40 ANOS DEPOIS…
… o q ficou?
… o q ficou?
… o q “ficaram”?
Espaço Unimed, 13.09.24
Foi caro: 450 paus. Comprado na bilheteria sem a taxa de conveniência – a conveniência de carregar meu ingresso virtual no app ou de eu levá-lo imprimido de casa? – de 90 reais. E valeu cada centavo.
Não teria como falhar um show com 4 sons do “Machine Head”, 3 do “In Rock” e 4 do recém lançado “= 1″. Fora os lados B.
Teria. Se os tios tivessem vindo de pau mole, protocolares e passando vergonha. Não foi o q aconteceu. Não foi o q vi sexta-feira, na minha 1ª vez ao vivo com os sujeitos.
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Ian Gillan seria um destaque? Sim, negativo, por “Highway Star”. Q não é mais pra ele, ou pq foi primeira música. Deu a entender q seria duro e condescendente ver o Purple.
Mas aí a nova (aliás, as novas todas) “A Bit On the Side” e as do “In Rock” emendadas (“Hard Lovin’ Man” e “Into the Fire”) puseram a coisa toda nos trilhos. O carisma é escasso, a mão treme segurando o microfone, mas surpreendeu. Canta o q consegue cantar, simples.
Melhor momento dele, 79 anos nas costas, achei “When A Blind Man Cries”, mais pro fim. Valeu o ingresso.
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Ian Paice seria um destaque? Pra caralho. Tocando puxando tudo um pouco levemente lento (quase imperceptível), mas pirando nas viradas – sem errar uma! – e com um pé esquerdo tremendo. O bumbo parecia ocupar lugar no espaço, e vai ver ocupou. Não teve espaço pra “Perfect Strangers” (o q achei ótimo) ahahah
Barrigudo, recém-infartado e com 76 anos. Mandou prender e soltar, ele e Roger Glover, baixista protótipo e arquétipo da discrição, cozinha clássica. Solidez.
Melhor momento do moço achei “Space Truckin'”. Foi um show de muitos melhores momentos.
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Don Airey seria um destaque? Mais um.
Confirmando o desempenho nos discos recentes (“Infinite” pra cá) em q vem se soltando cada vez mais e melhor. Em pegada própria e emulando Jon Lord. Teve 2 solos no decorrer, sem empapuçar. Em várias horas – e na própria “Uncommon Man”, feita pra Lord – soando um pouco Keith Emerson.
O som dos teclados tinha PESO. O sujeito parece uma tia de creche (nada contra), mas divertiu e SE divertiu. Zero protocolar, ele o de mais cêpa músico de estúdio no recinto.
Não curti muito ele tocar o Hino Nacional em seu 2⁰ solo, mas foi por querer ser simpático. E fui voto vencido: público presente cantou e curtiu.
Tvz tivesse sido pior tocar “Garota de Ipanema” ou Michel Teló. Sei lá.
E um detalhe a tôa, SQN: o figurino. Todos usando camisas parecidas, meio de bicheiro (não sei como chama), coloridas, visivelmente confortáveis pra eles e combinando com os telões e animações exibidos. Deep Purple nunca venceu na vida por serem rostinhos bonitos ou por usarem figurino chamativo; continua não chamativo, mas ao menos não é mais aquela coisa aleatória e indiferente.
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Simon McBride, por sua vez, é o destaque sem querer ser o destaque.
45 anos, idade pra ser filho dos outros, e q me disseram ter sido roadie de Steve Morse, pra mim encaixou na banda melhor q o ex-chefe. Pq, me desculpem, Steve Morse no Deep Purple sempre me soou Steve Morse no Deep Purple, convidado de luxo. Sei lá.
McBride fez as “partes Blackmore” com fidelidade – e foi reconhecido por isso. Em “Smoke On the Water” (ponto alto pro público…) o fez com classe. Timbragem idêntica. Em “Highway Star” teve uns compassos livres pra tocar na própria pegada.
Teve presença e fez backing – coisa rara – com Gillan em “Space Truckin'”. Apareceu bem em “Portable Door”, de riff ganchudo e mostrou-se um novato q não se intimidou. Jogou pro time e numa posição ocupada por gente lendária sem se abater.
