Depoimento de Spike Cassidy no encarte da versão relançada (2020) por aqui com bônus de “Crossover” (1987):
“‘Crossover’ was my baby. I wrote more music and lyrics on this one, then all the other members combined. And I wrote some of it in the recording studio. It was our first teaming with our amazing co-producer/engineer Bill (dog ears) Metoyer. It was also the first time I doubled the rhythm guitar tracks on a record. I remember doing a couple 18 hour mixing sessions toward the end, and a 30 hour last day. This was the record that took DRI from a hardcore punk band with metal influences, to a metal band with hardcore punk roots”.
Pessoalmente, queria ter visto MercyfulFate, Overkill com o Junior, Carcass, RatosdePorão (q Leo me disse ter sido noutro nível de insanidade em relação a shows-Sesc), ZumbisdoEspaço e tvz ficasse pendurando entre o Anthrax e o Amorphis.
A venda de ingressos pro ano q vem sem confirmações – e em 2 dias só – parece estratégia de fidelização.
Mas e aí aos amigos, todos reidratados e dormidos: o q ficou?
Eu não esperava nada, mas NADA MESMO de um show solo do linguarudo no SUMMER BREEZE. Até fiquei meio puto quando anunciaram que o MercyfulFate seria transferido pro domingo pra dar lugar ao baixista do KISS e sua banda. Com tanta banda boa no mundo, logo isso? Mas aguentei a dor nos joelhos e o cansaço pra ver sua apresentação no fim do primeiro dia de festival.
E felizmente caí do cavalo (unicórnio?). Gene fez um show muito legal e divertido, tocando clássicos de sua banda principal e algumas covers (Zeppelin, Motörhead e até um trecho de TheWho). Despojado, batendo papo entre as músicas, falando bobagens de tiozão do churrasco em portunhol, causando constrangimento em vários momentos (“São Paolo bunda linda”). Mas quando a música tomava conta, tudo mudava.
O grande trunfo foi sua banda de apoio: 3 músicos muito bons, competentes e com sangue nos olhos. Não achei informações sobre eles, mas o guitarrista/vocalista que fazia as partes de PaulStanley é fenomenal (Gene se referia a ele simplesmente como “Jason”). Não só toca muito bem como é um excepcional vocalista de hardrock, com uma voz que se encaixa como uma luva velha e confortável em mãos calejadas.
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Nas músicas em que não fazia o vocal principal, Simmons se tornava um mero coadjuvante, deixando os músicos se divertirem mudando os arranjos, improvisando, esticando as canções.
E isso fazia com que ele errasse suas partes algumas vezes, entrando com backingvocal na hora errada, parando de tocar pra se encontrar. Não é novidade alguma que nunca foi um bom músico. O curioso é que após o término da canção, ia ao microfone se desculpar pelo erro que cometeu, explicando que ali eram somente 4 músicos de verdade se divertindo, sem usar retorno auricular, backingtracks ou qualquer outra trapaça. E esse foi o grande lance do show. Uma banda grossa, musculosa, que por vezes me lembrou momentos ao vivo de Cactus e TenYearsAfter, que não eram músicos virtuose mas detonavam no palco, sem se preocuparem em soar perfeitos.
Gene me lembrou o quanto o KISS já foi legal. Com certeza músicos limitados, mas com canções pegajosas, divertidas e despretensiosas. Tirando as distrações das máscaras, explosões e playbacks trapaceiros, o que sobrou foi atitude e rockandroll. E hoje em dia isso anda muito raro.