MR. CROWLEY

A Mônica, amiga de muitos anos já, e baixista q comigo tocou no N.I.Beast, fora haver já cometido umas resenhas pro Thrash Com H “outro” (da qual a do Cactus reprisei mês passado), é a única mulher q conheço – e já falei isso a ela ahah – q posso chamar de “bruxa” sem ofender.

Pq ela é astróloga, é bruxa, é esotérica e foi morar em Brasília já há alguns anos pra desanuviar isso como um projeto (bem-sucedido) de vida.

Devido à reprise do Cactus e algumas participações em comentários recentes, tomei coragem para convidá-la a escrever com alguma assiduidade por aqui. Coisas mais voltadas à música e aos “precursores” do heavy metal, mas acho q tvz ñ só.

Recentemente recebi de mala direta dela um texto sobre Crowley, q pedi – e obtive – autorização pra lançar por aqui, em algo q acho possível de render boas discussões. No sentido de esclarecer alguns linguajares esotéricos constantes numa pá de discos e artistas por aí, sem q saibamos exatamente de q se trata.

A bola da vez é esse texto sobre Aleister Crowley, q publicou numa revista esotérica. Segue:

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Aleister Crowley: Anjo ou Demônio?

Mônica Cristine Schwarzwald

www.templodeminerva.com

Talvez o mais controverso personagem do mundo esotérico, este inglês nascido no final do século 19 deveria ser objeto de estudo mais aprofundado. Ao ouvir seu nome, muitas pessoas se persignam, já que sempre é ligado à prática do satanismo. Afinal de contas, em um determinado momento de sua vida, ele se autodenominou “A Besta 666”.

Aleister Crowley era um libriano nada diplomático ou afável: ele nasceu quando Mercúrio já se encontrava no signo de Escorpião, daí o sarcasmo e a ironia de seus escritos aliados a um conhecimento aprofundado de pesquisador obsessivo nas áreas da Magia, da Egiptologia, da Mitologia, Astrologia, Numerologia, Cabala, Gematria dentre outras. Maçom, co-fundador da Ordo Templi Orientis e da Astrum Argentum, sempre esteve ao lado de figuras do mais alto calibre da Arte da Magia, dentre eles McGreggor Mathers, chefe da Golden Dawn. Também teve seu trabalho tomado como referência por Dione Fortune, Israel Regardie, Papus etc.

Em abril de 1904, durante uma viagem ao Egito, resolveu invocar o deus Hórus em um ritual. Uma entidade que se denominou Aiwass manifestou-se e ditou o então Livro da Lei de Thelema, uma espécie de “bíblia da Nova Era”, extremamente simbólica e metafórica, repleta de códigos numéricos que remetem à Gematria, cujo significado é de uma filosofia que só um iniciado e conhecedor das ciências esotéricas consegue decifrar. Todo este mistério tem uma boa razão de ser: apenas aqueles que conhecem e entendem Astrologia, Cabala e Numerologia têm condições de compreender o real significado da Lei de Thelema, ou seja, há uma exigência de aprofundamento e iniciação nas leis herméticas, evitando as interpretações errôneas baseadas em sistemas céticos e obtusos. Esta é a primeira premissa da Era de Aquário: o Conhecimento amplo e liberal. Não apenas a fé cega contrapondo o ceticismo da Era de Peixes. O Conhecimento derruba as fronteiras dogmáticas e os preconceitos. A queda de tabus, a falência de várias instituições como o casamento, a família, sistemas governamentais e econômicos, além das religiões em geral, demonstram a fase intermediária em que vivemos e a insatisfação com o “status quo”. Por isto, Crowley dizia ser a Besta 666 – não aquele demônio com chifres, mas o mensageiro da Luz que revoluciona, liberta e prepara mentes para a Era de Aquário.

“Faz o que tu Queres há de ser o Todo da Lei” é a sentença mais famosa da Lei de Thelema, e a mais mal interpretada. Muita gente achou que era uma desculpa para expor qualquer tipo de instinto selvagem, sem limites e sem justificativas. Este “Querer” ou “Will” do original em inglês, na verdade, é o Desejo de Realização Suprema do ser humano, aquilo que motiva sua vida, que é a essência da sua existência. Este “Querer” é identificado na Árvore da Vida (Cabala) como Tipharet – o herói ou o salvador dentro de nós – regido pelo Sol que, no nosso mapa astrológico individual é significador da nossa realização como indivíduos na Terra.

Tipharet, o Sol, é o Salvador, o Sagrado Anjo Guardião que descobrimos dentro de nós por meio do exercício do autoconhecimento e da meditação. Portanto, na Era de Aquário os seres humanos deverão ter conquistado uma etapa superior de maturidade e evolução espiritual suficiente para não necessitar de alguém que os perdoe ou que se crucifique pelos seus pecados. “Pecado é restrição” coloca a Lei. Se somos responsáveis pelos nossos atos, se existe um cristo dentro de nós e devemos reconhecê-lo como tal, definimos as próprias regras de nossa existência, obviamente após um grande exercício de auto-conhecimento.

“Cada Homem e cada Mulher é uma Estrela”. Cada um de nós tem uma Vontade própria e um brilho próprio. Thelema significa justamente Vontade em grego e é nossa maior energia propulsora rumo a nossa missão ou realização definida pelo nosso Sol natal.

Discorrer sobre o Livro da Lei de Thelema é objeto para vários livros, reuniões, troca de opiniões. Trata-se de uma filosofia muito hermética e carente de pessoas sérias e destituídas de dogmas religiosos ou outros interesses pessoais que possam debruçar-se sobre uma teoria capaz de abrir mentes. O melhor canal que o próprio Crowley, auxiliado pela artista plástica e egiptóloga Frida Harris, desenvolveu para o entendimento de sua filosofia é o Tarot de Thoth, ou Tarot de Crowley, como também é conhecido.

Para aqueles que se interessarem e desejarem saber um pouco mais do profeta da Nova Era, este site disponibiliza a maioria de seus trabalhos em inglês http://www.hermetic.com/crowley/. Infelizmente, em português o material sério é muito escasso, já que o tradutor também deve ser um iniciado para não cair nas armadilhas metafóricas. Entretanto, para conhecer um pouco do Tarot de Thoth vale a pena adquirir o “Tarot de Crowley – Palavras Chave” de Hajo Banzhaf e Brigitte Theller lançado pela Madras Editora.