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No final das contas, resumo: duas horas de show sem aborrecer (tocassem mais, ninguém reclamaria), com repertório redondo e coeso, em q saí ao final sem me sentir enganado. Ou esfolado.
“Lazy”, “When A Blind Man Cries” e “Space Truckin'” foram meus momentos favoritos – “Anya” não teve aquela intro flamenca, e tudo bem – sem qualquer momento bunda mole. Cada som tocado provavelmente foi o destaque pra cada um dos presentes.
E estava lotado. E o som, beirando o perfeito. Nada mal 2 baita shows (Sepultura e Deep Purple) em 6 dias no mesmo lugar. Alto nível.
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Setlist: 1. “Highway Star” 2. “A Bit On the Side” 3. “Hard Lovin’ Man” 4. “Into the Fire” 5. Solo de teclado 6. “Uncommon Man” 7. “Lazy Sod” 8. Solo de guitarra 9. “Lazy” 10. “When A Blind Man Cries” 11. “Portable Door” 12. “Anya” 13. Solo de guitarra 14. “Smoke On the Water” 15. “Space Truckin'” – bis: 16. “Hush” 17. “Black Night”
Lista sugerida pra hoje, seriando hoje e na virada do mês.
MELHORES ÁLBUNS DO SÉCULO 21 DE BANDAS DOS 80’S:
obs: vou considerando “século 21” aqui como “anos 2000”, começando em 2000 e não em 2001. Há algum problema cronológico com isso?
WhatsAppin’: o careca fez de graça, não assinou papel e agora lamenta https://consequence.net/2024/07/kerry-king-financial-arrangement-beastie-boys-hit/
Quero crer q é o humor inglês típico, descontextualizado como manchete conteudista https://consequence.net/2024/07/nick-mason-pink-floyd-ai/
E chega de Pink Floyd um pouco.
Só eu me espanto com isso? Deep Purple novo em 2024.
Curti o nome do disco novo: “=1“. Pq sim.
Tá q sonoramente não surpreende, e isso nem é discutível, é de outra ordem. Não curti o riff, mas o troço gruda fácil.
Os caras podiam estar por aí fazendo turnê de despedida, mas não: top 5 de bandas produtivas na pandemia e no pós-Covid, certo? E Ian Paice – parecendo um Marky Ramone grisalho – não tinha tido um avc?
Por fim, a dúvida mais importante: estão no MK IX ou no MK X?
DISCOS DO DEEP PURPLE DESDE A VOLTA:
WhatsAppin‘: não teve um baterista do Death assim tb? Preparando aposentadoria? https://metalnewsbrasil.com.br/paul-mazurkiewicz-baterista-do-cannibal-corpse-estreia-no-stand-up-comedy/?fbclid=PAAaZp5ABF12mFDVJs02PM6zu9EK4mVS8HVOd4BLnLodWuShBFIDuz6bA7qHY_aem_ASTsgtS-4jSjpPxxN3aLpYRko-ynLrKiGn8iq75MbAIRoAFkiPXDsOJ8GXsaNzWAwTQwI_CWgNzu81aqYnIeVE0V
Indústria do revival chegando no caroço: Butthole Surfers recusando turnê de retorno https://consequence.net/2024/04/butthole-surfers-decline-reunion-offers/?fbclid=IwAR37iiBZhYtyn8kItFDh-sjp7ZEZTLOiiqt_DA2Ryr2aZvr3pJrH7bLmVY8
Interessante. Achei https://consequence.net/2020/08/jerry-cantrells-10-sickest-alice-in-chains-riffs/3/
Black Sabbath, “Deep Black“
Artefato arqueológico adquirido em Londres. Não veio empoeirado, pelo contrário: lacrado e etiquetado.
Material pra lá de conhecido, não tão raro afinal, mas q eu mesmo sempre tive preguiça de conferir nos YouTube da vida. Dos cds q mais mal via a hora de pôr pra tocar em casa. Ainda q desconfiando da qualidade do áudio.
E a qualidade é muitíssimo aceitável, oras.
