Obs: ninguém está mais assustado q eu mesmo com o fato; 9 discos + a coletânea “The Chosen Ones”. O tipo de ocorrência q me faz maneirar muita coisa na vida, ao invés de radicalizar: a gente acaba dando a volta e assimilando o oposto
Já dizia um gaúcho aí: “quando se anda em círculos, nunca se é suficientemente rápido” ahahah
O mainstream brasuca testemunhando o metal noventista q despontava. Resenhas.
Tiradas da Bizz #69, de abril de 1991 e q ñ tem o preço na minha capa, pq eu assinava. Editora Azul.
por Leopoldo Rey*, resenha de “Painkiller” (Judas Priest) “Os fãs vinham torcendo o nariz desde ‘Ram It Down’ (88), quando o Judas chegou até a mudar seus trajes de concerto. Depois, houve o processo judicial que tentava responsabilizar suas letras por induzir jovens ao suicídio. Parando para pensar, o grupo radicalizou em suas mudanças, trocando de produtor (Tom Allon por Chris Tsangarides) e acolhendo o baterista Scott Travis (ex-Racer X) por sua grande habilidade nos bumbos. O resultado foi um disco muito pesado, sem frescuras nem retoques: Rob Halford continua com a voz afiadíssima e as guitarras de K.K. Downing e Glenn Tipton travam ótimos duelos nos riffs e solos. Uma volta corajosa às suas origens heavy”.
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por Carlos Eduardo Miranda, resenha de “Addicted to Reality” (Overdose) “O quarteto mineiro Overdose manipula uma faca de dois gumes, que tanto pode atingir o alvo como ensangüentar as próprias mãos. Este LP é uma torta de hard rock recheada de metal, que às vezes consegue ser bem original – quando acerta no fermento – ou então embatumar completamente. Mesmo que essa moçada não saiba que raios seja isso, eles lembram um Van Der Graff Generator metalizado (nos bons momentos) e um Rush ou Deep Purple metido a besta (nos piores). Entre acertos e desacertos, ‘Addicted to Reality’ acaba parecendo bonzinho demais para os bangers e muito malvado para fãs do Bon Jovi“.
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idem Carlos Eduardo Miranda (C.E.M.), resenha de “Lights, Camera, Revolution” (Suicidal Tendencies) “Em tempos que se apregoam as ‘inovações’ do Living Colour e do Faith No More, grupos como o Suicidal Tendencies – que já vinham idealizando há tempos novas metas para o som pesado – acabam meio esquecidos. Na verdade, o formalismo violento deste quinteto californiano é muito mais coeso do que boa parte das invencionices das tais bandas da moda. ‘Lights…’ traz uma explosiva mistura de punk rock, hard funk e thrash metal, que tem momentos inigualáveis em faixas como “Alone” (uma pancadaria com alto teor pop), “Give It Revolution” (mix de funk com Black Sabbath) e “Gon’N Breakdown” (thrash com vocal rap). Uma paulada”.
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André Barcinski resenhando numa tacada só“Arise” (Sepultura), “Anarkophobia” (Ratos de Porão) e “First” (Volkana)
“O heavy brasileiro chega em 91 a uma fase em que o importante não é mais provar ao Primeiro Mundo que existe vida inteligente neste país miserável e sim consolidar uma posição de prestígio conquistada nos últimos anos com os trabalhos do Sepultura e do Ratos de Porão. As duas bandas já gravaram cinco LPs cada e saíram da fase amadorística há algum tempo. Chegou a hora de parar de ressaltar apenas o caráter de ‘desbravadores do mercado internacional de heavy‘ e começar a analisar mais séria e respeitosamente seus respectivos trabalhos.
A verdade é que tanto o Sepultura quanto os Ratos não podem ser comparados às bandas do primeiro escalão do thrash (Metallica, Slayer, Anthrax, Megadeth e Exodus). Mas têm condições de reinar no circuito mezzo-underground do segundo escalão, hoje dominado por bandas como Testament, Napalm Death e Voïvod. Seus últimos trabalhos mostram maturidade musical e produções bem cuidadas, no nível médio do thrash internacional.
