THRASH COM H CLASSICS

Reprise holandesa da vez. E a sensação, ao ler resenhas velhas minhas, de q melhorei um tanto com o tempo. (O q tvz ñ seja coisa pra expor por aqui…)

.

“Liber ZarZax”, Centurian, 2002, Listenable Records/Encore Records

sons: THE READING (ZARZAX UNTO ZAX) / HEADING FOR HOLOCAUST / COLOSSEUM OF BLOOD */ HELL AT LAST */ RITUALLY SLAUGHTERED FOR SATAN / FEEDING FLESH TO THE VORTEX / CONJURATION FOR CHORONZON / SPEECH OF THE SERPENT / COMMITED TO HELL */ FORNICATING THE NAZARENE */ DEAD BLACK NUCLEUS

formação: Jerry Brouwer (lead vocals & bass guitar), Rob Oorthuls (lead guitars), Oskar van Paradijs (lead guitars), Wim van der Valk (drums)

.

Numa Roadie Crew recente (#65), um de seus colunistas, ao resenhar o lançamento duma banda holandesa (um certo Sun Caged), ponderou de uma cena holandesa sempre ter existido no metal, porém com muito menor repercussão q a cena alemã, por exemplo.

E é fato: boas bandas, até extremas, vêm/vieram de lá, vide o seminal Pestilence [S.U.P. em jan/04. Recentemente reprisado, em mar/09], Gorefest, Sinister, Occult (q mercerá alguma resenha por aqui), o ex-radical The Gathering, e o fofolete After Forever, entre outros tantos nomes. Ñ sei se o Centurian repercutiu muito ou pouco, mas ñ eram pouca bosta.

Comprei esse disco ano passado, com minha parte do cachê dum show do Lethal no Empório Bar, motivado por entrevista/matéria com o baterista-líder numa Rock Brigade, q curiosamente anunciava o lançamento deste cd (2º deles) e o fim da banda simultaneamente. O componente projetivo foi o seguinte: o tal van der Walk reclamando do fato de ter ficado sozinho responsável por toda parte chata/burocrática/logística – dar entrevistas, fazer promoção, arrumar shows, compor músicas – na banda, ao passo q os outros estavam se lixando. Uma pena, pq o disco é bão, e os caras mandavam bem.

É um disco interessante pra quem rejeita Krisiun, Hate Eternal e bandas do mesmo naipe calcadas no extremismo pelo extremismo e em velocismo baterístico insano, e pra quem se encheu do Deicide e de seu discurso “pau no cu de Jesus Cristo” de sempre, fora de som tornado paródico após o “Serpents Of the Light” (verdade seja dita: os caras acessam algum “site gerador de composição-Deicide“, e saem com os discos prontos; só pode). É death metal, naquela veia antiga, mas bem tocado e composto, e sem destaques instrumentais q ñ sejam o TODO.

Rolam uns solos de guitarra (a maioria curtos e diretos, com alavancadas), os andamentos oscilam entre o rápido e o muito rápido (palhetadas thrash e ambiência death), inexistem partes lentas (a ñ ser na instrumental chatinha “Feeding Flesh to the Vortex”), ou partes com guitarra limpa, e os sons ficam em torno dos 4 ou 5 minutos em sua maioria (só a “Feeding…” e “Commited to Hell” – a melhor de todas – estão abaixo dos 3 min).

O van der Walk é veloz, e por vezes cadencia os sons, como em “Heading For Holocaust” e “Conjuration For Choronzon”, mas sem q os tambores e bumbos tenham ficado destacados demais: poucas viradas, q quando existem são “a favor do time”, e o volume na mixagem bem de acordo, assim como é com os demais instrumentos.

Friso: é bem gravado, nada tosco como muitas vezes se valoriza. Ouve-se bem tudo (tvz ñ tanto o baixo, mas é assim mesmo…). E por mais q soe paradoxal: ñ se fixa um riff na cabeça, e ñ faz mal, pq a massa guitarrística (influenciada, sim, por Slayer e Morbid Angel em certos momentos) proeminente é ríspida, coesa, precisa e atordoante como poucas.

Ponto fraco um pouco é o vocal (só pra variar…), bem na linha Cannibal Corpse da era Chris Barnes, q faz o Glenn Benton soar como o Michael Kiske, comparando, com arroubos de “agudos” (aquelas partes q neguinho parece engasgar e arrotar ao mesmo tempo) meio constrangedores. Mas, sejamos sinceros, é assim com a maioria das bandas extremas: e se ñ se põe algum efeito tb, acaba ñ pegando nada. E ninguém reclama.

O quesito letras ñ pode ficar em branco: tudo satânico, lógico (e mesmo no encarte existem agradecimentos a demônios específicos, pela inspiração), coerente e com títulos (reparem) q se destacam pra além dos clichês “death“, “pain“, “devil“, “Satan“. Blasfemos pra caralho, ficam invocando o tal ZarZax – decerto, o lagostão da capa – em 3 sons, falando mal da Igreja e de Jesus, em letras razoavelmente extensas e criativas.

Citemos trechos:
“Asses towards heaven / Begging to be blessed / Begging to get screwed / Penetration! (…) A foul Stench / Unleashed under prayer / Buttfucked / By Jesus and his pals” (em “Fornicating the Nazarene”, q de leve, me remete à imunda “The Ballad Of Jesus”, do Messiah – cujo cd “Underground” ganhará devida resenha por aqui algum dia…)

“Hand in hand with Death and the Damned / Sick of life and sick of your god / My heart pounds Chaos, no need for living / Stabbing away what remains of my soul” (“Commited to Hell”)

Sei lá, vai q ñ é nada demais, mas eu acho legal.

“Commited to Hell” é o som q se deve procurar, no caso de só se querer, ou se ter tempo só, pra baixar 1 som. A introdução, contagiante, vai do rápido (thrash; tambores e prato abafado marcando riffs) ao deathão em progressão alucinante. Acaba uma parte, entra outra, ainda mais extrema. Quando acelera tudo, o entrosamento das guitarras, e o barulho evocado fazem crer q mesmo o som da banda e deste cd sendo pouco inovadores, os manos desse Centurian sabiam q nem só de barulheira e tosqueira se satisfaz um headbanger todo o tempo.

******

CATA PIOLHO 48 – “Just One Fix”, do Ministry, em sua parte final, traz mais ou menos o riff de “South Of Heaven” (Slayer) perdido por ali. Homenagem voluntária ou chupim sem noção?