Muito se elogiava Tony Martin por cantar sons de “sua” fase, “fase Ozzy” e “fase Dio“. Meio mal, mas cantava. (Dio na 2ª fase “Dio-Manizer” fazia sons Ozzy?) E q tal Gillan cantando “War Pigs”, “Heaven And Hell” e “Zero the Hero”?
Muito foda define.
Ser estranho na música, de intersecções bizarras no metal.
RANQUEANDO MEUS DISCOS DE JOHN ZORN:
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ADENDO: coisa antiga já. Cancelamento atingindo o antivax-mor https://www.terra.com.br/diversao/musica/robert-cray-sobre-eric-clapton-prefiro-nao-me-associar-a-alguem-tao-egoista,f50c0cba06d583597936eae17ac0bbb9m53ivp2n.html
Enquanto q por aqui, bandas apoiadas pela Mengele Sênior continuam fingindo de morto pra ñ deixar de roer ossinho. Estão sumidos.
ADENDO 2: falando em roer osso, o lado oposto. Banquetes. E Ian Gillan se posicionando contra a própria banda (valores em tornos de 650 reais por cabeça) promover meet & greet https://whiplash.net/materias/news_725/336592-deeppurple.html
A opinião é reiterada: acho uma papagaiada esse Rock’n’Roll Hall of Fame. Agrega algo? O quê? Fora o antropocentrismo estadunidense.
Explicando “antropocentrismo”: premiação em 2016 envolveu Deep Purple – no início, discretamente e recebidos com palpável indiferença – Steve Miller (quem?), N.W.A. (!?!?!?) e Cheap Trick, encerrando a noite com estardalhaço e jam session.
Só nos EUA Cheap Trick (estadunidenses) consegue ser maior q Deep Purple.
https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=Q4-rGQ-qqMs
[youtube]https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=Q4-rGQ-qqMs[/youtube]
Enfim.
Falo mal, mas por outro lado quando passa na tv (passou há uns 15 dias, no BIS), acompanho.
Pq se tratou de evento insólito, esse dos púrpuras. Ritchie Blackmore ñ deu as caras (nunca daria), Steve Morse e Don Airey ñ ganharam prêmio (filigranas de regulamento do evento), David Coverdale e Glenn Hughes compareceram e discursaram (mas ñ cantaram), viúva de Jon Lord subiu ao palco bastante comovida, Ian Gillan aludiu a Nick Semper, Rod Evans, Joe Lynn Turner, Tommy Bolin e Joe Satriani… e Lars Ulrich fazendo um impagável discurso de indicação. Pândego. Sério mesmo.
E quando recém-citei q Coverdale e Hughes ñ cantaram com a banda, estrago a ilusão – de quem ñ viu e/ou ñ soube – de q teriam tocado “Burn”. Ñ tocaram. Mas tocaram 2 sons. Naquele modo showbizz usa: playback de som gravado ao vivo antes.
Achei divertido. Segue acima. Digam lá vcs o q acharem.
PS – ñ pretendo fazer post sobre o tal Grammy do último domingo. Desculpa ae!
“Black Sabbath – A Biografia”, Mick Wall, 2013, Editora Globo – 338 pp.
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O maior trunfo, virtude absurda deste livro, é sua concisão.
O autor consegue contar a história do Black Sabbath em 321 páginas, de fio a pavio. Com direito a capítulo específico sobre carreira solo (oitentista) do Ozzy, o q inclui praticamente uma biografia de Randy Rhoads, vida, obra e legado. Cronologicamente situando ainda a carreira solo de Dio, em seus altos e baixos, após sua expulsão em meados de 1981/1982. Fora dando-lhe a autoria dos “chifrinhos”, devidamente.
E ainda incluindo 24 páginas extras de fotos bem interessantes, de todas as fases.
Vai da infância dos integrantes originais, resumidas ao necessário, às 3 (três) faixas liberadas na coletiva de lançamento de “13” (2013). Impressionante. Assim: ao fim do capítulo 6 – de 13 totais – na página 145, Mick Wall já passou por todos os discos, intrigas e encrencas até “Never Say Die!” (1978). Sem omitir os dias de Tony Iommi no Jethro Tull, a má vontade da imprensa pra com os caras, os bullyings com Bill Ward, a putaria em Los Angeles q foi a gestação de “Vol. 4” (1972), e por aí vai.