‘Arise’ e ‘Anarkophobia’ são ótimos discos, mas quase não inovam. O Sepultura continua na linha inspirada no thrash alemão da metade da década passada, de bandas como Destruction e Kreator: introduções lentas e dedilhadas, vozes que ecoam com predições catastróficas. “Under Siege” e “Arise” lembram o Sepultura juvenil de ‘Morbid Visions’ (86), enquanto as letras passeiam pelos clichês death metal de morte, dor e agonia: ‘Sacrifício é prazer/quando a vida termina em dor’, canta Max em “Desperate Cry”.
Os Ratos de Porão têm como principal influência o hardcore de grupos como o G.B.H. e Exploited. Os temas de suas músicas são mais realistas, e suas letras mais diretas que as do Sepultura. A música dos Ratos funciona como um documentário sobre as misérias e os males da sociedade de consumo. Musicalmente, o grupo evoluiu: os solos estão melhores e mais elaborados, as músicas mais bem-acabadas. O progresso do baixista Jabá é de impressionar. João Gordo e sua voz gutural continuam sendo o melhor da banda, um dos raros vocalistas de thrash do mundo que conseguem ter suas palavras compreendidas em meio a milhões de decibéis.
Os trabalhos dos Ratos e do Sepultura andam dando bons frutos em sua terra natal. Seu sucesso começou a motivar bandas nacionais a lançarem discos com produções bem acabadas. É o caso de ‘First’, LP de estréia do grupo feminino Volkana. Riffs surpreendentes e passagens totalmente Metallica fazem um bom disco, apesar de alguns problemas com a vocalista Marielle. Se os tons agudos em thrash já soam meio fora de contexto em cantores como Joe Belladonna, do Anthrax, imagine como fica deslocada a boa voz de Marielle. Que isso não soe como machismo ou preconceito: Wendy O. Williams, a mensageira do caos dos Plasmatics, entende de pancadaria como poucos(as)”.
*Leopoldo Rey já era veterano na época. Vivo ainda, pelo q apurei. Tiozão grisalho e calvo, apresentava na então 97fm (sediada em Santo André) um programa de heavy metal até anterior ao “Comando Metal” (da 89fm) de Walcyr Challas, “Reynação”. Escrevia só sobre heavy metal na Bizz.
Ñ é do meu feitio repetir pautas assim tão próximas, mas é uma ainda sobre a Bizz.
Uma entrevista feita com Lars Ulrich antes da passagem de som deles aqui em São Paulo, em 1989, cometida por Celso Pucci, com “colaborações” de Leopoldo Rey e Marcos Campolim, os colunistas metal da revista, q devem ter feito o trabalho duro de inteirar o entrevistador sobre a banda.
Ñ foi a primeira vez do Metallica na revista; em janeiro de 1988 (edição anterior à da Marina – ainda ñ Marina Lima – postada ontem), já tinha rolado uma entrevista telefônica com Lars por ocasião do lançamento do “Garage Days”, na qual ao final ele adiantava q estavam compondo “fazia três semanas” o q viria a ser o “… And Justice For All”. Haviam sido citados tb nalguma matéria em 1987 q citava um “novo metal americano”, q citava Metallica, Slayer, Anthrax e Vixen.
A revista os poria na capa em meados de 1991, por ocasião do iminente lançamento de “Metallica”, e tvz o tenham feito mais vezes à frente, ñ me recordo agora, teria q contabilizar isso.
Por ora, da matéria/entrevista de 4 páginas “Repulsa Ao Thrash”, resolvi copiar por aqui a introdução da entrevista e um trecho com Lars, falando sobre o thrash metal e sobre a sonoridade do Metallica.
32 anos atrás.
intro: “Olhando de perto para Lars Ulrich é difícil acreditar que aquele cara baixinho e de constituição quase franzina seja a estrela rítmica do grupo mais aclamado do novo metal americano, o responsável pelo verdadeiro bate-estaca em que transforma sua bateria empunhando suas baquetas superpesadas. Mais surpreendentes ainda revelam-se sua vivacidade e coerência ao ser entrevistado, com pontos de vista muito bem definidos a respeito das influências e dos rumos musicais do Metallica, além de opiniões pouco ortodoxas em relação aos estereótipos metaleiros (não poupando farpas nem mesmo ao Slayer e ao Anthrax). Sem nenhum dos cacoetes do estrelato, recentemente adquirido pela banda, Lars exala simplicidade. Ele e os outros integrantes do grupo – os guitarristas James Hetfield e Kirk Hammett e o baixista Jason Newsted – por pouco não poderiam ser confundidos com seus próprios roadies (assim como eles, todos de cabelos compridos e roupas pretas).
