se vê aquela contaminação nociva q o rap proporcionaria a um pré metalcore yankee tipo Biohazard, de batidas chatas e muitas vezes idênticas.
Cabe ressaltar a qualidade de gravação: embora minha versão, em fita cassete gravada, já esteja um tanto falha (pq a fita tb ñ era lá essas coisas), mesmo assim consigo ouvir e ENTENDER tudo sem problemas. [Numa outra cara lição aqui ministrada: sujeira e peso combinam, sim, com nitidez]. Pra quem adquirir o cd, a façanha será ainda mais compensadora.
Tá bão q os 7 minutos e pouco de “Reality – When You Die” cansam um tanto, mas o groove de 2 bumbos q sustenta “From Ignorance to Oblivion” compensa. O vocalista de Koyer anunciando a maioria dos sons naquele modo clichê – “mental… fucking… misery”, “reality… when you… fucking… die” – evoca tempos em q o expediente ñ soava ainda ridículo, e vai muito do humor de quem ouvir achar legal ou ñ. A capa meio tosca, e q parece de disco pirata (bootleg, ñ o de pagode do camelô da esquina mal xerocado e desbotado pelo sol) ñ chega a comprometer: certa dose de despojamento nunca fez mal a ninguém. Pq “The Eindhoven Insanity” contém lições ñ de todo aproveitadas por bandas contemporâneas, reitero, e vale a aquisição sobretudo se vc tem uma banda ou encontra-se prestes a montar uma voltada a algum thrash metal lento mas bem tocado ou ao death metal duma era sem etiquetas – aquele arredio à rotulação estapafúrdia ‘melodic death metal‘ (argh!).
Bem legal, em suma.
Realmente ainda ñ sei o quanto tem gente por aqui q dá bola pra esse tipo de pauta, mas eis q hoje inauguro o Torneio de Charadas Por Pontos Corridos.
Assim: pretendo no Natal fazer promoção (envolvendo dar kit com cd + dvd a quem vencer) da pauta já manjada “10 bandas e uma relação entre elas”. No entanto, até pra desanuviar a carrada de pautas assim q fiz por aqui, penso em lançar algumas até a dita Promoção, pra fazer o pessoal por aqui ir ganhando pontos até a mesma.
Como um modo tb de coibir as goleadas q o miguxo Rodrigo vem perpetrando ahah
De modo q a Promoção Natalina ñ necessariamente premiará quem a elucidar, mas quem acumular mais pontos ao longo da própria promoção, e das promoções anteriores, a seguir a partir desta:
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10 bandas e uma ligação entre elas:
1. Viper
2. Gorefest
3. Primus
4. Thin Lizzy
5. Venom
6. Motörhead
7. Rush [até q me provem o contrário]
8. Manowar
9. Sodom
10. Iron Maiden
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O sistema de pontuação será assim:
* acertador de promoção: 10 pontos
* se acertar antes de 5 recados: 15 pontos
* 1 ponto a cada participação por qualquer motivo, seja pra pedir dica, seja pra comentar algo
* em caso de chute errado: perde-se 2 pontos
* chute meio-certo: 5 pontos
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E aí vai. A charada desta vez é NÍVEL FÁCIL. 3… 2… 1… FIGHT!
Reprise holandesa da vez. E a sensação, ao ler resenhas velhas minhas, de q melhorei um tanto com o tempo. (O q tvz ñ seja coisa pra expor por aqui…)
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“Liber ZarZax”, Centurian, 2002, Listenable Records/Encore Records
sons: THE READING (ZARZAX UNTO ZAX) / HEADING FOR HOLOCAUST / COLOSSEUM OF BLOOD */ HELL AT LAST */ RITUALLY SLAUGHTERED FOR SATAN / FEEDING FLESH TO THE VORTEX / CONJURATION FOR CHORONZON / SPEECH OF THE SERPENT / COMMITED TO HELL */ FORNICATING THE NAZARENE */ DEAD BLACK NUCLEUS
formação: Jerry Brouwer (lead vocals & bass guitar), Rob Oorthuls (lead guitars), Oskar van Paradijs (lead guitars), Wim van der Valk (drums)
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Numa Roadie Crew recente (#65), um de seus colunistas, ao resenhar o lançamento duma banda holandesa (um certo Sun Caged), ponderou de uma cena holandesa sempre ter existido no metal, porém com muito menor repercussão q a cena alemã, por exemplo.
E é fato: boas bandas, até extremas, vêm/vieram de lá, vide o seminal Pestilence [S.U.P. em jan/04. Recentemente reprisado, em mar/09], Gorefest, Sinister, Occult (q mercerá alguma resenha por aqui), o ex-radical The Gathering, e o fofolete After Forever, entre outros tantos nomes. Ñ sei se o Centurian repercutiu muito ou pouco, mas ñ eram pouca bosta.