Falta um detalhe ou outro, q outras biografias certamente contêm (ou “ñ contém” – vide abaixo), mas sem deméritos. Afinal, bandas como o Black Sabbath, tanto como o Kiss, o Metallica e o Ramones, têm – e ainda terão – livros e biografias complementares, parciais no bom sentido, com cada envolvido descrevendo o q viveu, viu, sentiu e omitiu. O q é duma interatividade tremenda: quem lê é q faz os juízos, toma partidos, escolhe os “lados” das questões como bem quiser.
Mick Wall, além disso, é jornalista e foi assessor de imprensa do Sabbath, de Ozzy e de Dio por quase 35 anos. Por isso, além de saber escrever, descreveu eventos q testemunhou e tece juízos (nem sempre positivos) q ñ o comprometem. Demonstra isenção. E coragem, como nos agradecimentos, quando diz “e, claro, todos os vários membros do Black Sabbath que tive o prazer – e o ocasional desgosto – de conhecer durante esses anos”. Ñ lançou o livro pra ser só mais um souvenir ou calço pra criado-mudo.
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Um defeito q sempre encontro em biografias bandísticas, auto ou hetero escritas, é o de os dias e obras recentes/atuais/últimos serem contados com pressa, sem detalhes, só pra constar. “Black Sabbath – A Biografia” Ñ O TEM. Tanto.
Trata da “fase Dio“, com o significativo renascimento das carreiras – duplo sentido! – dos envolvidos, tb da “fase Ian Gillan“, q ñ era mesmo pra ter durado, o Live Aid broxa, dos rolos q envolveram a “fase Glenn Hughes” (com montes de músicos oportunistas e usados, fora uns tantos vocalistas ñ creditados q passaram pelo almoxarifado) e ainda da “fase Tony Martin“, e a dupla sacanagem pra com o cara – primeiro, quando o tiraram pra Dio voltar, depois quando o recrutaram de volta quando da deserção do elfo – e a decadência derradeira em “Forbidden” (1995).
Ñ omite o ensejo caça-níqueis de “Reunion” (1998), trata do Heaven And Hell e da morte de Dio, aborda o câncer de Iommi e a volta efetiva e consagradora – hj tb consagrada – pra “13”. Cita ex-esposas chifradas e esposas tornadas empresárias, picuinhas a rodo (tem motivo Dio creditado como “Ronnie Dio” na contracapa de “Live Evil”), tiroteios hediondos entre Sharon Osbourne e Don Arden, seu papai (quase sempre usando o Sabbath e/ou Ozzy como peões), e aborda controvérsias tornadas lendas (como a da tal treta pra mixarem “Live Evil”), ao mesmo tempo em q confirma lendas nascidas de fatos (Ozzy mordendo morcego, mijando em monumento e arrancando cabeças de pomba a dentadas). Cita até “The Osbournes”, decadência – com elegância? – na tv.
Wall, em episódio nojento noventista (o da ovada no Maiden fica menor – modo de dizer – comparando), praticamente afirma ser de $haron Osbourne, aliás, os direitos do nome Black Sabbath. A mulher é o ser mais abjeto da face da Terra, acreditem. E deu pra Randy Rhoads, sim.
Por outro lado, falta um cuidado – lembrete – aos discos solo de Bill Ward, poucos e obscuros mas existentes. Ou menção aos solos, de fato, de Iommi, como “Iommi” (2000) e os “The 1996 DEP Sessions” (04) e “Fused” (05), com Glenn Hughes. Ao mesmo tempo em q cita de passagem a Geezer Butler Band oitentista, de duas demo tapes legadas, mas ñ o GZR/Geezer noventista. Mas tudo bem: esses aí dá pra achar no Metal Archieves ou na Wikipédia.
Para ser lido com fones de ouvido, com a discografia sabbáthica, na ordem de lançada, acompanhando.
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CATA PIOLHO CCLVI – “Unconditional”: Prong ou Dew-Scented? // “Midnight Sun”: Helloween ou Black Country Communion? // “Earthshine”: Rush ou Summoning?