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“SEPULTURA: Toda a História”, André Barcinski e Silvio Gomes, 1999, editora 34

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Reli este aqui recentemente (alguém por aqui ainda ñ leu isto?), motivado por conversa recente com o miguxo Tucho, e com o intuito de rever o quão tendencioso seria o texto em si.

Pq havia lido há muito – logo q saiu e comprei – numa tacada só, e em época de deslumbramento meu com os caras, e ñ me lembrava de críticas q poderia ter em relação à publicação. E ñ, o livro ñ é tão tendencioso assim. Tem até partes críticas, só q o q predomina, haja visto André Barcinski ter sido o transcritor das estórias do roadie Silvio “Bibika” Gomes, é o clima de BATE PAPO.

A sensação o tempo todo, lendo o livro – q flui muito fácil (tanto q na 1ª vez li numa tarde apenas) – é de estarmos num boteco com Bibika ouvindo os episódios, um após o outro. Todos verídicos, mas muitos puxados pro lado dos caras. Como a crise com a Sharon… digo, Glória Bujowski, em fins da turnê “Roots”, q gerou a diáspora da banda. Fica a impressão de desastre inevitável, q aconteceria de qualquer modo, mas sem se ouvir o “lado de lá”. Tudo bem tb.

Mas trata-se (essa parte) da parte final, reduzida e esperançosa: fala-se da redução do tamanho de lugares e de status diante da separação, assim como da gana dos remanescentes em superar tudo isso. Só q para se falar com propriedade a respeito das decorrências, percalços e dificuldades daí surgidas, acho q um outro livro q partisse desse momento tiro-no-pé tvz se fizesse necessário.

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Todo o resto creio poder ser dividido em outras duas partes: 1) o histórico desde os tempos de precariedade e de shows fuleiros; 2) o estrelado atingido. E a leitura é toda muito divertida, inclusive com os pitacos “críticos” existentes. Como o q se revela, nas entrelinhas, de os caras sempre terem se valido de instantes marqueteiros hiperbólicos e meio mentirosos.

Fala-se da ida do Max aos EUA com cópias do “Schizophrenia” e “Morbid Visions” embaixo do braço, em vôo da Pan-Am para negociar contrato com gravadoraS, história difundida à época. No entanto, revela-se ter sido meio papo furado, já q a conversa com a Roadrunner andava, sim, já adiantada, e tudo ter sido articulado para o Max ir lá assinar o contrato duma vez. Fala-se, quando da “era” “Arise”, dos caôs perpetrados por eles lá fora, pra forçar a barra do Brasil como país bizarro (constante naquele homevideo de show em Barcelona, “Under Siege”): como quando Max declarara haver mais igrejas q casas em Minas Gerais, por exemplo.

No entanto, o “episódio Sodom“, bastante conhecido (da 1ª turnê européia q fizeram com os alemães, sendo eles banda de abertura), fica no ar o quanto de caozice rolou em dizerem terem sido mal-tratados pelos caras. Relendo, ficou pra mim a impressão de q quiseram se fazer em cima deles: estavam meio se achando e, ñ sabendo se portar bem como banda de abertura, resolveram espalhar tal lenda. Enfim.

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A cargo de informação mesmo, por outro lado, creio só 2 dados serem de fundamental importância neste livro:

1) quando citam q a idéia pra capa de “Arise” era a de ter sido o desenho q virou a capa do “Cause Of Death”, do Obituary (com a gravadora atropelando e deixando ao Sepultura a capa q acabou ficando);

2) quando citam q a LENDA Paulo Xisto ñ gravou em “Schizophrenia”, nem em “Beneath the Remains”, tampouco no “Arise”, voltando a gravar em álbum sepultúrico apenas no “Chaos A.D.” (Andreas Beijador gravou o baixo nesses 3), por motivos de “nervosismo” (ui!) e pouco tempo em estúdio.

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E o q tenho de crítica, no mais, dirijo ao próprio Barcinski, crítico indie q admirava em tempos de revista Bizz, mas de dúbia função em relação ao Sepultura: pois foi, junto ao Miranda (aquele mesmo – q tem quem ñ saiba q foi empresário da banda por aqui um tempo), o responsável pela ascensão dos caras em termos de mídia por aqui (coisa q Rock Brigade e Roadie Crew jamais conseguiram ou conseguirão replicar), mas ao mesmo tempo, sendo crítico indie, revela-se alguém tremendamente oportunista, fora forçador dumas barras homéricas.

Quando fala, por exemplo, em influências de metal industrial no som dos caras a partir de “Chaos A.D.” – citando Einstürzende Neubauten, Young Gods, Ministry e Treponem Pal – ou quando diz q “Refuse/Resist” era som q Mick Jones e Joe Strummer (do The Clash) teriam feito se tivessem 20 anos menos…

Sou da opinião de q o metal grooveado do Biohazard (sobretudo) e de Prong e Helmet influenciaram (até mercadologicamente) mais a banda q os tótens citados por Barcinski. Quanto à referência do Clash, deixo pra lá mesmo…

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Outra parte algo exagerada vejo quando se fala da ascensão da banda, a partir do momento em q foram tocar junto com Ozzy, Black Sabbath (naquele show de reunião pra deliberadamente se afastar o Dio – q Barcinski cita ñ ter participado por conta de “crise de ciúmes”… bah!), Helmet, Body Count, Pantera e fica a impressão de q TODO MUNDO SE BABAVA pelos brasucas. A ponto de se citar Neil Young vindo pedir autógrafo, Dave Grohl vir babar no backstage e Timothy Leary comparecendo a show, como se só por eles… Meio babação desnecessária e deslumbrada, q se deve dar o devido desconto.

No fim, o motivo de eu tb recomendar a leitura de “SEPULTURA: Toda a História”, por aqui, por mais incompleto, entrecortado ou apressado q seja o material enquanto leitura profunda, é o timing atual do tal vídeo feito por alguém de minas (“Ruídos De Minas”, q passou na mtv uns 2 meses atrás. Alguém viu??), q dialoga bastante com a história do Sepultura e, sobretudo, com as LACUNAS por eles, e por aqui tb, deixadas.

Como a da concorrência com as demais bandas de Minas (ñ só com o Sarcófago), da “porta fechada” q proporcionaram em relação às demais bandas dali, q poderiam ter pegado embalos mercadológicos consideráveis, assim do evento em MG de boicote ao Overdose (possivelmente manejado pela Glória, como cita o Overdose no vídeo) quando foram banda de abertura da turnê Sepultura/Ramones ocorrida nos 90’s.

Q o Sepultura FOI a maior banda do metal brasileiro em todos os tempos, ñ resta dúvida. No entanto, o caminho de análise crítica e verossímil acerca do VERDADEIRO papel deles no metal nacional, a partir do vídeo citado, é coisa q certamente dará margem a outros livros a serem possivelmente intitulados “SEPULTURA: a História Completa”, sei lá.

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PS -lembrete derradeiro: vi na banca q a Roadie Cu vem fazendo um histórico (coluna “Background“, é isso?) da banda. Pra ñ fugir à TRADIÇÃO CHUPIM da ilustre publicação do clã Diniz, digo com todas as letras q vi fotos e TRECHOS INTEIROS DESTE LIVRO ALI CITADOS. Sem o devido crédito.

Alguém tem email do Barcinski pra eu avisar a ele?

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CATA PIOLHO CLXXVIII – “Unholy”: Kiss ou Overkill? // “Better”: Helmet ou Guns’n’Roses? // “Burn In Hell”: Twisted Sister ou Judas Priest?