Foi assim que, em meio à agitação do camarim, pouco antes da última apresentação do grupo no Brasil, Lars concedeu esta entrevista exclusiva para BIZZ. A banda acabava e passar o som às pressas, enquanto as hordas metaleiras já começavam a invadir as dependências do ginásio do Ibirapuera“.
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trecho: “E o que você acha do Metallica ser considerado o ‘melhor grupo de thrash metal’ da atualidade? Thrash?… (com uma expressão de repulsa). Não acho que seja nada disso. Penso que, basicamente, as pessoas estão começando a notar que o Metallica tem muito mais a oferecer musicalmente do que ser apenas uma banda de thrash metal, que afinal é só mais um rótulo colocado por algumas pessoas. Não acho que tenhamos muito a ver com essa coisa de thrash metal. Isso está mais para o Slayer ou o Anthrax; tem a ver com uma mentalidade mais estreita, mais parcial. O Metallica faz um monte de coisas diferentes. É rápido, mas também, às vezes, é suave e melódico, com algumas baladas. Então, tentamos arriscar em vários campos musicais, e penso que conseguimos ser bem-sucedidos. É… sei que você pode dizer que nosso primeiro álbum – Kill’Em All – é composto por este tipo de música, mas acho que, desde então, progredimos muito e nos diversificamos. Quanto a mim, prefiro me afastar destes primeiros tempos. Penso que o som que tínhamos a oferecer ainda era muito limitado.
Como você classificaria a música atual do Metallica? Hard rock… heavy metal… Metallica music… eu não sei (risos). Olha, eu não gosto de nenhuma dessas categorias porque acho que ninguém realmente sabe o que significam exatamente. Seria estúpido nos enquadrar em algumas delas. Nós temos uma banda que se chama Metallica, as pessoas reúnem-se em bandas para tocar e dão nomes a elas para que o público possa distingui-las. Acho que é suficiente, não são necessárias mais classificações”.
Certamente já fiz post por aqui (ñ lembro quando) ou comentário (mais de um) nalgum lugar, em algum momento, a respeito: a Bizz foi minha maior inspiração pra escrever ou tocar este blog.
Mais do q Rock Brigade (q só comecei a ler em 1989), whiplash e as outras revistas do metal, q ñ só ainda tenho como assinei por muitos anos.
Assinei a Bizz tb, e a fase entre 1987 e 1990 acho a mais bacana. Estavam no auge. Tenho 98% das edições até hoje aqui guardadas.
Adorava as resenhas de disco, principalmente, a ponto de ter noção do estilo de quem as escrevia (meu preferido era um mineiro, Arthur G. Couto Duarte), mas tb outros de escrita/estilo/opinião mais identificável. Na virada dos 80’s pros 90’s, quando um triunvirato André Forastieri/André Barcinski/Miranda passou a meio comandar a lojinha, gostava tanto quanto.
Pq falavam um pouco mais sobre heavy metal (foi a fase do metal noventista mainstream), e ñ exatamente bem o tempo todo, mas tudo bem. Houve outros colunistas falando de metal, como Leopoldo Rey (nos 80’s), q era radialista da 97Fm aqui de Santo André, e tinha tb um tal Otto (Evil Otto?), entre outros poucos q ñ me ocorrem agora.
O post é pra marcar o vídeo acima, dum mini documentário sobre a revista. Insuficiente em seus 25 minutos, mas com material bacana. E q tenho como complementar a outros relances de histórico sobre a Bizz, como os q constam no documentário “Banguela” e nos livros “Meninos Em Fúria” (dupla autobiografia de Marcelo Rubens Paiva e Clemente Nascimento), “Dias de Luta” e “Cheguei Bem a Tempo de Ver o Palco Desabar”, os 2 últimos de Ricardo Alexandre, editor da revista em momento Showbizz – uma fase meio sem brilho – tentando colar na Mtv Brasil.
A mim surpreendeu visualizar o tal André Fiori, q lembrava de nome (vagamente) da revista, mas q nunca tinha sabido q era o dono barra vendedor meio esnobe da Velvet Discos aqui em São Paulo, na Galeria Presidente (“Galeria do Reggae”). Bacana.
Faltaram depoimentos, faltou gente, faltaram histórias. Só torço pra q um livro mais apurado ou um documentário mais extenso sobre a Bizz ainda seja feito.