Comprei esse disco ano passado, com minha parte do cachê dum show do Lethal no Empório Bar, motivado por entrevista/matéria com o baterista-líder numa Rock Brigade, q curiosamente anunciava o lançamento deste cd (2º deles) e o fim da banda simultaneamente. O componente projetivo foi o seguinte: o tal van der Walk reclamando do fato de ter ficado sozinho responsável por toda parte chata/burocrática/logística – dar entrevistas, fazer promoção, arrumar shows, compor músicas – na banda, ao passo q os outros estavam se lixando. Uma pena, pq o disco é bão, e os caras mandavam bem.
É um disco interessante pra quem rejeita Krisiun, Hate Eternal e bandas do mesmo naipe calcadas no extremismo pelo extremismo e em velocismo baterístico insano, e pra quem se encheu do Deicide e de seu discurso “pau no cu de Jesus Cristo” de sempre, fora de som tornado paródico após o “Serpents Of the Light” (verdade seja dita: os caras acessam algum “site gerador de composição-Deicide“, e saem com os discos prontos; só pode). É death metal, naquela veia antiga, mas bem tocado e composto, e sem destaques instrumentais q ñ sejam o TODO.
Rolam uns solos de guitarra (a maioria curtos e diretos, com alavancadas), os andamentos oscilam entre o rápido e o muito rápido (palhetadas thrash e ambiência death), inexistem partes lentas (a ñ ser na instrumental chatinha “Feeding Flesh to the Vortex”), ou partes com guitarra limpa, e os sons ficam em torno dos 4 ou 5 minutos em sua maioria (só a “Feeding…” e “Commited to Hell” – a melhor de todas – estão abaixo dos 3 min).
O van der Walk é veloz, e por vezes cadencia os sons, como em “Heading For Holocaust” e “Conjuration For Choronzon”, mas sem q os tambores e bumbos tenham ficado destacados demais: poucas viradas, q quando existem são “a favor do time”, e o volume na mixagem bem de acordo, assim como é com os demais instrumentos.
Friso: é bem gravado, nada tosco como muitas vezes se valoriza. Ouve-se bem tudo (tvz ñ tanto o baixo, mas é assim mesmo…). E por mais q soe paradoxal: ñ se fixa um riff na cabeça, e ñ faz mal, pq a massa guitarrística (influenciada, sim, por Slayer e Morbid Angel em certos momentos) proeminente é ríspida, coesa, precisa e atordoante como poucas.
Ponto fraco um pouco é o vocal (só pra variar…), bem na linha Cannibal Corpse da era Chris Barnes, q faz o Glenn Benton soar como o Michael Kiske, comparando, com arroubos de “agudos” (aquelas partes q neguinho parece engasgar e arrotar ao mesmo tempo) meio constrangedores. Mas, sejamos sinceros, é assim com a maioria das bandas extremas: e se ñ se põe algum efeito tb, acaba ñ pegando nada. E ninguém reclama.
O quesito letras ñ pode ficar em branco: tudo satânico, lógico (e mesmo no encarte existem agradecimentos a demônios específicos, pela inspiração), coerente e com títulos (reparem) q se destacam pra além dos clichês “death“, “pain“, “devil“, “Satan“. Blasfemos pra caralho, ficam invocando o tal ZarZax – decerto, o lagostão da capa – em 3 sons, falando mal da Igreja e de Jesus, em letras razoavelmente extensas e criativas.
Citemos trechos:
“Asses towards heaven / Begging to be blessed / Begging to get screwed / Penetration! (…) A foul Stench / Unleashed under prayer / Buttfucked / By Jesus and his pals” (em “Fornicating the Nazarene”, q de leve, me remete à imunda “The Ballad Of Jesus”, do Messiah – cujo cd “Underground” ganhará devida resenha por aqui algum dia…)
“Hand in hand with Death and the Damned / Sick of life and sick of your god / My heart pounds Chaos, no need for living / Stabbing away what remains of my soul” (“Commited to Hell”)
Sei lá, vai q ñ é nada demais, mas eu acho legal.
“Commited to Hell” é o som q se deve procurar, no caso de só se querer, ou se ter tempo só, pra baixar 1 som. A introdução, contagiante, vai do rápido (thrash; tambores e prato abafado marcando riffs) ao deathão em progressão alucinante. Acaba uma parte, entra outra, ainda mais extrema. Quando acelera tudo, o entrosamento das guitarras, e o barulho evocado fazem crer q mesmo o som da banda e deste cd sendo pouco inovadores, os manos desse Centurian sabiam q nem só de barulheira e tosqueira se satisfaz um headbanger todo o tempo.
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CATA PIOLHO 48 – “Just One Fix”, do Ministry, em sua parte final, traz mais ou menos o riff de “South Of Heaven” (Slayer) perdido por ali. Homenagem voluntária ou chupim sem noção?